Na sexta-feira (7), após o blogueiro foragido Allan dos Santos ter sido banido do Gettr — rede social popular entre extremistas de direita criada por um ex-assessor de Donald Trump —, apoiadores do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), passaram a criticar a plataforma em comunidades no Telegram.
- Ao menos 37 mensagens, visualizadas 118 mil vezes em grupos monitorados pelo Radar Aos Fatos, tratavam do tema;
- “Quer dizer que o Gettr entregou os pontos e só usou a gente como escada?”, questionava uma corrente que circulou em 14 comunidades diferentes.
A plataforma divulgou um comunicado informando que cumpriu ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), “sob a ameaça de severas multas e o risco de encerramento imediato das operações do Gettr no Brasil”.
A decisão ocorreu no âmbito de uma ação sobre a extradição de Allan dos Santos, que tramita em sigilo no STF, e atingiu também o perfil da juíza Ludmila Grins Grillo, investigada por reproduzir postagens do blogueiro e ataques ao STF em suas redes sociais.
Muitas das críticas de bolsonaristas à plataforma, após o cumprimento da decisão, expressavam sentimento de “traição”. O Gettr diz defender a “liberdade de expressão” por não possuir políticas de moderação contra conteúdos desinformativos ou de ódio.
Concorrência de nicho. Outras mensagens convidavam usuários a seguir o blogueiro no Rumble, outra rede de extrema-direita em que ele permanece ativo. Em setembro, reportagem do Radar Aos Fatos mostrou que Gettr e Rumble atuaram como repositórios de desinformação sobre as eleições em grupos de WhatsApp e Telegram, principalmente com postagens de Santos.
O tom crítico também foi visto nos comentários em resposta à nota oficial publicada pela plataforma sobre a decisão. “Vergonhoso esse Gettr. Achei que era uma coisa séria. Mais outra porcaria a serviço de ditadores”, dizia um deles.
O Gettr era uma das únicas plataformas disponíveis no Brasil nas quais Allan dos Santos ainda possuía conta:
- Em outubro de 2021, ele havia sido banido de Twitter, Facebook, Instagram e YouTube, por decisão do STF, quando também teve prisão preventiva decretada;
- No início deste ano, a corte também exigiu a extinção de suas contas no Telegram, sob a pena de bloqueio completo do aplicativo no país. Na ocasião, grupos organizaram migração para o Gettr.
