Não é verdade que a OMS (Organização Mundial da Saúde), a universidade americana Johns Hopkins e o Fórum Econômico Mundial criaram um cronograma de lançamento das próximas variantes do novo coronavírus, como sustentam postagens nas redes sociais (veja aqui). A tabela é falsa e não existe previsão similar, de acordo com as três instituições. O surgimento de novas cepas é um fenômeno natural e imprevisível, consequência de mutações do Sars-CoV-2, afirmam especialistas ouvidos por Aos Fatos.
Este conteúdo enganoso acumulava ao menos centenas de compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (1).
Postagens nas redes sociais enganam ao disseminar como verdadeira uma tabela atribuída à OMS (Organização Mundial da Saúde), à Universidade Johns Hopkins e ao Fórum Econômico Mundial com datas de lançamento de novas variantes do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19. As três instituições negaram a veracidade do conteúdo e disseram não manter levantamentos do tipo (confira aqui, aqui e aqui).
Outro indício de falsidade da tabela é que algumas datas listadas não correspondem ao surgimento das respectivas cepas do novo coronavírus. Segundo o falso cronograma, a mais recente variante, a ômicron, sairia em maio de 2022, quando, na realidade, ela foi identificada em novembro deste ano.
O surgimento de variantes é um fenômeno natural e imprevisível, de acordo com especialistas ouvidos por Aos Fatos. De acordo com o virologista Flávio Guimarães, presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia), as mutações ocorrem de maneira aleatória devido à replicação do vírus dentro das células, sendo impossível estimar com exatidão quando uma nova cepa aparecerá.
“O que a gente sabe é que irão surgir mais variantes em locais ou circunstâncias onde tem vírus se multiplicando com mais intensidade. Se você tem um local como a África, que tem uma cobertura vacinal super baixa, a chance de que surja uma variante importante lá é maior que no Brasil, neste momento da pandemia”, explicou.
O virologista Amílcar Tanuri, chefe do laboratório de Virologia Molecular da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), concorda sobre a imprevisibilidade que impediria a existência de um calendário de novas cepas. “É a evolução natural do vírus”, resumiu.
Esta peça de desinformação também circulou em outros países, como a Argentina, Inglaterra, Índia e Portugal, tendo sido verificada por Chequeado, Reuters, India Today e Observador. Aqui no Brasil, AFP Checamos, Fato ou Fake e Lupa publicaram desmentidos.
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