É falso que Bolsonaro importará tecnologia que remove câncer de mama sem cirurgia

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Não é verdade que o governo Bolsonaro vai autorizar a importação de uma tecnologia israelense que promete extrair tumores sem a remoção da mama. O método existe de fato, mas não foi inventado em Israel nem tem eficácia comprovada na eliminação do câncer de mama. O Ministério da Saúde também negou que estude a adoção deste processo no SUS (Sistema Único de Saúde).

Esta peça de desinformação (veja aqui) circula nas redes sociais desde fevereiro. Desta vez, além de ter sido enviado como sugestão de checagem por leitores do Aos Fatos no WhatsApp (inscreva-se aqui), o conteúdo foi identificado em publicações no Facebook que já ultrapassavam 6.000 compartilhamentos nesta terça-feira (16). Essas postagens foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta da rede social (veja como funciona).


FALSO

Câncer no seio não precisa mais fazer cirurgia. Presidente Bolsonaro vai autorizar a importação dessa tecnologia de Israel. Embora chamado de machista, foi o único presidente que se lembrou em primeiro lugar das mulheres… Vamos divulgar!

Esta peça de desinformação é disseminada junto a um vídeo que explica o processo de crioablação, que promove a destruição das células tumorais sem a necessidade de cirurgia. O vídeo foi publicado originalmente na página do site de entretenimento Playground BR no Facebook em 21 de janeiro deste ano. Desde então, ele passou a circular nas redes fora de contexto, associado a uma suposta promessa do governo Bolsonaro.

Apesar de realmente uma empresa em Israel, a IceCure, ser especialista na aplicação da tecnologia, como mostra o vídeo, o método existe desde o século XIX e não foi inventado naquele país. A crioablação é eficiente no tratamento de tumores benignos em locais como a mama, os rins, os pulmões e os ossos, e, segundo o Ministério da Saúde, alguns estudos demonstraram sucesso em tumores malignos na mama com menos de um centímetro. Porém, não há evidências de que o método seja mais efetivo que os meios cirúrgicos tradicionais. Além disso, a crioablação não evita a realização de quimioterapia ou radioterapia.

O Ministério da Saúde, em nota ao Aos Fatos, disse que “a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) não recebeu qualquer solicitação para avaliação desse procedimento” na rede pública brasileira. A pasta destacou que a crioablação “ainda não está indicada para tratamento do câncer de mama, dependendo ainda de mais estudos científicos para assegurar a eficiência do método”.

A crioablação existe desde o século XIX, quando o médico inglês James Arnott publicou estudos a respeito da eficácia do congelamento para o tratamento de diversos problemas de saúde, inclusive o câncer de mama. A tecnologia foi se aprimorando com o passar do tempo, tanto em relação aos equipamentos necessários quanto aos tipos de gases utilizados no processo de congelamento.

No Brasil, a crioablação foi implementada em 2007 pelo Hospital Sírio-Libanês, que realizou os primeiros procedimentos do tipo no país. Hoje, o hospital aplica o método principalmente no tratamento de pequenos tumores malignos.

Durante a crioablação, uma agulha é inserida, com a ajuda de exames de imagem, através da pele na região onde se encontram as células tumorais. São injetados, então, gases que congelam e destroem as células cancerígenas.

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