O que checamos sobre Paes, reeleito prefeito do Rio, na campanha deste ano

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Após uma campanha em que liderou as pesquisas de intenção desde o início, Eduardo Paes (PSD) foi reeleito prefeito do Rio de Janeiro neste domingo (6), com 60,44% dos votos (com 96,5% das urnas apuradas).

Desde a pré-campanha, Aos Fatos acompanhou e checou discursos, entrevistas e debates com a participação de Paes. A seguir, listamos os argumentos desinformativos usados pelo prefeito reeleito.

Confira abaixo o que checamos.

'Aliás, nós fomos a primeira capital a anunciar que compraríamos vacina, caso, então, o governo federal não fizesse.' — em vídeo publicado em 22.jun.2024.

O Rio de Janeiro não foi a primeira capital a anunciar que compraria vacina contra a Covid-19 para imunizar a população da cidade, caso o governo federal não fizesse. Curitiba, capital do Paraná, anunciou um acordo para aquisição dos imunizantes 13 dias antes.

Paes assinou um termo de cooperação com o Instituto Butantan, instituição pública ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para a aquisição da vacina CoronaVac contra a Covid-19 no dia 20 de dezembro. Em 7 de dezembro de 2020, a Prefeitura de Curitiba informou que tinha chegado a um acordo com o governo de São Paulo para a compra do imunizante.

A declaração de Paes também omite que o governo do estado de São Paulo foi o responsável por fechar um acordo de transferência de tecnologia em junho de 2020 entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech para a produção da vacina contra a Covid-19 e sua posterior distribuição para as prefeituras de São Paulo, o que incluía a capital paulista.

'Nós tivemos quase 90% dos nossos compromissos cumpridos.' — no debate da Band, em 8.ago.2024

Paes faz referência a um monitoramento do g1 sobre suas promessas de campanha que já havia citado em outras ocasiões. O prefeito, no entanto, distorce os dados apresentados pelo veículo, que mostram que foram cumpridos integralmente apenas 23 das 47 promessas da campanha de 2020 — ou seja, 48,94%, e não 90% do total. Por isso, a declaração é FALSA.

O monitoramento também aponta que 18 promessas foram parcialmente cumpridas até o início de agosto, o que representa 38,3% do total. Somando as duas categorias, o percentual chega a 87,24%, valor próximo ao citado pelo prefeito.

'Hoje, o orçamento da Saúde na Prefeitura do Rio, para cuidar só da cidade do Rio de Janeiro, é maior do que o do estado para cuidar de todo o estado do Rio de Janeiro.' — no debate da Globo, em 3.out.2024

A declaração do prefeito é FALSA, porque o orçamento total da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro não é superior ao valor previsto para a Secretaria Estadual de Saúde.

A LOA (Lei Orçamentária Anual) deste ano previu R$ 9,1 bilhões em recursos para a Secretaria Municipal de Saúde, dos quais R$ 6,6 bilhões já foram empenhados. Já o orçamento previsto para a Secretaria Estadual de Saúde neste ano é de R$ 10,8 bilhões, sendo que R$ 9,5 bilhões já foram empenhados.

'(...) a nossa taxa de cobertura da atenção primária deu um salto histórico. Passou de 3,5% [em 2009] para 70% [em 2016]' — em vídeo publicado em 22.jun.2024.

Dados do Ministério da Saúde sobre a atenção primária no Brasil mostram que a cobertura na cidade do Rio de Janeiro em janeiro de 2009 — no início do primeiro mandato de Eduardo Paes — era de 21,5%, e não de 3,5%. Em dezembro de 2016, último mês do segundo mandato do prefeito, o percentual subiu para 68,62%.

O percentual de 70% foi atingido em janeiro de 2017, no primeiro ano do mandato de Marcelo Crivella (Republicanos). A taxa se manteve acima desse percentual ao longo daquele ano. Nos anos seguintes, no entanto, houve uma queda progressiva na cobertura, até atingir a taxa de 45,98% em dezembro de 2020, último mês de Crivella no poder.

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