Mediador
Olá, boa noite. Bem vindos aos estúdios Globo, no Rio de Janeiro, no último debate entre os candidatos à Presidência neste primeiro turno da eleição. Mais uma oportunidade de avaliar planos e ideias dos candidatos: Alvaro Dias, do Podemos; Ciro Gomes, do PDT; Henrique Meirelles, do MDB; Guilherme Boulos, do PSOL; Geraldo Alckmin, do PSDB; Marina Silva, da REDE; e Fernando Haddad, do PT. O candidato Jair Bolsonaro, do PSL, também foi convidado, mas informou que não poderia comparecer porque ainda se recupera de um atentado que sofreu no dia 6 de setembro. Um sorteio determinou o posicionamento dos candidatos no estúdio. E para não prejudicar os candidatos e quem acompanha pela TV, eu peço que os convidados aqui atrás se mantenham em silêncio na plateia. Mas só depois dos aplausos para os nossos candidatos. Muito obrigado, muito obrigado pela presença da plateia, que atendeu prontamente ao pedido de aplausos. Agradeço à plateia, agradeço aqui a presença dos senhores candidatos. Neste debate os candidatos irão fazer perguntas entre si ao longo de quatro blocos. No primeiro e no terceiro, com um tema livre; no segundo e no quarto blocos, com temas sorteados por mim aqui. A ordem das perguntas já foi sorteada na presença de representantes dos candidatos. No fim do quarto bloco, cada um vai ter direito a uma mensagem final para o eleitor, em ordem também já estabelecida por um sorteio. O candidato que se sentir ofendido ou caluniado pode pedir para exercer o seu direito de resposta; eu e a produção vamos analisar o pedido e anunciar a decisão assim que possível. Se esse pedido for considerado procedente, o candidato vai ter um minuto para se defender. Então, nós vamos começar. Como eu disse, nesse primeiro, bloco o tema é livre e todos os candidatos têm que ser questionados uma vez e fazer a pergunta a algum candidato que ainda não tenha respondido. Como eu disse, teve um sorteio, e o sorteio determinou que quem faz a primeira pergunta desta noite é o candidato do PDT, Ciro Gomes. Eu peço ao candidato que se aproxime aqui do púlpito, essa é uma dinâmica que vai se repetir ao longo do debate todo. Boa noite, candidato, por favor diga a quem o senhor quer dirigir a sua pergunta.
Ciro Gomes
Boa noite, Bonner. Eu convido a candidata Marina Silva.
Mediador
Candidata Marina, por favor, pode vir ao púlpito. A pergunta tem 30 segundos, a resposta tem 1 minuto e meio.
Ciro Gomes
Minha cara Marina, em 2014, Aécio e Dilma marcaram uma disputa assentada no ódio. Praticamente empataram a eleição, a diferença foi mínima. E, a partir daí, a política brasileira não teve mais sossego. Até desaguarmos para o impeachment, para o Temer, e a pior crise da história do Brasil. Parece que as coisas no Brasil caminham para uma repetição trágica dessa história. Você acha que um presidente eleito nessas mesmas circunstâncias vai conseguir governar? Ou será que haverá um outro impeachment no Brasil?
Marina Silva
Ciro, eu não acredito que, a permanecer essa polarização, se tenha condição de governar o Brasil. Nós temos a oportunidade, agora, de poder fazer a mudança. O voto de uma pessoa pode ser usado para melhorar a saúde, melhorar a educação. Melhorar, sobretudo, o sistema político, que está degradado. A permanecer essa guerra, em que alguns estão votando por medo do Bolsonaro e outros estão votando por medo do Haddad, ou estão votando porque têm raiva um do outro, o Brasil vai ficar 4 anos vivendo uma situação de completa instabilidade econômica, política e social. Nós temos a oportunidade, agora, de fazer a diferença. Mas essa diferença é a população que pode fazer. Nós temos alternativas para poder fazer essa escolha, e é por isso que eu tenho me colocado como uma alternativa. Porque desde 2010, Ciro, eu estou dizendo que o Brasil iria para essa situação que estamos vivendo hoje – de ódio, de separação. E neste momento agora, com as propostas que tenho apresentado, para a saúde... Eu estou preparada para unir o Brasil. Porque graças a Deus tenho dito, desde 2010. E se ganhar, vou governar com os melhores. Eu não tenho preconceito contra ninguém.
Mediador
Candidato, o senhor tem um minuto para a réplica.
Ciro Gomes
As palavras da Marina são muito sábias. E o brasileiro que está nos ouvindo, que não decidiu ainda ou que admite mudar o seu voto, deve ouvi-las porque eu as repetirei ao longo desse debate. O Brasil tem problemas que nós precisamos ajuizar. O que está em jogo aqui não é paixão partidária. O que está em jogo aqui não é ódio, muito menos. O que está em jogo aqui, meu irmão, minha irmã brasileiros, são 13 milhões e 700 mil pessoas desempregadas;
32 milhões de brasileiros saindo de manhã, de madrugada, para viver de bico, desprotegido de qualquer lei.
De acordo com o IBGE, o Brasil possui cerca de 40,9 milhões de pessoas na informalidade e, portanto, a declaração é VERDADEIRA. São classificados como trabalhadores informais os que não possuem carteira de trabalho (17,8 milhões) e os trabalhadores por conta própria (cerca 23,1 milhões). Aos Fatos já checou esse assunto anteriormente.
O que está em jogo aqui são 63 milhões de brasileiros com o nome humilhado, no SPC. 63 mil jovens brasileiros foram assassinados nos últimos 12 meses, 60 mil brasileiras mulheres foram estupradas e nem sequer justiça temos. Eu acumulei ficha limpa, experiência, e tenho um projeto. Mas respeito outras forças que estão aqui, mas afirmo a você, meu irmão, minha irmã: o Brasil precisa construir um novo caminho.
Marina Silva
A gente precisa construir um novo caminho, uma nova maneira de caminhar, como diz o poeta Thiago de Mello, e nós haveremos de encontrar. Eu não acredito nessa tentativa de fazer com que as eleições sejam apenas um plebiscito a partir das pesquisas. Até o dia 7 de outubro você tem a oportunidade de pôr um basta nessa ideia de que a gente vai para a urna para decidir em função do medo ou em função do ódio. Você tem que decidir porque você tem esperança em um Brasil que seja justo, em um Brasil que não feche as portas para o seu futuro. Nós estamos fechando as portas para o futuro se continuarmos fazendo a política do medo. É por isso que eu tenho comigo as melhores pessoas para governar o Brasil. Eu tenho a pessoa que idealizou o SUS, o Plano Real e o Bolsa Família. E é assim que nós vamos governar o Brasil, com uma equipe competente.
Mediador
Candidatos, muito obrigado. Eu vou pedir agora que se aproxime, por favor, o candidato do PSDB Geraldo Alckmin que, pelo sorteio, é quem tem o direito de fazer a pergunta agora. Candidato, o senhor escolhe a quem vai dirigir a sua pergunta.
Geraldo Alckmin
Eu vou fazer a pergunta ao candidato Fernando Haddad.
Mediador
Por favor, candidato. A pergunta tem 30 segundos, lembrando; a resposta tem 1 minuto e meio.
Geraldo Alckmin
Olha, eu vou perguntar ao candidato Fernando Haddad e, aí, eu vou dizer o seguinte: nós estamos vivendo no Brasil o resultado de um grande equívoco de natureza econômica. O PT acabou gastando mais do que arrecadava.
Quem assumir no ano que vem, vai assumir já com um déficit de quase 139 bilhões de reais...
De fato, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 prevê uma meta de déficit primário de R$ 139 bilhões para o governo central.
13 milhões de pessoas desempregadas. O candidato vai insistir no modelo petista de governar?
Fernando Haddad
Boa noite, telespectador; boa noite, Geraldo. Os nossos governos foram responsáveis pela maior economia já feita nas finanças públicas do país.
Enquanto quem governava era o Fernando Henrique Cardoso, do partidário Geraldo Alckmin, a carga tributária aumentou de 26% para 32%
A carga tributária bruta do governo geral (Governo Central, Estados e Municípios) passou de 28,1% do PIB, no primeiro ano de mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995, para 32% do PIB, no último ano de mandato, em 2002, de acordo com dados do relatório do IFI (Instituto Fiscal Independente). No segundo ano do governo de FHC, a taxa foi de 26,4%, menor patamar nos últimos 22 anos, por isso a afirmação é VERDADEIRA.
Em 2017, a carga tributária bruta foi de 32,3% do PIB.
e a dívida pública dobrou no mesmo período. Detalhe: a carga tributária aumentou 6% do PIB no ombro do trabalhador, no preço sobre o consumo.
No nosso período, a dívida pública caiu pela metade.
A declaração de Haddad sobre a dívida ao longo dos governo petistas é FALSA. A dívida pública, medida pelo indicador da Dívida Bruta do Governo Geral, o DBGG, de fato recuou ao longo do governo petista. A partir de 2014, ainda no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT), no entanto, o endividamento do governo voltou a crescer.
A DBGG , de acordo com dados da série histórica do Banco Central, atualizados para o IPCA de agosto de 2018, era de R$ 2,845 bilhões, em janeiro de 2003, representando 77,36% do PIB. Em janeiro de 2014, a DBGG era de R$ 4,180 bilhões, representando 57,72% do PIB. Em maio de 2016, o último ano do governo Dilma, a DBGG estava em R$ 4,791 bilhões, representando 72,43% do PIB.
Nós pagamos o FMI.
O Brasil realmente saldou sua dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional) em dezembro de 2005. O governo Lula pagou os US$ 15,5 bilhões restantes do valor de um empréstimo negociado com a entidade em 2002. Na época, inclusive, o diretor-gerente do Fundo, Rodrigo Rato, elogiou a decisão: "Essa decisão reflete o fortalecimento da posição externa do Brasil, em especial os recorrentes superávits comerciais e de conta corrente e as fortes entradas de capital, que aumentaram muito as reservas e reduziram a dívida externa". No entanto, o que Haddad não diz é que, para quitar a dívida com o FMI, Lula precisou contrair dívidas internas e externas, como explicado em uma reportagem da Época Negócios: para a quitação de uma dívida que custava apenas 4% de juros, o ex-presidente entrou em outras com taxas muito maiores. No artigo “A Política Externa Brasileira em relação ao Fundo Monetário Internacional durante o Governo Lula”, publicado na revista científica Revista Brasileira de Política Internacional, essa visão também aparece: “diversos economistas e associações da sociedade civil defenderam que o governo brasileiro teria priorizado o pagamento de uma dívida que não precisava ser quitada naquele momento pelo simples fato de apresentar um taxa de juros bastante baixa (4% ao ano)”.
Nós acumulamos quase US$ 400 bilhões de reservas cambiais.
Durante o governo do PT, considerando apenas valores nominais, ou seja, sem reajuste pela inflação, as reservas internacionais brasileiras totalizaram US$ 380 bilhões, segundo dados do Banco Central.
O que o candidato Geraldo Alckmin não reconhece é que depois que o seu partido foi derrotado em 2014 – e, felizmente, um correligionário dele admitiu em uma entrevista recente – o PSDB se associou ao Michel Temer para sabotar o governo, aprovando as chamadas pautas-bomba: gastos desnecessários, aumento para a cúpula do funcionalismo público, um absurdo... Aumentando acima do teto, com auxílios dos mais diversos, de quem já ganhava bem. E foi isso o que levou o país à crise, e não a política responsável com as finanças públicas que nós fazemos.
Geraldo Alckmin
Olha, nós discordamos totalmente. E eu quero falar com você, que está nos ouvindo. O PT terceiriza responsabilidade. , e o que o Fernando Henrique tem que ver com isso? A não ser o fato de que ele fez o Plano Real, e o PT votou contra o Plano Real. E o PT votou sempre contra, e a favor do corporativismo. Nós temos com quem escolher o tema? Foi o PT, foi a Dilma, quando disse que iria “fazer o diabo” para ganhar a eleição. Ganharam a eleição dando um golpe no eleitor, porque depois ficou ingovernável o país. Eu não acredito que o PT, e nem também o Bolsonaro, vão tirar o Brasil da crise. Eu acho que nós precisamos unir o país, fazer as reformas, reformas rápidas – no começo do governo –, recuperar a confiança, e o Brasil vai voltar a crescer, mas não com a irresponsabilidade do PT.
O PSDB está fora do governo há 16 anos
A última vez o PSDB teve um presidente filiado ao partido foi em 2002, no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Apesar disso, o PSDB participou ativamente do governo de Michel Temer (MDB-SP) chegando a ter 5 ministros filiados ou ligados ao partido. Por isso, mesmo que há 16 anos, o presidente da República não seja filiado ao partido, a afirmação de Alckmin é falsa porque o partido participa do governo Temer. Ao assumir o governo após o impeachment, em agosto de 2016, Temer nomeou dois ministros do PSDB dos 24 ministros nomeados: Bruno Araújo (PSDB-PE) para o ministro das Cidades, José Serra (PSDB-SP) para ministro das Relações Exteriores e um ministro ligado ao partido: Alexandre de Moraes, ministro da Justiça e Cidadania e ex-secretário da Segurança de São Paulo durante o governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP). Em fevereiro de 2017, Temer nomeou dois ministros filiados ao PSDB: Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para ministro da Secretaria de Governo e Luislinda Valois (PSDB-BA) para ministra de Direitos Humanos. Hoje, o único ministro remanescente do PSDB é Aloysio Nunes, que substituiu o ex-ministro tucano José Serra no Itamaraty, afastado por problemas de saúde.
E o que o Fernando Henrique tem que ver com isso? A não ser o fato de que ele fez o Plano Real, e o PT votou contra o Plano Real. E o PT votou sempre contra, e a favor do corporativismo. Nós temos com quem escolher o tema? Foi o PT, foi a Dilma, quando disse que iria “fazer o diabo” para ganhar a eleição. Ganharam a eleição dando um golpe no eleitor, porque depois ficou ingovernável o país. Eu não acredito que o PT, e nem também o Bolsonaro, vão tirar o Brasil da crise. Eu acho que nós precisamos unir o país, fazer as reformas, reformas rápidas – no começo do governo –, recuperar a confiança, e o Brasil vai voltar a crescer, mas não com a irresponsabilidade do PT.
Fernando Haddad
Geraldo, nós vamos recuperar as finanças públicas mas não como vocês querem, cortando direitos. Vocês estão cortando direitos do trabalhador, vocês estão cortando direitos sociais, apoiando o governo Temer desde a primeira hora.
[O PSDB] Indicaram 4 ministros [no governo Temer].
Como já explicado por Aos Fatos, Ao assumir o governo após o impeachment, em agosto de 2016, Temer nomeou dois ministros do PSDB dos 24 ministros nomeados: Bruno Araújo (PSDB-PE) para o ministro das Cidades, José Serra (PSDB-SP) para ministro das Relações Exteriores e um ministro ligado ao partido: Alexandre de Moraes, ministro da Justiça e Cidadania e ex-secretário da Segurança de São Paulo durante o governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Em fevereiro de 2017, Temer nomeou dois ministros filiados ao PSDB: Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para ministro da Secretaria de Governo e Luislinda Valois (PSDB-BA) para ministra de Direitos Humanos.
Por que o PT não tem ministro no governo Temer e o PSDB tem 4 ministros? Ainda agora, tem 1 remanescente nas Relações Exteriores; inclusive, elogiando o Bolsonaro, que você critica. Isso é grave. Cortar direito do trabalhador para acertar as contas públicas não se faz. Tem que cobrar do andar de cima, e não dar privilégios para o andar de cima como vocês recentemente fizeram, aprovando o reajuste do judiciário, que é o funcionário público que mais ganha, e querendo aprovar uma reforma previdenciária no lombo do trabalhador rural, da pessoa com deficiência. Isso não se faz. Isso o PT jamais fará.
Mediador
Candidatos, muito obrigado. Agora é a vez de chamar aqui ao púlpito o candidato Alvaro Dias, e é ele quem vai fazer a próxima pergunta. Candidato, a quem o senhor vai dirigir a sua pergunta?
Alvaro Dias
Henrique Meirelles.
Mediador
30 segundos para a pergunta, candidato.
Alvaro Dias
Finalmente estou aqui, neste grande palanque eletrônico do país, o maior de todos, seguramente. Posso dizer, muito prazer Willian Bonner, eu o vejo pessoalmente pela primeira vez. Outros tiveram o privilégio antes. Hoje eu gostaria de fazer uma pergunta ao candidato do PT, mas ele não está. Está preso em Curitiba...
Mediador
Seu tempo, candidato.
Alvaro Dias
Eu pergunto então ao Meirelles. Candidato, o que você fará…
Mediador
Acabou seu tempo...
Alvaro Dias
O que você fará...
Mediador
Candidato, candidato, eu tenho que interrompê-lo. Perdão (risos), o senhor ultrapassou seu tempo de 30 segundos. Para sermos justos, me perdoe.
Alvaro Dias
É que eu quis fazer uma saudação especial, Willian Bonner.
Mediador
Eu agradeço. Candidato Meirelles, o senhor tem um minuto e meio...
Alvaro Dias
Eu acho ótimo, acho ótimo.
Henrique Meirelles
Nós estamos vivendo uma situação aqui onde estamos vendo muita briga de candidatos e muitas poucas propostas. No entanto, é o momento de fazermos propostas. É o momento em que o Brasil quer saber o que que cada candidato propõe para os próximos anos. E eu tenho uma história para mostrar e portanto eu tenho condições de dizer que eu vou trabalhar para criar empregos no Brasil e para melhorar a sua renda. Para criar condições para que todos os brasileiros possam melhorar a sua vida, possam mandar os seus filhos para as escolas e podemos, aí sim, com o país crescendo, aumentando a arrecadação, nós vamos ter condições de ter uma boa educação, de ter segurança, porque todos têm direito de dormir em paz, trabalhar em paz e não se preocupar com seus filhos, porque é dever do Estado garantir segurança. E, ao mesmo tempo, vamos também fazer com que a saúde (...) merece. Nós vamos informatizar o SUS e que cada um possa marcar a sua consulta eletronicamente e não vai esperar (...) E nós vamos melhorar a educação (...), vamos melhorar a educação.
