🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que comandante avisou que Exército prenderá políticos e ministros no 7 de Setembro

Por Luiz Fernando Menezes

6 de setembro de 2022, 16h18

Não é verdade que o comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, avisou durante reunião na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados que o Exército tem que prender políticos e ministros corruptos no dia 7 de setembro deste ano, como afirmam postagens (veja aqui). O trecho original se refere à possibilidade de o Brasil se engajar em um conflito armado com outros países da América Latina e defende o tamanho das Forças Armadas brasileiras. Ele não cita a data em que se comemora a independência do Brasil.

As publicações acumulavam ao menos 3.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (6).


Selo falso

Post engana ao dizer que comandante fez aviso sobre o 7 de Setembro

Publicações nas redes sociais enganam ao compartilhar uma fala de Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército, com a legenda de que ele avisou que o Exército vai prender os políticos e ministros corruptos no dia 7 de setembro, que “se entrar vão sangrar” e que a missão será cumprida. A peça de desinformação usa um trecho da participação do general na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional no dia 6 de julho deste ano, em que ele não ameaça políticos nem se refere ao dia da independência do Brasil.

A reunião foi convocada para que o Ministério da Defesa atualizasse a comissão sobre as prioridades e desafios da pasta para o ano. O vídeo mostra o momento em que Gomes responde uma pergunta do deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) sobre, entre outros pontos, se há algum potencial inimigo na América do Sul que poderia pôr em risco a integridade nacional. “Além dos aspectos de defesa nacional, há razões concretas para as nossas Forças Armadas operarem com a hipótese de invasão de algum país fronteiriço?”

Confira a resposta do general na íntegra:

"Quanto ao que o nosso prezado Deputado Arlindo Chinaglia afirmou, e o nosso Ministro também já efetivou, em relação aos conflitos armados, eu diria, Sr. Deputado, que V.Exa. tocou em ponto muito importante. Eu acho que essa é uma preocupação dos senhores, que cuidam do nosso povo, das nossas leis. A Política Nacional de Defesa perpassa todos nós, e a soberania do país, sem dúvida alguma. É só ver o que está acontecendo, como foi dito aqui. A própria Europa está rediscutindo o seu sistema de autodefesa individual. O sistema da Otan talvez não seja exatamente aquilo que seja necessário. Mas o fato é o seguinte: é importante que nós mantenhamos nossos planejamentos. Todos temos um cadeado e uma fechadura nas nossas casas. E eu terminaria dizendo ao senhor que eu entendo que o tamanho das Forças Armadas que os senhores e o povo brasileiro querem é inversamente proporcional ao tamanho do desaforo que os senhores e a sociedade querem de fora. E nós temos que corresponder às demandas dos senhores, porque, na hora em que o Exército falha, na hora em que o Exército deixa de cumprir a sua missão, a sociedade cobra, e cobra pesado, porque é assim que funciona".

Em nenhum momento, portanto, Gomes diz que o Exército irá prender agentes políticos durante o 7 de Setembro ou diz a expressão “se entrar vão sangrar”, que lhe é atribuída nas postagens.

Durante toda a reunião, houve apenas uma citação à data, feita pelo comandante da Força Aérea, Carlos de Almeida Baptista Júnior. Ele se referia à disponibilidade de aeronaves para desfilar durante a comemoração. O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, também lembraram durante a sessão que neste ano serão celebrados os 200 anos da independência do Brasil.

Referências:

1. Câmara dos Deputados (1 e 2)


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