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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2017. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

De guitarras a telas de computador, o que o Brasil importa e exporta da Coreia do Norte

Por Sérgio Spagnuolo

13 de setembro de 2017, 15h00

Desde 1997, o Brasil importou 53 mil guitarras e contrabaixos da Coreia do Norte, mais de 100 toneladas de fitas magnéticas não gravadas e o equivalente a US$ 5.300 (R$ 16,4 mil) em componentes para miras telescópicas e periscópios, além de mais de US$ 500 mil (R$ 1,5 milhão) em bijuterias diversas.

Apesar das quinquilharias, a Coreia do Norte foi, nos últimos 20 anos, um exportador de produtos de alta tecnologia para o Brasil — entre aparelhos periféricos para informática, circuitos eletrônicos e acessórios de telefonia. Ao todo, nos últimos 20 anos, esses produtos somaram importações de quase US$ 400 milhões (R$ 1,2 bilhão).

No lado das exportações, o Brasil vendeu principalmente produtos primários, como US$ 372 milhões ou R$ 1,1 bilhão em cereais (principalmente soja e milho), óleos vegetais e algodão, além de US$ 564 milhões (R$ 1,75 bilhão) em minérios, principalmente ferro e cobre.

As informações foram levantadas no site do Observatório de Complexidade Econômica (OEC, na sigla em inglês), projeto ligado ao MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), que usa dados da divisão de estatística da ONU (Organização das Nações Unidas), e também no banco de dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Se a ameaça do presidente norte-americano Donald Trump se concretizasse e o Brasil tivesse de romper relações com a terra de Kim Jong-un, teríamos, contudo, pouco a perder financeiramente —Trump disse que iria "paralisar todo o comércio" com países que mantêm relações comerciais com a Coreia do Norte por conta de seu programa de desenvolvimento de arsenal nuclear.

Dados das últimas duas décadas mostram que a Coreia do Norte exportou para o Brasil, principalmente, produtos industrializados e de tecnologia de ponta, ao passo que os brasileiros enviaram à nação asiática, em sua maioria, commodities agrícolas de alto valor agregado e minério.

No período, os norte-coreanos embarcaram para o Brasil ao menos US$ 630 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) em máquinas (como maquinário de construção civil) e eletrônicos (como componentes para celulares e computadores).

Enquanto isso, os brasileiros enviaram US$ 776 milhões (R$ 2,4 bilhões) em produtos minerais e metais e quase US$ 400 milhões (R$ 1,2 bilhão) em produtos vegetais e alimentos combinados, de acordo com o OEC.

Considerando o período de 20 anos de relações comerciais cujos dados o Ministério do Desenvolvimento agrega, de janeiro de 1997 a julho deste ano, o Brasil exportou para a Coreia do Norte apenas US$ 1,572 bilhão, ao passo que as importações totalizaram US$ 1,387 bilhão, e as trocas entre os países caíram significativamente nos últimos anos — ou R$ 4,9 bilhões de exportações e R$ 4,3 bilhões em importações se fizermos a conversão entre dólar e real.

Relacionamento já foi mais próximo. Nem sempre foi assim. Acordos assinados anteriormente entre Brasília e Pyongyang e um histórico comercial ativo entre as duas partes mostram que já houve uma disposição de se levar à frente um relacionamento mais estreito entre as duas partes — apesar de o lado brasileiro sempre ter sido crítico dos testes de bombas nucleares.

Embora modesto, é um relacionamento que persiste mesmo em meio às mais de dez sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU desde 2006 contra o governo norte-coreano — um novo pacote foi aprovado nesta segunda-feira. A Coreia do Norte foi listada como o 153º parceiro comercial do Brasil no ano passado, segundo o Itamaraty.

Em maio de 2006, os dois países assinaram um acordo comercial com o "desejo de desenvolver as relações comerciais e a cooperação econômica". Menos de quatro meses depois, no dia 9 de outubro, os norte-coreanos realizaram seu primeiro teste nuclear.

O evento, considerando as duas sanções quase imediatas do Conselho de Segurança da ONU, não impediu a evolução do comércio bilateral. De acordo com o MDIC, as transações atingiram o auge em 2008, quando o volume das negociações entre ambas nações somou US$ 375 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão).

Até armamentos chegaram a ser embarcados: em 2007, o Brasil importou cerca de US$ 50 mil (R$ 155 mil) em munição explosiva da Coreia do Norte, segundo o Observatório de Complexidade Econômica.


Leia a íntegra desta reportagem no UOL.


10 principais produtos exportados pelo Brasil para a Coreia do Norte

Minérios de ferro e concentrados
Ferro fundido bruto
Resíduos sólidos do óleo de soja
Resíduos de metais preciosos
Milho em grão
Algodão
Outros grãos de soja
Ferro-nióbio
Óleos brutos de petróleo
Tabaco não manufaturado

10 principais produtos importados pelo Brasil vindos da Coreia do Norte

Gasóleo (óleo diesel)
Placas de memória
Terminais portáteis de telefonia celular
Produtos laminados planos, de ferro ou aço não ligado
Tela para microcomputadores portáteis, policromática
Ácido tereftálico e seus sais
Memórias RAM
Pontes e vigas, rolantes, de suportes fixos
Outros circuitos integrados monolíticos
Outras memórias digitais montadas

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