Não é verdade que Cuba tenha desenvolvido uma vacina para o novo coronavírus, como afirmam publicações que circulam redes sociais (veja aqui). O país fornece FNrec (Interferon alfa 2B) para a China, um dos remédios usados no tratamento de infectados, mas o medicamento é um antiviral –não uma vacina– e não é novo –já é utilizado há anos no tratamento de outras enfermidades, como hepatite C.
O conteúdo enganoso tem sido compartilhado no Facebook e acumulava mais de 1.000 compartilhamentos até a tarde desta sexta-feira (13). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).
Cuba anuncia que produz vacina contra o coronavírus que está sendo usada na China e já curou 1.500 pessoas.
É falso que Cuba tenha desenvolvido uma vacina contra o novo coronavírus que estaria sendo usada pela China. A desinformação tem sido reproduzida por sites e perfis em redes sociais, mas já foi desmentida no Twitter por Gerardo Guillen, diretor do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Cuba, e em entrevista por Eduardo Martínez, presidente do grupo industrial estatal BioCubaFarma. A droga citada nas peças de desinformação é o Interferon Alfa 2B Recombinante, um antiviral inventado por cubanos na década de 1980. Segundo a agência Xinhua, a droga de fato está sendo usada pela China no tratamento da Covid-19 –mas não é vacina nem cura para a doença.
As notícias associando Cuba ao tratamento do novo coronavírus surgiram no dia 6 de fevereiro, quando o Granma, veículo oficial do Partido Comunista cubano, anunciou que o Interferon era um dos 30 selecionados pelo governo chinês para auxiliar no tratamento do novo coronavírus. O assunto também foi destaque na conta do Twitter do presidente cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez.
A primeira versão do medicamento foi inventada na década de 1980 por cientistas cubanos e, desde então, ele foi usado no tratamento de várias doenças, entre elas a hepatite C, como mostra estudo publicado em 2010 pela Fiocruz.
No caso do novo coronavírus, o diretor de investigações biomédicas do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Cuba, Gerardo Guillen, disse em entrevista para o canal Cubavisión Internacional que o medicamento impede a multiplicação do vírus e que ainda há muito o que investigar, mas que experimentos em animais já respaldam seu uso no tratamento da doença.
Busca por vacinas. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) e o Ministério da Saúde ainda não há medicamentos específicos para tratar o coronavírus ou prevenir o contágio.
Desde que surgiram notícias sobre o novo coronavírus, há esforços por todo mundo para desenvolver uma vacina. O Hospital Infantil de Boston, nos EUA, por exemplo, tenta desenvolver uma vacina voltada para populações mais velhas, que são mais vulneráveis à Covid-19.
A aliança global CEPI (Coalização de Inovações em Preparação para Epidemias) também anunciou pesquisas desenvolvidas pela empresa de biotecnologia Novavax e a Universidade de Oxford.
Já Cuba diz que o grupo BioCubaFarma também está trabalhando para desenvolver uma vacina contra o coronavírus, mas não dá detalhes sobre a pesquisa.
Prevenção. Por ora, para reduzir o risco de contaminação, as instituições recomendam lavar as mãos frequentemente, cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar, limpar e desinfetar objetos que sempre são tocados e evitar contato com o infectado.
Quem é diagnosticado com a enfermidade deve ficar em repouso e consumir bastante água. Já a internação é indicada em casos mais graves e o tratamento é recomendado pelo médico de acordo com a situação de cada paciente.
Esta peça de desinformação também foi checada pelo Fato ou Fake, do G1, e pela Agência Lupa.
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