Drex não foi criado por Lula e não acaba com poupança ou dinheiro físico

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Não é verdade que o Drex, formato digital do real brasileiro, foi criado pelo presidente Lula (PT) e irá substituir a moeda física ou impedir a população de manter poupanças. O Banco Central, autarquia autônoma que não está subordinada ao Executivo federal, negou as alegações e reforçou ser responsável pelo desenvolvimento do projeto desde 2020.

Publicações com o conteúdo falso acumulavam cerca de 3.200 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (16).

Pior do que pagar impostos é o Drex. Esta porcaria aqui foi a brilhante ideia daquela criatura que está na Presidência teve para nos fiscalizar, para nos controlar, para nos escravizar.

A imagem tem um fundo verde com um círculo dourado decorativo no centro que remete a uma moeda de ouro. No topo da imagem, está escrito: 'Conheça o DREX'. Atrás do círculo dourado, no canto direito, há parte de uma moeda de cobre. Em frente ao círculo, há uma pessoa de cabelos longos e escuros usando uma blusa verde, com o rosto desfocado.

Circulam nas redes publicações que reúnem uma série de informações falsas sobre o Drex, o real brasileiro emitido em plataforma digital operada pelo BC (Banco Central). Entre as alegações estão a de que a moeda irá substituir o dinheiro físico, permitirá o monitoramento da população, inviabilizará a poupança e só poderá ser usada em estabelecimentos previamente autorizados pelo governo.

A seguir, Aos Fatos desmente as principais alegações presentes nas peças falsas:

Por quê? Primeiro ela vai substituir o real. Não vamos ter mais dinheiro em espécie, moedas, notas, não, isso vai acabar.

Segundo o BC, o Drex será uma opção adicional ao uso de cédulas, coexistindo com o dinheiro físico e com outras modalidades de transferência eletrônica, como o Pix.

Como o recurso foi criado para uso online, a autarquia estima que o impacto sobre a demanda pelo dinheiro físico não será relevante. Assim como a futura versão digital, o real tradicional é emitido pelo BC.

Segundo, através dessa moeda digital, ele vai saber tudo sobre a nossa vida. O que compramos, onde compramos, pra quem compramos, o que pagamos, quando vendemos, onde, quando, como, tudo.

Desenvolvido pelo BC desde 2020, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o real digital obedece os princípios e regras previstos na legislação brasileira, em especial a Lei do Sigilo Bancário e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Segundo a autarquia, ele será usado para transações de atacado ou por instituições autorizadas pelo BC no varejo com seus clientes. O sigilo sobre as movimentações será o mesmo do Pix e de outras transferências eletrônicas já existentes.

A imagem mostra um celular apoiado sobre um teclado preto com iluminação vermelha. Na tela do celular aparece o logotipo do 'DREX' com o texto 'by Banco Central do Brasil' logo abaixo. O fundo da tela do celular é azul com linhas e circuitos estilizados em tons de azul. Na parte superior do aparelho é possível ver a hora '11:25' e ícones de sinal, bateria e Wi-Fi.
Ainda não há previsão para o Drex entrar em vigor para o público em geral (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Já não bastando essa porcaria aqui fiscalizar toda a nossa vida, todos os nossos passos, ela também não é cumulativa.

O Drex nada mais é do que uma versão digital do real, com paridade de 1 para 1 — cada Drex, portanto, valerá R$ 1, emitido e regulado pelo BC. Isso significa que você poderá trocar reais por Drex e vice-versa. Portanto, nada impedirá a população de guardar dinheiro.

A nova moeda será armazenada em carteiras digitais de intermediários autorizados, como instituições financeiras, e utilizará a tecnologia blockchain, já aplicada em criptoativos.

Ou seja, quando for lançado, o Drex será apenas uma nova forma do real. Ele irá coexistir com a moeda física e o Pix, sem qualquer mudança.

Fora que você só vai poder usar o seu dinheiro, né, a moeda Drex, nas localidades que eles permitirem e determinarem pra você.

Também não é verdade que o Drex só será usado em locais “permitidos” e “determinados” pelo governo. Responsável pelo projeto, o BC é uma autarquia com autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira.

O objetivo é permitir transações financeiras seguras com ativos digitais e contratos inteligentes com maior segurança.

Um exemplo é a compra de um carro: o Drex garante que o dinheiro só será transferido ao vendedor quando a propriedade do veículo também for registrada em seu nome. Se uma das partes não cumprir o combinado, o bem e o valor permanecem com seus donos originais.

O caminho da apuração

Aos Fatos entrou em contato com o Banco Central para conseguir mais informações sobre o Drex e verificar mais detalhes sobre as alegações feitas pelas peças de desinformação. Também consultamos outros veículos de imprensa para complementar a checagem.

Referências

  1. Aos Fatos
  2. Governo federal (1 e 2)
  3. Lula

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