Jornal Nacional
Nós estamos entrevistando os candidatos à Presidência mais bem colocados na pesquisa Datafolha de intenção de voto divulgada em 28 de julho. Pela ordem determinada em sorteio com a presença dos assessores dos partidos, Simone Tebet, do MDB, é a entrevistada de hoje. O candidato à reeleição Jair Bolsonaro, do PL; o candidato do PDT Ciro Gomes; e o Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, já foram entrevistados nesta semana.
Em 40 minutos, nós vamos abordar aqui os temas que marcam a candidatura (...) e a candidata Simone Tebet vai ter um minuto para as considerações finais. Candidata, boa noite! Obrigado pela presença.
Simone Tebet
Boa noite! Boa noite, Renata! Boa noite, Bonner!
Jornal Nacional
Boa noite, obrigada por ter vindo! O seu tempo começa a contar a partir de agora. Candidata, a senhora já disse que parte do seu partido MDB foi pro fisiologismo e se envolveu com corrupção. A senhora afirma que nunca fez parte disso, mas que é preciso fazer um meia culpa. Fato é que políticos do MDB envolvidos em escândalos de corrupção continuam no partido. Como é que a senhora pretende depurar o MDB?
Simone Tebet
Bom, primeiro dizer que o MDB é muito maior do que meia dúzia de seus políticos e seus caciques.
É o maior partido do Brasil, ...
O MDB é o partido com mais filiados no país, com 2.131.401 milhões de integrantes até julho de 2022, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A segunda maior sigla é o PT, com 1.631.485 filiados, e a terceira o PSDB, com 1.352.745.
... o partido que vem da base, da redemocratização. O meu partido é o partido de Ulysses Guimarães, de Tancredo Neves, de Mário Covas. De homens desbravadores, corajosos e acima de tudo éticos que têm o espírito público, a vontade de servir o povo. E hoje o meu espelho é Pedro Simon, Jarbas, Jarbas Vasconcelos.
Então é este o espelho e esta é a minha trajetória. Aprendi dentro de casa a ter coragem, espírito público e vontade de servir.
O MDB vem da base, é o partido que tem o maior número de prefeitos, de vice-prefeitos, de vereadores, de vereadoras.
O MDB foi o partido que mais conquistou prefeituras em 2020: 784 prefeitos. O PP veio em segundo lugar, com 685. A sigla de Tebet também liderou em número de vereadores, com 7.277 candidatos eleitos, contra 6.292 do PP. Com relação aos vice-prefeitos, o MDB elegeu 660 no primeiro turno de 2020 e o PP ficou em segundo lugar, com 551.
É um partido ético, que tem sim uma meia dúzia que esteve, por exemplo, envolvido no passado, no escândalo do petrolão do PT e que não estão conosco.
Aliás, Renata, se você me permitir, tentaram puxar o meu tapete até a pouco tempo atrás. Tivesse um tapete aqui eu acho que eu já tinha caído da cadeira também.
Jornal Nacional
Como assim?
Simone Tebet
Porque a todo momento, veja, o que me trouxe até aqui? Tive que vencer uma maratona com muitos obstáculos. Nós tivemos oito candidatos e eu permaneci. Passou o Natal, virou o Ano Novo, chegou no Carnaval, disseram que o partido seria cooptado. Depois que iria pra uma outra candidatura. Tentaram numa fotografia recente levar o partido para o ex-presidente Lula. Judicializaram, Renata, minha candidatura. Judicializaram e foi imediatamente rejeitada a ação. A todo momento me impedindo de fazer exatamente isso, de mostrar que o partido não é mais fisiológico. Hoje tem um presidente que sabe do seu compromisso, um compromisso e da importância que o centro democrático tem em relação ao Brasil. E é por isso que eu cheguei aqui. E eu não sou mais candidata do MDB. Eu sou candidata do MDB, do PSDB, do Cidadania, do Podemos e duma legião de pessoas que não querem mais voltar ao passado e muito menos permanecer no presente. Então, diante disso e com esse corpo de pessoas de bem, éticos, honestos, é que nós vamos ganhando as eleições. Se ganharmos as eleições, governar. Governar com a maioria do centro democrático, da frente democrática.
Jornal Nacional
Mas, pelo que a senhora disse, então o velho MDB, de qualquer forma, ele continua dentro do chamado novo MDB. E mais: a corrupção não se fica só no MDB. Ela se estende a outros partidos no Congresso com quem a senhora vai ter que governar, vai ter que conversar, dialogar, para justamente poder aprovar projetos de interesse de um eventual governo. A senhora pretende ceder, a senhora vai ceder cargos a políticos desses partidos?
Simone Tebet
Não, Renata! Nós vamos governar com os partidos que se somam conosco. Ninguém faz nada sozinho. Mas é preciso apenas duas características. E eu vou exigir apenas duas coisas para estar no ministério: ser honesto e ser competente. Independente de qualquer outro posicionamento. E nós temos muita gente honesta dentro do Congresso Nacional e dentro desses partidos. E os demais vão fazer a oposição. Mas eu não vou blindar, não vou de forma alguma impedir os órgãos de fiscalização e controle de entrar dentro do meu governo e dentro de qualquer poder. Nós vamos estar garantindo a independência, a autonomia do Ministério Público, da PGR, da Polícia Federal para fazer a sua parte. Com transparência. Meu governo vai ser transparência absoluta.
Jornal Nacional
Mas até onde a senhora está disposta a ceder para poder atrair os partidos?
Simone Tebet
Não é ceder. Nós temos que deixar de lado esse chamado presidencialismo de coalizão, que na realidade é de cooptação, que aconteceu com o mensalão do passado. Compraram consciência dos parlamentares para tentar uma reeleição. Foram descobertos.
Vieram com o petrolão, fatiaram o maior estatal do Brasil e colocaram ali, inclusive, gente do meu partido, que você tem razão, e do partido do atual presidente da República.
