Cinco fatos sobre migração

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Em visita oficial aos EUA nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que “a maioria dos imigrantes não tem boas intenções nem quer fazer o bem ao povo americano”. A declaração, checada como falsa por Aos Fatos, repercutiu mal e suscitou uma mea-culpa do capitão reformado: “uma boa parte tem boas intenções, a menor parte não. Houve um equívoco da minha parte, peço desculpas”.

Permeado por desinformação, o discurso anti-imigração, tal como o proferido por Bolsonaro, tem se tornado mais frequente em meio às recentes crises migratórias no mundo.

Abaixo, selecionamos, e desenhamos, cinco fatos sobre migração:


1. De acordo com o último Relatório Internacional de Migração das Nações Unidas, publicado em 2017, existem 258 milhões de imigrantes no mundo. Esse percentual permanece na média dos 3%, apesar das crises migratórias mais recentes.

2. Ainda segundo as Nações Unidas, os países com o maior percentual de imigrantes na população são os Emirados Árabes (88%), Kuwait (75%) e Ilhas Turcas e Caicos (69%). Já em números absolutos, as nações que mais receberam imigrantes são os EUA (49,8 milhões), Arábia Saudita (12,2 milhões) e Alemanha (12,2 milhões).

Em relação aos países de origem dos imigrantes, a Índia lidera com 16,6 milhões de pessoas, seguida do México, com 13 milhões, e da Rússia, com 10,6 milhões.

3. A última estimativa, também de 2017, é a de que o Brasil abrigue cerca de 735 mil imigrantes. Em contrapartida, estima-se que existam quase 1,6 milhão de brasileiros vivendo em outros países.

Segundo os últimos dados do fluxo migratório da Polícia Federal, que traçou o histórico da imigração na América Latina, o Brasil recebeu mais pessoas de Bolívia (148 mil), Argentina (98 mil) e Uruguai (69 mil).

4. Mas a Venezuela é, hoje, o país de origem da maioria dos estrangeiros que vêm para o Brasil: só nos últimos dois anos, a Polícia Federal calcula que 199 mil venezuelanos entraram no Brasil. Desses, cem mil registraram saída. Portanto, a PF estima que, desde 2017, 98 mil venezuelanos vivam hoje no país.

Segundo pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), publicada em 2018, a população venezuelana não indígena que atravessa a fronteira apresenta, majoritariamente, bom nível de escolaridade (78% possuem nível médio completo e 32% têm superior completo ou pós-graduação). Ainda segundo o mesmo levantamento, 60% desses indivíduos estavam, em 2017, empregados em alguma atividade remunerada e enviaram remessas para cônjuges e filhos na Venezuela.

5. O instituto Ipsos trouxe um dado interessante na pesquisa “Perigos da Percepção”: os brasileiros superestimam em cerca de 75 vezes o número de imigrantes que residem no país. De acordo com o levantamento, os entrevistados acreditavam que a população brasileira era formada por 30% de imigrantes, quando, na verdade, são cerca de 0,4%.

O Brasil foi o quarto país com a maior diferença entre percepção e realidade, perdendo apenas para Colômbia, África do Sul e Peru.

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