Alvaro Dias
Olha, eu trouxe a pergunta por escrito e eu vou entregar o final para o Haddad para que leve para o candidato do PT, que está preso em Curitiba, já que ele o visita todas as segundas- feiras. E eu quero dizer ao Meirelles que nós estamos discutindo muito nessa campanha eleitoral o que é periférico, e estamos deixando discutir o que é essencial: o modelo que nos governa. O modelo corrupto, incompetente, esse balcão de negócios, o aparelhamento do Estado, do loteamento dos cargos, da relação desonesta entre os poderes, dos privilégios das autoridades. De um governo inchado e gastador, de um legislativo também inchado e gastador. Quando nós falamos em reduzir o número de políticos, nós encontramos resistência, mas se nós não mudarmos esse modelo, Meirelles, podem chamar o Meirelles. Ele não resolverá problema algum.
Mediador
Tempo esgotado, candidato. A tréplica do candidato Meirelles. Em um minuto.
Meirelles
Vocês podem também chamar o Meirelles que nós vamos desenvolver o Brasil e melhorar a sua vida. Mas eu tenho absoluta tranquilidade para lidar com o tema do uso de cargos e de corrupção (sic) e de tudo aquilo que preocupa hoje fortemente os brasileiros. Por quê? Em 33 anos de trabalho em empresas e 10 anos de serviço público...
Eu nunca tive uma denúncia por corrupção. Não tenho nenhum processo.
Henrique Meirelles nunca foi denunciado por corrupção nem tem processos judiciais em aberto. Por isso, a declaração do candidato do MDB foi considerada VERDADEIRA. Apesar de não ter processos, Meirelles foi alvo de dois inquéritos, um em 2005 e outro em 2010. O inquérito de 2005 foi aberto à pedido do então Procurador-Geral da República Claudio Fonteles pediu ao STF para quebrar o sigilo de Henrique Meirelles, na época presidente do Banco Central, para averiguar se ele fez remessa ilegal de R$ 1,37 bilhão para o exterior, que é um tipo de crime contra o sistema financeiro, e se praticou sonegação fiscal, por meio de empresas controladas por ele. A investigação foi arquivada em julho de 2007 à pedido do então Procurador-Geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, que apontou “a inexistência de elementos suficientes à seqüência do inquérito”. Em 2010, a pedido da Procuradoria Geral da República, foi aberto inquérito no STF para investigar o envolvimento de Meirelles em crimes contra a ordem tributária. A investigação correu em segredo de justiça e foi arquivada sem gerar processo contra Meirelles.
Aliás, candidato, eu estou pensando em criar o movimento dos sem processos, porque com isso, nós vamos de fato fazer algo importante para a população brasileira hoje. E eu vou propor que, de um lado se dê toda força sim à Lava-jato, por outro lado, nós vamos fazer com que se nomeie sempre uma equipe de qualidade como eu sempre fiz, primeiramente.
Mediador
Muito obrigado, candidatos. O sorteio determina agora que se aproxime, por favor, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, e que tem direito de escolher a quem vai dirigir a pergunta.
Guilherme Boulos
Vou perguntar ao candidato Geraldo Alckmin.
Mediador
Candidato Alckmin, por favor. Lembrando: 30 segundos para a pergunta, candidato.
Guilherme Boulos
Alckmin, boa noite a você e a todos e todas que nos assistem. É, você, junto com o Temer, com o Bolsonaro, apoiou a Reforma trabalhista, que retirou direitos históricos dos trabalhadores. Para vocês, para o trabalhador ter emprego, ele não pode ter direito. Para o trabalhador ter emprego, ele não pode ter carteira assinada, férias. Aliás, o vice do Bolsonaro defendeu a mesma coisa. Quero saber, Alckmin, porque sempre vocês cortam nos direitos e nunca nos privilégios da sua turma.
Geraldo Alckmin
Olha, aqui há uma grande diferença. O Boulos, como o PT, defendem o corporativismo, e nós não. A Reforma trabalhista foi necessária, ela foi importante para acabar com “cartórios”.
O país tinha 17, ainda tem, 17 mil sindicatos...
... no imposto sindical, na contribuição obrigatória. Aliás, o mais absurdo, 5700 patronal, isso é um absurdo verdadeiro. Nenhum direito foi tirado. Nenhum. E nem pode tirar, nenhum. Então é uma inverdade isso que tá colocado. O que o Brasil precisa é voltar a crescer, e para o Brasil voltar a crescer, sair desse marasmo, nós temos que fazer reformas. Reforma política, reforma tributária, simplificar o modelo tributário, Reforma do Estado. O PT criou 43 empresas estatais, inclusive a tevê o Lula. Gastou mais de 2 bilhões de reais. A Santa Casa aqui da cidade do Rio de Janeiro está fechada, por falta de 200 milhões de reais. Eu vou enxugar a máquina, fazer a Reforma do Estado, privatizar, trazer investimentos paro o Brasil recuperar a confiança e o Brasil vai voltar a crescer. O que a população quer é ter emprego e nós vamos trabalhar para ter emprego na veia. O governo perdeu a capacidade de investimento e nós vamos trazer investimento privado, para o Brasil voltar a crescer.
Guilherme Boulos
Olha, nós estamos de fato em lados opostos. Você é da turma dos privilégios, eu, sou da turma dos direitos. Dizer que a reforma trabalhista não tirou direitos dos trabalhadores é brincar com você que está nos assistindo, que sabe hoje o quanto é difícil encontrar um emprego com carteira assinada, e ficou ainda pior. Veja, você chama, Alckmin, de Custo Brasil. Para vocês, direito é um custo, para nós, custo é outra coisa. Custo é um bilhão de reais que vai para pagar auxílio moradia de juiz e deputado que mora em mansão. Custo é R$ 400 bilhões que vão todos os anos para pagar juros abusivos para banqueiros e agiotas no sistema da dívida pública. Nós temos coragem para enfrentar os privilégios e para revogar essa reforma trabalhista absurda. Nós vamos anular isso. Por isso, no domingo, é que vale a pena votar 50. Boa tarde, pessoal.
Geraldo Alckmin
Ele não citou um direito que foi retirado. Porque não foi retirado direito nenhum, e nem é possível retirar direitos. Não existe isso. A gente precisa falar as coisas verdadeiras. O maior desafio do mundo moderno é emprego, em razão das mudanças tecnológicas, o país não pode ter uma lei da década de 80. Então é evidente que a reforma foi necessária, de lá para cá, 210 mil empregos foram criados. Essa questão do Temer- quero aqui também responder ao Haddad, que ele teve a última palavra- o Temer é responsabilidade do PT, foi o PT que escolheu o Temer. Aliás, escolheu duas vezes, é reincidente, escolheu em 2010 e escolheu em 2014. Eu não votei no Temer. Então é um absurdo, é a terceirização da responsabilidade. Não assumem a responsabilidade e querem terceirizar para os outros. No meu governo vai ser do emprego, da renda, do desenvolvimento do país.
Mediador
Candidatos, obrigado. O próximo candidato a fazer pergunta, pelo sorteio, é o Henrique Meirelles. Eu peço que o senhor se aproxime. Ih, seu microfone caiu, candidato. O senhor pode trazer, pode segurar, com a mão. Não tem problema nenhum. Me perdoe, é só guardar no bolso do paletó também. Não é grave. Funcionará do mesmo jeito. O senhor pode se aproximar. Isso… não tem problema… Eu uso assim no Jornal Nacional todas as noites. (Risos) Candidato, a quem o senhor vai dirigir sua pergunta?
Henrique Meirelles
Ao candidato Ciro Gomes.
Mediador
Por favor, candidato Ciro Gomes do PDT. 30 segundos para a pergunta, candidato.
Henrique Meirelles
Há quase 30 anos, o Brasil escolheu Fernando Collor presidente, que se intitulava o “Salvador da Pátria”. Ele confiscou a poupança, a inflação voltou e tudo terminou em desastre. Ele sequer terminou o mandato, sofrendo o impeachment. Candidato, porque que essa história de salvador da pátria sempre dá errado e termina em desastre e sofrimento para a população?
Ciro Gomes
Meu caro Meirelles, a sua pergunta é muito importante porque talvez seja a hora mais grave do brasileiro, nós todos aprendermos a importância de votar em projeto, em ideia. Porque os homens, eles devem ter a noção de que nós somos passageiros, nenhum de nós é dono da verdade, nenhum de nós é capaz de governar uma nação de 208 milhões e 500 mil pessoas com mil contradições, mil lindezas, mil maravilhas, mil defeitos, mil dificuldades. Esse é o grande drama do Brasil nesse momento. O choque entre duas personalidades exuberantes: é o lulismo e o anti-lulismo que o Bolsonaro interpreta. Eu compreendo isso, compreendo, sou humilde diante da realidade. É por isso que eu estou determinado, tenho pedido a Deus que ilumine a minha palavra, para que a gente possa oferecer ao povo brasileiro outro caminho. Não é para negar ninguém, mas na sua pergunta tem uma grande sabedoria. Não existe salvador da pátria. Vamos raciocinar um pouquinho: aqueles problemas todos que o Brasil estava falando, passam também por problemas econômicos.
220 mil lojas fecharam no Brasil nos últimos 3 anos.
No triênio 2015-2016-2017, um total de 226,5 mil lojas fecharam as portas no Brasil, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Foram 101,9 mil pontos fechados em 2015, 105,3 mil em 2016 e 19,3 mil em 2017.
13 mil indústrias fecharam no Brasil nos últimos 3 anos.
A declaração de Ciro é IMPRECISA porque, na verdade, essas indústrias foram fechadas de 2013 a 2016, e não nos últimos três anos. Apenas a Pesquisa Industrial Anual do IBGE apresenta dados sobre o número de indústrias no país e a edição mais recente é de 2016. De acordo com essa pesquisa, em 2016 haviam 321.186 mil indústrias ativas no país, enquanto em 2013 esse número era de 334.976. No total, portanto, foram fechadas aproximadamente 13.790 indústrias nesses quatro anos. Se considerarmos de 2014 a 2016, o número de fechamento é inferior ao mencionado por Ciro, nesses três anos foram 12.564 indústrias encerraram as atividades.
É uma coisa absolutamente grave e complexa o momento brasileiro. E o cenário internacional, numa guerra importante comercial dos Estados Unidos com a China. Mexendo e exigindo muita experiência, muita capacidade de intervenção. E o brasil dançando a beira do abismo com esse tipo de confrontação.
Henrique Meirelles
Concordo integralmente e acho que é um momento em que o Brasil precisa de competência, é um momento em que o Brasil precisa de experiência, que o Brasil precisa de propostas concretas, alguém que já tenha mostrado resultados e que tenha condições de administrar o país. Eu trabalhei no governo durante 10 anos e criei através das políticas que implantei cerca de 12 milhões de empregos e, mais importante do que isso, a vida dos brasileiros melhorou nesse período. Agora, por exemplo, tiramos o Brasil da maior recessão da história. Chegamos na superfície, saímos do fundo do poço, mas tá na hora agora de começar a crescer. Eu tenho várias propostas objetivas para o país, como, por exemplo, a criação do Pró-Criança, um programa para oferecer creches para toda a população infantil...
... com 7 milhões de crianças precisando de creche...
Meirelles comete um erro na interpretação dos dados. Segundo a pesquisa “Aspectos dos cuidados das crianças de menos de 4 anos de idade” do IBGE, publicada em 2017 com dados de 2015, 74,4% das crianças com menos de quatro anos (cerca de 7,7 milhões) não frequentavam creches. Isso não significa que todas elas precisem de creche. Desse contingente, conforme mostra o estudo, 61,8% de seus responsáveis demonstravam interesse em matricular na creche, o que representa 4,7 milhões dos casos.
... e outras propostas.
Ciro Gomes
O estimado amigo, nós somos colegas, não é? Tem uma história de vida brilhante, menos essa passagem com Michel Temer que, de fato, não lhe honra nem lhe faz a melhor justiça, o que não desmereça a sua longa folha de serviços prestados ao Brasil. E por isso eu lhe respeito e lhe tenho na conta de um bom amigo, discordando de todas as compreensões. O Brasil precisa ativar quatro motores pra de fato falarmos em desenvolvimento, emprego, salário e dinheiro para melhorar a saúde, educação, segurança, a infraestrutura, tudo em pandarecos. Resolver o endividamento das famílias, o programa Nome Limpo, pra limpar o nome das pessoas que ...
... aos 63 milhões tão com nome no SPC ...
A afirmação de Ciro é VERDADEIRA. De acordo com o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, é estimado que o Brasil tenha aproximadamente 63,3 milhões de brasileiros com algum atraso de pagamento de contas. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.
... resolver o colapso do endividamento dos empresários - temos que trazer uma reestruturação da capacidade de investimento de empresário; corrigir a conta pública, cobrando mais imposto dos muitos ricos e diminuindo a tributação na classe média e do povo trabalhador; e, por fim, buscar algum caminho de indústria naqueles caminhos que o Brasil tem. Petróleo, gás e bioenergia, claro, são exemplos juntos com a saúde, o complexo industrial da defesa e o complexo agroindustrial do agronegócio.
Mediador
Obrigado candidatos. O próximo candidato a fazer pergunta agora é o candidato do PT, segundo o sorteio de que participaram já os assessores de todos os partidos. Candidato Haddad, a quem o senhor que fazer a pergunta?
Fernando Haddad
Para quais candidatos eu posso fazer a pergunta?
Mediador
Boulos e Alvaro Dias.
Fernando Haddad
Boulos.
Mediador
Guilherme Boulos, por favor, do Psol.
Fernando Haddad
Boulos, eu queria perguntar pra você o seguinte: há três candidatos que apoiam o governo Temer, Henrique Meirelles, Geraldo Alckmin e o deputado há 28 anos, Jair Bolsonaro. Só falam em cortar direitos. Bolsonaro veio agora com a ideia de cortar 13º, abono de férias, cobrar imposto de renda dos pobres, que são isentos, cortar o Bolsa-Família e introduzir a CPMF. O que que você acha disso?
Guilherme Boulos
Olha, Haddad, a sua pergunta é muito importante e verdadeira, coloca essas questões. Mas eu quero falar aqui de outra coisa, que eu acho que não merece riso, porque o momento é grave. Não dá pra gente fingir que tá tudo bem, nós estamos há meses fazendo uma campanha que está marcada pelo ódio. Faz 30 anos que se país saiu de uma ditadura, muita gente morreu muita gente foi torturada, tem mãe que não conseguiu enterrar seu filho até hoje. Um dia, eu conversava com o meu sogro, ele contava das torturas que sofreu durante a Ditadura Militar. Faz 30 anos, mas eu acho que a gente nunca esteve tão perto disso que aconteceu naquele momento. Se nós estamos aqui podendo discutir o futuro do Brasil é porque teve gente que derramou sangue para ter democracia. Se você vai poder votar no domingo, é porque teve gente que deu a vida pra isso. E, olha, quando eu nasci, o Brasil estava numa ditadura. Eu não quero que as minhas filhas cresçam num país com uma ditadura. Sempre começa assim, com armas, com “tudo se resolve na porrada”, que a vida do ser humano não vale nada. Acho que nós temos que dar um grito nesse momento, botar a bola no chão e dizer “ditadura nunca mais”.
Mediador
Eu peço, por favor, que a plateia não se manifeste, por gentileza. Candidato Haddad.
Fernando Haddad
Boulos, eu agradeço a sua resposta, pelo alerta que você faz à nação. Chamo a atenção para os riscos que nós estamos correndo. Sem democracia não há direitos. Se foi possível construir um país com direitos, se foi possível gerar 20 milhões de empregos em apenas 12 anos, se foi possível fazer o jovem trabalhador de classe pobre, filho do pedreiro, entrar na universidade, isso tudo se deve à democracia. Minha casa, minha vida não existiria, Bolsa-Família não existiria hoje. Luz pra todos não existiria sem a democracia. É a liberdade que te permite reivindicar, votar, exigir dos governantes compromisso social. O que está acontecendo no Brasil é um descalabro, seus direitos estão sendo cortados todo santo dia. Todo dia uma notícia ruim pra você. Você parte da solução, se o seu salário aumentar, porque os seus direitos foram garantidos, a economia volta a girar, e a geração de emprego vai continuar.
Mediador
Candidato Boulos.
Guilherme Boulos
Olha, essa turma do ódio, a turma do Bolsonaro, é também a turma da destruição dos direitos. O vice dele disse outro dia que 13º, que férias é coisa que não deve existir, que ele era contra. Esse ódio que eles propagam nasce da indiferença. Eu tô há 16 anos lutando nas periferias desse país ao lado do povo que não tem casa, ao lado do povo que sofre, de pessoas que sempre foram acostumadas a ir pelo elevador de serviço, a entrar pela porta dos fundos, a abaixar a cabeça e dizer “sim, senhor”. A gente foi perdendo a capacidade de se indignar, de se sensibilizar, a gente perdeu a capacidade de sentir a dor do outro. Quando a gente passa e vê alguém jogado, sem teto, a gente acha isso normal, passa reto; quando uma criança estende a mão, fecha o vidro. Nós precisamos trazer para a política essa solidariedade. É com o fim da indiferença que nós vamos vencer o ódio.
Mediador
Candidatos, muito obrigado. Eu vou pedir agora que se aproximem do púlpito a candidata Marina Silva, que é quem vai fazer a próxima pergunta, e o candidato Alvaro Dias, porque pelas regras é o senhor para quem será dirigida a pergunta final dessa rodada, do primeiro bloco do nosso debate.
Marina Silva
Alvaro, nós estamos vivendo um momento difícil para a população brasileira, com desemprego, muito sofrimento. E nesses momentos, como já foi dito, aparecem os salvadores da pátria. Pessoas achando que para governar basta ter alguém que tenha força. Eu quero perguntar pra você quais são os atributos que um governante deve ter para ajudar a tirar o povo brasileiro desse sofrimento?
Alvaro Dias
Que tristeza, Marina. Você que é uma mulher que tem a alma, uma sensibilidade humana , que conhece o drama das pessoas , deve sofrer como muitos brasileiros que não admitem em ver mais tanta corrupção...
... nesse país confrontando com uma miséria de mais de 52 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza ...
Frase dita de forma recorrente pelo candidato, já foi checada pelo Aos Fatos em outra oportunidade. Os números coincidem com os da Síntese de Indicadores Sociais 2017, publicação do IBGE com análise de dados de 2016 da Pnad Contínua. De acordo com a pesquisa, 52,2 milhões de pessoas (25,4% da população brasileira) têm rendimentos abaixo de US$ 5,5 — linha da pobreza do Banco Mundial para países de nível médio-alto de desenvolvimento, como o Brasil. O número inclui o que foi mencionado pelo candidato e, por isso, a declaração foi considerada VERDADEIRA.