As investigações sobre o Petrolão, como foi apelidado pela imprensa o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e o pagamento de propinas por empresas fornecedoras investigado pela Operação Lava Jato e revelado no governo Dilma Rousseff (PT), realmente atingiram políticos do MDB e o PL, atual partido do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro. Um dos condenados foi o ex-deputado e presidente da Câmara Eduardo Cunha (PTB-SP), então filiado ao PMDB-RJ, atual MDB, partido de Tebet. No caso do PL de Bolsonaro, antes chamado de Partido da República (PR), um dos investigados na Lava Jato foi o atual presidente da sigla, Valdemar Costa Neto — que já havia sido condenado por corrupção passiva e cumprido pena por envolvimento no Mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Lava Jato teve início em março de 2014 e investigou a participação de agentes públicos, empresários e doleiros em um esquema de corrupção na petroleira, que envolvia a cobrança de propina, lavagem de dinheiro e superfaturamento de obras.
Foi descoberto. Para ganhar a eleição quase quebraram uma estatal.
E fizeram com que até hoje a gente pagasse e pague energia mais cara por isso.
Não há evidências de que o escândalo do Petrolão, como foi apelidado o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e o pagamento de propinas revelado no governo Dilma Rousseff (PT), influencie até hoje o preço da conta de energia ou dos combustíveis. Sobre a tarifa de energia elétrica, o custo herdado de governos anteriores é a restituição prevista na MP (Medida Provisória) 579, editada no final de 2012 e que determinou uma redução imediata de 20% na conta de luz. Como contrapartida, a regra antecipou a renovação das concessões das empresas elétricas e previu pagamento de indenizações por investimentos ainda não liquidados. Essas indenizações são ressarcidas pelos consumidores desde 2017 e devem ir até 2025. Em 2017, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) estimou que a restituição teria um impacto de 7% nas contas de luz. Em relação aos combustíveis, a afirmação também é falsa. Apesar da política de controle de preços da Petrobras sob Dilma para segurar a inflação, que resultou em perdas bilionárias para a companhia, a situação conjuntural da empresa não interfere atualmente no valor dos produtos. “O que determina os ajustes é a variação do valor do petróleo e seus derivados no mercado internacional, associada às condições locais de mercado", explica a estatal.
A todo momento tentando cooptar. Eu venho para fazer diferente. Eu venho para fazer diferente. Do contrário, não colocaria o meu nome à disposição do Brasil. Quem vai estar presidente, quem vai estar governando o Brasil a partir de 1º de janeiro do ano que vem não é a senadora, não é a deputada, não é quem foi prefeita, quem foi vice-governadora. É a alma da mulher e o coração de mãe. É para isso, é para fazer diferente.
É possível governar assim, que é a sua pergunta? É. Um presidencialismo de conciliação. Nós vamos trazer para perto pessoas que pensam como nós, que têm os mesmos projetos, que têm soluções concretas para os problemas reais do Brasil.
Jornal Nacional
Agora, candidata, a senhora mencionou ainda há pouco que puxaram o seu tapete no MDB. Em nove estados e no Distrito Federal, líderes do MDB declararam abertamente apoio a candidatos à Presidência que são adversários seus. Nove estados e Distrito Federal somados correspondem a 51 milhões de eleitores. É um senhor colégio eleitoral. Por que que a senhora não conseguiu unir o partido em torno do seu nome? A senhora não conseguiu o apoio integral do seu partido?
Simone Tebet
Nós estamos diante de uma polarização, uma polarização política ideológica que está levando o Brasil para o abismo, Bonner. Esta que é a grande realidade. Então, você tem aí uma polarização que faz com que os partidos ou alguns companheiros sejam cooptados. Em compensação, eu tenho, por exemplo, muitos dos prefeitos desses estados nos apoiando. Nós temos o prefeito da maior capital do Brasil. 12 milhões de habitantes. O prefeito de Porto Alegre, o governador do estado de São Paulo, que vai dar palanque também para outros candidatos que já esteve comigo em convenção e que está nos apoiando. Só São Paulo são 24% da população brasileira.
Mas acho que é o mais importante, de novo. Eu só preciso de um caixote e um microfone. Agora é comigo. Depois de todos esses obstáculos, agora é hora de eu me dirigir às pessoas, falar para as pessoas que nós temos o melhor programa de país. O maior programa de governo. Que nós temos condições de resolver o problema da fome, da desigualdade, da miséria, garantir educação de qualidade, uma saúde decente para as nossas famílias. Nós não vamos esquecer o legado da pandemia.
Que coisa triste que eu vivenciei lá. Eu não consigo falar sem me emocionar. E eu falo assim que eu tenho que conter mesmo porque foi um momento muito difícil da minha vida. Porque eu entrei como vida e saí totalmente indignada com o que aconteceu lá dentro. Se negou vacina no braço do povo brasileiro. 45 dias de atraso. Quantas pessoas morreram neste período?
Jornal Nacional
Mas, então, a sua candidatura, inclusive, surgiu depois da sua atuação na CPI. Isso é de conhecimento do público todo. Eu falava ainda há pouco desses nove estados e do Distrito Federal, mas eu queria mencionar o caso do seu estado especificamente. Em Mato Grosso do Sul, o candidato indicado pelo MDB, André Puccinelli, manifestou apoio à sua candidatura à Presidência, mas, por outro lado, ele disse também que quem quiser votar em outra pessoa, em outro candidato, não vai ser alvo de nenhum tipo de recriminação. Por que que no seu estado a senhora não conseguiu a união do MDB?
Simone Tebet
Eu tenho apoio lá não só do MDB, como do PSDB, dos partidos que estão lançando candidaturas ao governo. Mas de novo, a minha candidatura não vem para dividir. Ninguém governa um país sozinho e deixa os companheiros. Nós sabemos das dificuldades regionais. Nós sabemos que, nós estamos vindo, eu particularmente, de um estado conservador. Diante deste quadro, eu tenho que dar liberdade para os meus companheiros e vamos lá que é meu estado. Quer dizer, os votos, na realidade, que eu terei serão pelo meu trabalho.
Você falou e foi muito feliz quando falou da CPI. Porque hoje ser político se aparece só quando você está nas manchetes policiais. Porque os escândalos tomam conta e é natural, porque o jornalismo tem que entregar a verdade para a população. Mas a minha história de vida política começou há 20 anos. Eu sou filha do interior, do interior do Brasil. De uma cidade pequena. Fui morar na capital. Aliás me permita, hoje, é aniversário de Campo Grande. Um beijo à cidade que me acolheu com tanto carinho. Mas eu fui para Campo Grande e ali eu comecei a minha vida. Fui estudar no Rio de Janeiro, vim fazer faculdade, voltei, dei aula 12 anos. Dei aula exatamente como se administra um país. Olha que coisa interessante. Jamais imaginei depois que estaria nessa bancada do Jornal Nacional como candidata à presidência da República. Fui deputada estadual, fui vice-governadora, prefeita reeleita, prefeita, fui considerada a prefeita da industrialização.
