Não é verdade que o almirante Alvin Holsey, responsável pelo Comando Sul dos Estados Unidos, desembarcou no Brasil na última quarta-feira (20) em um avião da CIA, agência de inteligência americana. Na data, o oficial participava da abertura da Conferência Sul-Americana de Defesa, realizada em Buenos Aires, na Argentina.
Publicações com o conteúdo falso acumulavam 12,5 mil curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (21).
Um avião dos Estados Unidos, um Boeing C‑32B, pousou no Brasil. E quem está dentro não é qualquer pessoa: é o almirante Alvin Holsey, o mesmo que meses atrás tentou visitar o Acre e foi impedido pelo governo brasileiro.

Publicações nas redes enganam ao afirmar que o almirante Alvin Holsey desembarcou no Brasil em um avião da CIA na última quarta-feira (20). Na data, o oficial estava em Buenos Aires, onde participou da Conferência Sul-Americana de Defesa, evento que reuniu autoridades militares e foi marcado por duras críticas à atuação chinesa na América Latina.
Poucos dias antes, entre domingo (17) e segunda-feira (18), Holsey esteve no Panamá em uma visita oficial que tinha o objetivo de supervisionar exercícios militares conjuntos entre tropas panamenhas e americanas voltados para a segurança do Canal do Panamá.
Em busca no site e nas redes da embaixada americana, não há registros de que Hosley tenha estado no Brasil na última semana.
As publicações falsas associam o almirante a uma aeronave da Força Aérea dos Estados Unidos que pousou no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, na tarde de terça-feira (19), e então seguiu para Guarulhos (SP), onde permaneceu até a manhã seguinte.
A escala do avião chamou a atenção porque não havia informações oficiais sobre a parada, embora o Ministério da Defesa tivesse autorizado o voo. Após a repercussão, a Polícia Federal confirmou que a aeronave transportava diplomatas americanos e cumpriu apenas os trâmites migratórios de praxe.
Ainda assim, a presença de Hosley na viagem seria impossível, visto que ele já se encontrava na Argentina para a conferência.
A última visita oficial de Hosley ao Brasil aconteceu em maio deste ano e gerou um mal-estar com militares brasileiros. À época, o americano manifestou interesse em conhecer o batalhão de Rio Branco, no Acre, unidade de fronteira comandada por um tenente.
O pedido, considerado incomum, foi justificado pelo Comando Sul dos EUA como parte de uma agenda voltada ao combate ao tráfico internacional de drogas e armas, já que a região faz divisa com Peru e Bolívia.
O Exército Brasileiro afirmou que a solicitação ocorreu de última hora e, por isso, foi negada. Como alternativa, foi oferecida uma visita ao Comando Militar da Amazônia, em Manaus, com estrutura mais adequada para receber uma autoridade estrangeira de alto escalão.
A proposta foi recusada pelo lado americano, e a viagem a Rio Branco acabou vetada sob argumento de dificuldades logísticas e operacionais.
O caminho da apuração
Aos Fatos consultou registros da imprensa e canais oficiais do governo americano, confirmando que o almirante Hosley participou de um evento na Argentina na data citada pelas peças desinformativas e, portanto, não poderia estar no suposto avião da CIA que desembarcou no Brasil.
Além disso, não há qualquer registro de que o comandante tenha visitado o país na última semana.