... gente debaixo da ponte, debaixo árvore, sem onde morar, sem salário. Nós olhamos o Palocci denunciando que em apenas duas eleições eles gastaram 1 bilhão e 400 milhões de reais. Isto é um acinte, é uma afronta. E nós olhamos hoje na capa da revista istoÉ denúncias de corrupção. E nós olhamos a delação do Marco Valério, denúncia de corrupção. Mas nós não imaginávamos que a Operação Lava-Jato pudesse ter chegado ao seu limite e nós estamos longe do fundo do poço. Assaltaram esse país e nós vamos aqui ficar falando em propostas pra gerar emprego, pra melhorar a segurança e não vamos falar em acabar com essa roubalheira, com essa corrupção, com esse modelo perverso, que é sem dúvida nenhuma uma conspiração contra a Operação Lava-jato.
Mediador
Candidato, o seu tempo acabou. A réplica, por favor.
Marina Silva
Eu acredito que os melhores atributos para que a gente possa enfrentar tudo isso que você acaba de dizer é, primeiro, compromisso para fazer tudo aquilo que promete numa campanha para os eleitores. A outra coisa que deve fazer é ter uma boa equipe, porque não existem salvadores da pátria. É por isso que, como eu disse, eu me orgulho das pessoas que estão andando comigo, como é o caso de André Lara Resende, como é o caso de Ricardo Paes de Barros, como é o caso do meu vice Eduardo Jorge. E mais, ter autoridade moral, coragem moral para poder combater a corrupção sem trégua, porque é isso que está tirando o dinheiro da saúde. Foi um trilhão do BNDES que poderia ter sido usado para o crédito, microcrédito, para que os nossos jovens não estivessem entregues à própria sorte.
Alvaro Dias
Marina, você tem razão. É preciso acabar com esse tempo do “rouba, mas faz”, é preciso fazer muito mais do que fizeram, sem roubar, sem deixar roubar e colocando na cadeia quem rouba. Essa é a sentença, esse é o programa de governo. Eu e o meu vice-presidente, Paulo Rabello, temos cerca de mil páginas de propostas para governar o Brasil. Só em relação à reforma do estado são 260 páginas. Mas de que adiantam essas propostas se nós preservarmos esse modelo perverso. Com ele, o país não vai alcançar os índices econômicos compatíveis com a sua grandeza. Eu não vejo entre os fantasma que nos rondam pelas extremas, eu não vejo ninguém. De um lado, uma organização criminosa, e de outro lado a marcha da insensatez empurrando o país para um desfiladeiro sem fim.
Mediador
Candidatos, muito obrigado. Termina assim o primeiro bloco do nosso debate. A seguir os candidatos a presidente da república farão perguntas sobre temas determinados por sorteio. Até já.
Mediador
Estamos de volta com o debate entre os candidatos à Presidência da República. Neste segundo bloco, como eu disse, eu vou sortear os temas de cada pergunta. A ordem dos candidatos que perguntam já foi sorteada em reunião com os assessores deles. Todos vão fazer perguntas sempre a algum candidato que ainda não tenha sido questionado neste bloco. Vamos ver então qual será o primeiro tema de pergunta neste bloco. Aqui está: “Custo Brasil” é o tema da primeira pergunta, que será feita pelo candidato do PSOL, Guilherme Boulos. E eu peço ao senhor que se aproxime e, com a mesma dinâmica do primeiro bloco, o senhor escolhe a quem vai fazer a pergunta, candidato.
Guilherme Boulos
Eu vou perguntar novamente ao Geraldo Alckmin.
Mediador
Candidato Alckmin, por favor, pode se aproximar. Lembrando, então, o tema é “Custo Brasil”.
Guilherme Boulos
Alckmin, primeiro [quero] fazer só uma correção ao bloco anterior. Nós poderíamos citar vários casos da reforma trabalhista: mulher grávida poder trabalhar em local insalubre, terceirização generalizada… O trabalhador brasileiro sabe disso. Agora, falam muito de Custo Brasil como se o grande empresário é que arcasse com a conta. No seu governo em São Paulo, Alckmin, foram 15 bilhões em desonerações fiscais para os grandes empresários – mais do que se destinou para as universidades públicas. É essa política que você quer levar para o Brasil?
Geraldo Alckmin
Olha, [quero] primeiro destacar sobre a questão da reforma trabalhista, que ela não tira um direito. E o funcionário de uma empresa terceirizada tem o mesmo direito do outro. É da economia moderna você fazer a atividade principal… Quando faz uma montadora, você vai recebendo, várias empresas prestam serviços. É normal, é natural, não tem um direito a menos. A questão de grávidas precisa ser regulamentada e eu vou corrigi-la. Em relação à questão do Custo Brasil, é uma barbaridade. 143 empresas estatais, 43 foram criadas pelo PT, até a do trem-bala – não tem ferrovia, não tem nada, mas está aí a estatal. É preciso uma reforma do estado, que eu vou fazer, como fiz em São Paulo. A crise pegou o Brasil inteiro, todo o Brasil teve crise.
Em São Paulo, fizemos superávit de R$ 5,3 bilhões...
Segundo o relatório “Situação Econômico-Financeira do Governo do Estado de São Paulo”, publicado pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, o governo paulista registrou superávit de R$ 5,3 bilhões em dezembro do ano passado. Vale lembrar que Alckmin renunciou ao cargo de governador em abril deste ano para a corrida presidencial.
... e reduzindo imposto para o contribuinte. Nós reduzimos o imposto de remédio – todos os genéricos, de 18% para 12%.
Reduzimos o imposto do etanol, do carro, pra pessoa que põe o etanol como combustível, de 25% para 12% – é o menor do país.
A tarifa do ICMS do etanol em São Paulo realmente é a menor do país, segundo levantamento da Fecombustíveis de 2017. Nos outros estados do país, as alíquotas variam entre 14% (MG) e 30% (RS).
A redução do ICMS em São Paulo aconteceu durante o governo de Alckmin, no entanto, ela não é recente. O tucano autorizou a redução da alíquota de 25% para 12% em 2003, quando era governador de São Paulo em seu segundo mandato.
Zerei o ICMS da trigo, da farinha de trigo, do pão, das bolachas sem recheio.
Em 2005, enquanto governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin sancionou uma lei que isentou do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) artigos como trigo em grão, farinha de trigo, mistura pré-preparada de farinha de trigo para panificação e macarrão. Bolachas e biscoitos que também usam trigo também, conhecidos como “cream cracker” e “água e sal” também foram contemplados. Desta forma a afirmação dita pelo candidato é VERDADEIRA.
Reduzimos impostos em quase todas as áreas. Agora, eu defendo a reforma tributária.
Guilherme Boulos
Olha, Alckmin, o trabalhador brasileiro gostaria muito de viver nesse mundo da fantasia que você apresenta. Agora em relação ao Custo Brasil, nós precisamos fazer uma diferenciação do que é o pequeno empresário – esse de fato está esganado, precisa de crédito público, precisa de desburocratização e apoio do governo – e o grande empresário – esse recebe todo tipo de tapete vermelho, de champagne e benesses. Só deste ano, foram 280 bilhões de reais em desonerações fiscais; ou seja, de liberar esses grandes empresários de pagarem imposto. O Alckmin deu a contribuição dele, o Temer também, todos eles deram essa bolsa empresário. Para nós, temos que diferenciar bem o que é gasto e o que é investimento. Olha, educação, saúde, não é gasto – é investimento no futuro. Gasto é bolsa empresário, gasto é fazer com que os super-ricos não paguem imposto. É aí que tem que ser enfrentado o privilégio.
Geraldo Alckmin
Olha, eu defendo a reforma tributária. Nós temos impostos demais, e muito altos. Nós vamos reduzir 5 impostos para 1 só, que é o imposto de valor agregado. É isso o que eu vou fazer, e fazer rapidamente. Reforma tributária, reforma política, reforma do Estado. O Brasil é um país caro, por que é que o Brasil ficou caro? [Para] você que compra um produto e paga muito mais do que em outros países? Primeiro, o custo do dinheiro. Os Estados Unidos tem 4 mil bancos, o Brasil tem meia dúzia. Nós vamos fazer uma grande reforma bancária para trazer mais bancos, ter mais competição e desregulação. A outra, reforma tributária. Imposto demais, onerando o trabalhador e o empreendedor. Burocracia, esse cartório verdadeiro que temos no país, e logística ruim. Mas o quinto, para reduzir o Custo Brasil, é não eleger nem o PT nem o Bolsonaro, porque nenhum dos dois vai reduzir a crise; podem é agravar a crise, isso sim.
Mediador
Candidatos, muito obrigado. Eu peço agora que quem se aproxime seja a candidata Marina Silva da REDE porque, pelo sorteio, é ela que vai dirigir a pergunta a um outro candidato nessa segunda rodada de perguntas e respostas do nosso debate. A quem a senhora quer fazer a sua pergunta, candidata?
Marina Silva
Ao Meirelles.
Mediador
Ah, desculpe, perdão. Eu acabei de cometer o primeiro erro da noite. Antes, eu preciso fazer… Ainda bem, fui salvo pelo ponto eletrônico porque, primeiro, tem que descobrir qual é o tema.
Marina Silva
Jornalismo… [ironia]
Mediador
É, é isso. Não é um ano fácil, candidata. Legislação trabalhista é o tema. Agora, sabendo do tema, a senhora vai escolher a quem vai fazer a pergunta. Perdão.
Marina Silva
Eu vou chamar o Henrique Meirelles.
Mediador
Não vai acontecer de novo, perdão por esse erro. Candidata, a senhora tem 30 segundos para a pergunta.
Marina Silva
Candidato Meirelles, você, juntamente com o governo Temer, propuseram uma reforma trabalhista que prejudicou o direito dos trabalhadores. Em nome da modernização, criaram relações pré-modernas de trabalho.
Uma mulher trabalhar em atividade insalubre...
O artigo 349 da reforma trabalhista realmente abriu brechas para que mulheres grávidas ou lactantes trabalhem em lugares com condições insalubres de grau médio ou mínimo. Segundo o texto, uma empregada lactante ou grávida só será afastada do trabalho, sem prejuízo à sua remuneração, em casos de insalubridade “quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento”. Esse era um dos pontos que iriam ser mudados com a medida provisória 808/2017 enviada por Temer ao Congresso. A MP, no entanto, perdeu a validade porque o texto não teve um relator eleito e não foi analisada pela comissão. Aos Fatos já checou o assunto anteriormente.
... uma pessoa pobre ter que pagar para ter uma perícia técnica para poder entrar na justiça.
A declaração de Marina é VERDADEIRA, uma vez que a reforma trabalhista trouxe uma mudança de que se o trabalhador reclamante pleitear uma prova pericial e perder o processo, terá de pagar os custos da perícia, mesmo que tenha o benefício da Justiça gratuita (que é concedido à pessoa que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo). Isso está no artigo 790-B do texto aprovado. Segundo o site jurídico Migalhas, em seis meses de reforma, houve uma redução das perícias nomeadas em razão do pagamento dos honorários, mas que o número de perícias favoráveis aos reclamantes está crescendo “o que demonstra que os pedidos já não são tão temerários como anteriormente”.
Tudo isso é inadmissível. Você vai corrigir esses erros?
Henrique Meirelles
Existe a necessidade, certamente, de corrigir alguns problemas que precisam ser endereçados imediatamente. Como essa questão, por exemplo, do trabalho insalubre, principalmente para a mulher grávida, mas para todos. Temos que enfrentar esse problema com rigor. Por outro lado, também, nós temos que dizer que a legislação trabalhista brasileira, de fato, ela estava no século passado. E criando um problema grave para o país crescer, e criando um problema para os trabalhadores, criando um problema para as empresas, e criando um problema para a população brasileira. Porque… Vou dar um exemplo pra você, talvez você não conheça. Lá na Europa, por exemplo, tem uma grande empresa que tem um número grande de funcionários no Brasil, cerca de 70 mil, e um número grande de funcionários nos Estados Unidos, também cerca de 70 mil. Esta mesma empresa, nos Estados Unidos, tem 27 causas trabalhistas e tem 2 advogados trabalhando em período parcial. No Brasil, 25 mil causas trabalhistas e 150 advogados. Isso não é bom para os trabalhadores. É a mesma empresa com mesma prática trabalhista. Nós temos que ter condição de ter um país em que o trabalhador tenha condições de optar qual é o sistema em que ele quer trabalhar. Neste caso, por exemplo, nós temos que ter relações modernas entre o trabalhador e a empresa.
Marina Silva
É fundamental que se faça uma reforma trabalhista, inclusive, para ajudar que os trabalhadores possam entrar na formalidade. Ela é necessária. Mas eu vou corrigir todos esses erros que foram cometidos por vocês. E eu vou citar um exemplo que, com certeza, você não conhece. Quando eu era ministra do meio ambiente, encontramos em uma fazenda, lá no interior do Pará, mais de 38 pessoas vítima de trabalho escravo. Uma pessoa que é vítima de trabalho escravo não tem como pagar uma perícia técnica para poder reclamar seus direitos na justiça. Uma pessoa que ganha salário mínimo não tem como fazer uma perícia técnica. Uma mulher grávida tem que ser protegida. Uma pessoa tem que ter direito a pelo menos 1 hora para poder se alimentar e se conectar consigo mesma. Eu vou mudar essas atrocidades.
Henrique Meirelles
O trabalho escravo vai além do problema trabalhista, é uma questão de polícia. Nós temos aqui que garantir que as pessoas sejam tratadas com dignidade. Isso é uma questão de direitos humanos, não é meramente uma questão trabalhista. O país tem que respeitar os seus cidadãos – seja a empresa, seja o governo, sejam os trabalhadores, e sejam os políticos. Porque tem que levar a política a sério, tem que levar o eleitor a sério. Tem que levar as pessoas [a sério] para que não fiquemos aqui simplesmente fazendo demagogia, palavras populistas que possam lhe enganar. Nós temos que trabalhar com seriedade, porque o Brasil precisa melhorar a sua vida; precisa crescer, precisa trabalhar com justiça social, sim. Mas com eficiência para que você possa, trabalhando o mesmo número de horas, com dignidade, ganhar mais, produzir mais, e produzir melhor.
Mediador
Candidata Marina, eu agradeço a sua presença. Candidato Meirelles, eu peço ao senhor que fique aonde está porque é o senhor que vai fazer a próxima pergunta sobre o tema que eu vou sortear aqui: saúde. Agora o senhor diz a quem o senhor quer fazer a pergunta sobre saúde.
Henrique Meirelles
Alvaro, por favor.
Mediador
Candidato Alvaro Dias. 30 segundos para a pergunta por favor, candidato.
Henrique Meirelles
Candidato, nós temos uma situação de saúde dramática no Brasil. Já por um longo tempo nós temos uma população que tem um serviço de qualidade baixa do SUS. Nós temos que informatizar o SUS, sim; mas o que nós podemos fazer para garantir que as pessoas tenham atendimento de primeira qualidade; que possam, estando doentes, serem atendidas imediatamente e não esperar, em fila, durante inclusive a madrugada?
Alvaro Dias
Em primeiro lugar, não roubar. Em segundo, ter competência de gestão vocês não tiveram. O senhor estava lá. O senhor foi chamado, esteve lá, em todos os governos. Lula, Dilma e Temer. O senhor esconde a Dilma? Esteve lá como autoridade olímpica no governo Dilma, não esconda a dona Dilma. Na verdade, nos últimos 15 anos, 160 bilhões de reais que estavam provisionados para a saúde foram desviados. Aí, o que ocorreu? Os procedimentos médicos tiveram pagamentos defasados e foram comprometidos. O SUS, que é um grande programa, acabou sendo um programa pífio, um desastre, um caos. O que é preciso fazer? Revitalizar o SUS com a tabela única, priorizar a atenção básica – porque aí apenas 20% dos doentes chegará a atendimentos de média e alta complexidade –, reduziremos o sofrimento do povo e reduziremos as despesas do governo. Portanto a questão da saúde o Banco Mundial já disse: não é uma questão só de dinheiro, é de competência, planejamento, organização e menos corrupção.
Henrique Meirelles
Eu tenho ficha limpa. Eu não fui nunca, em nenhum momento, acusado de corrupção. Eu sou um candidato da minha história, e não tenho nenhum processo, porque o meu foco é a competência. Sim, trabalhei e fiz um programa junto com o Banco Mundial visando analisar a estrutura do serviço público no Brasil. Podemos, sim, melhorar o SUS. Podemos, sim, fazer com que cada um tenha um cartão eletrônico em que possa, chegando no médico com horário marcado, ter um atendimento que já tenha, ali no cartão, tudo aquilo que ele já teve e tudo o que é o tratamento proposto. Para isso é necessário competência, menos demagogia e menos falatório.
Mediador
Candidato: tréplica, agora.
Alvaro Dias
Eu iria falar só de saúde dessa vez, mas você me deu a grande oportunidade de dizer que ficha limpa não tem quem é cúmplice de corrupção; quem participa de governo que se transforma em organização criminosa. O senhor leu a delação do Palocci? O senhor leu a delação do Marcos Valério? O senhor estava lá. O senhor admite gastar 1 bilhão e 400 milhões de reais numa campanha eleitoral? Quantas casas se construiriam no Minha Casa, Minha Vida com 1 bilhão e 400 milhões de reais? Mas em matéria de saúde, eu vou também instituir – se for Presidente da República, que Deus me permita ser Presidente –, eu vou instituir um médico federal no lugar do Mais Médicos, que é outra corrupção. É dinheiro que vai pra Cuba, vai pra Cuba um balaio de dinheiro e volta uma cestinha para o Brasil.
Mediador
Tempo, candidato. Muito obrigado. Candidato Meirelles, o senhor pode retornar. Candidato Álvaro Dias, o senhor permaneça, por favor. Duas coisas: eu vou pedir ao senhor que se mantenha centralizado para que não fuja do enquadramento da câmera. O senhor é que vai fazer a próxima pergunta, mas... É nessa bancada cinza que serve como referência para o senhor. Eu vou sortear o tema e depois o senhor diz para quem o senhor vai fazer a pergunta. Gastos públicos. Gastos públicos é o tema da sua pergunta para qual candidato?
Alvaro Dias
Quem sobrou aí, Willian?
Mediador
Nós temos Guilherme Boulos, Marina Silva, Fernando Haddad e Ciro Gomes.
Alvaro Dias
O Fernando Haddad, claro.
Mediador
Trinta segundos para a sua pergunta, por favor, candidato.
Alvaro Dias
Ao final do programa eu vou entregar a você a pergunta que você levará ao verdadeiro candidato do PT à Presidência da República, porque aqui o senhor é apenas o representante dele, ele é o seu padrinho. Em matéria de gastos públicos, vocês gastaram horrorosamente, especialmente na Petrobras. Gastaram, não; roubaram o dinheiro público. E eu gostaria de perguntar a você o que você vai fazer com essa ação última em relação aos acionistas americanos.