Nunca se levou tantas indústrias para o nosso estado. Nós tivemos o pleno emprego e, graças a isso, tudo aconteceu na vida das pessoas.
Porque se você me permite ainda, se eu pudesse fazer alguma alteração na Constituição pro futuro, não pra agora, pra não falar que eu estou legislando em causa própria, eu gostaria muito que os presidentes da República tivessem a experiência de ter sido prefeito, porque nada muda mais a vida das pessoas, aproxima mais a pessoa, nada dá mais experiência ao homem público do que ser prefeito. Porque é ali que o cidadão sabe onde você mora, ele sabe onde você está, se bobear ele sabe o remédio que você toma porque ele te viu na farmácia.
Então é isso, mas é ali que ele bate pedindo casa pra morar, pedindo emprego, vaga na creche, médico na clínica, no posto de saúde. Então é uma experiência, aí já concluindo a sua pergunta, os votos que terei em Mato Grosso do Sul serão por méritos próprios e respeito os companheiros e quem pensa diferente.
Jornal Nacional
Agora existe um outro tema, que o seu partido, sobre um tema importantíssimo sobre o qual o seu partido parece não estar alinhado com as suas preocupações. A senhora promete ter um ministério com um número igual de mulheres e homens. E esse ano 66% das candidaturas do seu partido são de homens e só 33% por cento de mulheres. Como é que a senhora pretende superar essa postura conservadora do seu partido?
Simone Tebet
Não é só do meu partido, né? São de todos os partidos. Eles só cumprem a cota. Eu fui a primeira mulher a presidente da comissão de combate à violência contra a mulher no Senado. E, entre outras coisas, tem essa violência política. E nós conseguimos avançar agora com 30% de tempo de rádio, de televisão pra mulher. Isso fez com que nós pudéssemos quase aumentar em quase 50% o número de deputadas. E aqui eu vou falar uma coisa do meu coração. Eu fui relatora e virou lei, está na Constituição agora, que os partidos que elegerem negros e elegerem mulheres vão contar em dobro pro fundo. Não vai aumentar o fundo. É que vai dividir o fundo e vai trazer mais fundo para os partidos que elegerem mulheres e negros. Olha que coisa boa.
Jornal Nacional
Mas por que que a senhora não conseguiu envolver o seu partido nesse objetivo de não só cumprir a meta mínima, mas ir além?
Simone Tebet
Porque é um é uma escada, né, Renata? Tudo na vida da gente é difícil, você sabe disso. Como é difícil ser mulher na iniciativa privada, que dirá na vida pública. Eu estou sou privilegiada porque, veja, ...
... eu estou diante de um partido que saiu na vanguarda e teve coragem de lançar nesse momento mais difícil do Brasil uma mulher candidata a presidente da República. Isso é inédito.
O MDB não foi o único partido a lançar a candidatura presidencial de uma mulher às eleições deste ano. Além de Simone Tebet, Sofia Manzano (PCB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Vera Lúcia (PSTU) estão em campanha atualmente. A afirmação também não procede quando considerado o histórico de candidatas desde a redemocratização brasileira. Além da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que venceu os pleitos de 2010 e 2014, disputaram o cargo Lívia Maria (PN), em 1989; Thereza Ruiz (PTN), em 1998; Ana Maria Rangel (PRP) e Heloísa Helena (PSOL), em 2006; Marina Silva (Rede), em 2010, 2014 e 2018; Luciana Genro (PSOL), em 2014; Vera Lúcia (PSTU), em 2018.
É inédito na história e, se me permitir, porque hoje é o Dia Internacional da Igualdade Feminina, onde a gente comemora o direito de votar. Vamos numa rápida história aqui. Os avós de vocês que estão nos assistindo não podiam casar, as avós, sem autorização dos pais, não podiam trabalhar sem autorização do marido, não podiam votar nem ser votados. É um passo, é uma escada. O projeto número um nessa pauta pra mim.
E nós conseguimos avançar graças ao fato de nós termos elegido uma mulher líder da bancada feminina. Eu fui a primeira também líder da bancada feminina. Isso me dá uma alegria danada, isso é uma emoção pra mim, é uma prioridade absoluta como mãe de duas meninas. Nós aprovamos no Senado, está parado na Câmara, se eu virar presidente, o primeiro projeto que eu vou pedir pra pautar na Câmara dos Deputados é igualdade salarial entre homens e mulheres.
A mulher ganha 20% menos do que o homem exercendo a mesma função, a mesma atividade.
Um levantamento da consultoria IDados mostra que as mulheres ganharam em média 20,5% menos do que os homens no quarto trimestre de 2021, mesmo com perfil equivalente de escolaridade, cor e idade e atuando na mesma ocupação. O estudo é baseado na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e foi divulgado em março deste ano.
Se for negra, se for preta, ela recebe 40% menos.
Me explique qual é a lógica disso. Não é só por ela, não é só pelo reconhecimento. 20% disso vai direto pro mercado, vai direto pra economia, isso gera emprego direto, indireto, qual é o problema? Nós estamos há vinte anos, Renata, lutando por um projeto desse e não conseguimos. Se eu for eleita presidente da República, essa é a prioridade número um em relação à pauta feminina.
Jornal Nacional
A senhora falou em avanços no seu partido com relação...
Simone Tebet
São esse tema que eu abordei, mas, nos últimos quatro anos, o MDB não mudou.
Em 2018, o MDB também lançou 66% de candidatos e 33% de candidatas. E qual foi a média dos demais partidos? Igual.
O MDB apresentou 334 candidaturas de mulheres em 2018, o que equivale a 33% do total, como citou Tebet. Outros partidos políticos grandes, como o PSDB e o PT, também apresentaram esse mesmo percentual. Entre os partidos com menor número de candidatas estavam o PPL (28%), o DEM (28,8%) e o PSL (29,2%), percentuais próximos ao do MDB. Proporcionalmente, o partido com mais candidatas foi o PMB (Partido da Mulher Brasileira), que apresentou 159 postulantes do sexo feminino, equivalente a 40% do total.
