🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Dezembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que governo de SP gastou R$ 22 bilhões com CoronaVac para imunizar a população do estado

Por Ana Rita Cunha

30 de dezembro de 2020, 12h53

Não é verdade que o gasto do governo de São Paulo para vacinar a população do estado com a CoronaVac é três vezes maior do que o do governo federal para imunizar todo o país com a vacina de Oxford/Astrazeneca contra a Covid-19, como afirmam publicações nas redes sociais (veja aqui).

Tanto o Ministério da Saúde quanto a Secretaria de Estado da Saúde de SP refutaram os valores citados na peça de desinformação. Além disso, diferentemente do que ela sugere, nem o governo federal nem o de São Paulo preveem ministrar apenas um tipo de vacina.

O valor de R$ 22 bilhões citado pela peça de desinformação como o custo para vacinar a população paulista é próximo dos R$ 22,66 bilhões que seriam necessários para adquirir para todos os habitantes do Brasil as duas doses necessárias da CoronaVac, que é produzida por meio de parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.

A peça de desinformação conta com ao menos 32 mil compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (30) e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


A vacina de Oxford para imunizar todos os brasileiros custará R$ 6 bilhões. A vacina da China para imunizar apenas o estado de São Paulo custou R$ 22 bilhões. Sorria, paulistas, nós estamos sendo roubados.

É falso que o governo de São Paulo gastou R$ 22 bilhões para vacinar a população do estado contra a Covid-19, enquanto o governo federal gastará apenas R$ 6 bilhões para imunizar todo o país. As cifras foram refutadas tanto pelo Ministério da Saúde quanto pela Secretaria de Estado da Saúde de SP. Além disso, nem o governo federal nem o governo de São Paulo preveem usar apenas um tipo de vacina para imunizar a população.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou por telefone ao Aos Fatos que a estimativa de gasto de R$ 22 bilhões "não tem lastro na realidade" e que esse valor, por exemplo, é quase todo o orçamento previsto para os gastos com saúde em 2021 (R$ 23,7 bilhões).

Segundo o órgão, o montante previsto até o momento para a vacinação é de US$ 185 milhões (ou R$ 945 milhões) e é referente à primeira fase do plano de imunização, quando devem ser aplicadas 18 milhões de doses da CoronaVac, vacina produzida por meio de parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantan. Além disso, o governo estadual prevê que parte da população de São Paulo seja vacinada pelas doses disponibilizadas pelo Plano Nacional de Imunização, que incluirá outras vacinas.

O valor citado na peça de desinformação se aproxima do necessário para comprar as duas doses que são necessárias da CoronaVac para toda população do Brasil.

O Butantan estima que cada dose custe US$ 10,30. Segundo estimativa do IBGE, o Brasil tem 211,8 milhões de habitantes. Com isso, a compra de duas doses para cada um custaria US$ 4,36 bilhões (ou R$ 22,66 bilhões, considerando o dólar a R$ 5,19 da cotação de 29 de dezembro). Apenas para SP, que tem 46,3 milhões de habitantes, segundo o IBGE, o custo para compra de duas doses por habitante seria de US$ 953,5 milhões (R$ 4,95 bilhões).

Vacina de Oxford. Em nota ao Aos Fatos, o Ministério da Saúde informou que foi aberto um crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para aquisição de 100,4 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca e produzida no Brasil pela Fiocruz e de R$ 2,5 bilhões para compra de vacinas do Covax Facility, iniciativa que que reúne 10 laboratórios vinculados ao consórcio da OMS (Organização Mundial da Saúde).

O Ministério da Saúde também disse que "há intenção do governo federal em adquirir todas as vacinas produzidas no Brasil, conforme o registro ou a autorização para uso emergencial pela Anvisa, de acordo com o cronograma de disponibilização de cada laboratório e as condições contratuais".

A estimativa de gastos federais de R$ 6 bilhões apresentada pela peça de desinformação também foi desmentida pelo Ministério da Economia. Em audiência na comissão mista do Congresso que acompanha ações do governo relacionadas à pandemia, no dia 11 de dezembro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo deve gastar cerca de R$ 20 bilhões com a vacinação em massa contra a covid-19.

A peça de desinformação também foi checada pelo Fato ou Fake e pela AFP.

Referências:

1. Assembleia Legislativa de São Paulo
2. Reuters
3. IBGE
4. Banco Central
5. UOL


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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