O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) emprestou e investiu ao menos R$ 7,8 bilhões ao frigorífico JBS ao longo de 14 anos e ajudou a colocar a empresa no topo do ranking de maiores produtores de carne no mundo. Para medir a proximidade entre a empresa e o governo, Aos Fatos localizou quase 2.000 operações efetuadas desde 2002 entre o frigorífico e o banco público a partir de informações da própria instituição financeira.
A maior parte desses contratos é de programas é do Finame, de financiamento indireto para cadeia produtiva e compra de máquinas. No mesmo período, a JBS também recebeu financiamento do Exim, de promoção de exportação.
Os maiores valores, entretanto, partiram de investimentos diretos na JBS, como aquisição de participação societária e compra de títulos de dívida — as chamadas debêntures.
Ao deslizar por cima do gráfico abaixo, veja o montante destinado para cada programa. Ao clicar, veja o detalhamento por ano.
Os desembolsos se concentram majoritariamente no fim da década passada e caíram drasticamente na transição entre os governos Lula e Dilma Rousseff. Apenas entre 2009 e 2010, às vésperas das eleições, foram firmados contratos que ultrapassaram os R$ 4 bilhões e correspondem a mais da metade do montante em todo os período analisado.
Embora tenham sido reduzidas drasticamente nos últimos anos, as movimentações financeiras têm impacto até hoje. Segundo reportagem do jornal O Globo, o TCU (Tribunal de Contas da União) estima que alguns desses empréstimos tenham gerado prejuízo de R$ 711 milhões.
Além disso, o BNDES tem 21% da composição societária da JBS e, nos últimos cinco dias, as ações da empresa caíram cerca de 35%. Os prejuízos têm se acumulado sobretudo depois da divulgação da conversa do presidente Michel Temer com o diretor da JBS, Joesley Batista. Desde então, o presidente tentou desqualificá-lo e o conteúdo do diálogo.
Os dados usados nesta reportagem podem ser encontrados no site do BNDES ou nesta tabela organizada por Aos Fatos.