É a luta. Eu concordando com você que é difícil. Estou gostando de você ter me feito essa pergunta porque é contra isso que a gente luta.
Jornal Nacional
Falando do MDB...
Simone Tebet
Sim. Mas são todos. Quer dizer, não dá para tirar o MDB e falar e martirizar o MDB. É tudo, é uma comparação na vida. Eu lamento, eu luto, inclusive eu tenho um projeto nesse sentido que estabelece, sabe como a gente vai realmente mudar? E aí a imprensa começou a despertar para esse projeto. Bonner, eu tenho um projeto, que eu estou pedindo para pautar e não pautam no Congresso, estabelecendo o seguinte: tem que ter pelo menos 30% de mulheres nas executivas dos partidos porque é lá que ele descobre quem é mulher candidata. Aquela coisa que mulher não vota em mulher não é verdade. É que escolhem mulheres muitas vezes laranja. A mulher vota em mulher, se ela souber que tem uma mulher competitiva, corajosa, que tem currículo, que trabalhe. Quantas mulheres de chão de fábrica? Quantas professoras, quantas líderes comunitárias, quantas mulheres das comunidades têm condições e liderança? Então, quando nós tivermos 30% de mulheres nas executivas, nós vamos fazer a diferença, nós vamos mudar o percentual.
Jornal Nacional
Vamos falar de economia? A senhora, no seu programa, a senhora promete criar um programa permanente de renda. Erradicar a miséria. Zerar a fila do SUS. Construir 1 milhão de casas. Mas o que se sabe, o ambiente econômico do próximo governo, o próximo presidente, quem ocupar o palácio no ano que vem, seja quem for, vai ter um ambiente econômico hostil, de desequilíbrio das contas. Como é que essa conta vai fechar com esses gastos que a senhora está planejando?
Simone Tebet
Muito simples. Nós temos o melhor time, a melhor equipe de economistas liberais do Brasil. Então, nós temos um compromisso fiscal, mas como meio para se alcançar a responsabilidade social. Agenda prioritária, o eixo do meu governo, são as pessoas. Agenda social, erradicar a miséria, diminuir a pobreza e acabar com a fome no Brasil. É inadmissível um Brasil que alimenta o mundo. Nós alimentamos o planeta Terra. E nós temos a incapacidade de alimentar os nossos filhos.
Hoje, hoje, quando nós saímos daqui, 5 milhões de crianças vão dormir com fome no Brasil. Nós não podemos admitir isso. Pode faltar dinheiro para qualquer coisa, mas não pode faltar dinheiro para acabar com a miséria. A pobreza, nós vamos diminuir. A miséria nós vamos acabar. De que forma, Bonner? De trás para frente na sua colocação. 1 milhão de casas: são 250 mil casas para famílias de até um salário mínimo e meio. Quanto isso custa? Lembrando que o município dá o terreno, a estrutura e a União entra com a Caixa Econômica com esse valor subsidiado. Exatamente o valor do orçamento secreto por ano. Nós chegamos a essa conta só acabando com o orçamento secreto.
Em relação à transferência de renda permanente, isso já está aí, está precificado. O mercado já sabe que nós vamos ter que o ano que vem extrapolar o teto nesse valor de algo em torno de 60 bi para cobrir essa transferência de renda. Porque, de novo, não é admissível nós não garantirmos pelo menos R$ 600 para quem tem fome. R$ 600 ele come, mas não paga o aluguel. E quem está nos ouvindo, as nossas mães sabem disso.
Então, e você falou de zerar as filas. Aí outra coisa que eu acho muito importante.
Simone Tebet
O governo abriu calamidade pública, estabeleceu que tudo era calamidade pública pra gastar dinheiro que não tem, pra emitir títulos, pra furar teto. Para fazer orçamento secreto, para cobrir gastos que não são gastos da pandemia. Eu te pergunto. Quais são as duas sequelas da pandemia?
O que mais nos chocou além das mortes prematuras os nossos entes queridos. O nosso déficit na grade curricular das nossas crianças dois anos das crianças pobres das escolas públicas sem estudar sem saber ler e escrever.
E as filas intermináveis hoje de consultas, exames e cirurgias. As pessoas estão morrendo com câncer avançado de próstata, de mama, porque não puderam fazer exames. Então por que eu estou dizendo isso?
Eu estou dizendo isso que isso, sim, nós podemos decretar continuidade estado de calamidade ou estado de emergência pra fim de – porque dinheiro tem, às vezes não tem o teto – pra fim de dizer pro prefeito: "cumpra a sua parte. Faça os exames. Mande a nota e nós vamos pagar". Vamos lá.
Então, em dois anos, não em um, nós zerarmos essa fila do passivo. Não são as filas permanentes, as das sequelas da Covid.
Jornal Nacional
Mas nós estamos falando de medidas, de iniciativas que consomem, exigem dinheiro, exigem investimento. A senhora mencionou aí, por exemplo, o orçamento secreto, mas o orçamento secreto não está nas mãos do presidente ou da presidente, está nas mãos do Congresso. É uma questão a se resolver. O eleito terá que convencer o Congresso a abrir mão do poder que tem hoje com o orçamento secreto, e é de R$ 20 bilhões.
Mas independentemente disso chama a atenção no seu plano de governo que a senhora manifesta ali diversas intenções. Com termos como vamos ampliar certa coisa. Vamos acelerar isso. Vamos reforçar aquilo. Promover isso e aquilo. Faltam 37 dias pras eleições hoje. Não tem como a senhora ser mais específica, detalhar mais esses planos pra que o eleitor possa avaliar a não apenas a a pertinência, mas a capacidade de executar esses planos que a senhora está falando?
Simone Tebet
Com certeza, a campanha começa agora, começa hoje. Eu sei da responsabilidade que tenho que estar aqui. E nós vamos estar no horário eleitoral falando disso. Mas nós estamos colocando números. Um milhão de casas. Zerar a fila das cirurgias atrasadas em dois anos. Nós vamos e vamos estender mais. Eu vou governar olhando pro futuro. Criança e adolescente é o centro do nosso governo.
Jornal Nacional
Mas como fazer isso, candidata?
