Agência Brasil

🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Junho de 2017. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Comissão que analisará denúncia contra Temer tem 31 citados na Lava Jato

Por Luiz Fernando Menezes

30 de junho de 2017, 11h40

Recebida nesta quinta-feira (29) na Câmara, a denúncia contra o presidente Michel Temer deverá ser analisada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Casa, a CCJ. Dos 66 deputados que integram seu colegiado, 31 são citados em inquéritos e delações da Operação Lava Jato. Doze são investigados, de acordo com levantamento feito por Aos Fatos na base de dados Lava Jota.

A comissão será responsável por recomendar ou não a análise pelo Supremo Tribunal Federal da denúncia encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele acusa Temer de cometer crime de corrupção passiva por receber R$ 500 mil de um total prometido de R$ 38 milhões via o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures.

No mesmo dia em que foi feita a denúncia, na última segunda-feira (26), o Solidariedade trocou um dos seus integrantes na Comissão de Constituição e Justiça: retirou o deputado Major Olímpio (SD-SP), que era titular e conhecido por fazer ataques duros ao governo Temer, pelo líder do partido, o deputado Áureo (SD-RJ), que era suplente. Até a última atualização desta reportagem, essa tinha sido a única mudança na composição da CCJ.

Veja quem integra a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e o que há contra seus 31 citados na Lava Jato.

Cúpula. Quatro deputados ocupam a presidência e as vice-presidências da Comissão de Constituição e Justiça. À exceção de Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), Alceu Moreira (PMDB-MG), Daniel Vilela (PMDB-GO) e Marcos Rogério (DEM-RO) são suspeitos de receber dinheiro via caixa 2 segundo investigações da Lava Jato. Tanto Moreira quanto Vilela são formalmente investigados pela operação.

Além deles, a comissão tem mais 28 membros citados em delações da Operação Lava Jato. A maioria é suspeita de ter recebido doações ilegais para financiamento de campanha eleitoral. Os valores sob investigação vão de R$ 558, para o deputado Domingos Neto (PSD-CE), até R$ 1,95 milhão, destinado à deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ). Além disso, há deputados acusados de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e até formação de quadrilha.

O deputado que responde a mais processos por consequência da Lava Jato é Arthur Lira (PP-AL), que já tem cinco inquéritos no âmbito do Supremo. Nos documentos disponíveis na Lava Jota, Lira é acusado de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, formação de quadrilha e desvio de recursos.

A comissão conta até com deputados detentores de codinomes, de acordo com um dos documentos da Odebrecht do inquérito 4.461 de março desse ano. Luiz Fernando Faria (PP-MG) é suspeito de receber R$ 50 mil sob o codinome "Lima"; Marco Maia é suspeito de receber R$ 50 mil sob os codinomes "Aliado" ou "Gremista"; Maria do Rosário (PT-RS) é suspeito de receber R$ 150 mil sob o codinome "Solução"; Júlio Delgado (PSB-MG) é suspeito de receber R$ 100 mil sob o codinome de "Zagueiro"; Jutahy Júnior (PSDB-BA) é suspeito de receber R$ 850 mil (somando as quantias das eleições de 2010 e 2014) sob o codinome "Juta", e Paulo Abi-ackel (PSDB-MG) é suspeito de receber R$ 50 mil sob o codinome "Diamante".

Outro lado. Alguns dos políticos investigados e citados nas delações da Lava Jato negaram envolvimento no esquema de doações ilegais e pagamento de propina. André Moura, por exemplo, afirma que não há provas contra ele. O deputado e vice-presidente da CCJ Daniel Vilela, por sua vez, diz que todas doações recebidas pela sua campanha foram contabilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Já o deputado Arthur Lira questiona na Justiça as investigações.

Cristiane Brasil afirma que não há provas contra ela. A defesa de Luiz Fernando Faria diz que acusações contra o deputado são infundadas. Maria do Rosário disse que apresentaria provas que refutariam suspeitas contra ela. Marco Maia, por sua vez, afirma que a lista da Odebrecht é "uma grande mentira".

Veja mais alegações de deputados envolvidos na Lava Jato.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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