🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que ‘G1’ noticiou que ‘super tomate’ da Embrapa reduz inflamações na próstata

Por Luiz Fernando Menezes

24 de janeiro de 2022, 11h06

Um site que simula reportagem do G1 sobre um suposto “super tomate” desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) que pode tratar inflamações da próstata circula nas redes (veja aqui) como se fosse uma informação verdadeira. O portal de notícias do Grupo Globo nunca publicou reportagem com esse conteúdo, e a página é um anúncio de um suplemento que seria produzido com o fruto. A Embrapa informou que o anúncio é falso.

O anúncio enganoso reunia ao menos mil compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (21) e também está sendo compartilhado no WhatsApp (fale com a Fátima).


Selo falso

A Embrapa não desenvolveu um tomate capaz de auxiliar no tratamento da inflamação da próstata, ao contrário do que dizem postagens nas redes sociais. A empresa pública nega a informação, presente em reportagem fictícia publicada em uma página na internet que emula o portal G1. Trata-se, na verdade, de anúncio de um suplemento chamado Prostazil, que se apresenta como sendo à base do suposto tomate. O site de notícias da Globo nunca veiculou conteúdo semelhante ao da peça desinformativa.

A publicação tem o título “Pesquisa Genética Desenvolve o Super Tomate Capaz de Ajudar a Reduzir 3 Vezes Mais Rápido a Próstata Aumentada” e copia uma diagramação antiga do G1, que atualmente tem seu logo escrito em letra minúscula. Os comentários da falsa reportagem também são forjados. As fotos dos três supostos usuários, Jordane Lopes, Fabiano Souza e Joaquim Pereira, foram retiradas de bancos de imagens (veja aqui, aqui e aqui). O código-fonte da página também indica que as mensagens foram inseridas por quem escreveu o artigo, e não por leitores do site.


Site falso. Comparação entre site falso (à esquerda) e atual layout do G1 (à direita).

Outro elemento forjado é a coluna de “Últimas notícias” do site. Além de nenhum dos três textos citados ter sido publicado pelo G1, os links presentes nessa seção redirecionam o leitor para a mesma página que vende o suplemento.

O anúncio usa de forma distorcida reportagem publicada em julho de 2018 pelo Repórter NBR, da Agência Brasil, sobre tomates desenvolvidos pela Embrapa por meio de melhoramento genético que possuem três vezes mais licopeno — um antioxidante que, segundo a nutricionista Michelle Mendes, citada na reportagem, pode ser usado na prevenção de doenças como o câncer de próstata. O conteúdo não faz menção a tratamento de inflamações.

Ao Aos Fatos, a Embrapa afirmou que o anúncio é falso e alertou que a peça de desinformação pode atingir “um público muito sensível e vulnerável, visto que há pacientes oncológicos que depositam suas esperanças e investem recursos na compra desse suposto suplemento”.

Anvisa. O anúncio viola uma norma da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proíbe que suplementos sejam apresentados como indicação de prevenção, tratamento ou cura de doenças.

A empresa responsável por comercializar o suplemento é a MFP Digital, de Lagoa da Prata (MG). Aos Fatos tentou contato com a empresa, mas não obteve retorno até a publicação desta checagem. Embora suplementos e probióticos não precisem de aprovação na Anvisa, apenas no órgão de vigilância sanitária local, a página diz que o medicamento foi aprovado pela agência nacional. Aos Fatos, entretanto, não encontrou registro na busca genérica ou na busca de alimentos da agência, nem no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).

Aos Fatos entrou em contato com a Vigilância Sanitária de Lagoa da Prata para questionar se o produto possui algum aval, mas o órgão disse não conhecer registro de suplemento semelhante. A Vigilância Sanitária de Minas Gerais não respondeu até a publicação desta checagem. Além disso, o falso anúncio cita um estudo “liderado pela Anvisa” que mostraria a eficácia do medicamento, que também não foi encontrado pela reportagem.

Referências:

1. G1 (Fontes 1 e 2)
2. Alarmy
3. Shutterstock
4. Adobe
5. YouTube
6. Imprensa Nacional
7. Anvisa (Fontes 1 e 2)
8. Inpi


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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