Um vídeo que mostra toalhas descartáveis embaladas de forma comprimida em uma cartela circula nas redes sociais com a recomendação, falsa, de que remédios em comprimidos devem ser partidos antes da ingestão (veja aqui). Isso porque, segundo as peças de desinformação analisadas, as imagens provariam que cartelas de medicamentos estariam sendo preenchidas com outros materiais, o que não é verdade.
A recomendação farmacêutica é que se faça justamente o contrário do que afirmam as postagens: remédios em forma de comprimido devem ser sempre tomados intactos para preservar a dose original de substâncias e só devem ser usados com orientação médica e na dosagem prescrita.
A desinformação foi publicada por perfis pessoais no Facebook que reúnem ao menos 5.200 compartilhamentos até a tarde desta segunda-feira (7). O conteúdo foi marcado com o selo FALSO na ferramenta de verificação disponibilizado pela rede social (veja como funciona). Esta checagem também foi sugerida por leitores do Aos Fatos no WhatsApp (inscreva-se aqui), onde não é possível verificar com precisão o alcance da informação enganosa.
Aviso. Quebre o comprimido antes de tomar, caso contrário você perderá sua vida. Este vídeo sacudiu o mundo inteiro em 2,17 minutos. Não esqueça de encaminhar após a visualização.
Circula nas redes sociais um alerta falso de que é preciso quebrar qualquer comprimido antes de tomá-lo como forma de verificar se o material é, de fato, um remédio. A mensagem traz ainda vídeo que mostra o uso de toalhas instacloth, lenços umedecidos que são embalados em vendidos em cartelas parecidas com as de medicamentos. O envase diminui o espaço necessário para o armazenamento do material.
Nas postagens analisadas, as imagens são usadas para sugerir que há fraude na venda de remédios, o que o vídeo sequer prova.
Dividir ou triturar remédios antes da ingestão é contraindicado por farmacêuticos. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), “a partição de comprimido ao meio não só pode como frequentemente afeta a posologia do medicamento”, fazendo com que uma parte tenha uma dose diferente da outra.
A agência explica que o paciente só deve partir o comprimido quando este procedimento permitir a dose correta do remédio. Para isso, “é imprescindível que o médico, o farmacêutico e o paciente estejam de acordo”.
Informações semelhantes constam no boletim do CFF (Conselho Federal de Farmácia) publicado em 2007. Além da desigualdade entre as partes do comprimido partido, a publicação alerta ainda para a perda do produto: a fragmentação acaba fazendo com que partículas ou pedaços do fármaco se soltem, diminuindo a dose original e podendo até contaminar outras pessoas.
O Boatos.org fez uma checagem semelhante sobre o falso alarme. Em língua inglesa, o mesmo vídeo circulou como se mostrasse lenços de papel sendo vendidos como se fossem remédios.