É falso que bolo turco seja vendido no Brasil com droga que causa paralisia

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Não é verdade que um bolo vendido no Brasil contenha em seu interior comprimidos que causam paralisia, como afirmam publicações (veja aqui) que circulam nas redes sociais e que trazem um vídeo que mostra pastilhas dentro do doce. O bolo, fabricado pela empresa turca Şölen, é vendido como produto de exportação apenas ao Iraque e não é comercializado no Brasil.

Versões da mesma peça de desinformação também circularam entre outubro e novembro em países como Estados Unidos, Turquia e México e foram desmentidas pelas agências de checagem Snopes (EUA) e Teyit (Turquia). Documentos obtidos pela Snopes com a empresa que fabrica o bolo mostram, por exemplo, que o sistema de filtragem usado durante a sua produção impede que qualquer objeto estranho, como comprimidos, seja inserido no doce.

No Brasil, as publicações que trazem a informação falsa registraram cerca de 9.000 compartilhamentos no Facebook até esta quarta-feira (20). Todas elas foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de monitoramento da rede social (saiba como funciona). O conteúdo também foi enviado por leitores do Aos Fatos como sugestão de checagem no WhatsApp (inscreva-se aqui).


FALSO

Esse biscoito turco tem 2 comprimidos que causam paralisia já chegou ao Brasil não comprem e espalhem essa mensagem.

Publicações que circulam nas redes sociais trazem um vídeo que mostra dois comprimidos sendo retirados do interior de um bolo da marca turca Şölen. Segundo as postagens, o doce é vendido no Brasil, e as pastilhas causariam paralisia. Nada disso, no entanto, é verdade. O doce que aparece no vídeo não é vendido no Brasil, apenas no Iraque. Além disso, inspeções feitas em sua produção indicam que não é possível colocar comprimidos no interior dos bolos.

O mesmo vídeo circulou nas últimas semanas em outros países e, nos Estados Unidos, foi desmentido pela agência de checagem Snopes, que teve acesso a certificados que atestam a segurança da fabricação dos produtos da Şölen. Os documentos foram emitidos após inspeções feitas pela empresa suíça SGS, que é especializada em verificação, testes e certificação de produtos.

Também em documento enviado à Snopes, a fabricante do bolinho informou que os sistemas de filtragem usados na produção do doce não permitem a passagem de qualquer resíduo maior do que 0,07 cm. A medida é bem inferior à de um comprimido pequeno, que tem em torno de 0,5 cm.

Ainda de acordo com a agência americana, o sabor coconut cream do bolo Luppo, que é o mostrado no vídeo, só é vendido como produto de exportação ao Iraque. Outros indícios apontados pela agência turca Teyit, que também checou a peça de desinformação, reforçam essa hipótese: o idioma falado ao fim do vídeo é o sorani, uma língua do Curdistão iraquiano; ao fundo das imagens, é possível ver dentro de um freezer um produto da marca de frangos As Piliç. A carne é largamente exportada para o Iraque.

Apesar de não ser uma evidência conclusiva, é possível ver, ao pausar e aproximar o vídeo, a presença de um furo na parte superior do bolo. Ele poderia indicar onde o comprimido foi inserido. Depois disso, o produto poderia ter sido reembalado.

Referências

  1. Snopes (1, 2 e 3)
  2. Teyit
  3. Istekobi
  4. SGS

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