Após uma campanha acirrada, os cidadãos americanos encerram nesta terça-feira (5) a eleição para escolher quem comandará os Estados Unidos pelos próximos quatro anos: o ex-presidente Donald Trump, que tenta novo mandato após ser derrotado por Joe Biden em 2020, ou a vice-presidente Kamala Harris.
Nas redes brasileiras, alguns acontecimentos marcantes da campanha — como a tentativa de assassinato de Trump e a saída de Biden da disputa — se traduziram em peças de desinformação, que acumularam milhares de visualizações e compartilhamentos em diversas plataformas.
Veja a seguir tudo o que checamos sobre as eleições americanas.
Depois da vitória de Trump
Vídeo antigo de comemoração na Havan circula como se fosse festa por vitória de Trump
Um vídeo antigo de bolsonaristas marchando e batendo continência em frente a uma estátua da loja Havan tem sido compartilhado nas redes como se mostrasse brasileiros comemorando a vitória de Trump. A gravação, no entanto, é de novembro de 2019.
Houthis não anunciaram cessar-fogo com Israel após vitória de Trump
Não é verdade que o grupo armado houthi, do Iêmen, anunciou o fim dos ataques contra Israel após o republicano Donald Trump ser anunciado presidente eleito dos Estados Unidos. Não há informação semelhante na imprensa internacional ou nas redes do porta-voz do grupo paramilitar.
Vídeo de Guga Chacra chorando ao vivo é antigo e não tem relação com Trump
É falso que o jornalista da GloboNews Guga Chacra chorou ao vivo após a confirmação da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas. O vídeo compartilhado pelas peças de desinformação foi gravado em março de 2020, quando o jornalista se emocionou ao falar sobre a pandemia de Covid-19.
Posts usam print falso do ‘g1’ para mentir que Trump deu recado a Lula
Posts nas redes compartilham um print falso do g1 dizendo que Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, disse que “não negocia com Lula”. O g1 não publicou nenhum texto do tipo e também não há registro de qualquer citação ao presidente brasileiro nas falas recentes do republicano.
Sistema eleitoral
Não é verdade que urnas no Arkansas impediram voto em Trump
São infundadas as alegações que circulam nas redes de que urnas eletrônicas no Arkansas não permitiram que eleitores selecionassem o nome de Donald Trump na lista de candidatos. O Conselho Estadual de Comissários Eleitorais afirmou que a falha mostrada em vídeo foi causada por um erro do eleitor e que não há indícios de fraude.
É falso que Trump lidera pesquisas em estados onde urnas foram incendiadas
O ex-presidente Donald Trump não lidera as pesquisas de intenção de votos nos dois estados em que foram incendiadas urnas com votos antecipados. Em Oregon e Washington, locais em que houve registro de vandalismo, os governadores são do Partido Democrata, e Kamala Harris lidera as pesquisas.
CNN não divulgou derrota de Trump no Texas antes do fim da votação
Não é verdade que a CNN noticiou antes do início da apuração dos votos que Donald Trump teria perdido a eleição no estado do Texas. Além de a emissora negar ter veiculado qualquer informação do tipo, há indícios de que o registro é uma montagem.
É falso que autoridades encontraram cédulas fraudadas na Pensilvânia
Não é verdade que foram encontradas 2.600 cédulas de votação com indícios de fraude no estado americano da Pensilvânia. As autoridades estão revisando, na realidade, formulários de registro de eleitores — enviados por cidadãos para solicitar autorização para participar do pleito. Como essas pessoas não chegaram a registrar seus votos, o suposto problema não interfere no resultado eleitoral.
Posts compartilham print de site de apostas para indicar suposta vantagem de Trump nos EUA
Não é verdade que o “maior projetor” de intenções de voto das eleições americanas aponta uma larga vantagem de Trump sobre Kamala na disputa pela Presidência. O Polymarket, site compartilhado pelos posts enganosos, é uma plataforma de apostas que aceita lances de qualquer país e não tem uma metodologia para evitar vieses políticos e demográficos.
