É falso que governo americano cancelou visto do comandante do Exército Tomás Ribeiro Paiva

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Não é verdade que o secretário do Departamento de Estado americano Marco Rubio cancelou o visto do comandante do Exército brasileiro, general Tomás Ribeiro Paiva, na última quinta-feira (16). Não há registros sobre a suspensão nos canais oficiais da diplomacia americana e do governo brasileiro, tampouco declarações públicas de autoridades dos EUA que comprovem a alegação.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (17).

MARCO RUBIO MANDA RECADO ÀS FFAA BRASILEIRA. Hoje o secretário americano Marco Rubio cancelou o ‘VISTO’ do comandante do Exército do Brasil, general do Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva. A partir de hoje ele está proibido de entrar nos Estados Unidos.

Print de publicação no Facebook que leva imagem gerada por inteligência artificial ilustrando o secretário do Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio — homem branco de cabelos castanhos, que usa um terno azul marinho, camisa branca e gravata vermelha, segurando um passaporte com a mão direita — e o general do Exército brasileiro Tomás Ribeiro Paiva — homem branco de cabelos grisalhos, que usa uma farda do Exército verde-oliva. Ao fundo da cena, aparecem parcialmente as bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos. Acima da foto está a legenda: ‘MARCO RUBIO MANDA RECADO ÀS FFAA BRASILEIRA. Hoje o secretário americano Marco Rubio cancelou o ‘VISTO’ do comandante do Exército do Brasil, general do Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva. A partir de hoje, ele está proibido de entrar nos Estados Unidos’.

Publicações nas redes enganam ao afirmar que o governo dos EUA teria cancelado o visto do general Tomás Ribeiro Paiva, comandante do Exército brasileiro. Aos Fatos não encontrou qualquer informação nos canais oficiais das diplomacias americana e brasileira sobre o caso, tampouco declarações públicas do secretário de Estado Marco Rubio sobre a suspensão do documento.

Até o momento, o governo americano cancelou os vistos de autoridades como os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, de servidores ligados ao Ministério da Saúde (veja aqui e aqui) e do advogado-geral da União, Jorge Messias. Em todas as ocasiões, foram divulgados comunicados sobre as medidas nas redes e em portais oficiais. Não há, por outro lado, nenhuma informação sobre Paiva.

Em consulta à lista de sancionados pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA, responsável pela aplicação da Lei Magnitsky, também não foram encontrados resultados referentes ao general.

Aos Fatos também entrou em contato com o Centro de Comunicação Social do Exército para questionar sobre possíveis sanções a Paiva. Em nota, a assessoria informou que a alegação é falsa e lamentou “postagens especulativas e irresponsáveis” publicadas nas redes.

Em consulta à página do Departamento de Estado americano, a reportagem verificou que a última publicação que menciona autoridades brasileiras foi feita na última quinta (16). Ela se refere ao encontro entre Marco Rubio, o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Após a reunião, as autoridades divulgaram uma declaração conjunta em que abordam a relação comercial dos dois países. Não há menção a uma sanção ao comandante do Exército no documento.

Sanções. A decisão mais recente do governo americano envolvendo sanções a brasileiros ocorreu no dia 22 de setembro, quando a mulher do ministro do STF Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, foi incluída entre os punidos pela Lei Magnitsky.

É fato, no entanto, que a imprensa noticiou em setembro deste ano tentativas de lobby bolsonaristas que buscavam incluir Paiva na lista de sancionados com a perda do visto americano.

Foi divulgado, na época, que a medida estava sendo avaliada pelo governo dos EUA. A justificativa era que o general teria uma relação próxima com o ministro Alexandre de Moraes.

O caminho da apuração

Aos Fatos buscou informações na imprensa e nos canais oficiais do Departamento de Estado dos EUA e da Embaixada dos EUA no Brasil, mas não identificou registros que comprovem a suspensão do visto do general do Exército Tomás Ribeiro Paiva.

A reportagem também procurou o Centro de Comunicação Social do Exército por mensagem, por telefone e por email, que se posicionou através de uma nota oficial.

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