Vídeos em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) repete alegações falsas acumulam mais de 13 milhões de visualizações no Kwai, rede social de vídeos curtos que rivaliza com o TikTok. O número representa quase metade (45%) do alcance do presidente na plataforma até agora. Os conteúdos desinformativos postados por Bolsonaro tiveram média de visualizações quase três vezes maior que os outros, com 435 mil visualizações por vídeo.
No conteúdo mais assistido, com 8,6 milhões de visualizações, Bolsonaro afirma que não confia nas pesquisas de intenção de voto. Para isso, ele recorre à mentira de que em 2018 os institutos não apontavam que ele iria para o segundo turno. O vídeo também foi postado no TikTok, onde foi visto cerca de 500 mil vezes.
Até segunda (11), o presidente havia publicado 157 vídeos no Kwai — a maioria deles (74) é de trechos de discursos ou entrevistas, além de clipes de encontros com apoiadores (34). Bolsonaro criou conta em 19 maio e ultrapassou 1,3 milhão de seguidores, taxa de crescimento maior do que a que apresentou no TikTok. Na outra plataforma chinesa, ele demorou cerca de oito meses para atingir a mesma marca e atualmente possui 1,8 milhão de seguidores.
Principal oponente de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estreou no Kwai nesta quarta (12) e possui apenas dois vídeos publicados, ainda com poucos seguidores. A empresa está entre as que firmaram parceria com o TSE para o combate à desinformação eleitoral no Brasil em 2022. A plataforma, dedicada a vídeos curtos — como as mininovelas —, ficou conhecida por remunerar seus usuários por visualizações e tem investido no mercado brasileiro.
O Kwai informou ao Aos Fatos que "protege a liberdade de expressão, mas não tolera conteúdos que tenham o potencial de prejudicar o processo democrático pela distribuição de informações falsas" e que "possui uma política específica para as eleições, que inclui conteúdos que possam ameaçar a integridade e autenticidade do aplicativo". A plataforma não comentou especificamente os vídeos desinformativos publicados pelo presidente.
Procurado, o Palácio do Planalto não respondeu.