Fernando Haddad
Em primeiro lugar, eu acho que você deveria ter mais compostura nesse debate. O senhor não respeita tempo, não respeita seus adversários, não respeita as regras do debate, faz brincadeira com coisa séria, coisa muito séria… Eu quero dizer para o senhor que, em termos de gastos públicos, os nossos governos, pela primeira vez, colocaram o pobre no orçamento. Todos os programas sociais conhecidos no Brasil – Minha Casa, Minha vida, Luz Para Todos, Prouni, universidades públicas federais, institutos federais, transposição do São Francisco –, o que o senhor imaginar, foi feito nos governos nossos com os resultados sociais conhecidos. Agora, nós vamos retomar muita coisa que vocês destruíram, estão destruindo. Nós vamos retomar o crescimento do Brasil diminuindo os impostos dos mais pobres para que eles aumentem o poder de compra e possam voltar a comprar para ativar a economia e gerar empregos. Nós vamos enquadrar os bancos, porque os bancos estão cobrando juros extorsivos da população, sobretudo do empresário, daquele que precisa fazer um crediário, e daquele que está endividado e não consegue pagar as suas contas. Nós vamos fazer tudo o que for necessário, a reforma fiscal para retomar os investimentos públicos, gerando emprego; é isso o que eu vou fazer a partir de 1º de janeiro de 2019.
Alvaro Dias
Olha, eu não estou brincando. Estou falando muito sério, olho no olho, papo direto. Vocês é que são uma brincadeira governando. E, aliás, quando você fala do seu desempenho no Ministério da Educação, eu fico pensando que você estava na Dinamarca. Mas o que eu estou dizendo é que só nesta ação da Petrobras – na última, de 20 bilhões –, esse acordo para evitar o prosseguimento de uma ação judicial de acionistas americanos... Porque a Petrobras foi assaltada pelo PT nos últimos anos, 20 bilhões de reais, sabem o que significa isso? A construção de 200 mil casas onde morariam 4 pessoas; 4 pessoas... 800 mil pessoas, igual à capital Maceió. É levar Maceió, com o Renan Calheiros e … [inaudível] para Nova Iorque.
Mediador
Tempo, candidato.
Alvaro Dias
Esse é o tamanho do roubo do PT, só neste caso.
Mediador
Candidato Alvaro Dias, eu interrompo por causa do tempo e peço ao senhor que dê um passinho à sua direita, para se centralizar com relação a essa mesa cinza, senão o senhor não aparece.
Alvaro Dias
É que eu quero ficar bem de frente ao Haddad.
Mediador
É porque senão o senhor encobre o outro candidato com aquela outra câmera, que está atrás do senhor. É esse o pedido que eu lhe faço mais uma vez. Candidato Haddad, agora sim, por favor. 1 minuto.
Fernando Haddad
O senhor está atrapalhado em relação ao tempo e ao espaço. O senhor precisa se situar aqui.
Alvaro Dias
Só em relação ao PT que não estou.
Mediador
Por favor, candidato.
Fernando Haddad
US$ 15 billhões custava a Petrobras quando nós assumimos, hoje ela custa US$ 80 bilhões, é o valor de mercado. Sabe por quê? Porque nós multiplicamos por 10 o investimento da Petrobras. Sem isso nós jamais acharíamos o pré-sal, que é o passaporte para o futuro, se vocês pararem de vender para os americanos o que é do povo. Eu vou retomar o petróleo da Petrobrás para investir em saúde e educação. E você aprovou uma lei para alienar para os americanos o que é dos brasileiros. Isso eu não vou permitir, isso vai ser revisto no dia 1º de janeiro de 2019, eu posso te assegurar isso. Em relação ao meu trabalho no Ministério da Educação, você não sonha com o que eu fiz. Os governos que você apoiou não fizeram 10% do que eu fiz para o filho do trabalhador entrar na universidade pela primeira vez na história do país.
Mediador
Tempo esgotado, obrigado candidatos. O que eu vou sortear aqui para a próxima pergunta… O candidato Meirelles está pedindo direito de resposta? Nós vamos analisar a sua questão, certo? Eu vou aqui sortear o tema da próxima pergunta: transportes. Quem vai fazer essa pergunta, pelo sorteio, é o candidato Geraldo Alckmin, do PSDB. Uma pergunta sobre transportes, o senhor vai dirigi-la a qual candidato?
Geraldo Alckmin
Candidata Marina Silva.
Mediador
Candidata Marina. Trinta segundos para a pergunta, candidato.
Geraldo Alckmin
Marina, eu viajei bastante nesse período da campanha eleitoral verificando os grandes problemas de transporte e de logística. Fui ao Norte, estive lá em Porto de Miritituba, no Rio Tapajós, Santarém, depois estive também em Marabá, no Tocantins, e vejo um grande problema de Custo Brasil. Ou seja, não consegue tirar soja do Mato Grosso pra chegar até lá no porto de Miritituba, depois a Transamazônica, a BR163, ferrovias… Qual a sua proposta?
Mediador
Tempo, candidato.
Marina Silva
Minha proposta é de que se tenha infraestrutura para o desenvolvimento sustentável. Quando eu fui Ministra do Meio Ambiente, eu tive a oportunidade de fazer os licenciamentos mais difíceis – inclusive a BR-163, que liga a estrada Cuiabá-Santarém. E eu tenho a exata noção da dificuldade que temos em relação à infraestrutura do Brasil. Hoje nós perdemos 30% da nossa produção agrícola por falta de infraestrutura logística, por falta de armazenamento, por falta de portos. E, no meu plano de governo, nós vamos trabalhar em diferentes modais. Vamos investir em rodovias, recuperando e criando algumas; vamos investir em hidrovias – na Amazônia há um potencial muito grande, inclusive no estado do Amazonas é onde tem o maior potencial. E vamos investir em ferrovias, que é um transporte mais barato, ambientalmente mais sustentável, e mais adequado para algumas regiões do Brasil. A infraestrutura gera emprego, gera renda, gera vida digna, mas tem que ser feito em bases sustentáveis. Não pode ser feito de qualquer jeito. Um projeto, para ser feito, tem que ser economicamente viável, socialmente justo, e ambientalmente sustentável, e é isso o que nós vamos fazer no Brasil inteiro.
Geraldo Alckmin
Eu pretendo desenvolver um grande programa de obras. Nossa prioridade é emprego, emprego, emprego; trazer investimento privado para se somar a investimento público; hidrovias, do Rio Madeira, do Rio Tapajós, do Rio Tocantins, Amazonas, pra ir pro Norte do mundo toda a nossa produção de alimentos. O Brasil vai ser o maior produtor de proteína animal e grãos do mundo. Investir também em ferrovias, obras paradas, como a Fiol, Transnordestina, imediatamente retomá-las, se o concessionário não fizer, nós vamos substituí-lo e estabelecer as punições. Integrar com os modais rodoviários e nas grandes cidades, metrô e trem, transporte de alta capacidade e de qualidade. Metrô, trem, corredores de ônibus, VLT, monotrilhos, qualidade de vida pra família poder chegar mais cedo em casa, poder ficar com os seus filhos e ter vida melhor.
Marina Silva
Quando eu cheguei no Ministério do Meio Ambiente existiam muitos projetos parados, um deles era a BR-163, na época do governo do PSDB. E eu tenho o compromisso de fazer com que a infraestrutura do nosso país possa ser trabalhada em parceria com a iniciativa privada, possa ser trabalhada, sobretudo, ouvindo as populações locais em algumas áreas, sobretudo no caso da Amazônia. Hoje há uma demanda muito grande para que a região possa se desenvolver. E nós vamos fazer isso, porque temos capacidade técnica e temos autoridade para poder debater com a sociedade quais são os projetos que podem ser feitos em termos de rodovias, de ferrovias e de hidrovias. No caso das cidades, nós vamos fazer com que o transporte público seja de qualidade, pra que não se tenha que viver como se vive aqui em São Paulo, horas e horas dentro de um ônibus.
Mediador
Tempo, candidatos. Muito obrigado. Eu peço que retornem aos seus lugares. Candidato Meirelles, o senhor tem direito a uma resposta agora, daí mesmo, o senhor não precisa se levantar, porque o senhor foi chamado de cúmplice de corrupção. O senhor tem um minuto para se defender da acusação.
Marina Silva
O candidato Alvaro Dias está confuso, inclusive sobre o que é um ficha limpa. Eu nunca tive uma acusação sequer por corrupção na vida. Trabalhei 10 anos no serviço público, 33 anos em empresa, não tenho nenhum processo. Isto é um ficha limpa e é isso que neste festival de delações e denúncias muito importante que está acontecendo no Brasil, meu nome nunca foi citado. Por quê? Porque o meu trabalho é um trabalho que não diferencia um governo de outro. Eu divido o Brasil entre quem trabalha pelo Brasil e quem não trabalha pelo Brasil; e quem é ficha limpa e quem não é ficha limpa. E eu sou um candidato que tem um histórico de honestidade.
Mediador
Seu tempo, candidato. Obrigado. Por favor, o público não se manifesta. Agora é a vez do candidato do PT, Fernando Haddad. Candidato, o tema da pergunta que o senhor vai fazer é meio ambiente. O senhor precisa fazer a pergunta obrigatoriamente para Ciro Gomes.
Fernando Haddad
Ciro, existe uma contradição aparente no Brasil entre o agronegócio e o meio ambiente. Então tem muito diz que me disse que torno disso e muitas vezes o Brasil deixa de avançar em função dessa contradição, por falta de uma solução pra esse problema, uma vez que o agronegócio gera emprego, gera importação, gera divisas, precisa ser apoiado, mas o meio ambiente não pode ser descuidado. Como é que você pretende resolver essa situação?
Ciro Gomes
Eu tenho o privilégio de ter escolhido pra minha vice uma mulher que deve ser a melhor cabeça em matéria de compreensão desse grave problema que é a sustentabilidade do desenvolvimento agropastoril do Brasil, e não só, a minha vivência, trabalhei com Marina no licenciamento da BR-163. O Brasil talvez seja o último país do mundo onde o conceito de desenvolvimento sustentável possa ser praticado. Isso significa coisas concretas, por exemplo, está se plantando cacau lá nas alturas da Transamazônica. Já é mais produtivo do que na Bahia, onde ele teve um problema sério, que é a praga da vassoura de bruxa. Se está plantando Teca, que é uma essência-madeira muito mais cara que o mogno. Mas isso tudo está sendo feito meio que avulso. O que resolve isso são ferramentas modernas em que nós fazemos o zoneamento econômico e ecológico e desestressamos, ou seja, geramos atividade produtiva para trás, para proteger a floresta, porque a floresta, modernamente, vale economicamente muito mais em pé do que derrubada e desmatada. Mas no Brasil nós empurramos migrantes do Sul e do Nordeste pra ir para a Amazônia, e a condição de eles terem o título da terra, lá atrás, era desmatar. De repente mudam as leis e não se ensinou a população brasileira dos rincões, do interior do Centro-Oeste, do interior da Amazônia, especialmente, houve essa questão mais grave às outras alternativas. Esse é o meu caminho, mudar o perfil econômico e oferecer atividades alternativas que sejam propetivas das populações tradicionais e das áreas mais sensíveis.
Fernando Haddad
Ciro, eu concordo com as suas ideias, são muito boas para o agronegócio, mas eu faria uma proposta adicional. No Brasil, pra aumentar a produção agrícola, nós não precisamos derrubar uma única árvore, desde que nós combatamos a especulação de terra. Tem muita terra desmatada já que não tem produtividade. E uma das razões pra isso é que tem uma tabela antiga, dos anos 70, que não foi atualizada até hoje em função da pressão dos ruralistas, pra que ela não seja atualizada. Se impede o governo de sobretaxar a terra improdutiva ou mesmo desapropriar através de títulos da dívida agrária. Portanto, nós vamos ter que enfrentar esse desafio. Nós sabemos que os ruralistas modernas, esses estão produzindo, não são o problema, mas os ruralistas arcaicos, que estão apoiando, inclusive, o Bolsonaro, estão resistindo a modernizar o campo no Brasil.
Ciro Gomes
Se há um país, volto a dizer, que tem condição de buscar harmonia entre a produção, a necessidade de gerar riqueza, de gerar emprego pro nosso povo, e a necessária preservação dos nossos recursos naturais, biomas sensíveis, aquíferos, enfim, populações tradicionais, esse país no mundo é o Brasil. O que falta no país, entretanto, é uma estratégia. Eu, Haddad, sou candidato, e o que eu tenho que dizer pra você é que apesar de eu ter colaborado, enfim, o PT teve esses 14 anos no poder e não teve essa audácia de fazer. Não é que não tenha feito coisas boas. Fez mas também perdeu a condição política de reunir a população brasileira, e essa é a minha preocupação nesse instante. Boas ideias, mudanças estruturais, mas isso necessita um ambiente político em que a gente tenha energia e condição política para enfrentar o fascismo, a radicalização estúpida que o Bolsonaro representa. Essa é a minha preocupação na noite de hoje.
Mediador
Obrigada, candidatos. Candidato Ciro Gomes, o senhor permanece, é o senhor que vai fazer a próxima pergunta, e essa pergunta será para o candidato Boulos.
Ciro Gomes
Eu posso só pegar uma aguazinha ali?
Mediador
À vontade, por favor. Enquanto isso, eu vou sortear aqui… Pode se aproximar, candidato. Na dinâmica é a única dupla possível. Eu vou sortear aqui o tema. Combate às drogas é a pergunta que o senhor vai dirigir para o candidato Boulos.
Ciro Gomes
Meu caro Guilherme, também chamado Boulos...
... o Brasil tem hoje 760 mil pessoas presas.
A declaração é VERDADEIRA, uma vez que, de acordo com o Infopen 2016 (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias de junho de 2016), o último divulgado, o Brasil possui 726 mil pessoas presos. Aos Fatos já checou o assunto anteriormente.
70% disso, jovens presos pela polícia com minúsculas quantidades de droga...
A frase é EXAGERADA porque, segundo o Infopen 2016, 55% da população prisional é formada por jovens de até 29 anos, e o crime de tráfico de drogas representa 28% das incidências penais pelas quais as pessoas privadas de liberdade foram condenadas ou aguardam julgamento. Os dados do G1 de 2017 também dizem a mesma coisa: um em cada três presos no país responde hoje por tráfico de drogas. Mesmo que nenhum dos levantamentos faça a distinção de motivações entre os jovens presos, essa faixa etária não chega a ser 70% da população prisional e o tráfico de drogas não é o motivo da prisão de toda essa parcela.
... pra fazer estatística ou simplesmente para matá-los. E, ao entrar no presídio, essa garotada acaba se transformando em soldados do crime organizado e das facções, senão morre. Qual é a sua compreensão desse problema?
Guilherme Boulos
Olha, Ciro, primeiro dizer que a política que tem sido feita no país, de chamada “guerra às drogas”, de combater supostamente o tráfico de drogas, indo pras favelas, militarizando, botando polícia, como se o comando do crime organizado tivesse dentro do barraco de uma favela. A gente sabe muito bem que o comando do crime organizado nesse país está muito mais perto da Praça dos Três Poderes, em Brasília, ou da grande indústria da arma, do que de qualquer favela desse país. A droga não nasce lá dentro do morro, ela chega lá, chega dos atacadistas. E, olha, essa ideia de que usuário tem que ser tratado com porrada, com bomba, com prisão, essa ideia tá superada em todas as partes do mundo, e nós precisamos superar aqui também. A questão das drogas não pode ser um tema do Código Penal, porque isso só leva ao encarceramento em massa. A população de presos no Brasil dobrou nos últimos dez anos. Eu pergunto: alguém está se sentindo mais seguro com isso? Eu creio que não. Essa ideia do Bolsonaro, de que tem que prender mais, dar mais arma, botar mais política, essa ideia não resolve aqui nem em nenhuma outra parte do mundo. Droga não é caso do Código Penal, não é caso de polícia. Abuso de substância de química é caso de saúde pública, é caso do SUS, e é assim que tem que ser tratado, e é assim que nós vamos tratar.
Ciro Gomes
Você falou “indústria da arma”, vou só fazer um parênteses aqui nesse minutinho que eu tenho.
As ações da Taurus, uma fábrica de armas do Brasil, aumentaram 180%...
Os papéis ordinários da Forjas Taurus (FJTA3) tiveram uma valorização de 188% entre 3 de agosto e 4 de outubro.
Já as ações preferenciais (FJTA4) dispararam desde o começo de agosto, acumulando valorização de 132% nos últimos 60 dias, de acordo com dados diários de cotações do papel.
... e tem várias pessoas associadas à turma do Bolsonaro ganhando muito dinheiro com a evolução das pesquisas. Isso é o que o Brasil precisa saber. 180%. Enquanto a poupança do trabalhador e da classe média rende 6% ao ano, quem especulou com ações da fábrica de armas, em cima de um discurso de um candidato que fala nisso toda hora, e se ausentou do debate aqui, porque eu ia tirar a máscara dele na frente de todo mundo aqui, ganhou 180% em 60 dias. Esse é um país assaltado. Sobre a questão, entretanto, nós precisamos fazer a correção da lei de 2006, foi uma lei equivocada que foi feita em 2006, sobre um governo progressista, que permitiu que um juiz no Pará considere uma quantidade minúscula de droga uma mera contravenção que não tem pena, e a mesma quantidade de droga no Rio de Janeiro vai para a cadeia. Isso é uma aberração que nós precisamos corrigir.
Guilherme Boulos
É isso, nós temos que descriminalizar o consumo de drogas, e mais do que isso, Ciro, nós temos que rever o modelo de segurança pública no Brasil. Esse modelo tá falido. Um modelo que é só repressão, policiamento ostensivo, militarização. O estado do Rio de Janeiro passou por intervenção militar, os índices só pioraram. O caminho não é esse, o caminho é, antes de tudo, atuar com prevenção. Nós não queremos construir presídios, nós queremos construir escola. Nós não queremos dar a primeira arma para o nosso jovem , nós queremos dar o primeiro emprego, a oportunidade. Evidentemente, precisamos resolver o problema de quem hoje é assaltado no ponto de ônibus. Agora, isso não se resolve com mais violência, com mais polícia, essa não é a receita. Isso se resolve com inteligência, pra não deixar a arma chegar aonde ela tá chegando hoje. Combatendo o tráfico de armas e munições, que tem relação com as grandes empresas de arma, que ganham com isso. Pra dar um rápido exemplo, aqui, no estado do Rio de Janeiro, a maior apreensão de arma não foi em nenhuma favela, foi no Aeroporto do Galeão e foi prender o responsável em Miami.
