🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que café em pó brasileiro é misturado com sangue de boi

Por Luiz Fernando Menezes

10 de fevereiro de 2020, 13h50

Não é verdade que empresas produtoras de café misturem sangue de boi ao produto em sua versão em pó para encorpá-lo, como diz um homem não identificado em um áudio que circula nas redes sociais (veja aqui). A ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) nega que tal procedimento ocorra e registrou um boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Investigações Gerais de São Paulo contra a disseminação da desinformação. A mistura também não está prevista em normas e regulações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Difundida pelo WhatsApp, a peça de desinformação também aparece em uma versão em vídeo no Facebook. Nela, o áudio é exposto juntamente com uma série de imagens que supostamente mostrariam o transporte do sangue. Até a tarde desta segunda-feira (10), o conteúdo já havia sido compartilhado por perfis pessoais mais de 270 mil vezes. Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de monitoramento da rede social (saiba como funciona).


FALSO

A gente coleta o sangue em todos os frigorífico aí, carrega da Friboi e outros frigorífico aí. O sangue de boi, eles torram ele e mói e põe a vaca junto com o café, para dar peso e volume (...)

É falsa a informação que produtores de café brasileiros usem sangue de boi para encorpar o produto em sua versão em pó. Difundida por meio de áudio no WhatsApp e de vídeo no Facebook, a desinformação foi desmentida pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), que registrou um boletim de ocorrência para que a origem e a disseminação do conteúdo enganoso seja investigada. A Anvisa também não permite que tal mistura ocorra no café produzido no Brasil.

A única norma da agência que cita a presença de material oriundo de animais é a Resolução nº 14/2014, que estabelece um limite de tolerância para matérias estranhas no café torrado e moído. Segundo texto, são tolerados 60 fragmentos de insetos em cada 25g do produto, que são indicativos de falhas das boas práticas, mas que não trazem riscos.

Em nota publicada em sua conta oficial no Facebook, a ABIC classifica a informação sobre a incorporação de sangue ao café como “fake news”. A associação afirma, ainda, que registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Investigações Gerais de SP para que sejam identificados "os autores dessa notícia falsa, que caracteriza crime de calúnia, podendo prejudicar todo um setor".

A Friboi, frigorífico citado nominalmente no áudio como fornecedor do sangue de boi para produtores de café, também negou as informações. Em telefonema ao Aos Fatos, a assessoria da empresa afirmou que não possui nenhum caminhão ou veículo que faça este tipo de transporte.

O Aos Fatos também procurou a origem das fotos compartilhadas pela peça de desinformação, mas não conseguiu localizar nenhuma delas. Foram pesquisados, ainda, relatos e reportagens que citem casos de sangue de boi encontrado em café, mas não foi obtido nenhum resultado.

A mesma peça de desinformação também foi verificada pelo Boatos.org e pelo e-Farsas.

Referências:

1. Anvisa
2. ABIC


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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