É falso que Globo admitiu em reportagem que urnas eletrônicas podem ser fraudadas

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Não é verdade que a rede Globo admitiu a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas em uma reportagem de 2008, conforme alegam postagens nas redes sociais (veja aqui). O vídeo nos posts traz apenas um trecho de uma denúncia mostrada pelo Fantástico naquele ano sobre uma quadrilha que prometia manipular o resultado das eleições e suprime as partes em que o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e especialistas desmentem que os golpistas tenham conseguido fraudar as máquinas.

O vídeo editado foi publicado inicialmente no TikTok pelo deputado estadual Bruno Engler (PRTB-MG), mas tem sido disseminado no Facebook, plataforma onde já contabiliza ao menos 84.100 compartilhamentos nesta terça-feira (31) e foi marcado com o selo FALSO na ferramenta de verificação (Saiba como funciona).


Tem circulado nas redes sociais uma edição deturpada de uma reportagem do Fantástico que insinua que as urnas eletrônicas seriam suscetíveis a fraudes. O conteúdo original, de 2008, tem cinco minutos e denuncia uma quadrilha que dizia conseguir manipular o resultado das eleições. Já o vídeo das postagens, editado, tem dois minutos e suprime as falas de quem garante ser impossível aplicar o golpe.

A versão disseminada nas redes começa com o então apresentador Zeca Camargo explicando o caso: um homem afirma que, por R$ 2 milhões, elege quem ele quiser em qualquer cidade brasileira. Depois aparecem as cenas gravadas, com câmera escondida, em que o esquema é detalhado pelo golpista. O vídeo termina com a afirmação do vigarista de que a manipulação dos votos é feita no dia da eleição, com as senhas do presidente e de outros integrantes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que ele havia hackeado.

No vídeo original, na sequência, aparece o então presidente da corte eleitoral, o ex-ministro Carlos Ayres Britto, afirmando ainda nem existir uma senha que fosse sua. Um minuto depois, um especialista em urnas eletrônicas chamado Fabiano Essel, professor de matemática da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) comenta que é “praticamente impossível” fraudar uma eleição.

“Em poucas horas, ou mesmo em alguns meses, ele não conseguiria quebrar a senha criptografada, precisaria de um parque computacional com uma capacidade extremamente grande para quebrar a senha criptografada e ter acesso ao sistema”, afirma. No fim, também é mostrado um golpista fugindo ao ser abordado pela equipe da emissora.

A Rede Globo informou, por email, que a reportagem original foi exibida no programa Fantástico no dia 17 de agosto de 2008 e que ela não faz nenhuma afirmação sobre ser possível fraudar urnas eletrônicas. O material completo, que está disponível em uma checagem do Fato ou Fake, do G1, contém a explicação de que se trata de um golpe que não tem como ser praticado.

A possibilidade de fraude eleitoral tem aparecido de forma recorrente nos discursos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e já foi checada como desinformação por Aos Fatos em diversas ocasiões. Entretanto, não há registros de adulteração de urnas, conforme já foi explicado em reportagem sobre o funcionamento dos equipamentos.

O Aos Fatos entrou em contato com o deputado estadual mineiro Bruno Engler, mas não obteve retorno até a publicação da checagem. O vídeo editado também foi checado pela Agência Lupa e pelo Estadão.

Referências

  1. Aos Fatos
  2. G1

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