Mediador
Nós estamos concluindo aqui o segundo bloco do nosso debate. Daqui a pouco, os candidatos a presidente voltam a fazer perguntas sobre temas livres. Até já.
Mediador
Estamos de volta ao debate entre os candidatos à Presidência. E enquanto a plateia faz silêncio, e se senta de volta cada um no seu lugar, eu quero pedir a todos os candidatos que se lembrem de que aqui no púlpito tem uma marca cinza que serve de referência para os senhores para que se centralizem sempre. Por quê? Porque as câmeras são cruzadas – se vocês saírem da posição, acaba atrapalhando a câmera que capta a imagem do seu oponente aqui no púlpito. Bom, nesse bloco o tema das perguntas volta a ser livre, a exemplo do que aconteceu no primeiro bloco. E cada candidato – aqui tem uma diferença –, cada candidato vai poder ser escolhido para responder a, no máximo, duas perguntas. Não apenas uma, mas duas; no máximo, duas. E, na ordem determinada pelo sorteio, quem vai abrir essa rodada é a candidata da Rede, Marina Silva, a quem eu peço que se aproxime do púlpito novamente, e a senhora vai escolher a quem vai fazer a pergunta.
Marina Silva
Fernando Haddad.
Mediador
Candidato Fernando Haddad.
Marina Silva
Eu iria fazer essa pergunta também para o candidato Bolsonaro, que mais uma vez amarelou, deu uma entrevista na Record e não está aqui debatendo conosco. E a pergunta é: nós temos um país em que...
(aplausos da plateia)
Mediador
Só um minuto, candidata. Eu vou parar o relógio. Eu vou pedir que não se manifestem porque, como eu disse na abertura do programa, isso atrapalha muito para quem está em casa e não é possível escutar a pergunta. Por favor, o seu tempo; eu vou lhe conceder um tempo adicional para a pergunta.
Marina Silva
Eu iria fazer essa pergunta ao candidato Bolsonaro, mas como ele mais uma vez, amarelou… Deu uma entrevista para a Record e não veio aqui debater conosco. Nós temos hoje uma situação em que 25% está votando porque não quer o Bolsonaro; 25% vota porque não quer o candidato do PT, que é você. 50% não quer nenhum dos dois. Diante dessa situação desoladora da política brasileira, e da grave crise que o Brasil está vivendo, qual é a autocrítica que você faz em relação a tudo isso da contribuição do PT para esse momento difícil?
Fernando Haddad
Olha, Marina, eu agradeço a pergunta. Eu estou em campanha há apenas 22 dias. Eu entrei numa situação completamente anormal. O líder das pesquisas, que figurava na dianteira, podendo ganhar já no primeiro turno, não pôde participar da eleição em função de uma decisão arbitrária. Arbitrária – foi condenado sem provas. E, hoje, é considerado pelo mundo inteiro um preso político. Inclusive por um comitê das Nações Unidas, que vai julgar o mérito dessa ação em março do ano que vem. Você sabe de quem eu estou falando: estou falando do Lula, que estava com 40% de intenção de voto. Eu estou me apresentando ao eleitorado porque eu represento, neste momento, um projeto que deu certo.
O Lula saiu com 86% de aprovação.
Considerando-se a pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, a CNI, e realizada em 2010 — fim do segundo mandato do ex-presidente Lula —, a maneira de governar do petista alcançou 87% de aprovação. A pesquisa também demonstrou que 80% dos entrevistados acharam ótimo ou bom o governo e 81% tinha confiança em Lula.
Um presidente que governou para todos. Quando falam que o Lula é radical, que o Lula instituiu o ódio… Quando isso? O Lula tratou do servente ao banqueiro, do catador de papel ao empresário, com a mesma dignidade; abriu as portas do Palácio do Planalto e para todo o povo brasileiro e governou olhando para os mais pobres, que é o que eu pretendo fazer a partir de 1º de janeiro: reabrir o Palácio do Planalto para todos os brasileiros. De preferência, para aqueles que mais precisam da ação do Estado. Essa é a minha formação de professor, e esse é o meu valor maior.
Marina Silva
É lamentável que você não reconheça nenhum dos erros. Abriu o palácio para os pobres, mas o bolsa empresário, só no BNDES, foi 1 trilhão para meia dúzia. Isso é equivalente a 35 anos de Bolsa Família. Bolsa empresário, 5% do PIB; Bolsa Família, 0,5%, Haddad. Vários casos de corrupção. Você tem agora a oportunidade de olhar para o povo brasileiro e reconhecer os erros, e você não faz. Você reitera todos os erros cometidos e ainda faz um elogio do mesmo jeito. Como se pedir desculpas, como se reconhecer erros, fosse um problema; não é. Quando a gente está diante de uma crise como essa que nós estamos vivendo, a gente tem que pensar é num projeto de país, não é em projeto de poder. O Brasil está à beira de ir para um esgarçamento sem volta, entre a sua candidatura e a do Bolsonaro.
Mediador
O seu tempo acabou, candidata.
Marina Silva
É preciso pôr um termo em tudo isso.
Mediador
Tempo, candidata.
Fernando Haddad
Marina, você não está sendo correta, você não está sendo fiel à verdade. Eu dou entrevistas reconhecendo ajustes que precisam ser feitos, reconhecendo erros que foram cometidos, mas eu não vou jogar a criança com a água do banho. Eu sei o que foram os 12 anos do governo do PT, eu sei o que foi gerar 20 milhões de empregos, e eu tenho duas obsessões na vida, só duas: eu vivo de salário, Marina. Eu sou professor universitário, eu e minha esposa, com quem eu sou casado há 30 anos. Eu tenho ética, eu tenho uma história, eu tenho uma vida pública sem nenhum reparo. Posso te garantir isso. Estou olhando aqui no olho do eleitor, dizendo: não existe nada na minha vida que não seja produzir o bem – trabalho e educação. Eu, como ministro da Educação, ofereci todas as oportunidades que eu podia; trabalhava 18 horas por dia para abrir as portas das universidades para os pobres. Vou fazer agora em relação ao trabalhador desempregado.
Mediador
A senhora tem direito à réplica. Ah, não; perdão, desculpe. Os dois podem sair. Segundo erro da noite, eu estou fazendo aqui o meu próprio ranking, candidatos.
Marina Silva
Eu acho que eles estão querendo mesmo que… [inaudível] jornalistas.
Mediador
Mas a culpa é só minha, não é dos jornalistas como um todo, eu assumo essa culpa. Candidato Meirelles, eu peço ao senhor que se aproxime. Pelo sorteio, é o senhor o próximo. O senhor só precisa escolher a quem vai fazer a pergunta. Tema livre, lembrando.
Henrique Meirelles
Eu vou fazer uma pergunta ao candidato Ciro Gomes.
Ciro Gomes
Agora fui eu.
Mediador
O senhor pode guardar também o microfone no bolso.
Ciro Gomes
Para quem veio da outra vez com uma sonda pendurada na perna, isso aqui não é nada.
Henrique Meirelles
Ciro, 7 milhões de crianças no Brasil estão em idade de ir para a creche e não podem ir porque não tem uma creche pública perto da casa da família e o pai e a mãe precisam ir trabalhar.
A Dilma prometeu entregar 6 mil creches, entregou 80.
A ex-presidente Dilma Rousseff de fato deixou o governo sem cumprir a maior parte da meta de construção de creches e pré-escolas. No entanto, a quantidade de creches concluídas foi 16 vezes maior do que o afirmado por Henrique Meirelles e, por isso, a declaração foi considerada FALSA.
No primeiro mandato, Dilma prometeu construir 6.000 creches e pré-escolas. De acordo com o balanço do PAC de 2014, ao final do mandato foram contratadas a construção de 8.768 creches e pré-escolas, mas só foram entregues 1.273 (21% da meta do início do primeiro mandato), sendo 786 creches e pré-escolas até 2014 e 487 foram concluídas entre janeiro de 2015 e junho de 2016, de acordo com o balanço do PAC de agosto de 2016.
Como nós vamos resolver esse problema das creches para as crianças carentes no Brasil?
Ciro Gomes
A minha proposta contempla a ideia de creche em tempo integral para todas as crianças, de zero a três anos, em seis anos. Portanto, extrapolando dois anos de um mandato cuja honra possa me dar o povo brasileiro de servir a essa grande nação como seu presidente. Mas aquela outra demanda das crianças de três a seis, são mais ou menos 2,3 milhões, dá para resolver no primeiro mandato, e esse está, enfim, está com esse compromisso no meu programa de governo. E isso é uma razão bastante, porque as ciências modernas afirmam que é na primeira infância, ali no 0 a 3 anos, que se formam as aptdões das crianças. Só agora se descobriu que se a criança não tiver a devida alimentação, o devido processo de socialização, de carinho, de estimulação neuro-hormonal, em todas aquelas condições – nutrição, fisioterapia, atenção médica e odontológica –, ela pode se comprometer para o resto da vida. Portanto isso não pode mais ser adiado, por essa razão mesma de darmos às crianças dos filhos dos trabalhadores que não podem pagar creche uma condição de, enfim, de implementar as suas melhores aptidões, e nós termos então uma geração de brasileiros ainda mais forte, ainda mais trabalhadora, ainda mais culturalmente criativa. E é um drama grave. Com 13,7 milhões pessoas desempregadas e com 32,2 milhões pessoas na informalidade, é preciso garantir que as crianças estejam protegidas, alimentadas, para que a mulher brasileira vá à luta, porque não está fácil para ninguém.
Henrique Meirelles
A minha proposta é criar o Pró-Criança, que é o maior programa de valorização e de oportunidade de aprendizado para a criança, de fato, nesse período, onde a criança aprende a aprender. Então nós temos que conjugar, em primeiro lugar, a alimentação e o estímulo adequado. O programa Pró-Criança é uma extensão do Prouni para as creches, onde se possa usar uma creche privada, que tenha a localidade perto de onde está morando a família e, a partir daí, a família possa usar essa creche e não ter que se transportar para buscar a creche pública. E com isso nós vamos ganhar muito recurso. Por quê? Porque vamos usar a estrutura disponível. E para isso é preciso de competência, experiência e seriedade.
Ciro Gomes
Quando governei o Ceará eu consegui, com creches comunitárias – sem maiores comprometimentos com prédio, mas apenas fazendo adaptações a casas de pessoas pobres da própria comunidade –, um programa parecido com esse. E eu saí muito orgulhoso do governo do Ceará, porque a gente cearense me deu a condição de ser o governador do Ceará melhor avaliado do país – estou me apresentando aqui para aquele brasileiro que está me conhecendo hoje, e são muitos os brasileiros que não me conhecem ainda. Pois bem, eu consegui abrir uma creche a cada dois dias de governo. E isso me permitiu, o resultado, ir no plenário das Nações Unidas – na ONU – receber, por uma política que tinha se iniciado já no meu antecessor, o governador Tasso Jereissati, que é do PSDB. Mas é justiça que se faça, nós conseguimos e eu fui lá receber o prêmio mundial de combate à mortalidade infantil. E hoje o Ceará tem uma das menores mortalidades infantis do Brasil e é um dos estados mais pobres do país. Se o Ceará pode fazer, me dê uma oportunidade, brasileiro. Eu quero fazer por todo o Brasil.
Mediador
Obrigado, candidatos. Agora é a vez do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, de se dirigir ao púlpito, e dizer para a gente a quem o senhor vai dirigir a sua pergunta, candidato?
Guilherme Boulos
Ao Meirelles.
Mediador
Candidato Meirelles, pode retornar, então?
Guilherme Boulos
Mas não vou chamar o Meirelles, não. Já disse que eu vou taxar o Meirelles. Meirelles, o Temer foi denunciado duas vezes por corrupção. Nas duas vezes ele se salvou com o famoso toma lá dá cá, comprando parlamentar em troca de emenda e de cargo. Eu tenho muito orgulho de fazer parte do PSOL, partido em que todos os deputados votaram para cassar o Michel Temer. Como você, Meirelles, como o povo pode acreditar que você vai combater a corrupção se você faz parte da turma do Temer, do partido do Temer?
Henrique Meirelles
Eu sou um candidato e faço parte da minha história, e a minha história é uma história de quem trabalha, em primeiro lugar. Eu sei que pode parecer estranho pra você essa história de trabalhar. Eu trabalho, trabalho duro, e não tenho nenhuma denúncia por corrupção na vida inteira, e não tenho nenhum processo. Portanto eu posso, sim, com muito orgulho, dizer que tenho um passado e um presente ficha limpa. Como eu já disse, eu penso inclusive em criar o movimento dos sem processos. E eu sou um candidato independente, por quê? Porque eu não devo nada a ninguém. Eu já fui convidado, trabalhei para o governo do Lula, trabalhei para o governo do Temer, trabalhei para os governos que me dão a oportunidade de trabalhar pelo o Brasil. Porque eu não divido o Brasil entre quem gosta do FHC, quem não gosta; quem gosta do Temer, quem não gosta; quem gosta do Lula e quem não gosta. Eu divido o Brasil entre quem trabalha pelo país e quem não trabalha. E eu trabalhei pelo Brasil e mostrei resultado concreto com uma vida de honestidade.
Guilherme Boulos
Olha, Meirelles, primeiro, de fato você falar em trabalho me parece algo muito estranho. Porque você é um banqueiro. Banqueiro não trabalha. E me parece mais estranho ainda porque você é um dos responsáveis de ter tanto desempregado no país. Você deveria falar em desemprego, não em trabalho, vai mais com a sua cara. Agora quero dizer o seguinte: o sistema político brasileiro tá podre. A turma do PMDB, do Meirelles, essa turma toda, que aliás o Bolsonaro faz parte, que diz que é de fora do sistema mas é deputado há 30 anos.
Recebeu auxílio moradia tendo casa...
Uma investigação realizada pelo jornal Folha de S.Paulo em cartórios mostrou que o candidato Jair Bolsonaro e seus três filhos — todos em algum cargo político — teriam posse de pelo menos 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões, em locais como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca. O mesmo levantamento foi o responsável por descobrir um imóvel do presidenciável em Brasília, no Distrito Federal. A Folha também realizou um levantamento que constatou que Bolsonaro e um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) — candidato ao cargo de Deputado Federal também pelo PSL — recebiam da Câmara Federal o auxílio moradia. De acordo com a reportagem, Jair recebia o auxílio desde outubro de 2015, e junto com seu filho desembolsaram até dezembro do ano passado R$ 730 mil. Ao ser questionado se utilizou do benefício para quitar seu apartamento, o candidato respondeu: “Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio moradia eu usava pra comer gente…”.
... Enriqueceu na política, comprou mais imóvel do que aprovou projeto, essa turma toda não vai mudar. O único jeito de mudar o sistema político é trazendo o povo para o centro da decisão. Democracia não pode ser apertar um botão a cada quatro anos e depois ir embora. Não pode ser como o Big Brother que as pessoas decidem quem fica na casa, quem sai da casa, mas não decidem o que acontece dentro da casa. O povo tem que ser chamado para decidir com plebiscitos e referendos. Nós não temos medo da decisão popular.
Mediador
Sua tréplica candidato.
Henrique Meirelles
De fato nós não podemos e não temos medo da decisão popular. Por isso é que estou apresentando essas propostas de criação de emprego no brasil. Porque? Porque quando eu fui presidente do Banco Central, talvez você não tenha acompanhado isso, eu estabilizei a economia...
E o Brasil criou 10 milhões de empregos naquela época.
A afirmação de Meirelles é VERDADEIRA, diferente do afirmado anteriormente. Quando ele era presidente do Banco Central ele criou 10 milhões de empregados, na verdade, ele criou até mais do que essa cifra foram, 15,4 milhões de empregos. Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central do Brasil de janeiro de 2003 a janeiro de 2011. Segundo a RAIS, em dezembro de 2002, o Brasil possuía 28,6 milhões de empregados. No final de 2010, o número tinha subido para 44 milhões. No total, portanto, foram criados 15,4 milhões de empregos no período.
Depois, tiramos o Brasil da maior recessão da história e criei mais de 2 milhões de empregos na economia brasileira. E tenho um compromisso, porque não acredito em promessas. Se promessa resolvesse problema, o Brasil seria uma maravilha. Mas o que eu vou fazer é me comprometer a criar 10 milhões de empregos em quatro anos de mandato como presidente da República.
Mediador
Muito obrigado, candidatos. Terminada essa rodada é a vez do candidato Ciro Gomes do PDT se dirigir ao púlpito para fazer a próxima pergunta. O senhor só precisa dizer pra quem é.
Ciro Gomes
Eu convido o candidato Meirelles.
Mediador
Candidato Meirelles retorna, então, pela segunda vez. Só lembrando: nessa rodada os candidatos poderão responder duas perguntas no máximo. Por favor, candidato Ciro.
Ciro Gomes
Meirelles, eu gostaria de fazer essa pergunta que eu vou lhe fazer ao candidato Bolsonaro. E eu suspendi minha campanha porque, quando aconteceu aquele absurdo atentado, eu fiquei muito mal. Passei ali uns quatro dias ligando pro hospital pra ter alguma condição psicológica de voltar à luta porque fui colega dele. Entretanto, ele hoje tá de alta e deu uma entrevista longa, muito maior do que nós estamos conversando aqui. Cada um de nós vai falar 10 minutos, e fugiu. Você acha correto que um homem que quer ser presidente do Brasil não se submeta ao debate?
Henrique Meirelles
Não. Isso está errado e mostra alguém que não só está fugindo debate, mas está fugindo de seu compromisso com a população. E, mais importante, não é meramente o debate, é a questão de estar aqui sujeito a críticas, sujeito a ataques, sujeito a discordância, muitas vezes até ofensas ou coisas injustas ou falsas, mas que cada um de nós está aqui enfrentando isso com seriedade e com respeito ao eleitor -- e isso que é importante. O eleitor merece respeito. Porque, porque estamos aqui pra apresentar propostas que o país precisa e também dizer o que fizemos. Cada um pode dizer o que já fez ou pode dizer o que não fez ou pode simplesmente estar acusando ou brigando com outros candidatos por falta do que dizer, mas é muito importante que o eleitor tenha a capacidade e a possibilidade de ver isso. Se alguém foge do debate, se alguém se esconde, se alguém não aparece e só vai dar uma entrevista numa situação de absoluto controle e numa situação amigável, significa que essa pessoa, na minha visão, não tem condições de administrar o país. Por quê? Alguém para administrar o país tem que enfrentar as intempéries, tem que enfrentar chuvas e tempestades e tem que tá disposto a se expor.
