Uma imagem que circula no Facebook e no WhatsApp atribui ao senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) uma frase que ele jamais disse. A montagem dá a entender que o filho do presidente eleito ironizou a morte do garçom Rodrigo Alexandre da Silva Serrano, o que é mentira.
Morador do morro Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro, Serrano morreu em 17 de setembro após levar três tiros enquanto esperava a família dele sob chuva. Segundo uma reportagem da Ponte, moradores disseram que policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) atiraram no garçom após confundirem o guarda-chuva que ele segurava com um fuzil. A montagem utiliza uma reprodução do texto, que também foi publicado no El País.
Denunciada por usuários do Facebook, a imagem que atribui de modo falso a Flávio Bolsonaro uma ironia sobre o garçom assassinado teve mais de 1.500 compartilhamentos até a tarde desta terça-feira (6) e foi marcada por Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta de checagem da rede social (entenda como funciona).
Veja abaixo, em detalhes, o que checamos.
Flávio Bolsonaro: “Um elemento negro, andando perto de uma favela, com um guarda-chuva na mão. Queria o quê? Correu o risco. A culpa não é da polícia".
O senador eleito Flávio Bolsonaro jamais disse essa frase. Não há nenhum registro público de que ele tenha sequer comentado o assassinato de Serrano, que aconteceu em 17 de setembro.
Buscas no Twitter do senador eleito com as palavras “negro”, “guarda-chuva”, “garçom” e “culpa” indicam que ele não escreveu a respeito do assassinato de Serrano, e o mesmo ocorre na página de Facebook.
A assessoria de imprensa de Flávio Bolsonaro também negou que ele tenha dito a frase atribuída a ele na montagem, que também foi desmentida pelo site Boatos.org e pela Agência Lupa.
No sábado (3), o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), fez uma referência debochada ao assassinato de Serrano por meio de seu perfil oficial Twitter. Ele compartilhou uma mensagem do usuário @oiluiz, em que há uma foto de cinco homens negros armados com fuzis acompanhada da legenda: “Acho que vai cair uma tempestade, olha quanto guarda-chuva.”