🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que Bolsonaro liberou venda de suposto economizador de combustível

Por Marco Faustino

16 de agosto de 2021, 12h42

Não é verdade que o presidente Jair Bolsonaro regularizou o uso do Fuel Max, um dispositivo que promete economizar combustível se acoplado ao veículo, e que isso foi noticiado pela Veja, como sustenta um anúncio veiculado nas redes sociais (veja aqui). Aos Fatos não localizou reportagens da revista, falas do mandatário com esse teor ou normas editadas pelo governo para liberar o produto, que não é recomendado pela AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) nem por especialistas.

A propaganda enganosa reunia ao menos 4.500 compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (13) e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma (saiba como funciona).


O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (19) à imprensa, que o dispositivo [FuelMax] está liberado para comercialização. Com a cobrança sobre o alto preço dos combustíveis, o presidente foi questionado sobre a regularização desse dispositivo em novembro. Na época, ele afirmou que se fosse comprovada a eficácia o dispositivo seria regularizado e liberado

Um anúncio que circula nas redes sociais sustenta, de maneira enganosa, que o presidente Jair Bolsonaro regulamentou a comercialização no Brasil do Fuel Max, um suposto economizador de combustível, e que isso foi noticiado pela revista Veja. A falsa reportagem, intitulada “Chip que diminui até 60% do consumo do combustível é liberado no Brasil”, aparece dentro de um site que simula a página da Veja e alega que Bolsonaro permitiu a venda em 19 de julho deste ano após ter sido cobrado em novembro de 2020.

Aos Fatos não encontrou menção pública do presidente ao produto nas datas referidas, após consultar mecanismos de busca, o site do Palácio do Planalto, vídeos de veículos que registram diariamente suas falas e a base com as declarações checadas de Bolsonaro. A foto usada na peça de desinformação foi tirada pelo fotojornalista Sérgio Lima, do Poder 360, em 29 de agosto de 2019, em um evento sem relação com o produto.

Não há, ainda, qualquer dispositivo legal que regulamente, autorize ou impeça o uso do produto no CBT (Código Brasileiro de Trânsito), nas páginas dos ministérios da Economia e da Infraestrutura e no DOU (Diário Oficial da União).

O site principal do produto também engana ao afirmar que o Fuel Max teria sido tema de reportagens no R7, na Veja e na Globo.com. Não foi publicado qualquer conteúdo sobre o produto nos três veículos de imprensa. No texto original, as menções aos sites não têm link.

Aos Fatos não conseguiu localizar o fabricante do produto. Embora o site do Fuel Max permita comprar o produto por meio de boleto bancário ou cartão de crédito, não há qualquer telefone, email, endereço ou número de CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) da empresa. Os dados do proprietário do domínio, que é o endereço de acesso ao site, também estão ocultos.

Riscos. Produtos que prometem reduzir o consumo de combustíveis não são recomendados pela AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), porque podem fazer com que o veículo perca a dirigibilidade aceitável ao retirar força do motor para acelerações e retomadas.

De acordo com Boris Feldman, engenheiro mecânico e eletricista, a proposta deste tipo de produto é modular a relação ar-combustível no motor de ignição, ou seja, injetar mais ar do que gasolina. Na teoria, isso poderia reduzir o consumo do insumo, mas o site do Fuel Max não informa o grau dessa modulação, o que não permite calcular a eventual economia. Além disso, alterar essa relação pode causar danos graves ao veículo.

“Quanto mais você foge dessa relação ar-combustível, a temperatura de combustão, dentro do motor, vai se elevando. E pode chegar a um ponto crítico de derreter partes internas ou fazer o carro ferver. Além disso, você pode aumentar a emissão de gases poluentes. O ponto ideal de ignição é feito pelo chip colocado pela fábrica”, afirma.

Referências:

1. Veja
2. Aos Fatos
3. Poder 360
4. Governo federal (Fontes 1, 2, 3 e 4)
5. Whois
6. UOL


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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