Covid-19 não é causada por bactéria nem pode ser curada com aspirina

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Não é verdade que a Covid-19 seja causada por uma bactéria nem que possa ser curada com o uso de antibióticos, anti-inflamatórios, anticoagulantes ou aspirina. As alegações falsas (veja aqui) vêm circulando em uma corrente de WhatsApp segundo a qual médicos italianos teriam feito essa descoberta. No entanto, a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Ministério da Saúde e cientistas de diversos países atestam que a doença é causada por um vírus, o Sars-Cov-2.

Ainda não há um tratamento específico com eficácia cientificamente comprovada para o novo coronavírus. Uma série de medicamentos têm sido usados para tratar complicações e sintomas – inclusive antibióticos, anti-inflamatórios e anticoagulantes – mas nenhum deles é uma cura.

A peça de desinformação vem circulando principalmente no WhatsApp, por onde foi enviada por leitores do Aos Fatos como sugestão de checagem (inscreva-se aqui). Publicações semelhantes também foram encontradas no Facebook, onde acumulam mais cerca de 1.000 compartilhamentos, e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


FALSO

ITALIA FOI A CURA PARA O CORONAVIRUS. Os médicos italianos desobedecem à lei mundial da saúde da OMS, para não realizar autópsias em pessoas que morreram de coronavírus, descobrindo que NÃO é um VÍRUS, mas sim uma BACTÉRIA, que causa a morte. Isso causa a formação de coágulos sanguíneos e causa a morte do paciente.

A Itália derrota o chamado Covid-19, que nada mais é do que "Coagulação intravascular disseminada" (trombose). E a maneira de combatê-lo, ou seja, sua cura, é com os "antibióticos, anti-inflamatórios e anticoagulantes". ASPIRINA, indicando que esta doença foi mal tratada. Esta notícia sensacional para o mundo, foi produzida por médicos italianos, realizando autópsias em cadáveres produzidos pelo Covid-19.

Não é verdade que as mortes decorrentes da Covid-19 sejam causadas por bactérias nem que a doença possa ser curada com o uso de antibióticos, anti-inflamatórios, anticoagulantes ou aspirina, como afirmam correntes que têm circulado no WhatsApp. Segundo o site da OMS (Organização Mundial de Saúde), “o novo coronavírus é um vírus respiratório que se espalha principalmente por meio de gotículas”. O Ministério da Saúde e universidades do mundo inteiro, como USP, Harvard e Oxford, também atestam que a doença é causada por um vírus.

Os medicamentos citados na corrente podem ser usados para tratar pacientes de Covid-19 quando há certas complicações ou coinfecções. Há casos, por exemplo, em que infectados pelo novo coronavírus também contraem uma pneumonia bacteriana, como aponta a OMS. Esses quadros podem ser tratados com o uso de antibióticos.

Também há pacientes com quadro grave da doença que apresentam sinais de coágulos sanguíneos, como mostra um artigo na Medical News Today que revisa estudos publicados pela revista científica Radiology sobre o tema. Esses coágulos podem levar a complicações com risco de vida, como trombose e embolia pulmonar.

Esses casos deram origem a pesquisas sobre tratamentos da Covid-19 com anticoagulantes, inclusive no Brasil. Profissionais do Hospital Sírio Libanês, por exemplo, estão verificando a eficácia do anticoagulante heparina em quadros de coagulação intravascular e tromboembolismo venoso. No entanto, essas complicações não são as únicas causas de morte entre os infectados.

A corrente afirma ainda que a fonte das informações seria o Ministério da Saúde italiano, o que não é verdade. O ministério classifica o Sars-CoV-2 como um vírus, e não como uma bactéria, e afirma, até o momento, que não existe nenhum tratamento ou vacina para a infecção. A pasta, inclusive, não recomenda antibióticos para o tratamento: “antibióticos não são eficazes contra o vírus, mas funcionam contra infecções bacterianas”.

Sobre a indicação de aspirina, Aos Fatos não encontrou nenhuma citação que relaciona o medicamento à Covid-19 no site do Ministério da Saúde da Itália. Na página da agência reguladora de drogas do país, também não há indicação do remédio para nenhum tipo de paciente ou gravidade.

A OMS explica, em revisão publicada no dia 19 de abril, que não há evidências científicas que comprovem a eficácia dos medicamentos anti-inflamatórios, como a aspirina e o ibuprofeno, no tratamento da Covid-19.

Peças de desinformação semelhantes circularam em espanhol e alemão, tendo sido desmentidas pelas equipes da Ojo Público, Newtral e Correctiv.

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