Candidatos à Prefeitura das capitais brasileiras gastam R$ 4,9 milhões com anúncios políticos na Meta

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Nem São Paulo, nem Rio de Janeiro. A campanha recordista em gastos com anúncios em plataformas na Meta nas eleições municipais deste ano é de Fortaleza.

Segundo levantamento exclusivo do Radar Aos Fatos na Biblioteca de Anúncios da Meta, candidatos a prefeito da capital cearense foram os que mais investiram em impulsionamentos no Facebook, no Instagram e no Messenger. Juntos, eles foram responsáveis por pagamentos que somam mais de R$1,3 milhão entre os dias 30 de maio e 27 de agosto.

O valor é mais que o dobro do que foi despendido por candidatos a prefeito em São Paulo (R$567 mil) — segunda capital com maior gasto — e representa mais de 25% do total desembolsado por postulantes às prefeituras das 26 capitais brasileiras no período (R$ 4,9 milhões).

Quem puxa Fortaleza para o topo do ranking é o atual prefeito, José Sarto (PDT), que, sozinho, já pagou mais de R$ 638 mil à Meta para impulsionar conteúdos. O candidato à reeleição figura na segunda posição nas pesquisas de opinião, com 22% das intenções de voto, segundo a Quaest.

Em segundo lugar nos gastos — mas em primeiro lugar nas pesquisas, com 31% das intenções de voto — está Capitão Wagner (União Brasil), que investiu mais de R$ 371 mil em anúncios.

Em outras capitais, a discrepância entre os gastos com impulsionamento e colocação em pesquisas de opinião é ainda maior.

No Rio de Janeiro, o candidato a prefeito que mais gastou com anúncios na Meta foi Marcelo Queiroz (PP), com R$ 264 mil investidos até agora. O candidato tem apenas 2% das intenções de voto, segundo o último Datafolha.

Líder da corrida, com 56% das intenções de voto, o prefeito Eduardo Paes (PSD) sequer gastou com anúncios na Meta. Alexandre Ramagem (PL), que ocupa o segundo lugar nas pesquisas (9%), investiu apenas R$ 600.

Apesar de não refletirem diretamente em vantagem na corrida eleitoral, os gastos com anúncios são importantes para compreender as estratégias de comunicação de cada campanha.


É importante lembrar que, na eleição deste ano, a única empresa que permite anúncios políticos em suas redes é a Meta. Em outras plataformas, como Google e TikTok, a publicação de conteúdo pago com objetivo político foi proibido — o que, é claro, não significa que as regras estejam sendo respeitadas:

  • Na última sexta-feira (30), Aos Fatos revelou que oito candidatos a vereador e prefeito em diferentes cidades declararam gastos com impulsionamentos no Google e no TikTok — plataformas que não disponibilizam repositório de anúncios políticos, conforme exigido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral);
  • Também encontramos anúncios irregulares em prol do candidato Pablo Marçal (PRTB) veiculados por terceiros no Google e na Meta – prática também proibida;
  • Na última edição desta newsletter, refletimos ainda sobre como os Super Chats (comentários pagos) no YouTube têm sido usados como forma de propaganda eleitoral sem transparência.

É provável que esses sejam só alguns dos exemplos de anúncios irregulares que já circularam nas redes ao longo desta campanha e uma pequena amostra dos que ainda virão. Nesse contexto, a opacidade da maior parte das plataformas sobre impulsionamento pago de conteúdos políticos é um complicador para o trabalho de investigadores online que buscam trazer transparência ao pleito.

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