Simone Tebet
Vamos lá, o orçamento secreto não é com diálogo só, é com transparência, com um único ato, uma portaria exigindo que todos os ministros abram as contas de seus ministérios. Na hora que a população ver o Ministério Público, Tribunal de Contas ver, por exemplo, que a maioria desses recursos estão indo pros municípios mais pequenininhos.
Por que está indo num município mais pequenininho onde não tem imprensa? Por que que não está chegando o serviço lá? Quem é que foi que mandou? Chegou o dinheiro? Dou um exemplo que parece uma anedota, mas que fique quem sabe registrado hoje como, pode até ser que vá virar meme depois disso.
Uma cidade, pra poder receber muito dinheiro do orçamento secreto, disse, pra aumentar lá o teto dele, que extraiu 14 dentes de cada boca, de cada habitante do seu município.
É a cidade mais banguela do planeta. Quatorze dentes do bebê ao idoso de noventa anos. Na cidade mais banguela do Brasil. Pra quê? Pra receber o dinheiro e emitir nota fria. Não é volta de 10%, é 100% embolsado. Dinheiro que vai pro bolso e que está tirando o dinheiro de vocês. Dinheiro do remédio que não tem no posto, na creche, no posto de saúde. A partir do momento que a gente abre essas contas, a gente basicamente coloca os órgãos de fiscalização e controle, orçamento secreto acaba rapidinho. Mas vamos lá.
Jornal Nacional
Erradicar a miséria no Brasil. Não é um tema de quem alguém possa vir a a discordar. Não se imagina ainda um cidadão no Brasil que discorde de uma medida como essa. Mas pra executar isso de quanto a senhora precisa? Qual é o valor, o tamanho da conta pra executar isso? Lembrando mais uma vez da pergunta que lhe fiz sobre as dificuldades de equilíbrio orçamentário para o ano que vem. Essa gestão comprometida.
Simone Tebet
Eu sou relatora de um projeto chamado lei de responsabilidade social, feito pelos maiores economistas liberais do Brasil, que já foram ministros, presidente de Banco Central, do senador Tasso Jereissati. Nós temos uma meta de, em quatro anos, erradicar a miséria. Esse foi desse projeto.
Se hoje está uma média de 4%...
O dado sobre miséria no país apresentado pela candidata é próximo ao que aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais, havia cerca de 12 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil em 2020, último dado disponível, o que corresponde a 5,7% da população.
... ele vem, quando a gente fala erradicar é chegar a 1%, 0,5%, ninguém radica absolutamente.
Mas 1% é menos que a média dos países desenvolvidos no no mundo.
De 4% pra 3,5% pra 3%, 2,5%, 2%, mas a gente começa depois crescer. Esse projeto que está organizado, ele depende de duas coisas que estão acontecendo: reforma tributária e o Brasil voltar a crescer. Quando o Brasil voltar a crescer e gerar emprego você também diminui. Então não é erradicar a pobreza só com dinheiro público. Erradicar a pobreza não é dando só transferência de renda. É dando peixe, ensinando a pescar. Inclusive a nossa transferência de renda vem com condicionantes.
Nós temos, se vocês me permitirem, nós temos, Renata e Bonner, meio milhão de anjos da guarda no Brasil. Sabe o que que é isso? Meio milhão de anjos da guarda do Brasil. São os assistentes sociais e agentes comunitários de saúde que fazem por amor aquilo que eles fazem. Eles entram nas casas e vão ver se a criança está sendo vítima de pedofilia. Se a mãe está sendo espancada, se ela está na escola, se a vacina está em dia. E vai incluir, e nos ajuda a incluir no mercado de trabalho. Então, quando nós falamos em erradicar a miséria é, de um lado, garantir a transferência de renda pra quem está precisando. Isso vai cair à medida que ele vai entrando no mercado de trabalho.
Do outro lado, é garantir escola de qualidade. O filho do pobre que está na escola pública tem que ter e vai ter o mesma qualidade de ensino da escola privada. E, nesse aspecto, a União tem que parar de jogar essa conta pros estados e municípios. Educação é nossa responsabilidade. Eu, como professora, não tenho como pensar diferente. Então, de que forma nós vamos erradicar a a miséria nesse aspecto além da transferência de renda? É preparar o Brasil pro futuro.
Daqui a dez anos, Deus nos livre, mas se vier uma pandemia, uma guerra, se houver uma crise, essa geração está preparada. Ela não vai ser mandada embora. Ela vai estar preparada porque ela está com uma educação de qualidade. E, nesse aspecto, nós vamos cuidar da primeira infância garantindo pelo Fundeb, aí tem dinheiro do Fundeb...
… Nós já dobramos, já está aprovado no Congresso.
Com a sanção da lei 14.113/2020, foi estabelecido o aumento gradual da contribuição da União ao Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), um mecanismo de redistribuição de recursos para a educação básica. Na época em que a lei foi aprovada, a complementação era de 10%, e está prevista para aumentar gradualmente e atingir 23% em 2026. Atualmente, a contribuição é de 15%. Os repasses da União se somam às outras fontes de receita do fundo, como impostos e transferências dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Educação tem dinheiro. Não falta dinheiro pra educação, falta vontade.
Ninguém quer educar o povo, porque quer o povo ali no cabresto para, na hora do voto, poder, através de uma transferência de renda, comprar voto. Eu quero o povo cidadão, eu quero o povo que escolha os seus eleitores independentemente de partido, mas de acordo com a sua consciência. Ele não faz isso sem educação. Então nós vamos garantir 100% das vagas...
… porque é isso que diz a lei.
E o dinheiro já está lá para crianças na creche de quatro a cinco. E, no ensino médio, nossos jovens não podem mais ficar sequestrados pelo crime organizado, pelas drogas. O ensino médio vai ter aluno dentro com conexão da internet aprendendo já um ofício com o ensino técnico. E nisso você não falou, foi generoso, mas ainda tem uma outra conta para eu pagar, o chamado Poupança Jovem, que é nós vamos depositar um dinheirinho na conta do do aluno todo ano até o término do ensino médio.
Jornal Nacional
A senhora mencionou a reforma tributária.
Simone Tebet
Sim.
Jornal Nacional
A gente vai voltar a falar também de educação, mas a senhora falou da necessidade de se fazer uma reforma tributária. E o Imposto de Renda? Qual é o seu plano?
Simone Tebet
Nós temos três reformas tributárias importantes no Brasil. Mas a mais importante hoje é a do consumo, Renata.