Ciro Gomes
É importante isso, brasileiro...
... o candidato que lidera as pesquisas tem o seu vice dizendo que vai acabar com seu décimo terceiro salário e o adicional de férias...
General Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PSL), criticou o 13º salário ao menos duas vezes. O adicional, ao menos uma vez. A primeira vez que pôs em questão o 13º salário foi no final de setembro, quando disse que “temos algumas jabuticabas que a gente sabe que é uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. (...) É complicado, e o único lugar em que a pessoa entra em férias e ganha mais é aqui no Brasil”. Já a segunda foi dois dias atrás, quando disse que “o 13º eu simplesmente disse que tem que ter planejamento, entendimento de que é um custo. Na realidade, se você for olhar, seu empregador te paga 1/12 a menos [por mês]. No final do ano, ele te devolve esse salário”.
No entanto, Mourão também disse que o 13º “não pode acabar. O que eu mostrei é que tem que haver planejamento. Você vê empresa que fecha porque não tem como pagar. O governo tem que aumentar imposto, e agora já chegou no limite e não pode aumentar mais nem emitir títulos”. Para ele, para mexer nos benefícios, “só se houvesse um amplo acordo nacional para aumentar os salários. Os salários são muito baixos, né? Você olha a nossa faixa salarial e ela é muito ruim”, concluiu, sobre o tema.
... tem o seu economista principal, a quem ele diz que vai consultar porque não entende de economia, dizendo que vai diminuir os impostos dos ricos e aumentar os impostos dos pobres, unificando a alíquota do imposto de renda. Chegou a propor a CPMF, e o Bolsonaro, quando vê a repercussão dessas coisas todas, nega pra imprensa. Aqui tem duas coisas: uma mentira, que precisava que ele tivesse aqui pra esclarecer, e eu acho que é uma mentira grossa, porque eu já vi o Bolsonaro dizendo que o brasileiro tem que optar entre emprego e direitos, e apenas o General Mourão, que tosco como é, falou com sinceridade, sem ter as habilidades políticas de um mentiroso que fala a mesma coisa. E o General Mourão indicou quais são as coisas. Mas o que me assusta não é só a mentira. Me assusta é que uma equipe de três pessoas: Bolsonaro, Mourão e Guedes brigando na véspera de uma eleição. Você imagina que isso vai dar certo no Brasil?
Mediador
A tréplica, por favor.
Henrique Meirelles
Não. Não vai dar certo.
(risos da plateia)
A eleição. Porque eu não acredito que o povo brasileiro vai assumir essa aventura. O Brasil já se cansou de aventura. A população não pode mais viver esse tipo de aventura. Nós não podemos ter mais esse tipo de risco. O Brasil já correu muito risco. O Brasil já enfrentou muitas aventuras e o resultado tem sido lamentável. Portanto é o momento em que nós precisamos de segurança, competência e uma coisa está aqui colocada com clareza. Precisamos de seriedade. Seriedade no que fala, seriedade em seguir a sua própria história, alguém que apresenta propostas, que vota, mas depois é coerente com isso. E as suas propostas, sua visão de país, o que ele fala tem que estar consistente com tudo aquilo que ele já fez e já votou no seu papel de congressista.
Mediador
Obrigado, candidatos, eu convido agora o candidato Alvaro Dias do Podemos para se dirigir ao púlpito e escolher a qual candidato ele vai fazer a próxima pergunta nesse bloco, que, eu lembro, tem tema livre.
Alvaro Dias
Quem é que sobra aí? Geraldo Alckmin?
Mediador
O senhor pode fazer pergunta a todos, só não pode perguntar ao candidato Meirelles.
Alvaro Dias
Geraldo Alckmin... Geraldo Alckmin. Geraldo, eu te respeito muito e há pouco, mais uma vez, se confirmou que, na olimpíada da mentira, o PT ganha a medalha de ouro. A todo momento afirmam-se coisas que não aconteceram, por exemplo: que eu apoiei isso, que eu apoiei aquilo. Eu fui oposição a vida inteira, só sete meses eu fui governo, no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. Qual a sua proposta para mudar essa realidade do país, o modelo que está vigente?
Geraldo Alckmin
Olha, eu acho que já tivemos, Alvaro Dias, você que tem uma larga experiência, governador, senador, nós já tivemos a experiência do PT e vimos o resultado disso, o resultado foram 13 milhões de desempregados, criminalidade na altura, saúde deteriorada, contas públicas com problema, empresas fechadas, esse é o dado de realidade. E sempre terceirizam a culpa, a culpa é sempre de terceiros. Agora, também do outro lado, e eu venho há meses falando isso, o caminho também não é o radical de direita que não tem a menor sensibilidade, (inaudível) dizer que saúde não precisa de mais dinheiro. Ora, saúde está um caos. Como é que não precisa de mais dinheiro com a população ficando mais idosa e a medicina mais cara? Uma barbaridade. Que quer fazer imposto novo, CPMF, que é um imposto ruim, que pega toda, encascata, prejudica a população, que não tem sensibilidade com os trabalhadores que sustentam esse país, carregam nas costas esse país, as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Não tem a menor sensibilidade com as mulheres, então eu, nós, que sempre estamos no outro caminho que não dos radicais de direita e de esquerda, temos que, nesses três dias, levar uma reflexão profunda do Brasil. Não podemos ir pra esse segundo turno de extremos.
Alvaro Dias
Olha, eu digo que nós estamos discutindo muito assuntos periféricos e estamos deixando aquilo que é central pro futuro do país. É o modelo. Esse modelo de governança corrupto, se ele prevalecer, vai continuar sendo fábrica de escândalos, produzindo os ladrões da República. Há um conluio, há uma associação do sistema financeiro nacional com mão grande e parte da política, essa parte da política que apodreceu. E nesse conluio, o governo enche as burras dos banqueiros, 72% do crédito nacional é (inaudível) pelo governo, os bancos não precisam, não precisam do mercado, não disputam no mercado, por isso não há competição e a taxa de juros não recua, porque o governo absorve 72%. Temos que transferir isso para o setor privado.
Geraldo Alckmin
Olha, eu quero falar com você que está nos acompanhando até essa hora aqui através desse importante debate, na antevéspera da eleição, de que o Brasil já tem problema demais, os brasileiros já têm problema demais. Nós não podemos ter presidente pra também ser problema. Nós precisamos ter presidente pra resolver os problemas, pra colocar a coisa no caminho correto, com segurança. O Brasil só vai mudar com as reformas, senão vai ser esse marasmo, esse lelelé. Com as reformas, reformas políticas, esse sistema nosso tá falido. 35 partidos políticos. Reforma previdenciária, pra acabar com o privilégio. O legislativo federal ganha vinte vezes mais que você que trabalha na agricultura, no comércio, na aposentadoria. Reforma tributária, pra simplificar o modelo tributário. E reforma de Estado, privatizar, enxugar, diminuir o tamanho do Estado brasileiro.
Mediador
Obrigado, candidatos. O próximo candidato a fazer pergunta, tema livre, é Fernando Haddad, do PT. A quem eu peço que se dirija, por favor, aqui ao púlpito. E o candidato deve escolher a quem vai dirigir a sua pergunta.
Fernando Haddad
Ao Guilherme Boulos. Guilherme, você, como eu, é professor, vive do seu salário, tem orgulho da sua profissão e muitas vezes é incompreendido por pessoas que ganharam dinheiro muito fácil no Brasil. Qual que é a sua proposta pro Ensino Médio do país? Porque eu sinto que o Ensino Médio é o que exige mais atenção por parte do poder público, porque foi a etapa de ensino que menos reagiu ao estímulos que foram dados.
Guilherme Boulos
Nós temos que retomar investimento em educação pública no Brasil, Haddad. Isso passa, em primeiro lugar, por revogar a emenda constitucional 95, que congelou investimento, inclusive em educação e saúde, pelos próximos 20 anos. Nós vamos revogar ela. Retomando investimento é possível cumprir o plano nacional de educação e investir o custo-aluno qualidade inicial, que prevê R$ 50 bilhões para o ensino básico no Brasil. Equipando as escolas, inclusive, com Wi-Fi, em todas as escolas; criando as condições para que os professores ganhem um salário digno e tenham um plano de carreira, isso é essencial. Nós temos que fazer um debate também sobre currículo. A reforma do Ensino Médio feita pelo governo Temer, que tirou a Filosofia, tirou a Sociologia, ela é uma reforma que tira o pensamento crítico. Nós precisamos revogar essa reforma, porque ela foi feita sem discutir com ninguém, e mexer no currículo, porque escola não pode ser para formar os nossos jovens apenas para fazer uma prova no fim do ano, tem que ser pra formar pra vida, e por isso os grandes temas têm que ir para o currículo, inclusive a questão de gênero, diversidade sexual e racismo. Isso tem que ser debatido desde as escolas, porque não se debate, gera preconceito, e o preconceito estimula o ódio e a intolerância. É isso que nós vamos fazer no Ensino Médio Brasileiro.
Fernando Haddad
Guilherme, você sabe, você acompanhou, fez parte dessa luta, nós abrimos as portas das universidades para os jovens.
2 milhões de bolsas concedidas pelo Prouni.
Essa informação já foi checada pelo Aos Fatos durante propaganda eleitoral na TV. De acordo com dados divulgados pelo MEC (Ministério da Educação) em uma chamada para a lista de espera do Prouni para o segundo semestre deste ano, divulgada em 30 de julho, o programa já teria beneficiado, desde a sua criação, 2,5 milhões de estudantes. Desta forma, a afirmação dita pelo programa do PT é VERDADEIRA. De acordo com o que diz a legislação, o objetivo do programa é a distribuição de bolsas de estudo integrais e parciais (50% ou 25%) para estudantes de cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior. Na modalidade de bolsa integral, um de seus critérios de seleção para a concessão do benefício, é a oferta para brasileiros não portadores de diploma de curso superior, cuja renda familiar mensal per capita não exceda o valor de até um salário mínimo e meio. Já para a concessão de bolsas de estudo parciais de 50% ou de 25%, os critérios de distribuição para brasileiros não portadores de diploma de curso superior é renda familiar mensal per capita que não exceda o valor de até três salários-mínimos.
Dobramos as vagas nas universidades federais, multiplicamos o financiamento estudantil sem fiador, para que o pobre pudesse ter acesso, mas temos um gargalo no Ensino Médio que precisa ser corrigido. Qual a nossa proposta? As escolas de Ensino Médio no Brasil, as melhores, públicas e privadas, elas são as federais, as públicas federais, e nós espalhamos essas escolas federais por todo o país. Só eu inaugurei 214 escolas de ensino médio federal. Nossa proposta é que essas escolas sejam o padrão de referência do Ensino Médio dos estados. 90% da matrícula é estadual, não é federal. Nós queremos apoiar essas escolas estaduais a partir da experiência exitosa dos institutos federais, das escolas militares e das escolas do SESI e do SENAC.
Guilherme Boulos
Olha, Haddad, em relação ao ensino superior que você mencionou, de fato é importante ter ampliado vagas na universidade e ter feito programa de cotas. Agora, nós temos um problema aí:
hoje, vai mais dinheiro para o Fies do que pra universidade pública.
Não é verdade que o governo gasta mais com o Fies, programa de financiamento estudantil do governo federal, do que com a universidade pública. Segundo os dados do Siga Brasil, em 2017 foram pagos R$ 21,6 bilhões para o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) em 2017. No mesmo ano, foram investidos R$ 33,1 bilhões no ensino superior.
Em relação à LOA 2018 (Lei Orçamentária Anual de 2018), estão previstos os investimentos de R$ 43 bilhões nas universidades públicas e R$19,3 bilhões no Fies.
Nós temos é que criar mais vagas na universidade pública e criar um modelo de transição, porque a universidade pública tem pesquisa, tem extensão, tem ciência. Esse dinheiro que hoje vai para universidade privada tem que ir pras públicas, inclusive fazer uma auditoria, porque ele tem uma verdadeira caixa-preta aí dos grandes grupos de ensino privado educacionais. Agora, você mencionou um tema no início da sua pergunta que eu queria colocar aqui: eu, com muito orgulho, faço parte do movimento que luta por moradia, o Sem-Teto, de pessoas que todo fim do mês tem que fazer a dura escolha, como muitos que estão nos assistindo, entre pagar aluguel e botar comida na mesa. Pra mim, esse é um orgulho enorme estar ao lado dessas pessoas. Eu ando com sem-teto, eu ando com sem-terra, eu só não ando com sem vergonha.
Mediador
Geraldo Alckmin
Eu escolho a candidata Marina Silva.
Mediador
Candidata Marina Silva pode vir até o púlpito. 30 segundos pra sua pergunta, candidato.
Geraldo Alckmin
Marina, um tema que preocupa o Brasil inteiro, inclusive aqui no Rio de Janeiro, onde nós estamos, é segurança pública. Nós em São Paulo conseguimos um resultado importante,
Nós tínhamos 18 anos atrás 13 mil assassinatos por ano, reduzimos pra 11, 9, 7, 5, ano passado foram 3.503.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em 2001 houve 13.133 vítimas de homicídios dolosos no estado. No ano passado, foram 3.503. De acordo com o órgão, em 2017, houve 7,54 casos de homicídios e 8,02 vítimas de homicídios a cada 100 mil habitantes no Estado de São Paulo. Ambos os índices são os menores dos últimos 17 anos.
Reduzimos 75% dos homicídios. Qual a sua proposta para segurança pública?
Marina Silva
Nós temos uma situação dramática em que 63 mil pessoas são assassinadas por ano e a nossa proposta de segurança pública é, inclusive, para frear o que está acontecendo no Brasil. Que quadrilhas e organizações criminosas, que só existiam em grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e, principalmente, aqui em São Paulo, como é o caso do PCC, estão indo para estados que não têm a menor condições de lidar com esse time de crime. No meu estado do Acre, um estado frágil, hoje está invadido por organizações criminosas, por isso a nossa proposta é de um sistema único de segurança pública. Nós vamos investir em inteligência para que as abordagens sejam mais efetivas; treinar e pagar adequadamente os policiais;vamos equipar e ampliar o contingente da Polícia Federal Rodoviária e da Polícia Federal para combater crime organizado; e não vamos permitir, Alckmin, que aqueles que são criminosos fiquem comandado o crime organizado de dentro das cadeias, como acontece em muitos casos, inclusive aqui em São Paulo, que consegue exportar essas organizações criminosas para outras regiões do Brasil. Nós vamos ter um sistema único de segurança pública que trate a questão de violência não só como caso de polícia, mas como caso de justiça econômica, social, para que a população possa ter alternativa.
Geraldo Alckmin
Eu, quando algum estado consegue um sucesso, um estado-irmão, eu fico feliz, reconheço, aplaudo, fico feliz, reconheço. É importante reconhecer também os avanços de São Paulo. Nós reduzimos de 13 mil pra 3 mil, são 10 mil vidas salvas por ano. Negros, caiu 35% a morte de negros; jovens, quase 40%; mulheres, feminicídio. Então nós resolvemos lá. Vamos resolver esse modelo para todo o Brasil. Tecnologia, combate ao tráfico de drogas, sistemas de fronteira, combate ao tráfico de armas, mudança da legislação. Essa história de que prender não resolve não é verdade, você tem que prender, tem que tirar o criminoso da rua, é importante isso. Vamos aperfeiçoar as leis de execuções penais, aperfeiçoar o Código de Processo Penal e fazer parcerias com estados e municípios e criar uma Guarda Nacional de caráter permanente.
Mediador
Tempo, candidato.
Marina Silva
O problema é que quando as coisas não são feitas de forma bem feita, o problema acontece que em um estado acaba indo para um outro estado, que é o que eu percebo que aconteceu em vários estados que tinham verdadeiras quadrilhas. Hoje essas quadrilhas é uma realidade, Alckmin, elas foram para outros estados, por isso que eu quero um sistema único de segurança pública, aonde o governo federal junto com os governos estaduais e os governos municipais possam ter uma abordagem do combate ao crime, às organizações criminosas e à violência de forma efetiva, para que não se tire com uma mãe e se bote com a outra, porque é isso que acontece. Nós temos que celebrar quando não tiver violência em São Paulo, não tiver violência no Acre, não tiver violência no Ceará e no Rio de Janeiro ou em qualquer lugar do Brasil. Essa é a proposta que eu tenho, segurança para todo o Estado brasileiro junto com estados e municípios.
Mediador
Muito obrigado, rodada encerrada. Depois do intervalo nós teremos o último bloco do debate aqui no estúdios Globo. Os candidatos a presidente da república voltarão a discutir temas determinados por sorteio. Até já.
Mediador
Muito bem, estamos de volta ao debate dos candidatos à Presidência. Mais uma vez, neste bloco, cada candidato vai poder responder a, no máximo, duas perguntas. E sobre temas que eu vou sortear. Começando então agora pelo sorteio do próximo tema de pergunta, que é Previdência. Tema importantíssimo. E quem vai fazer a primeira pergunta desse bloco é Fernando Haddad, candidato do PT. Candidato, o senhor tem que escolher a quem vai endereçar a pergunta sobre Previdência.
Fernando Haddad
Ciro Gomes.
Mediador
Candidato Ciro Gomes.
Fernando Haddad
Ciro, tramitou e tramita ainda no Congresso Nacional, uma proposta de reforma da Previdência que, na minha opinião, é nefasta para o país porque ela não diferencia os brasileiros. Tem brasileiro que, em determinados estados, têm uma média de 60 anos de vida e outros que têm 70 anos de vida. O trabalhador rural é uma realidade. A pessoa que ganha benefício de prestação continuada é outra realidade. Qual que é a sua visão sobre a reforma da Previdência?
