Cacique entrevistado na Globo não se chama Henrique e não fingia ser indígena

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Postagens enganam ao dizer que o cacique Marcos Xukuru chama-se na verdade Henrique Souza Filho e estaria se passando por indígena (veja aqui). Marcos Xukuru falou à reportagem da Globo durante o velório do indigenista Bruno Pereira, no município de Paulista (PE), e a entrevista foi ao ar na edição de 24 de junho do Jornal da Globo. Já Henrique Souza Filho ganhou fama entre 2019 e 2020 por ter aparecido na televisão várias vezes como entrevistado, sempre nas ruas do Recife.

Publicações com a alegação enganosa reuniam ao menos 27 mil compartilhamentos no Facebook nesta quinta-feira (30).


Selo falso

É isso msm !!! O Henrique virou índio ??? Essa Globo é um lixo

O cacique Marcos Xukuru é entrevistado de uma reportagem exibida pela TV Globo, não Henrique Souza, como desinformam os posts checados.

É falso que Henrique Souza Filho, que ficou famoso entre 2019 e 2020 por aparecer em diversas reportagens de emissoras de TV no Recife, se passou por cacique da tribo Xukuru em entrevista ao Jornal da Globo, durante o velório do indigenista Bruno Pereira, em 24 de junho, na cidade de Paulista (PE). O entrevistado na reportagem é o cacique Marcos Luidson de Araújo, conhecido como Marcos Xukuru e líder da tribo cujo sobrenome ele leva.

O povo Xukuru habita a Serra do Oorubá, no agreste de Pernambuco. Em 2020, Marcos se candidatou a prefeito da cidade de Pesqueira (PE) pelo Republicanos. Apesar de sua candidatura ter sido indeferida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ele venceu a eleição. O indeferimento se deve à condenação de Marcos, em 2015, em um processo relativo a um incêndio em propriedades privadas ocorrido em 2003. A defesa alega que a lei não contempla situações desse tipo e aguarda a decisão da corte eleitoral.

Onipresente. O homem cuja identidade é atribuída à liderança indígena é Henrique Souza Filho, que se tornou conhecido nas redes sociais por aparecer de forma recorrente em entrevistas a telejornais. Isso gerou um boato de que ele era pago para ser entrevistado pela TV Globo, o que é falso, como verificaram o site brasileiro Boatos.org e a agência de checagem portuguesa Polígrafo.

Em entrevista concedida ao canal Cleyton Fiuza em janeiro de 2020, Souza Filho disse ser morador de Paudalho (PE) e afirmou encontrar equipes de reportagem aleatoriamente durante seus deslocamentos até o Recife. Ele afirma que, então, questionava o assunto abordado, e acabava sendo entrevistado. Souza Filho disse que nunca teve vínculo empregatício com emissoras e que trabalhava como autônomo.

Nesta semana, outras publicações usaram as imagens de Marcos Xukuru para sugerir que ele e outros entrevistados pelo Jornal da Globo não seriam de fato indígenas. De acordo com Dinaman Tuxá, coordenador executivo da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o argumento faz parte de um processo de “desinformação histórica”, que se intensificou nos últimos dias, após o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips no Vale do Javari, no Amazonas.


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