Porque quem mais paga imposto no Brasil é o pobre.
A frase de Tebet está de acordo com uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que avaliou as tributações sobre produtos, veículos, residências e previdência social. A tributação sobre o consumo responde por 43% do total dos impostos pagos no Brasil — o que faz com que o peso proporcional das taxas sobre produtos seja maior para pessoas com menos renda. Além disso, tributos como IPTU impactam em cerca de 1,17% na renda domiciliar de famílias que ganham até 3 salários mínimos e 0,65% em quem recebe mais de 36. O imposto considerado mais regressivo (ou seja, que impacta mais em quem ganha menos) é o IPVA: 2,20% em famílias com até 3 salários de renda e 0,68% naquelas com acima de 36 salários.
É o que mais consome. Proporcionalmente à renda, quanto que você deixa no supermercado? Quanto eu deixo no supermercado? Quanto o pobre deixa no supermercado? Ele deixa metade, um pouco mais da metade do salário dele no supermercado. Então, a reforma tributária mais emergente que está pronta para votar no Congresso Nacional. Só não votou porque o presidente não quis, porque nós tentamos votar na Comissão de Constituição e Justiça. Por isso que eu digo que dá para votar em seis meses no ano que vem. Porque a gente vota esse ano ainda, se eu for eleita, no Senado e ano que vem na Câmara. Ela mexe exatamente com isso. Nós estamos desburocratizando, simplificando. As empresas vão ter por conta disso uma economia de R$ 60 bilhões por ano. Porque hoje usam para entender a máquina e a legislação com contador, com advogado, com administrador. E isso vai ser circular na economia para abrir mais portas de emprego, gerar emprego e renda. Mas indo para o lado do mais pobre, ele vai comprar e ele vai ter devolvido num sistema. Isso é um projeto nosso. Já está lá. Já está há dois anos e todos os governadores concordaram. Todos os governadores pela primeira vez na história. E esse projeto vai depois devolver ao imposto que a dona de casa mais humilde, paga no próprio CadÚnico, no próprio cartão dele.
Jornal Nacional
Deixa eu entender com relação ao imposto de renda que eu lhe perguntei. Quais são, quais são os seus planos? A gente tem cinco faixas, né? Os isentos e mais quatro. O que que muda?
Simone Tebet
Nós temos que garantir mais espaço para a classe média. Ou seja, nós temos que fazer com que a classe média possa não pagar o imposto de renda. Para isso, só tem um caminho. Tirar dos mais pobres e pedir para os mais ricos. Eu sou a favor da taxação do lucro de dividendos. E essa é uma discussão madura que nós temos com todo o equilíbrio, mas com toda a verdade colocar para a população. Eles já sabem disso, isso está no nosso programa e a gente mexe na tabela de imposto de renda a medida em que cobra essa taxa de lucros e dividendos dos ricos. É a lei Robin Hood, mas nós não vamos roubar de ninguém. Nós só vamos pedir a eles que contribuam minimamente para um país que é o país mais rico do mundo com o povo mais pobre.
Jornal Nacional
A tabela, por exemplo, para aumentar a taxa, aumentar a isenção dos isentos, por exemplo? Aumentar o número o número de isentos, por exemplo?
Simone Tebet
Sim! Alcançar o máximo possível a classe média. Isentar o máximo possível essas tabelas, essas faixas. E, a partir daí, a dosagem vai depender, porque eu não vou cometer estelionato eleitoral. Ninguém vai aqui colocando números. Nossos economistas estão colocando tudo no papel. Porque a única coisa que eu tenho é meu nome e a minha história. Não venho para mentir em rede nacional. Nós vamos mexer na tabela.
Jornal Nacional
Qual taxa vai pagar?
Simone Tebet
Nós vamos ter que fazer dados porque essa é uma pergunta importante. Por que o orçamento brasileiro está na mão do Congresso? Porque nós temos um governo que não planeja nada. Ele não sabe onde quer chegar, ele não sabe para onde ele quer ir, não tem projeto de país. E, com isso, o dinheiro fica solto. Todo mundo vai lá e pega um pouquinho. É um puxadinho. Daqui a pouco essa casa cai. Porque o alicerce, que é a base, não foi feito o dever de casa. Não sabe o orçamento. A dona de casa sabe. Pergunta o que ela faz com o pouquinho de dinheiro que ela ganha. Primeiro ela compra comida. Depois ela paga aluguel. Se der ela paga as contas. Só aí ela vai fazer o lazer. É isso é é assim também quando se administra um país. Então. Você elege prioridades e vai dentro do possível adequando.
Jornal Nacional
A senhora falou em prioridades e tinha falado também em educação, "tem dinheiro pra educação, falta vontade". Então vamos falar um pouco de educação aqui. A senhora fala com muito orgulho de ser professora. A senhora fala com orgulho também de ter sido vice-governadora do Mato Grosso do Sul. Quando a gente olha o período em questionar esteve no governo do seu estado a gente vê que a avaliação do ensino médio no Ideb ficou estagnada naquele período eano a ano acabou se afastando crescentemente da meta estabelecida pelo Governo Federal. A senhora que tem um um diagnóstico de por que isto aconteceu?
Simone Tebet
Bom, primeiro que eu era vice-governadora, eu não era governadora, não tinha caneta na mão. Mas eu posso te garantir que nós saímos do governo do estado garantindo os melhores salários e valorização dos professores do Brasil. Não sei se estava entre os três ou se foi o primeiro na época. E hoje, graças a isso, o Ideb saiu recentemente. O Brasil, no ensino médio, eu acho que o MDB lá a nossa gestão e agora com a atual, é uma consequência do passado. O Ideb deu um salto.
Eu acho que o salvo engano não quero cometer nenhuma fake news aqui mas o Ideb de Mato Grosso do Sul pro ensino médio se não for o primeiro, o segundo é o terceiro. Fruto de um educação é assim.
O ensino médio do Mato Grosso do Sul ficou em sétimo lugar nos dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) divulgados em 2019, os últimos disponíveis. O índice do estado de Tebet foi de 4,1, atrás de Goiás (4,7), Espírito Santo (4,6), Paraná (4,4), Pernambuco (4,4), São Paulo (4,3) e Ceará (4,2). A meta projetada para o estado naquele ano não foi cumprida — era de 4,5, índice 0,4 ponto acima do registrado de fato.