Ciro Gomes
A proposta que Michel Temer fez e que está ainda está aí engatilhada esperando que a população brasileira é… tome uma decisão errada nessa noite. Eu peço a Deus para que abençoe esta grande nação, para que a gente ache o caminho correto, é uma aberração. É uma aberração por dois lados. Primeiro ela é injusta. O trabalhador do Nordeste, eu sou o único candidato nordestino, tem que falar essa voz aqui, que é uma origem e uma honra para mim. Né, o trabalhador rural nordestino não pode ter a mesma idade mínima que um trabalhador de trabalho intelectual da praia de Fortaleza ou da avenida Paulista, ou do Leblon, em São Paulo, ou Rio de Janeiro. Um professor, em nenhum lugar do mundo, é obrigado a dar 49 anos de aula para ter direito à aposentadoria integral. Nunca se viu em nenhum lugar do planeta, um policial correr de bandido 49 anos para ter direito à aposentadoria integral. Essa é a grande aberração, ela é injusta, ela é selvagem. Ela guarda coerência com essa matriz de economia política que o Bolsonaro (inaudível), não é o Bolsonaro, é o Paulo Guedes. É só as pessoas lerem. Parece que eu estou aqui birrando e implicando. Não, é o Brasil e o candidato que está na frente das pesquisas, e ele tinha que está aqui para responder, e infelizmente ele fugiu e estava dando entrevista na outra emissora, concorrente aqui da Globo. E o outro problema, é que o sistema de repartição, só o Brasil e a Argentina e... e... (sic) e a Venezuela praticam, e isso está quebrado. Nós precisamos criar outro regime de capitalização, que seja garantido a todos os brasileiros, sem ferir nenhum direito adquirido.
Fernando Haddad
Olha, concordando com as premissas do seu raciocínio, nós temos uma ideia. E ideia é tirar da idade mínima, da discussão da idade mínima, que ganha até uma faixa de renda e o trabalhador rural. Não dá para ter a mesma regra para todo mundo. Os brasileiros, infelizmente eu digo isso, são muito diferentes. A expectativa de vida dos brasileiros é muito diferente, dependendo da região e dependendo da renda. Então qualquer mexida na Previdência que não levar em conta que somos diferente e temos que ser tratados diferentes, ela vai ser injusta. Tudo o que o governo Temer está fazendo, acaba recaindo o ônus da reforma, sobre quem mais precisa do Estado, sobre quem mais precisa do apoio estatal nos serviços públicos, inclusive na previdência pública. Então nós vamos discutir isso com a sociedade, mas com essas premissas. O trabalhador e a classe pobre não vai pagar a conta do ajuste fiscal.
Ciro Gomes
Quatro das cinco maiores centrais sindicais estão comigo. Uma com você e quatro comigo. Nesse caso aqui, pelo menos, nessa pesquisa está quatro a um para mim. (risos) E dali veio, de um debate com eles, veio uma ideia, que eu achei mais interessante do que essa, mais coerente com a vida do brasileiro. A ideia de que nós partamos da idade mínima que temos hoje e, a cada ano de expectativa de vida maior que o IBGE anote, a gente aumente três meses, quatro meses na idade mínima, para as todas as categorias, inclusive guardando a diferença dos trabalhadores rurais, dos urbanos, das mulheres e dos homens, porque isso é que é justiça. O maior problema do Brasil, se você me pedir em uma palavra, é desigualdade. E a desigualdade do nosso país é a pior do mundo. Entra governo, sai governo, a gente atenua, mas aí sobre, melhora um pouquinho, daí a pouco escorrega que nem um pau de sebo, que é um assunto bastante conhecido no Nordeste querido da onde venho e para onde daqui a pouco vou de volta, para encerrar a campanha na minha querida Sobral.
Mediador
Candidatos, muito obrigada. Candidato Ciro Gomes, o senhor pode permanecer. Pelo sorteio, o senhor é quem vai fazer a próxima pergunta, é só escolher.
Ciro Gomes
Poupei uma caminhadinha, né?
Mediador
(risos) O senhor tem esse direito, desde que o senhor diga a quem vai fazer a pergunta.
Ciro Gomes
Não tem mais tema?
Mediador
Ah é, pois é. Eu estou involuntariamente aqui provocando.
Ciro Gomes
Acabei de merecer ganhar seu voto.
Mediador
É verdade, o senhor foi mais rápido do que do ponto eletrônico.
Ciro Gomes
É como eu vou governar o Brasil.
Mediador
Segurança é o tema da próxima pergunta. Agora sim, por favor, e perdão mais uma vez.
Ciro Gomes
(gaguejo)
Mediador
Tem uma hora que o cansaço bate.
Ciro Gomes
Eu quero convidar o candidato Meirelles.
Mediador
Candidato Henrique Meirellles… Lembrando só, o tema é segurança, por favor.
Ciro Gomes
Segurança… Meirelles, o Brasil assistiu apatetado às autoridades, 63.880 homicídios nos últimos 12 meses, oficialmente apurados. Quase todos jovens, quase todos negros, quase todos filhos da periferia das cidades brasileiras. 60 mil mulheres brasileiras foram estupradas, é bom que a gente lembre que pode ser a nossa filha, a nossa mãe. Eu tenho uma filha e uma neta, que são o meu orgulho, e que não foram resultado de nenhuma fraquejada. São meu orgulho, razão da minha alegria. Qual é a sua proposta para enfrentar isso?
Henrique Meirelles
O Brasil precisa antes de mais nada de um sistema unificado de segurança. Porque o que está acontecendo hoje é que muitas vezes a polícia está andando atrás do crime organizado, ou mesmo do crime comum. Então nós precisamos ter uma polícia bem informada. Hoje, né, como sabemos bem, muitas vezes a Polícia Militar não troca informação com a Polícia Civil, que não troca informação com a Polícia Federal e, um estado não troca informação com o outro. Então nós temos que ter, antes de mais nada, um sistema de informação unificado, controlado e administrado pela Polícia Federal. Segundo, e também muito importante: o estado tem que comprar equipamento, tem que contratar policiais. E nós temos aí estados brasileiros que passam dez anos ou mais sem contratar um policial, por falta de recursos. Então nós temos que garantir o crescimento econômico. Você precisa ter uma política econômica bem feita e administrada para crescer. O estado vai arrecadar mais, ele vai ter condição de primeiro contratar efetivo, segundo, de comprar equipamento, comprar armamento e, finalmente, nós temos que ter policiamento de fronteira, para prevenir o contrabando. Tem já a tecnologia para isso. Existe o satélite geoestacionário, que tem condições de dar a informação em tempo real, o que precisa, de novo, é competência e inteligência.
Ciro Gomes
Eu fico muito feliz de está ajudando a aclarar o debate brasileiro. Parte importante dessas ideias não são minhas, eu consultei especialistas, elas estão escritas no meu programa, e eu fico feliz de vê-las repetidas na voz de pessoas ilustres que estão disputando comigo essa grave tarefa, porém, maior de todas a honras, de servir o Brasil como seu presidente. Mas deixa eu dizer ao brasileiro e à brasileira que estão nos ouvindo. O governo Temer, meteu na Constituição brasileira, uma emenda que chama-se emenda 95. Por essa emenda 95, o Brasil está proibido, escute bem o que estou lhe dizendo, não tem exagero nenhum, proibido de expandir o gasto com saúde, educação, segurança e tudo mais por vinte anos. Portanto, se nós queremos mudar, na direção de um sistema único, baseado em inteligência, satélite, drone e infiltração. Caminhar, percorrer o caminho do dinheiro, controlar as facções criminosas, é preciso revogar a emenda 95.
Henrique Meirelles
Antes de mais nada, o gasto público brasileiro tem crescido numa escala descontrolável (sic). É absolutamente normal que todo político, governante, ele gosta de gastar mais. Portanto, qualquer limitação a gasto público tem grande reação. Mas é importante dizer que, no Brasil, o gasto com segurança, por exemplo, ou ainda, mais importante, no gasto com saúde e educação, não há um teto. Esta é uma má informação. O que há é um piso, é o contrário, estabeleceu é o mínimo. O que há teto, é para despesa com desperdício, combate a privilégios, e toda aquele tipo de coisa que nós temos que enfrentar com as reformas fundamentais, que são tão importantes para o Brasil hoje, para dar segurança para a população hoje, que o seu dinheiro é bem administrado. Como você faz na sua casa.
Mediador
Candidato Meirelles, é a sua vez de permanecer. Obrigado, candidato Ciro, e eu vou sortear o tema, para que o senhor faça a pergunta, sobre políticas sociais, candidato. Políticas sociais é o tema da sua pergunta para o candidato Alckmin.
Henrique Meirelles
Candidato, no Brasil, nós temos muitas carências. E tem o programa de Bolsa Família, que, aliás, existe porque o Brasil cresceu no período onde eu estava no Banco Central e isso permitiu a criação do Bolsa Família. Mas qual é a sua proposta para reforçar a política social e fazer com que menos pessoas precisem do Bolsa Família.
Geraldo Alckmin
Olha, só tem um caminho, que é a retomada da economia, a retomada do emprego. Há uma crise de confiança. O investidor não investe porque não tem confiança. O consumidor também reduz consumo e o país também não cresce, perdendo a oportunidade. Por que a economia mundial deve crescer perto de 4% quase este ano. O Brasil tinha que estar liderando este trabalho. Isto nós vamos ter que resolver com as reformas, elas são necessárias. Quero destacar aqui, acho que a gente tem que falar a verdade para as pessoas. É reforma política, essencial para o país poder avançar mais, reforma tributária, simplificar o modelo tributário, reforma previdenciária, para acabar com o privilégio, ter o Regime Geral de Previdência do setor público e do setor privado e a reforma de estado. O Bolsa Família nasceu com o presidente Fernando Henrique, quando tinha Bolsa Educação, Vale Gás e a Bolsa Saúde. Foi unificada no governo do PT e foi amplificada. Está correto, nós vamos manter o Bolsa Família e vamos fazer, Meirelles, o retorno automático. Hoje, às vezes a pessoa não quer sair do Bolsa Família porque tem medo de amanhã perder o emprego e não conseguir voltar para o Bolsa Família. Nós vamos garantir o retorno automático para a pessoa poder, tendo a oportunidade, conseguir um emprego. E trabalhar para o Brasil ter investimento, crescer e ter emprego.
Henrique Meirelles
De fato. A melhor política social que existe é o emprego. Não há dúvida de que alguém que não tem emprego, ou que não possa, ou que não tenha condições, é muito importante o Bolsa Família, é muito importante o programa social. Agora, a criação de emprego é que resolve, de fato, o problema de cada brasileiro. E é o aumento da renda de cada um. Isso se consegue se uma política econômica bem sucedida (sic). Uma política econômica de sucesso, que aumenta a sua renda e tem condições, inclusive, de aumentar o valor do Bolsa Família e permitir que as pessoas saiam também do Bolsa Família. Para isso é preciso de competência. Eu sei como fazer, já mostrei como fazer isso e eu peço uma oportunidade para que todos possam ver como que isto sim possa ser feito no Brasil. Dar oportunidade para que possa aumentar a renda de toda a população.
Geraldo Alckmin
É, eu entendo que a questão social, ela envolve múltiplos aspectos: habitação, então a nossa proposta são três milhões de moradias. A gente vai atender de um lado o emprego, que a construção civil gera muito emprego e casa para quem precisa. Aliás, São Paulo foi o exemplo. Nós investimos 1% do ICMS só para habitação. Então, quem ganha um salário mínimo tem acesso a casa própria. Então habitação… Saneamento básico, é a população mais pobre quem sofre com a falta de saneamento básico. Nós adquirimos uma expertise em razão até da seca que sofremos no estado e vamos faz uma grande programa de saneamento básico. E salário mínimo. Quero assumir um compromisso aqui com quem está nos assistindo. A política é para diminuir desigualdade, para conseguir enxergar aquele que passa dificuldade. O salário mínimo vai crescer, acima da inflação e vou mantê-lo à sua vinculação, com a aposentadoria, pensão e benefício de prestação continuada.
Mediador
Candidatos, obrigado, agora é a vez do candidato Guilherme Boulos vir ao púlpito e dirigir a pergunta a algum candidato, a quem ele quiser, sobre o tema saneamento.
Guilherme Boulos
Vou perguntar ao Alckmin.
Mediador
Candidato Alckmin, pode retornar, por favor.
Guilherme Boulos
Alckmin, quase metade da população brasileira não tem ou a água limpa, ou o esgoto tratado. Não tem acesso a saneamento básico. Esse é um drama que afeta milhões de pessoas que às vezes têm uma vala no fundo da sua casa. Isso inclusive tem feito ressurgir epidemias no país. Vocês tem uma receita que é a da privatização. Eu queria saber: para você, saneamento é um negócio ou é um direito?
Geraldo Alckmin
Olha, primeiro destacar a importância do saneamento básico. Se a gente olhar, né, o copo meio cheio, meio vazio, o meio cheio é que as pessoas estão ahn… melhorou. As pessoas estão vivendo mais e vivendo melhor. Três coisas fizeram esse salto, a gente viver aí 77 anos, vai passar de 80. Primeira coisa foi água tratada, água tratada. A segunda foi vacina, terceira antibiótico. Então saneamento básico é essencial para a saúde da nossa nação. O que que nós vamos fazer: hoje, as empresas de saneamento, a maioria, 98% delas, são estatais -- ou municipal ou estadual --, elas pagam PIS/Pasep e Cofins. É um absurdo, o governo federal tributa água e esgoto. Em um país que não tem água, 30% da população não tem água e metade da população, praticamente, não tem coleta esgoto. Nós vamos devolver esse dinheiro para investimento em água e esgoto. Se você tiver um bom… São Paulo é estatal, a Sabesp é uma empresa estatal. Mas se tiver um bom marco regulatório, você pode trazer investimento privado para poder investir mais. Nós precisamos é de investimento, colocar água dentro da casa das pessoas, coletar e tratar o esgoto sanitário. E quero trazer uma palavra, sobre o rio São Francisco, que nós vamos fazer um grande trabalho.
Mediador
Seu tempo, candidato.
Guilherme Boulos
Olha, Alckmin, a Sabesp é estatal mas foi aberta ao capital na bolsa de valores no seu governo. Água não pode ser mercadoria. Água tem que ser direito, não deve servir para o lucro. Esse é um ponto fundamental. Agora, a questão do saneamento também passa por investimento. Eles gostam de dizer que não tem dinheiro. Dinheiro tem, é que está mal distribuído e não chega aonde tem que chegar. Tem que fazer com que os ricos passem a pagar imposto. Pobre já paga demais, classe média já paga demais. Rico tem que começar a pagar. Talvez você não saiba, mas...
... quem tem um carro, paga imposto, o IPVA. Quem tem jatinho, helicóptero, não paga um real.
Desde uma decisão do STF no Recurso Extraordinário 379572 RJ, em 2007, o IPVA (Imposto de Propriedade de Veículo Automotor) deixou de incidir sobre aeronaves e também embarcações. Naquela ocasião, votaram contra a cobrança o relator Gilmar Mendes e os ministros Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Sepúlveda Pertence, Cezar Peluso e Cármen Lúcia.
Vale destacar que o então ministro Joaquim Barbosa era favorável à incidência do imposto sobre esses tipos de veículos, já que a expressão “veículos automotores” seria suficiente para pelo menos abranger meios de transporte aquáticos. Além dele, Marco Aurélio foi o único a se posicionar contra o recurso. Os principais argumentos contra a cobrança dizem que o imposto substituiu a Taxa Rodoviária Única e, portanto, serve para manutenção e custeio de rodovias, e que os helipontos e aeroportos já cobram pelos serviços prestados.
Tramitam apensadas na Câmara dos Deputados duas propostas de emenda à Constituição (PEC 283/2013 e PEC 140/2012), que propõem que o imposto incida sobre veículos automotores terrestres, aéreos e aquáticos. Elas estão aguardando a criação de comissão temporária no Congresso.
Por isso, nós vamos fazer uma reforma tributária, para que comecem a pagar. E o centro da questão do saneamento é uma lógica urbana que joga os mais pobres sempre para mais longe, onde não tem infraestrutura, onde não tem nada. É preciso cumprir o Estatuto das Cidades, desapropriar imóveis abandonados nas regiões centrais, porque pobre tem direito de morar no centro, onde tem saneamento e serviços públicos.
Geraldo Alckmin
Olha, o saneamento básico é prioridade absoluta, eu até me dediquei a isso em razão da seca que tivemos lá no estado de São Paulo. Nós vamos investir em saneamento, isso gera também muito emprego. A Sabesp é uma empresa estatal, o fato de ter acionista minoritário é ótimo, é governança cooperativa. A Petrobras tem, o Banco do Brasil tem, todas, praticamente, as estatais têm. Você está capitalizando a empresa, investe mais, e ela é controlada pelo estado. O que precisa ter é um bom marco regulatório. Habitação: eu fiz a primeira PPP do país de habitação, para retomar moradia no centro expandido de São Paulo. Foi a primeira e muito bem sucedida. Áreas que estavam abandonadas, voltamos, fizemos (sic), 3.500 apartamentos, revitalizando a região central e a pessoa podendo morar mais perto do seu trabalho. É isso que nós vamos levar para o Brasil, esses bons projetos que deram certo e vão beneficiar a população.
Mediador
Candidato Alckmin, agora é a sua vez. Eu peço ao senhor que permaneça. Eu vou sortear o tema da próxima pergunta. É educação e o senhor escolhe a qual candidato o senhor vai dirigir a sua pergunta.
Geraldo Alckmin
Eu escolho Alvaro Dias.
Mediador
Candidato do Podemos, Alvaro Dias. Pode vir ao púlpito. Pergunta sobre educação.
Geraldo Alckmin
Nós temos, Alvaro, um grande desafio no Brasil, às vezes uma inversão de prioridades. Quer dizer, nós temos crianças fora do ensino infantil, da educação infantil, crianças de zero a cinco anos de idade, e o governo federal gasta muito pouco com a questão do ensino infantil. Para ter uma ideia, foram feitos pouco mais de 200 creches para o Brasil inteiro. Qual a sua proposta para a educação e mais a educação infantil?
Alvaro Dias
Eu confesso, Alckmin, que às vezes eu fico constrangido em falar de propostas, porque eu acho que os brasileiros estão enjoados de nos ouvir todos os dias com essa enxurrada de propostas, sem dizer como fazer. Sem o dinheiro para fazer, sem mudar o modelo que nós temos. Mas em respeito a você eu vou responder. Ali está o meu formulador, um dos formuladores que é o Pedro, aliás, o Paulo Rabelo, meu vice-presidente, grande formulador de propostas, economista do ano, e nós temos uma proposta para a educação que começa valorizando a primeira infância. O grande investimento na primeira infância será, sem dúvida nenhuma, a grande prioridade do nosso governo. Investir com a instituição de mais 4 milhões de matrículas. Desde o pré-natal até os 06 anos de idade, educação, alimentação adequada, segurança. Nós vamos com esse investimento reduzir certamente os índices de violência, os índices de corrupção no país, nós vamos melhorar os índices de produtividade e vamos influenciar no desenvolvimento econômico do país. Porque o investimento nessa faixa etária de US$ 1, tem um retorno assegurado de US$ 12, US$ 13. Essa é a nossa grande proposta.
