🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Dipirona não é importada da Venezuela nem está infectada por vírus mortal

Por Luiz Fernando Menezes

7 de novembro de 2018, 15h30

Não é verdade que uma nova dipirona importada da Venezuela estaria contaminada com o vírus Marburg, como alardeia um áudio que se espalhou pelo WhatsApp nos últimos dias. A mensagem traz ainda uma foto de embalagem e frasco do medicamento Dipimed. O remédio, porém, é produzido no Brasil há mais de 30 anos e tampouco contém vírus, como já desmentiram a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o laboratório responsável. Além disso, o Marburg é um vírus encontrado no sul da África, e não há registro da sua presença na Venezuela.

A mesma história já circulou nas redes sociais em 2015 usando outro medicamento muito popular entre os brasileiros, o paracetamol. Desta vez, a peça de desinformação sobre a dipirona foi enviada por uma dezena de leitores do Aos Fatos no WhatsApp como pedidos de checagem (saiba mais). Para participar, adicione o número (21) 99747-2441 na sua lista de contatos e envie uma mensagem com o seu nome.


FALSO

Notícia importante. Vírus encontrado em medicamento importado da Venezuela [...] Não tomem o novo Dipirona que vem escrito S/500. [...] Os médicos comprovam que contém vírus Marburg, considerados um dos vírus mais perigosos do mundo e com alta taxa de mortalidade.

Em agosto deste ano, o Ministério da Saúde emitiu uma nota para desmentir, por meio da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que a dipirona não estava infectada com o vírus Marburg. O laboratório Medquímica, que detém o registro do Dipimed 500 mg/ml, também se pronunciou sobre o assunto em seu site oficial. De acordo com a empresa, o medicamento é de origem nacional e comercializado há mais de 30 anos. A farmacêutica afirmou ainda que “atende a todos os quesitos de Boas Práticas de Fabricação exigidos pela Anvisa, como equipe qualificada e treinada, fornecedores de matéria-prima qualificados, procedimentos operacionais e processos de fabricação totalmente validados”.

O áudio de WhatsApp é apenas uma nova versão da história que circulou no Facebook no primeiro semestre deste ano, e que foi checada, à época, por Boatos.org, e-Farsas, Agência Lupa e Fato ou Fake. Este, por sua vez, foi inspirado em um outro boato, de 2015, em que o remédio era o Paracetamol P/500 infectado pelo vírus Machupo:

Aviso urgente! Cuidado! Não tome o Paracetamol que vem escrito P/500. É o novo Paracetamol, muito branco e brilhante. Os médicos provam que contém o vírus Machupo, considerado um dos vírus mais perigosos do mundo, com alta taxa de mortalidade. Por favor partilhe esta mensagem para todas as pessoas e familiares e salve a vida das mesmas.

O Marburg realmente existe e pode levar à morte. O vírus, identificado primeiramente em macacos verdes, causa febres hemorrágicas, é transmitido pelo sangue, líquidos biológicos, secreções e tecido humano ou animal infectado. Sua primeira epidemia ocorreu em 2000, na República do Congo, com uma taxa de mortalidade que chegou a 70%. Ele, no entanto, nada tem a ver com a Venezuela: além de ser encontrado em países do sul da África, foram poucos os casos fora do continente, nenhum deles no país vizinho.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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