Me cobrem pelo que fiz como prefeita. Eu posso falar. Fui uma das primeiras do Brasil a pagar a hora-atividade pro professor. Uma das primeiras do Brasil a pagar o piso salarial do professor.
De acordo com a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Mato Grosso do Sul ocupava a terceira posição no ranking nacional do piso salarial de professores da rede estadual em 2014, no final do governo de André Puccinelli (MDB), em que Tebet foi vice-governadora. Em 2015, no entanto, após o reajuste do piso salarial nacional, o estado caiu para a quinta posição.
Jornal Nacional
É só que eu lhe fiz a é apenas pra relembrar um número que a senhora traz em um período em que esteve no Executivo estadual como vice-governadora, como a senhora lembrou, é fato. No entanto, a senhora recentemente disse que, pra se obter uma educação de qualidade, oito anos são suficientes. Se são suficientes oito anos, os números que a senhora traz desta gestão a frente de Mato Grosso do Sul não parecem amparar...
Simone Tebet
Dá exatamente sete anos. Nós saímos em 2015 e nós tamos em 2022. Os dados do ano passado, seis anos mostram, dá uma olhadinha no Ideb do ensino público no estado de Mato Grosso do Sul. Não estou dizendo que só foi só mérito do governo, tem mérito do atual governo também.
Jornal Nacional
Porque, no período em que a senhora estava, os números não mostraram isso.
Simone Tebet
E, se você me permitir, os dados porque eu não falo nada sem checar, não são meus. Eu gosto muito dos institutos que cuidam da educação no Brasil e Todos pra educação diz isso. Hoje nós avançamos um pouco, ainda que não muito, no ensino básico. Então, em função disso, a gente só precisa melhorar o fundamental um, o ensino fundamental um, a gente precisa melhorar o fundamental dois pra garantir que, entre o fundamental dois e o ensino médio ,que são esses oito anos, a gente garanta um ensino de qualidade. A gente avançou o problema, que avançou muito lentamente. Então oito anos se muda sim uma geração. E disso pra dizer o quê? Só pra dizer pra classe política: façam educação de qualidade pra salvar o povo brasileiro. É só isso que vai salvar o povo brasileiro. É só isso que dá cidadania. Qual é a o direito social mais importante do cidadão? É o direito ao trabalho. Não tem trabalho que não tem qualificação ou tem um subtrabalho. Ele vai pra informalidade. Ele tendo educação, ele tem o direito ao trabalho. É o direito ao trabalho que garante comida na mesa. É o direito do trabalho com que garante o aluguel, que garante a o lazer, que garante felicidade, que dá esperança pras pessoas. Então educação não tem como ser prioridade nacional, ela vai ser prioridade nacional absoluta. Cheguei à primeira pergunta que me fizeram, Bonner. Quando eu falei sobre isso, porque eu sou uma apaixonada pela educação. Assim, mas criança não vota. Adolescente não vota. Eu tive que escutar isso de uma pergunta feita pra mim quando eu fui visitar lá nas barbas do Planalto, um dos bairros mais pobres uma das cidades mais ricas do Brasil, Brasília, eu vi um dos bairros mais pobres quando eu fui visitar uma creche da tia, não vou citar o nome porque não, mas, enfim, fui visitar uma creche bancada sozinha por uma mulher.
Esgoto a céu aberto em todas as ruas. Sabe o que que eu ouvi daquela mulher? É que eu não posso falar porque eu me emociono, mas eu vi dela, eu falei assim "hoje eu eu vim aqui para ouvir vocês". Uma mulher chegou para mim e falou assim "olha, então você vai ouvir o seguinte: eu não quero só R$ 600,00. Porque os R$ 600,00 só dá para comer. Mas o que eu quero é dignidade porque o meu filho quando ele vai buscar emprego ele é até recebido, mas quando eles olham onde ele mora a primeira coisa que eles fazem é olhar o sapato do meu filho para ver se eu não estou trazendo esgoto, se ele não está trazendo esgoto para dentro do ambiente. É essa a realidade que nós temos que mudar e não vai ser só com R$ 600,00. Se nós não prepararmos o país para o futuro nós de novo estaremos perguntando, Bonner perguntando para o próximo candidato a presidente da república, de onde vai tirar o dinheiro pra fazer tudo isso? Não vai precisar. Porque nós vamos ter realmente filhos cidadãos. Nós vamos abraçar. Nós vamos cuidar dessas crianças. É disso. E dos nossos adolescentes. É disso que o Brasil está precisando. É por isso que eu me apresento ao Brasil. A gente fala muito de eu fui isso, que eu fui aquilo, mas quem está aqui não é a senadora. Quem está aqui não é a deputada. Quem está aqui não foi a prefeita reeleita. Quem está aqui é a alma da mulher brasileira. É o coração de mãe que não aguenta mais ver o que está acontecendo na rua. Eu lutei muito, Renata. Quando eu tinha 14 anos eu pedi para minha mãe autorização para ir para as ruas lutar por diretas. Eu não podia ainda dirigir porque eu vim muito nova para o Rio de Janeiro. Eu pegava ônibus. Eu vi, na década de final de 80, pessoas comendo comida da lata de lixo. Eu nunca imaginei mais vivenciar essa situação. E hoje a gente retrocedeu nos índices sociais. Por quê? Porque o passado, o governo do PT não fez o dever de casa com a educação e o atual não dá nenhuma.
Jornal Nacional
Falando em índices sociais, a gente insiste, candidata, em trazer a sua experiência no Executivo porque ela é importante como um exemplo. E durante o seu período como vice-governadora no seu estado, Mato Grosso do Sul, na área de segurança pública também os números não foram bons. Houve casos de homicídios dolosos, latrocínios e lesão corporal seguida de morte. Houve um aumento de 77%. As suas propostas para segurança pública levam em conta essa experiência no seu estado?
Simone Tebet
Sem dúvida, Renata. Eu sou de um estado de fronteira. É um estado que não dá para comparar com nenhum estado.
Jornal Nacional
De que forma então?