Geraldo Alckmin
Certa vez, perguntaram a uma mãe qual dos filhos ela mais amava. E ela respondeu, ela disse o pequenino, até que cresça. O doente, até que sare. O ausente, até que volte. O pequenino, até que cresça. E eu quero ser o presidente da primeira infância. Nós vamos zerar, o mais rápido possível primeiro a pré- escola. Tem 440 mil crianças fora, de 04 a 05 anos e idade, fora da EMEI e da pré-escola. Já deveria ter sido cumprido há três anos atrás. Nós vamos zerar o mais rápido possível. E as creches, ampliar ostensivamente, através de convênio com as prefeituras municipais e entidades da sociedade civil. Em no ensino médio para o jovem, implantar a reforma, que é uma reforma boa, dando oportunidade de ensino técnico, para ele já também poder conseguir um bom emprego, ou ir para a universidade.
Alvaro Dias
Nós vamos instituir, eu repito, 4 milhões de matrículas nas creches. Eu fui o relator do Plano Nacional da Educação. Nós devíamos ter já, até 2017, 30% das crianças de zero a três anos nas creches. Aliás, nós já devíamos ter 50%, temos 30%. Se continuarmos nesse ritmo, levaremos 20 anos para colocar todas as crianças nas creches. Nós vamos instituir o vale-creche, ou cheque-creche, para que a mãe possa escolher a creche privada ou, se preferir, leve à creche pública. E, em seguida, nós vamos instituir, criar 500 centros de formação para o trabalho. Para atender a 1 milhão de jovens, que estarão preparados para a atividade profissional, já que hoje temos um perfil de emprego diferente, com automação, e é preciso tirar esses jovens da marginalidade, muitos deles na marginalidade, para o emprego com essa escola.
Mediador
Muito obrigado candidatos, agora é a vez da candidata da Rede. Marina Silva, se aproxima aqui do púlpito e enquanto a senhora se aproxima, eu vou sortear aqui o tema da próxima pergunta. Dessa vez eu acertei, hein, candidata. A senhora vai fazer uma pergunta sobre impostos e pode escolher a quem fazer. Só não pode ser o candidato Alckmin, que já respondeu a duas.
Marina Silva
Guilherme Boulos.
Mediador
Candidato do PSOL, Guilherme Boulos. O tema é impostos, candidato.
Marina Silva
Boulos, nós estamos chegando à reta final dessa campanha e a sociedade está desolada. De um lado, dá um voto anti-PT; de outro dá um voto anti-Bolsonaro. Boa parte disso tem a ver com a decepção. Uma delas é de pagar muitos impostos e ter péssimos serviços. Eu estou aqui para ser a candidata da esperança, que quer ajudar o Brasil a sair da crise. Qual é a sua proposta para que o povo tenha esperança de um uso correto de seus impostos?
Guilherme Boulos
Olha, Marina, primeiro você tem razão quando diz que o trabalhador e a classe média já pagam impostos demais. Aliás, quem quer aumentar impostos para os mais pobres é o Jair Bolsonaro. O economista dele propôs uma alíquota de 20% para o imposto de renda. Você, que ganha R$ 2000 e hoje tá isento, teria que pagar R$ 400 de imposto. Agora, se a gente olhar no andar de cima, acontece o contrário. O governo no Brasil é como se fosse um Robin Hood ao contrário. Ele tira dos mais pobres para dar para os mais ricos. Super-rico no Brasil não está acostumado a pagar imposto. Banqueiro não paga imposto, grande empresário paga muito pouco imposto. O bolsa empresário, por exemplo, é R$ 283 bilhões de reais em desonerações fiscais. Liberou para o empresário não pagar. Isso dá dez vezes o valor do Bolsa Família. Já disse aqui, quem tem um carro paga IPVA, quem um jatinho, um helicóptero, não paga nada. Isso daria R$ 4 bilhões de reais, só se arrecadasse esse imposto, o que dá para fazer 100 mil casas populares. Nós temos que fazer com que quem tem menos, pague menos, com quem tem mais, pague mais. Isso seria uma justiça tributária, e isso é o que nós vamos fazer. E esse dinheiro ser investido em políticas sociais, em creche, em escola, em posto de saúde, em moradia popular, em saneamento básico, naquilo que o povo precisa.
Marina Silva
Eu quero dizer para você que a esperança que eu falo que eu sou é porque eu vou usar o imposto que você paga, para que você possa ter educação de qualidade. Nós vamos criar a renda jovem, para que dois milhões de jovens tenham uma poupança para terminar o ensino médio e passar no Enem. R$ 3.700 reais para acabar com a evasão escolar. Nós vamos usar o seu imposto, o imposto que você paga, para que se tenha 2 milhões de vagas em creches, para que a mulher possa deixar o seu filho, estudar e trabalhar. Nós vamos usar o imposto que você paga para que você possa ter uma saúde de qualidade, ser atendido rápido, ser atendido com respeito e na hora que você mais precisa.
Guilherme Boulos
Olha, Marina, de fato, essas questões dos impostos é fundamental. E você sabe que um dos setores da economia que mais leva a farra das desonerações é o agronegócio. O ITR, que é o Imposto Territorial Rural, tem uma arrecadação minúscula no país, é menor do que a arrecadação de três meses do IPTU da cidade de São Paulo. Dizem que o agronegócio carrega o Brasil nas costas. A gente já ouviu aqui defesa do agronegócio nesse debate. É o contrário, é o Brasil que carrega o agronegócio nas costas, com desonerações e isenções abusivas. 70% de tudo o que a gente come vem da agricultura familiar. Nós vamos fazer uma reforma agrária agroecológica, para ter comida sem transgênico, sem agrotóxico, com desmatamento zero. Eu tenho muito orgulho de ter como vice a Sônia Guajajara, liderança indígena, para dizer o seguinte: que para nós, ao contrário do que se diz aqui na Globo, o agro não é pop. O agro é tóxico, o agro mata.
Mediador
Terminada esta rodada, candidatos. Eu vou chamar então para que se aproxime o candidato Alvaro Dias. Enquanto eu sorteio aqui o tema da pergunta que você vai fazer, candidato. É sobre corrupção, e o senhor pode a quem vai fazer a pergunta. Só não pode ser o candidato Geraldo Alckmin, que já respondeu a duas questões.
Alvaro Dias
Ok, eu vou chamar o Haddad para responder essa pergunta.
Mediador
Candidato Fernando Haddad, a pergunta é sobre corrupção. Trinta segundos, candidato.
Alvaro Dias
Fernando Haddad, eu sinto que há uma conspiração contra a Operação Lava Jato. Nesta campanha eleitoral, especialmente, eu vejo conspiradores, que anunciam, inclusive, medidas que podem ser adotadas contra a Operação Lava Jato. E o povo brasileiro tem a Operação Lava Jato como a sua prioridade. Certamente temos que valorizá-la. E, no seu governo, o que ocorrerá com a Operação Lava Jato?
Fernando Haddad
Eu agradeço a pergunta. É… nós vamos fazer o que um governo tem que fazer. Um governo tem que fortalecer os órgão de combate à corrupção, que foi o que nós fizemos. A Polícia Federal nunca recebeu tanto apoio quanto na época dos nossos governo.
Oito anos de governo Fernando Henrique, 40 operações da Polícia Federal; 12 anos de governo do PT, 2.100 operações da Polícia Federal.
Os números de Haddad se parece muito com os dados publicados por sites como Vermelho, Vi O Mundo e JornalGGN. Nas matérias, a fonte de informação citada são as estatísticas da Polícia Federal. Entretanto, não há dados referentes ao período anterior a 2003, de modo que e a declaração foi considerada INSUSTENTÁVEL.
A Polícia Federal só apresenta estatísticas a partir de 2003, ano em que Lula assumiu a Presidência. Nos 12 primeiros anos de governo petista, foram 2.446 operações da PF.
O dado já foi citado por outros petistas, como a ex-presidente Dilma Rousseff em 2010. A Folha de S.Paulo, na época, pediu o levantamento à PF. No entanto, a organização disse que não existe levantamento exato a respeito de anos anteriores e, portanto, não teria como informar o número de operações referentes aos anos anteriores.
Por que que isso aconteceu? Liberdade pra investigar, apoio à inteligência, carreira nova, contratação de pessoal, autonomia pra Polícia Federal. Ministério Público, sempre escolhemos o mais preparado para ser o Procurador Geral da República. Anteriormente, “Engavetador Geral da República”. Aquilo que chegava lá era engavetado, ou seja, sujeira pra baixo do tapete. Depois que nós entramos não tem mão na cabeça, o que precisa ser investigado é investigado doa a quem doer. O que é errado? Partidarizar. Você não pode partidarizar, você não pode deixar um promotor ou um juiz querer incidir no processo eleitoral para beneficiar amigos e prejudicar inimigos. Tem que se fazer justiça com muita seriedade.
Alvaro Dias
Palavras soltas ao vento. Há pouco eu vi o candidato Haddad afirmando que Lula está preso injustamente. As provas são cabais, definitivas, provas materiais, testemunhais, primeira instância, segunda instância, julgamento com transparência, com direito de defesa. Há outros inquéritos em curso. Não há como admitir que alguém que pense isso durante a campanha eleitoral vá valorizar o Ministério Público, a Polícia Federal, vai modernizar a legislação para torná-la mais rigorosa no combate à corrupção. Quem diz que Palocci mente diante dos fatos que ele revela certamente não será um presidente capaz de impor rigor no combate à corrupção. Com tantos escândalos de corrupção no governo do PT, o senhor diz que vai combater a corrupção sendo presidente?
Mediador
Tempo, candidato.
Fernando Haddad
Alvaro, a legislação que você elogia, e com razão, é toda do nosso período. Não houve nenhuma legislação anterior que fosse mais rigoroso do que a gente aprovou. Sabe quem elogiou a legislação que nós aprovamos? Os procuradores da Lava-jato, reconheceram que o governo fez o seu trabalho. E, repito, a sujeira que era posta pra debaixo do tapete, ela agora vem à tona pra gente corrigir as falhas do nosso sistema político. Quem vos fala, Álvaro, é aquele que criou a Controladoria Geral do Município, em São Paulo, que recuperou R$ 300 milhões, de dinheiros desviados de outras administrações - máfia do ISS, o túnel da Água Espraiada, dinheiro do Maluf nas Ilhas Jersey que foram retomados. É uma pessoa que recuperou dinheiro desviado que diz que vai combater a corrupção.
Mediador
Candidatos, muito obrigado. Estão terminando assim as rodadas de perguntas entre os candidatos. E a partir de agora cada um vai ter um minuto pra deixar a sua mensagem aos eleitores. Essa ordem também foi estabelecida por sorteio previamente. O primeiro é o candidato Geraldo Alckmin, do PSDB. Candidato, por favor, um minuto aqui no púlpito pras suas considerações finais.
Geraldo Alckmin
Olha, uma palavra de agradecimento à população brasileira. Percorri o Brasil do Oiapoque ao Chuí, todas as regiões brasileiras, o carinho, a receptividade, isso me lembra Câmara Cascudo, que dizia “O melhor produto do Brasil ainda continuam sendo os brasileiros”. Ô povo maravilhoso. Agradecer a toda equipe que nos ajudou e duas mulheres, Ana Amélia Lemos, nossa candidata a vice-presidente da República, e a minha querida Lu, esposa há 40 anos, que nos acompanhou em toda esta jornada. Pedir o voto de vocês, agora que vai decidir, 20% dos votos decide nos últimos dias. Peço o seu voto, pra que a gente saia desse triste resultado que tem tido até agora do radicalismo, do ódio, do preconceito que não vai levar a nada. Acumulei experiência e espírito público para trabalhar pelo Brasil. Que Deus nos abençoe.
Mediador
Candidato, muito obrigado. Agora é a vez do candidato do Podemos. Álvaro Dias, se dirigir aos seus eleitores em um minuto, candidato, por favor.
Alvaro Dias
Muito obrigado por esse apoio, por essa energia. Confesso que trabalhei a vida toda no mesmo estado e no Senado pra ganhar o respeito da nossa gente e estou de consciência tranquila. Combati corrupção, sim, a minha vida toda, prendi gente como governador, cancelei licitações fraudadas, anulei aposentadorias imorais e acabei com privilégios, acabei com os meus próprios privilégios, não recebo aposentadoria de ex-governador, não recebo auxílio-moradia, não recebo verba indenizatória. Quero mudar o Brasil com o seu apoio. Eu sei, o Brasil só muda se nós trabalharmos com ética, com correção, com honestidade. Trabalharei duro quatro anos pra deixar um legado de mudança para o povo brasileiro, especialmente para os pobres desse país. 19.
Mediador
Muito obrigado. Candidato Ciro Gomes, do PDT, pela ordem estabelecida em sorteio previamente, agora pode se dirigir aos eleitores pra sua mensagem final, candidato.
Ciro Gomes
Há quatro anos o nosso país está parado, paralisado por uma crise política assentada no ódio, no desfazimento de um pelo outro. E agora esse filme parece que tá querendo se repetir. Eu teria muita vontade de agradecer, de fazer um carinho, de passar o meu olho e o meu coração por todo território brasileiro, que eu conheço tão bem, mas esse é o ponto. Essa divisão não vai permitir que o Brasil supere a sua crise, essa divisão tende a aprofundar essa crise grave. E nós temos clareza hoje, o que tá posto aí pelas pesquisas é um empate entre Haddad e Bolsonaro. Eu ali chegando no terceiro lugar, as coisas melhorando, mas ainda num terceiro lugar. Aprofundar essa divisão simplesmente não permitirá ao Brasil se reconciliar e trabalharmos aquilo que interessa. Eu peço humildemente uma oportunidade. Sou ficha-limpa, tenho experiência e uma proposta para resolver os problemas brasileiros. Ganho do Haddad e do Bolsonaro no segundo turno com grande folga, mas preciso do seu voto no primeiro turno pra ser presidente de todos os brasileiros.
Mediador
Candidato, muito obrigado. Agora é a vez do candidato Henrique Meirelles, do MDB, também com um minuto para se dirigir aos eleitores em sua mensagem final nesse debate. Um minuto, candidato.
Henrique Meirelles
Agora é o momento de comparar, é o momento em que nós temos para definir qual será o Brasil dos próximos anos. Eu lhe peço que compare competências, compare história. Eu trabalhei 33 anos em empresas, 1o anos de governo e nunca tive uma denúncia de corrupção. E ódio não gera emprego, vingança não cria segurança, nem educação nem lhe dá boa assistência de saúde. O que o Brasil precisa agora é de confiança, porque confiança traz crescimento, traz emprego, traz renda, e confiança não se compra, confiança se conquista com uma vida de competência, de trabalho sério, de trabalho honesto e de credibilidade. Chame o Meirelles. Peço o seu voto.
Mediador
Obrigado, candidato. Agora é a vez… Silêncio, por favor. Por favor, silêncio. Candidato Haddad, do PT, é o próximo a se dirigir aos eleitores. Vai endereçar sua mensagem final.
Fernando Haddad
Eleitor, eleitora, agradeço a sua atenção. Sou neto de um líder religioso, sou filho de um agricultor familiar, e aprendi com o meu pai que um homem e uma mulher têm que acordar e saber pra onde ir, precisa ter trabalho ou educação, ou as duas coisas. É muito ruim um brasileiro, uma brasileira acordarem e não terem um destino. Aprendi com o Lula que é possível oferecer essa oportunidade pra todos sem exceção, sobretudo pra quem mais precisa. Portanto, as minhas obsessões durante os quatro anos de mandato vão ser trabalho e educação pra todos. Não há nenhum problema no Brasil que não se resolva com trabalho e educação. Aprendi isso com meu pai, vou seguir esse princípio à risca, até o fim do meu mandato. Muito obrigada, conto com seu voto, vote 13.
Mediador
Obrigado, candidato. Agora é a vez da candidata Marina Silva, da Rede. Na ordem determinada no sorteio de que participaram seus assessores antes desse debate. Candidata, um minuto.
Marina Silva
Eu quero agradecer a Deus, por ter participado dessa campanha, e agradecer a Deus por não ter caído na tentação de ir pela porta larga que leva ao caminho da perdição, do ódio, da mentira, das falsas promessas, que depois que se ganha não têm como ser cumpridas. Eu estou aqui porque eu sei que sou uma pacificadora, uma pacificadora que muitas vezes que é mal compreendida, porque as pessoas entendem que quem tem uma postura de amor no coração e respeito pelo próximo como se fosse uma pessoa fraca. Esse país não tá precisando de força física, esse país precisa de força moral, precisa de respeito com seu dinheiro, com a Constituição, com a diversidade religiosa, com a diversidade cultural. Eu estou aqui porque eu sei que eu sou a melhor pessoa para unir o Brasil e eu estou pronta para governar o Brasil e unir os brasileiros a favor de um Brasil próspero para todos.
Mediador
Seu tempo… Muito obrigado. Por fim, na ordem determinada em sorteio, é a vez do candidato do Psol, Guilherme Boulos. Um minuto, candidato.
Guilherme Boulos
Eu quero agradecer a toda a militância dessa nossa aliança que construiu junto a jornada até aqui. Quero agradecer a você que está nos assistindo. Chegou a hora da sua decisão. Domingo é dia de barrar atraso. Não vote com ódio. Naquela urna só vai estar você, sua consciência e os seus sonhos. Não vai estar ali os seus amigos do What’sApp, não vai tá ali o seu patrão. Vote com esperança, pense nos seus filhos, pense no futuro. Se você quer um futuro sem direitos, um futuro com violência e com ódio. Não vote com ódio, mas também não vote com medo. Nós só vamos mudar o Brasil enfrentando de verdade os privilégios e mudando o jeito de fazer política. Nós não vamos desistir dos nossos sonhos, nós temos lado. Se você tá nesse mesmo lado, vote no que você acredita, vote 50, vote nos deputados, senadores e governadores do Psol e do PCB, vote com esperança, vote Boulos 50.
Mediador
Candidato, muito obrigado. Bom, faltam 15 para a 1h manhã de sexta-feira no horário de Brasília, nós estamos encerrando aqui esse último debate entre os candidatos a presidente da República antes da votação de domingo. Agradecemos aos candidatos que nos prestigiaram aqui com a presença, agradecemos aos convidados aqui que se comportaram tão bem, muito obrigado. Peço desculpa pelas minhas próprias falhas aqui. E a você, claro, que em casa se manteve aí acompanhando tudo até agora, faltando menos de 60 horas para o início da votação. Muito obrigado a todos. Boa noite, e um bom voto no domingo.