🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Não é verdade que imprensa subestimou custo da posse presidencial de Lula

Por Amanda Ribeiro

2 de fevereiro de 2023, 15h40

É falso o argumento, apresentado em vídeo que viralizou nas redes, de que a imprensa escondeu parte dos gastos com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para dizer que o valor foi 42% inferior ao da cerimônia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Levantamento do jornal O Globo considerou apenas as despesas da Secretaria-Geral da Presidência da República com estrutura física e de recursos humanos, em ambos os eventos. Não foram contabilizadas despesas de outros órgãos, como o Ministério das Relações Exteriores, que de fato gastou R$ 2,6 milhões com Lula, em 2023 — e R$ 3,5 milhões com Bolsonaro, em 2019.

Publicações com a alegação enganosa já foram visualizadas ao menos 700 mil vezes no TikTok e acumulam 3.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (2).


Selo falso

Carniça gasta, imprensa canalha não mostra.

Vídeo engana ao afirmar que imprensa subestimou gastos da posse do presidente Lula

Um vídeo que circula nas redes engana ao afirmar que veículos de imprensa mentiram e esconderam valores gastos por Lula na cerimônia de posse no dia 1º de janeiro. A suposta prova apresentada pelo autor, uma ordem bancária no valor de R$ 2,6 milhões emitida pelo Ministérios das Relações Exteriores para serviços relacionados ao evento, não consta no levantamento do Globo porque o jornal só considerou as despesas da Presidência nas cerimônias de 2019 e 2023. A comparação mostra que esse custo foi 42% menor neste ano do que na posse de Bolsonaro.

Conforme é possível verificar no pedido de Lei de Acesso à Informação feito pelo jornal, cujas respostas embasaram a reportagem, foram considerados para a comparação apenas os gastos da Secretaria-Geral da Presidência da República com a estrutura física e de recursos humanos da cerimônia de posse, em ambos os casos. Ficaram de fora do levantamento despesas de outros órgãos, como o Ministério das Relações Exteriores, que tradicionalmente organiza um jantar no dia da posse.

No evento de condução de Lula ao poder, a Presidência gastou R$ 627.930,95 com itens como tendas, banheiros químicos, cadeiras, alambrados e extintores, além do pagamento dos serviços do coordenador geral do evento. Na cerimônia Bolsonaro, esse custo foi de R$ 859.105,68 (ou R$ 1,1 milhão, em valores atualizados pelo IPCA). Os dados estão no portal e-SIC, da CGU (Controladoria-Geral da União).

Sobre as despesas do Ministério das Relações Exteriores para o evento, de fato elas totalizaram R$ 2.626.868,23 neste ano, segundo consta em nota publicada no Portal da Transparência. No documento, é descrito apenas que o valor foi destinado ao pagamento de serviços prestados pelo cerimonial do Itamaraty na posse de Lula. No evento de Bolsonaro, esse valor também foi maior — R$ 2.781.627,79 (cerca de R$ 3,5 milhões, em valores corrigidos), como é possível conferir no Portal da Transparência.

Questionado por Aos Fatos sobre quais serviços foram custeados em 2023 e 2019 com os valores pagos, o Itamaraty orientou que a reportagem solicitasse os dados via LAI, o que foi feito. O detalhamento será publicado assim que as informações forem enviadas pelo ministério.

Sigilo. No vídeo, o autor também reproduz o título de uma coluna publicada pelo portal O Sul no dia 28 de janeiro que afirma que o presidente Lula teria decretado sigilo sobre os gastos da posse. Isso, no entanto, é falso. Após pedido feito pela revista Veja, o governo determinou sigilo de cinco anos apenas sobre a lista de convidados para o coquetel realizado no Itamaraty. Devido à repercussão negativa, os dados foram liberados na última quarta (1º).

Referências:

1. O Globo
2. e-SIC (1, 2 e 3)
3. Portal da Transparência (1 e 2)
4. Veja
5. UOL


CORREÇÃO: Diferentemente do que esta checagem informava, o valor gasto pela Secretaria-Geral da Presidência na posse de Jair Bolsonaro foi de R$ 1,1 milhão, não de R$ 1,1 bilhão. O texto foi corrigido e atualizado às 17h42 de 2 de fevereiro de 2023.

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