Talvez você não saiba — até porque não houve um anúncio formal da empresa aqui no Brasil —, mas a Meta passou a usar recentemente dados públicos de usuários do Instagram e do Facebook para treinar seus modelos de inteligência artificial generativa. Em outras palavras, os posts, fotos e vídeos publicados nas redes agora podem ser usados para aprimorar as ferramentas criadas pela companhia.
A medida ocorre em meio a um movimento da empresa de investir pesado em inteligência artificial. A big tech anunciou que lançará em julho no Brasil a Meta AI, assistente pessoal para o Instagram, o Whatsapp, o Facebook e o Messenger. A promessa é que usuários poderão interagir com o sistema diretamente dos aplicativos, inclusive para criar imagens em tempo real.
Mas treinar um modelo de IA eficaz não é tarefa fácil — e é aí que entram os dados públicos dos usuários. Quando a Meta AI for lançada no Brasil, as interações com os usuários também serão usadas como fonte de mineração de dados — ficariam fora do rol nesse caso apenas os conteúdos compartilhados em conversas privadas.
Assine a newsletter do Radar Aos Fatos e receba técnicas de investigação com dados abertos a cada quinze dias.
Apesar de não ter sido anunciada pela companhia por aqui, a decisão de usar os dados de usuários foi notificada pela empresa a países da União Europeia. Após pressão dos órgãos reguladores e entidades da sociedade civil, no entanto, a big tech foi obrigada a suspender a medida na região por tempo indeterminado.
“Estamos decepcionados com a solicitação (..) Continuaremos a trabalhar em colaboração com a DPC para que as pessoas na Europa tenham acesso ao mesmo nível de inovação em IA — e sejam devidamente atendidas por ela — que o resto do mundo”, afirmou a empresa em comunicado divulgado na última segunda (10).
Nos Estados Unidos, onde não há uma legislação rígida sobre proteção de dados, os usuários não têm a opção de negar a medida; a única solução é tornar a conta privada.
A notícia boa é que, diferentemente do que ocorre por lá, no Brasil é possível se opor à medida. Por conta da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), a Meta oferece a opção para que usuários se recusem a compartilhar suas informações públicas.
Para isso, é só seguir o passo a passo abaixo:
- Entre no seu perfil e vá até a opção “Configurações”, sinalizada por três traços no canto superior direito da tela;
- Vá até o fim da página e clique na opção “Sobre”;
- Selecione a opção “Política de privacidade”, que abrirá uma nova página;
- Clique então no ícone de três traços no canto superior direito da tela, ao lado da lupa;
- Escolha a opção "Outras políticas e artigos" e, em seguida, "Como a Meta usa informações para recursos e modelos de IA generativa”;
- Role a página até o intertítulo "Privacidade e IA generativa" e selecione a opção “direito de se opor”;
- Preencha o formulário com as informações obrigatórias — país de residência, endereço de email e justificativa — e envie. Na justificativa, é possível citar a LGPD como argumento para a recusa no compartilhamento de dados pessoais;
- Para confirmar sua identidade, a Meta encaminhará um código numérico ao email cadastrado na conta. Depois, é só aguardar a confirmação da empresa.
⭐Recomendação da semana
Se você está cansado de entrar em um site e se deparar com uma infinidade de anúncios personalizados, nós temos uma dica de como freá-los e, ao mesmo tempo, demonstrar sua insatisfação com o assédio publicitário.
O AdNauseam é uma extensão de navegador que funciona como um bloqueador, mas com uma diferença: ele simula cliques em todas as propagandas bloqueadas, registrando a visita no banco de dados das redes de anúncio e ofuscando os verdadeiros interesses do usuário. Funciona para Chrome, Opera, Firefox e Edge.