🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que Canadá orientou manter a garganta úmida como prevenção ao coronavírus

Por Amanda Ribeiro

30 de janeiro de 2020, 13h20

Um texto que circula nas redes sociais atribui ao governo do Canadá orientações de prevenção ao coronavírus que não são respaldadas pelas autoridades do país nem pela OMS (Organização Mundial de Saúde), como manter a garganta úmida, evitar consumo de alimentos fritos e ingerir vitamina C (veja aqui). O Health Canada, departamento de Saúde canadense, negou a autoria da mensagem.

O conteúdo enganoso circulou primeiro em inglês, tendo sido reportado nos últimos dias em redes sociais de países como EUA, Índia e Paquistão. No Brasil, ele tem sido disseminado principalmente pelo WhatsApp, onde não é possível medir o alcance com precisão. Há, ainda, reproduções em posts no Facebook, brasileiros e angolanos, que foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação (saiba como funciona). A checagem foi sugerida por leitores do Aos Fatos no WhatsApp (inscreva-se aqui).


FALSO

Não é verdade que o departamento de Saúde do Canadá publicou um boletim com orientações de prevenção ao coronavírus como “manter a garganta úmida”, evitar alimentos fritos ou picantes e ingerir sempre água morna e doses de vitamina C, como tem sido veiculado em um texto que circula nas redes sociais. Em nota enviada ao Aos Fatos, o Health Canada negou a autoria da mensagem, as recomendações contidas nela e enviou as reais orientações do governo canadense.

As dicas de prevenção que constam na corrente também não são respaldadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A instituição cita como formas eficazes de evitar a contaminação pelo novo coronavírus:

  • lavar as mãos com sabão frequentemente;

  • cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir;

  • evitar o contato com pessoas que estejam com febre ou outros sintomas relacionados à doença;

  • não cuspir em público;

  • procurar ajuda médica ao menor sinal de contaminação.

Já nas recomendações associadas à segurança alimentar divulgadas pela OMS, não há nada que respalde ações como evitar alimentos fritos ou picantes ou ingerir água morna. O órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda cuidado ao manusear alimentos crus e que se evite o consumo da carne de animais que tenham morrido em decorrência de doenças.

A OMS também ressalta que, mesmo em locais onde estejam ocorrendo epidemias, pode-se consumir carne desde que ela seja bem cozida e reparada dentro de especificações sanitárias adequadas.

Vitamina C. Tampouco existem evidências que atestem a eficácia da vitamina C na prevenção do novo coronavírus. Uma ampla revisão de literatura feita pela Cochrane em 2013 concluiu que a substância não ajuda a evitar resfriados comuns, embora haja indícios de que possa reduzir a duração da doença. Não há, entretanto, estudos sobre seus efeitos em infecções do novo vírus. Um outro texto enganoso que também recomenda o uso da vitamina C foi checado por Aos Fatos.

Os sintomas do coronavírus são, em sua maioria, respiratórios e semelhantes aos de um resfriado comum. De acordo com a Fiocruz, no entanto, podem ocorrer infecções no trato respiratório inferior, como pneumonias. O doente pode ter, nesses casos, febre, tosse e dificuldade para respirar.

Ainda que circule hoje nas redes sociais em português, este texto não foi elaborado no Brasil ou em países lusófonos. Aos Fatos identificou uma versão em inglês que foi verificada nos EUA pelo Buzzfeed, na Índia pelo India Today e, no Paquistão, pelo Dawn. Nos dois últimos, o falso alerta foi atribuído aos ministérios da Saúde dos respectivos países.

Referências:

1. Health Canada
2. OMS (Fontes 1 e 2)
3. Aos Fatos
4. Fiocruz
5. Buzzfeed
6. India Today
7. Dawn


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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