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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Bolsonaro acumula 3.000 declarações falsas ou distorcidas desde o início do mandato

Por Amanda Ribeiro

17 de maio de 2021, 18h45

O presidente Jair Bolsonaro alcançou nesta segunda-feira (17) 3.000 declarações falsas ou distorcidas, mostra o contador do Aos Fatos que compila as falas checadas do mandatário em discursos, entrevistas, postagens nas redes sociais e encontros com apoiadores desde o início do mandato, em janeiro de 2019. A média é de 3,4 alegações enganosas por dia.

A Covid-19 é o tema predominante no discurso desinformativo de Bolsonaro: está presente em 1.507 frases checadas (50,2%) até aqui. A novidade em 2021 é a vacinação contra a doença, que aparece agora cinco vezes mais que no balanço dos dois primeiros anos de governo, quando Bolsonaro superava as 2.000 declarações falsas ou distorcidas. Até dezembro de 2020, foram contabilizados 28 erros e mentiras do presidente sobre os imunizantes. Este ano, já são 157.

Apesar de crescente, o discurso desinformativo de Bolsonaro sobre as vacinas não é homogêneo. Diferentemente de 2020, quando o presidente apostava basicamente em falas que levantavam suspeitas ou desacreditavam os imunizantes, nos últimos meses ele passou a exaltar a campanha de vacinação brasileira usando informações duvidosas.

Desde janeiro deste ano, por exemplo, ele distorce dados ao alegar que o Brasil estaria na vanguarda mundial da vacinação. Essa fala, no entanto, é imprecisa, porque o país só figura nas primeiras posições do ranking mundial de imunização quando se considera o número total de pessoas vacinadas. Ajustando os dados à proporção da população, o Brasil cai, hoje, para a 81ª posição, com 16,84% da população imunizada.

Também contribuiu para a alta de checagens sobre o tema as alegações contraditórias de Bolsonaro de que sempre se comprometeu a comprar qualquer vacina que fosse aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ou mesmo que não teria negociado mais imunizantes justamente porque esperava o aval do órgão regulador. No entanto, o governo negociou doses antes da submissão das farmacêuticas ao escrutínio da agência.

O aumento de declarações sobre vacinas não representa uma guinada retórica do presidente em favor dos imunizantes. Ele permanece provocando desconfiança e, desde janeiro deste ano, mentiu ao menos 20 vezes ao dizer que as vacinas não teriam eficácia comprovada porque seriam emergenciais.

Remédios. A promoção de medicamentos sem eficácia comprovada para tratar a Covid-19 também permanece no discurso desinformativo do presidente. O chamado "tratamento precoce" aparece em 111 declarações checadas como falsas ou distorcidas desde o início de 2021.

Em 39 ocasiões, Bolsonaro disse que a hidroxicloroquina e a cloroquina seriam eficazes para tratar a doença, embora diversos estudos já tenham constatado que não há benefícios. Os antimaláricos são os remédios que mais aparecem nas falas do presidente, seguidos pelo antiparasitário ivermectina (28 vezes); pela nitazoxanida (21); e pela vitamina D (15).

No total das 3.000 declarações falsas e distorcidas, o discurso do presidente gira em torno dos mesmos temas: pandemia (1.507 frases, ou 50,2% do total), economia (219 frases ou 7,3% do total) e meio ambiente (204 frases, ou 6,8% do total).

As transmissões ao vivo semanais do presidente também seguem como o meio pelo qual mais desinformação é propagada: 30,6% do total de declarações enganosas checadas. Na sequência estão as entrevistas (26,1%) e os discursos (18,4%).

Referências:

1. Aos Fatos (Fontes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10)
2. Our World in Data

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