Daniela Lima não disse que projeto prevê censura da Bíblia

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A jornalista Daniela Lima não afirmou que trechos da Bíblia podem ser enquadrados como discurso de ódio e proibidos no Brasil. As peças de desinformação suprimem um trecho de uma fala de 2023 em que a apresentadora faz menção a uma desinformação disseminada pelo ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo-PR) contra o PL 2.630/2020, o “PL das Fake News”.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 60 mil curtidas no Instagram e 2.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda-feira (17). Os posts descontextualizados também circulam no Threads.

Exemplo de discurso e pessoa recrutada pela USAID para propagar mentiras e defender a censura da direita no Brasil. Repórter diz: ‘trechos da bíblia podem ser proibidos de circular por ser considerado discurso de ódio. Repara na imponência da voz para mostrar serviço aos chefões.

Post omite que a jornalista Daniela Lima noticiava uma manifestação feita pelo ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) sobre uma falsa proibição de trechos bíblicos pelo PL das Fake News.

Posts nas redes têm compartilhado um trecho descontextualizado do programa CNN 360 para alegar que Daniela Lima teria noticiado uma suposta tentativa de censura da Bíblia. Os posts omitem que a apresentadora fazia menção a uma desinformação disseminada pelo então deputado federal Deltan Dallagnol contra o “PL das Fake News”.

Na edição que foi ao ar em 1° de maio de 2023 (veja abaixo), Lima diz:

“Eu vou citar aqui um integrante da bancada evangélica. Eu não sei se ele formalmente o é, mas ele é evangélico e foi ele quem pautou na semana passada uma discussão enorme que disse: ‘trechos da Bíblia serão proibidos de circular porque podem ser interpretados como discurso de ódio.’”

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Lima fazia menção a uma campanha lançada por Dallagnol nas redes para criticar o “PL das Fake News”. Como mostrou Aos Fatos na época, não havia qualquer menção no texto do projeto — que resguarda a liberdade religiosa, artística, satírica e política — que impedisse a disseminação de discursos religiosos nas redes.

O “PL das Fake News”, que chegou a ter a urgência aprovada ainda em 2023, continua parado na Câmara sem previsão de voltar ao debate público. Um grupo de trabalho foi criado pelo então presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para debater o tema, mas também não saiu do papel.

O governo federal estuda atualmente outra iniciativa de regulação. Enquanto isso, o STF (Supremo Tribunal Federal) discute a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que afeta diretamente questões sobre moderação e responsabilização das plataformas.

Esta peça de desinformação também foi verificada pela Reuters e pelo UOL Confere.

O caminho da apuração

Por meio de busca reversa, Aos Fatos identificou que o vídeo usado nas peças enganosas foi retirado de uma transmissão da CNN Brasil no YouTube do dia 1° de maio de 2023. Também usamos notícias publicadas pela imprensa sobre o “PL das Fake News” para contextualizar a verificação.

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