🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que 19 países pediram adesão ao Brics após Dilma se tornar presidente do bloco

Por Bianca Bortolon

28 de abril de 2023, 17h49

Não é verdade que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi escolhida como presidente do Brics, bloco econômico de países emergentes, e que 19 nações pediram para integrar o grupo após sua nomeação, como afirmam publicações nas redes. A petista não assumiu o comando do bloco, mas do NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), criado para fomentar projetos de infraestrutura. Além disso, parte das solicitações de adesão de países foram feitas em 2022, na gestão Bolsonaro.

O conteúdo enganoso acumula cerca de 183 mil curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (28). A peça de desinformação também circula no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).


Selo falso

Após Dilma Roussef assumir a presidência do BRICS, 19 países manifestaram interesse para entrar no banco, incluindo Arábia Saudita e Irã.

Posts nas redes enganam ao afirmar que Dilma Rousseff assumiu a presidência do Brics e que 19 países manifestaram interesse em ingressar no bloco após sua posse

Publicações que circulam nas redes enganam ao afirmar que 19 países demonstraram interesse em ingressar no Brics após Dilma Roussef tomar posse como presidente do bloco. As peças de desinformação contêm duas alegações enganosas:

  1. Dilma não foi escolhida como presidente do Brics, que é um clube de países emergentes, mas do NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), instituição econômica de desenvolvimento multilateral ligada ao bloco;
  2. Declarações de autoridades e registros na imprensa dão conta de que vários pedidos de adesão ao bloco econômico ocorreram ainda no ano passado, quando Jair Bolsonaro era presidente.

No dia 14 de abril, a ex-presidente Dilma Rousseff tomou posse como presidente do NBD, banco criado em 2014 para facilitar empréstimos de infraestrutura e desenvolvimento para países emergentes. Apesar de estar relacionado ao Brics, o banco é composto também por países que não integram o bloco, como Emirados Árabes, Egito, Uruguai e Bangladesh. Dilma foi indicada por Lula em 10 de fevereiro e eleita pelo conselho em 24 de março.

Pedidos de adesão. Ainda que Aos Fatos não tenha encontrado documentos oficiais que atestem em que momento específico cada país solicitou adesão formal aos Brics, declarações de autoridades e registros publicados na imprensa dão conta de que ao menos quatro manifestações para participação ocorreram ainda no ano passado e que ao menos uma dúzia de países já demonstravam interesse em participar do clube antes de novembro de 2022.

Citados na publicação desinformativa, o Irã e a Arábia Saudita, por exemplo, já miravam a participação desde o ano passado, quando Jair Bolsonaro ainda era presidente e Marcos Troyjo ocupava a direção do banco. O Irã apresentou seu pedido de ingresso em 28 de junho daquele ano e a Arábia Saudita demonstrava interesse em participar ao menos desde julho, ao lado de Egito e Turquia.

Em declarações para a imprensa, membros dos Brics já ventilavam a existência de uma quantidade de pedidos de adesão similar à citada pelas peças de desinformação. Em texto publicado no site oficial do bloco no dia 28 de fevereiro, antes de Dilma ser eleita para o NBD, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que já havia “cerca de 20 países” interessados em se juntar ao grupo. Em novembro de 2022, o ministro havia dito que a lista de possíveis adesões somava uma dúzia de países.

Desde a sua formação original em 2006, os Brics agregaram apenas mais um membro: a África do Sul, em 2010. Especialistas e diplomatas ouvidos pela BBC Brasil apontam, no entanto, que a expansão do clube é atualmente defendida pela China, que busca aumentar sua influência em países e regiões com menor presença dos Estados Unidos e União Européia. O bloco é atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Essa peça de desinformação também foi desmentida pelo Estadão Verifica.

Referências:

1. InfoMoney
2. EBC
3. G1
4. Infobrics
5. Anadolu Agency
6. Bloomberg
7. EBC
8. Arab News
9. BBC

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