Não é verdade que Guilherme Boulos prometeu que, caso seja eleito prefeito de São Paulo no próximo domingo (27), irá implementar a linguagem neutra no ensino municipal. Não existe registro de promessa semelhante em seu plano de governo ou em seus discursos. E o próprio candidato já negou, durante a campanha, defender a adoção da linguagem neutra.
Publicação enganosa afirmando que Boulos prometeu adotar linguagem neutra acumulava ao menos 2.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook e no X (ex-Twitter) até a tarde deste sábado (26).
POLÊMICA. Se eleito, Boulos promete seguir ideologia do partido e incluir linguagens neutras nas escolas
São mentirosas as publicações que afirmam que Guilherme Boulos (PSOL) prometeu incluir a linguagem neutra nas escolas de São Paulo caso seja eleito prefeito da capital. Não há registro de promessa semelhante feita pelo candidato.
Procurada pelo Aos Fatos, a assessoria de Boulos afirmou que o candidato “não vai adotar linguagem neutra na rede municipal de ensino, nem nunca propôs algo semelhante, o que é possível constatar em uma simples consulta ao programa de governo”.
De fato, no plano de governo apresentado pela campanha ao TSE, não consta citação à adoção da linguagem neutra em escolas municipais. As únicas propostas ligadas ao movimento LGBTQIA+ são:
- Combater a violência e a discriminação no âmbito da Prefeitura;
- Expandir o programa Transcidadania — que oferece auxílio para transgêneros e transsexuais concluírem sua educação e conseguirem qualificação profissional — e criar novas unidades dos Centros de Cidadania LGBT+;
- E implementar o Plano de Saúde Integral da População LGBT+ para melhorar o tratamento em saúde da comunidade.
O próprio Boulos, durante uma entrevista à GloboNews em agosto, já durante a campanha, prometeu o contrário: que não implementaria a linguagem neutra na cidade. “Não terá [ linguagem neutra]. Eu respeito quem utiliza, quem considera. Não acho que deve ser criminalizada, mas você tem que dialogar com a sensibilidade, com o conjunto da sociedade”, afirmou.
Na época, o candidato do PSOL foi questionado porque, em um evento oficial de campanha no dia 24 de agosto, o hino nacional foi cantado com linguagem neutra. Boulos, no entanto, disse que a atração não foi decisão de sua equipe e que acha que o caso foi “um absurdo”.
Em 2023, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que é inconstitucional os estados e municípios determinarem a proibição ou a obrigatoriedade da linguagem neutra no ensino. A Corte entende que cabe apenas à União legislar sobre as diretrizes da base educacional.
O caminho da apuração
Aos Fatos procurou pelo termo “linguagem neutra” em discursos e entrevistas de Boulos e também no plano de governo apresentado pelo candidato. Não encontramos promessa sobre esse tema. Procuramos a assessoria da campanha, que negou a informação.