É falso que urnas na Califórnia escondem nome de Trump da lista de candidatos
As peças de desinformação omitem que a legislação estadual determina que a ordem dos candidatos nas urnas e nas cédulas de votação é aleatória e varia de distrito para distrito.
É falso que voto para Trump foi computado para Kamala Harris
Não é verdade que as urnas eletrônicas no estado americano de Kentucky estão computando votos em Trump para Kamala. A denúncia que circula nas redes de fato ocorreu, mas o caso foi solucionado e segundo autoridades locais, o problema não se repetiu.
Erro de emissora na Pensilvânia não prova fraude para Kamala Harris
Não é verdade que uma emissora dos Estados Unidos divulgou antecipadamente os resultados da eleição presidencial e que isso seria um indício de fraude. Trata-se de um erro de uma afiliada da ABC na Pensilvânia, que transmitiu números gerados aleatoriamente durante um teste de equipamentos.
Kamala Harris
Escolhida para representar o Partido Democrata depois da desistência de Joe Biden, em julho, a vice-presidente foi alvo de peças de desinformação que distorceram suas declarações e propostas de campanha para associá-la à censura e ao comunismo. A candidata também foi acusada de mentir sobre seu currículo profissional e se tornou alvo de teorias conspiratórias transfóbicas.
- Não há registros de filmagens de Kamala Harris em festas de Diddy
- Posts distorcem vídeo para fazer crer que Kamala expulsou de comício cristãos que louvaram Jesus
- Imagens não mostram Kamala Harris ao lado do rapper Diddy
- Vídeo em que Kamala Harris chama jovens de ‘estúpidos’ foi tirado de contexto
- Kamala Harris não defendeu censura ao X
- Vídeo que mostra Kamala Harris tirando selfie com cartazes comunistas foi manipulado
- Posts usam vídeo satírico para acusar Kamala Harris de inflar público de comício com IA
- Vídeo de Kamala Harris dizendo que ‘hoje é hoje’ foi alterado por IA
- É falso que Kamala Harris seja inelegível por ser filha de imigrantes
Donald Trump
O ex-presidente foi protagonista de posts enganosos em julho, quando sofreu uma tentativa de homicídio. Conhecido por disseminar alegações infundadas sobre fraude, Trump também disseminou desinformações sobre o sistema eleitoral nas redes e em comícios.
- É falso que Michael Jordan declarou apoio a Trump
- É montagem foto que mostra Lana del Rey com boné de Trump
- Trump não disse que Bolsonaro é corrupto e ‘está prestes a ser preso’
- Posts usam foto de outra pessoa para sugerir que autor de atentado contra Trump era trans
- Serviço Secreto não desautorizou disparo em autor de atentado contra Trump
- Não há laudo de perícia que ateste que Trump forjou ferimento com ‘sangue falso’
- Vídeo mostra corpo de vítima, e não de autor do atentado contra Trump
- Posts usam vídeo editado para alegar que atentado contra Trump foi encenado
- Foto mostra jornalista italiano, não autor de atentado contra Trump
- Vídeo em que Trump prevê ‘banho de sangue’ nos EUA caso não seja eleito foi editado
Joe Biden
Antes de o atual presidente desistir de concorrer à reeleição por pressão de aliados, ele foi alvo de montagens que questionavam sua capacidade física e mental de ocupar a Casa Branca. As peças de desinformação circularam com maior intensidade no primeiro semestre deste ano.
- Biden não disse que ele e Kamala estão comprometidos com a imigração ilegal
- Piada de Biden é editada para fazer crer que presidente ‘travou’ durante discurso
- É falso que gravação mostra Biden tentando se sentar em cadeira que não existe
- Biden não proclamou o domingo de Páscoa como o Dia da Visibilidade Trans