É falso que diretora do Ipec responde à Justiça por vender pesquisa que favorecia filho de Renan

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Não é verdade que Márcia Cavallari Nunes, CEO do Ipec (Inteligências em Pesquisa e Consultoria) e ex-diretora do Ibope Inteligência, responda à Justiça por vender pesquisas que favoreciam o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), como alegam postagens nas redes (veja aqui). A executiva não é ré nem investigada. Em 2019, ela depôs em inquérito que apurava se levantamentos do Ibope serviam de fachada para repasses da J&F à campanha do filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Cavallari nega a acusação.

Postagens no Facebook com a falsa alegação reuniam mais de 4.500 compartilhamentos até a tarde desta quarta-feira (30) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma ‌(‌saiba‌ ‌como‌ ‌funciona‌).


Márcia Cavallari, responsável pela pesquisa do Ipec, que deu 49% de intenção de votos ao Lula, responde na justiça por vender pesquisa favorecendo o filho de Renan Calheiros, paga com dinheiro da JBS de Joesley Batista

É enganosa a alegação de que Márcia Cavallari, diretora do instituto de pesquisas Ipec e ex-executiva do Ibope Inteligência, responde hoje à Justiça por ter vendido levantamentos eleitorais à JBS que favoreciam o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB). Ela não é ré e não foi investigada, tendo apenas prestado depoimento em inquérito do MPF (Ministério Público Federal) que apurou se pesquisas do Ibope bancadas pelo grupo J&F serviram de fachada para repasses à campanha do filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL).

A denúncia investigada pelo MPF apareceu na colaboração premiada de Ricardo Saud, diretor de relações institucionais da J&F, em maio de 2017. Segundo ele, o Ibope Inteligência teria simulado uma prestação de serviço para que a controladora da JBS pudesse repassar dinheiro para a campanha de Renan Filho em 2014.

Em depoimento à PF (Polícia Federal) em novembro de 2019, Márcia Cavallari rechaçou a versão do delator e disse que as pesquisas eleitorais foram solicitadas pelo senador Renan Calheiros para a campanha do filho e que os serviços foram prestados devidamente. A executiva afirmou ainda que ficou acordado que metade do valor (R$ 300 mil) seria paga pela J&F e a outra metade pelo MDB. Naquela época, doações eleitorais de empresas ainda não haviam sido proibidas, o que só ocorreu em 2016.

Na época em que a acusação de Saud veio à tona, o Ibope Inteligência, então presidido por Cavallari, publicou nota em que confirmou ter recebido da JBS por pesquisas em Alagoas, mas negou que tivesse emitido notas fiscais falsas ou recebido propina. "Todas as notas fiscais mencionadas no Termo de Pré-Acordo de Colaboração Premiada são verdadeiras, foram devidamente contabilizadas e estão registradas na Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura de São Paulo", diz um trecho do texto.

Em nota enviada ao Aos Fatos, o Ipec afirmou que “Márcia Cavallari foi convidada, na posição de CEO do IBOPE Inteligência, com o único objetivo de prestar esclarecimentos referentes às pesquisas encomendadas pela JBS, que foram devidamente contratadas, executadas, entregues e pagas ao IBOPE Inteligência”.

Pesquisa. Esta peça de desinformação ganhou força após o Ipec divulgar pesquisa que mostrou o ex-presidente Lula (PT) com 49% das intenções de voto para as eleições de 2022 e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com 23%.

O Estadão Verifica e a Agência Lupa também checaram a alegação enganosa.

Referências

  1. Ipec
  2. Estadão (1 e 2)
  3. Conjur
  4. Web Archive
  5. G1

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