Simone Tebet
Você sabe de onde? Você sabe de onde, de onde vêm todas as armas que chegam no Rio de Janeiro? As drogas que vêm do Rio de Janeiro? Naquela época, a maioria absoluta vinha do meu estado. Só que ele deixava um rastro de violência antes de chegar aqui. Eu sou de um estado de fronteira. Eu trabalhei com secretário de segurança pública num dos projetos mais importantes do Brasil que está engavetado. Começou com Fernando Henrique. 10 bi,1 bi por ano pra gente fechar a fronteira contra o crime organizado. Começa na Amazônia e termina no Paraná, em Foz do Iguaçu. Mais ou menos assim. Sistema integrado de inteligência começou com o Sivan. Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária, Polícia Federal, Forças Armadas envolvendo base aérea, Marinha e Exército. E nós temos tudo isso dentro do nosso estado. Todo ano o dinheiro era cortado e não acontecia. Então, nós não temos condições de cuidar sozinho. Graças a essa experiência nós estamos colocando no nosso programa de governo. Nós vamos recriar o Ministério Nacional de Segurança Pública. Porque é a União que coordena. Segurança pública os governadores não dão conta de fazer sozinhos. Eu pergunto para vocês que estão nos assistindo se o seu bairro está seguro agora. Então, é preciso uma coordenação, é preciso vontade política. E não precisa mais dinheiro. É preciso vontade política. Nós temos o Fundo Nacional Penitenciário, nós Fundo Nacional de Segurança Pública. Nós precisamos de uma coordenação, nós precisamos de alguém que olhe, que cuide, não que desmobilize os órgãos de fiscalização e controle do país. E é assim que nós vamos fazer. Colocando um bom ministro da segurança pública para estar ao lado dos governadores combatendo o crime organizado. Quando eu falo combater o crime organizado é mexendo com todo o sistema. É mexendo com código de execução penal, com sistema carcerário, vendo a quantidade de presos provisórios lá. Muitas, quantos pais de família estão presos? Cometeram nada? Às vezes, foram no supermercado e passando necessidade pegaram um quilo de carne pra comer e estão presos ao lado de bandidos. Faltando vagas para colocar os verdadeiros bandidos na cadeia.
Jornal Nacional
Desculpa. Eu não, o tempo está passando, eu só não queria que a gente deixasse de abordar uma questão que chama atenção no seu plano de governo. A senhora tem dito que vai criar um seguro de renda para os trabalhadores informais. Hoje são 40 milhões de brasileiros. Isso parece ser uma espécie de previdência desses trabalhadores informais. E a gente sabe que o financiamento de previdência não é só no Brasil. É um problema para todos os países do mundo.
Simone Tebet
É um FGTS. E é um FGTS para os informais que estão no Auxílio Brasil. Já tem números e já tem valores. A cada declaração, ele vai dizer o quanto ele, não vamos checar, ele vai dizer o quanto ele realmente ganha na informalidade. Ele é um pedreiro, ele trabalha uma vez por semana e ganha R$ 150 ou R$ 190 na semana. Então, ele chegou no final do mês, recebeu R$ 800. Vamos colocar R$ 1.000 para facilitar minha conta. Nós vamos depositar 15%. Isso faz parte da transferência. Por isso que eu falei do programa da transferência de renda. E veio, inclusive, desses economistas liberais essa ideia. Por que isso? É uma forma da gente garantir que em algum momento ele possa, excepcionalmente, duas vezes por ano ele levantar. E não para efeito de previdência, é para efeito de sobrevivência mesmo. Ele não passar mais necessidades.
Jornal Nacional
Duas vezes ao ano ele poderia.
Simone Tebet
Excepcionalmente, alguns casos.
Jornal Nacional
O saldo.
Simone Tebet
Estou falando números concretos. Depois nós vamos colocar na televisão de onde vai sair. 15% da renda que ele declarar, nós vamos depositar para uma emergência dele.
Jornal Nacional
Mas a forma de financiamento disso. A senhora disse que tem essa forma...
Simone Tebet
Temos a forma.
Jornal Nacional
A senhora tem o cálculo de tudo que está pronto.
Simone Tebet
E vai ser devidamente colocado. Eu tenho muita preocupação com isso porque, repito, os maiores economistas liberais estão. Então eles são caxias, eles são muito rigorosos e tem que ser. Porque, se você não aplica bem o dinheiro, se você gasta mais do que tem, isso vai bater lá na inflação no preço da comida. Quem vai pagar a conta é o mais pobre.
Jornal Nacional
A nossa insistência exatamente se dá por esse motivo. A nossa insistência no tema. Porque, como se sabe, as contas do ano que vem estão claramente já comprometidas.
Simone Tebet
Vamos abrir, Bonner, 100 anos de sigilo do presidente, cartão corporativo, acabar com supersalários. É gradual. A gente sabe. Eu dormi sete anos dentro do Senado Federal. Eu sei que não é fácil, mas nós vamos. Fora o Brasil voltando a crescer, há uma uma arrecadação maior por parte das empresas, das indústrias. O Brasil crescendo.
Jornal Nacional
O nosso tempo terminou. A senhora agora tem um minuto para as suas considerações finais. Depois do gole d'água.
Simone Tebet
Ah, obrigada. Obrigada. Bom, eu quero me dirigir a vocês para dizer que eu quero ser presidente da República porque o Brasil precisa seguir um caminho diferente. Não é possível continuar como está. O Brasil precisa de união, de amor e de cuidados verdadeiros. Nós vamos colocar as pessoas em primeiro lugar para acabar com a fome e com a miséria. Porque eu sou mãe, sou professora, sou advogada. Tenho experiência. Fui prefeita. Reeleita com 76% dos votos. Antes, fui deputada estadual. Vice-governadora e hoje sendo senadora. Tenho experiência e sou ficha limpa. Por isso, eu vou estar todos os dias pedindo autorização para entrar na sua casa. Para poder olhar nos seus olhos. Uma campanha simples, direta. Para poder falar para vocês como nós vamos apresentar soluções reais para os problemas reais da população brasileira. Comida mais barata, educação e saúde de qualidade, emprego e renda. Esse é o nosso compromisso. Para isso eu preciso da sua confiança, do seu apoio e do seu voto. Meu número é 15. E assim juntos com amor e com coragem que nós vamos mudar o Brasil de verdade.
Jornal Nacional
Seu tempo, candidata.
Simone Tebet
Muito obrigada.
Jornal Nacional
Muito obrigada mais uma vez pela sua presença. O Jornal Nacional volta depois do intervalo.