🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que Doria vendeu empresas à China

Por Priscila Pacheco

17 de setembro de 2020, 13h37

Não é verdade que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vendeu diversas empresas para a China, como afirma peça de desinformação que tem sido disseminada nas redes sociais (veja aqui). A postagem lista companhias públicas ou de capital misto, como a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), e empresas privadas, como as emissoras de TV Band e CNN Brasil. O Aos Fatos contatou as empresas e verificou que nenhuma delas foi vendida ao país asiático.

A CTPM continua pública e a Sabesp ainda tem como acionista majoritário o governo do estado. Já a Comgás e as emissoras não têm participação do governo. O Aos Fatos não encontrou nenhuma empresa chamada ANEL nem qual é a mineradora mencionada na postagem. De todo modo, é citado que a atividade de mineração ocorreria em Minas Gerais, estado que não é governado por Doria.

No Facebook, a postagem reunia centenas de compartilhamentos nesta quinta-feira (17) e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação (saiba como funciona).


FALSO

Enquanto o povo se preocupa só com a Covid-19 vendo na Globo esquecem da China que já comprou através do Doria a SABESP, CPTM, Comgas, ANEL, Mineradora de extração de ferro em Minas Gerais, TV Band, CNN.

Publicações que circulam nas redes sociais enganam ao dizer que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vendeu para a China empresas como a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a Comgás e as emissoras Band e CNN Brasil. Em e-mail enviado ao Aos Fatos, a Secretaria Especial de Comunicação do Governo do Estado negou que a Sabesp e a CPTM, que têm participação do governo, tenham sido vendidas. As demais empresas citadas são privadas.

A Sabesp é uma empresa de economia mista que tem como maior acionista o governo do estado de São Paulo. Apesar de, em janeiro, ter sido noticiado que o grupo China Railway Construction Corporation tinha interesses na entidade, não houve nenhum tipo de venda, e o governo estadual continua sendo dono de 50,26% das ações.

A CPTM é uma companhia pública criada pela lei nº 7.861, de 1992. O governo pretende entregar à iniciativa privada a concessão de duas das sete linhas de trem e chegou a fazer uma audiência pública sobre o assunto no dia 28 de fevereiro. No entanto, o processo foi interrompido com a pandemia de Covid-19. Segundo a CPTM, um novo cronograma será divulgado assegurando prazo adequado, no mínimo 120 dias, para que proponentes nacionais e internacionais possam demonstrar interesse em participar do leilão para a concessão de 30 anos.

Por fim, as outras empresas não têm vínculo de comando com o governo. A Comgás, por exemplo, é uma empresa privada que possui a concessão da distribuição de gás canalizado em municípios do estado de São Paulo. Sua maior acionista é a Compass Gás & Energia, empresa do grupo brasileiro Cosan.

A Band faz parte do grupo paulista Bandeirantes, fundado por João Jorge Saad em 1967, que continua sendo presidido pela mesma família. Em 2019, foi feito um acordo de cooperação com a China Media Group para produções conjuntas e compartilhamento de conteúdo entre os países. No entanto, não há negociações de venda, conforme disse a assessoria de imprensa do grupo Bandeirantes por telefone e e-mail.

Além disso, A lei 10.610, de 2002, limita o investimento de capital estrangeiro em até 30% do capital total e votante em empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens no Brasil. A Band tem sido alvo de peças de desinformações que falam sobre a venda há alguns meses.

Já a CNN Brasil entrou no ar em março e tem as ações divididas entre o empresário Rubens Menin (65% do controle acionário) e Douglas Tavolaro (35%), que foi vice-presidente de jornalismo da Record. A emissora não respondeu ao Aos Fatos se possui algum tipo de acordo com chineses.

A peça de desinformação também cita uma empresa chamada ANEL, mas o Aos Fatos não encontrou nenhuma companhia com esse nome. A peça de desinformação também não cita o nome da mineradora a qual se refere em Minas Gerais, estado que não é governado por Doria.

A postagem também foi checada por Boatos.org.

Referências:

1. Sabesp
2. Bloomberg
3. Estadão
4. CPTM (Fontes 1, 2 e 3)
5. Assembleia Legislativa de São Paulo
6. Comgas
7. Compass
8. BM&FBOVESPA (Fontes 1, 2 e 3)
9. FGV
10. Planalto
11. Band
12. UOL
13. Poder 360
14. Boatos.org


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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