A black friday acontece sempre na última sexta-feira do mês de novembro — neste ano, cai no próximo dia 29. No período que antecede à data, empresas costumam promover ofertas antecipadas, e criminosos aproveitam para difundir promoções falsas e aplicar golpes financeiros.
Aos Fatos elaborou um guia com dicas para que os consumidores evitem cair em golpes e o que fazer caso sejam vítimas dos criminosos.
1. Como evitar cair em golpes na black friday?
As táticas para aplicar golpes têm se tornado mais difíceis de identificar em razão do uso de ferramentas de IA (inteligência artificial), capazes de criar vídeos e imagens verossímeis.
Pesquisa divulgada em setembro pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostrou que três em cada dez consumidores sofreram alguma tentativa de fraude em compras online. Já dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que, em 2023, o país registrou quase 2 milhões de casos de estelionato — crime em que alguém usa de artifício para obter vantagem ilegal.
Confira abaixo os principais pontos aos quais ficar atento no período da black friday:
Vídeos manipulados por IA
Desde o ano passado, os criminosos têm aplicado golpes que usam vídeos manipulados por IA para fazer crer que apresentadores de TV, artistas e influenciadores digitais estão divulgando campanhas promocionais de marcas famosas, benefícios ou leilões de produtos com preços muito abaixo do mercado.
Um exemplo recente foi o golpe intitulado “Black Havan 100”, em que os golpistas manipularam vídeos gravados pelo empresário e dono das lojas Havan, Luciano Hang, para fazer crer que a Havan estaria “vendendo” produtos com “100% de desconto”, o que é mentira.
Em vídeo publicado em agosto, Hang alertou que criminosos vinham utilizando a inteligência artificial para se passar por ele. O empresário afirmou que a Havan não realiza pesquisas de satisfação nem distribui produtos cobrando somente o frete.
A estratégia dos criminosos é semelhante à de golpes aplicados em outras datas, como pode ser conferido em um calendário publicado pelo Aos Fatos em maio.
Preços muito baixos
Embora na black friday geralmente sejam oferecidos descontos expressivos, sempre desconfie de preços muito baixos, como celulares por menos de R$ 200 ou promoções em que seja preciso pagar apenas o frete.
Evite também comprar em sites cujos links sejam enviados por aplicativos de mensagens ou que apareçam em anúncios e publicações patrocinadas em sites de busca e nas redes sociais. Aquela promoção imperdível muitas vezes pode custar caro.
Barra de navegação
Verifique o endereço da loja que aparece na barra de endereço dos navegadores utilizados em computadores e celulares. Confira se o site é, de fato, o oficial da empresa em que deseja comprar um produto.
O endereço das páginas enganosas é ocultado por criminosos em anúncios e publicações patrocinadas, o que dificulta a visualização em celulares, por exemplo. Neste caso, o consumidor deve clicar sobre a barra de endereços para que ele seja exibido de maneira completa.

Reputação das lojas
Antes de fazer qualquer compra, pesquise pela reputação das lojas nas redes sociais e plataformas de avaliação de consumidores, como o Reclame Aqui.
Conhecer os problemas enfrentados por consumidores ajuda a evitar que outros caiam no mesmo golpe.
Formas de pagamento
Se for pagar no crédito, dê preferência ao uso do cartão virtual. Os dados como número, data de validade, e código de segurança do cartão são temporários e diferentes do cartão original. Consulte o banco ou a operadora de cartão de crédito para saber mais detalhes como utilizá-lo.
Se optar pelo Pix, confira no momento da transferência o nome do beneficiário que vai receber o pagamento e se certifique de que os dados de fato são da loja em que está fazendo a compra.
2. O que fazer caso seja vítima de golpe?
O consumidor não deve se sentir envergonhado pelo ocorrido. Deve, em primeiro lugar, reunir todas as provas que conseguir sobre a oferta que trazia a informação falsa ou abusiva, como prints de tela ou fotos dos anúncios e dos sites enganosos.
Em caso de pagamento por cartão de débito ou crédito, é necessário comunicar o caso ao banco ou à operadora do cartão para tentar o cancelamento da compra e ter os valores estornados.
No caso do Pix, as vítimas podem recorrer ao MED (Mecanismo Especial de Devolução), sistema criado pelo Banco Central para reparar danos gerados por fraude com o uso da tecnologia.
O consumidor também deve denunciar o golpe a órgãos de proteção do consumidor, como os Procons estaduais e o portal Consumidor.gov.br, do governo federal.
Segundo o Idec, quem não conseguir resolver o problema “e ainda se sentir lesado ou prejudicado” pode entrar com uma ação no Judiciário.
Neste caso, a ação pode ser apresentada a um JEC (Juizado Especial Cível), antigamente chamado de “juizado de pequenas causas”. Esse órgão do Judiciário trata de casos de menor complexidade e, para ações de até 20 salários mínimos, pode ser acionado por qualquer pessoa, sem a necessidade de representação de um advogado.
O caminho da apuração
Consultamos guias divulgados por órgãos de defesa do consumidor, de proteção ao crédito e pelo governo federal, além de reportagens e checagens já publicadas pelo Aos Fatos.