Durante a posse na Presidência dos Estados Unidos, momento em que Donald Trump era o esperado centro das atenções, outra figura conseguiu evidência na imprensa e nas redes. Além de se destacar por seus mais de dois metros de altura, Barron Trump, filho do presidente e da primeira-dama, participou da cerimônia oficial e foi apresentado pelo pai no evento seguinte, com apoiadores.
Trump disse que o filho mais novo teria sido responsável por planejar sua campanha direcionada ao eleitorado jovem: “Ganhamos a votação dos jovens por 36 pontos [declaração, que vale destacar, é falsa]. Ele [Barron] dizia: ‘Pai, você tem que ir e fazer isso e isso’. Fizemos muito do que ele disse”.
Como é de praxe, Barron ganhou reportagens sobre sua trajetória, uma chuva de memes sobre sua estatura e suas reações na posse e, claro, diversas teorias conspiratórias e desinformações.
Falamos a seguir sobre as principais.
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1. Barron sussurrou alerta para Biden durante a posse

O caçula foi o único dos filhos de Trump a cumprimentar o ex-presidente Joe Biden e a ex-vice-presidente Kamala Harris durante a cerimônia de posse. Em uma das gravações da cena, Barron parece dizer algo para Biden, o que foi interpretado por conspiracionistas como uma ameaça.
Publicações sugerem que Barron teria dito “It’s on” ou “It’s time”, o que gerou inúmeras interpretações nas redes, que apontam que a frase seria uma forma de se gabar da vitória do pai ou até sugerir que Biden seria preso. Essa tese afirma ainda que Biden teria ficado visivelmente incomodado com o que Barron teria dito.
Uma gravação de outro ângulo mostra que, na verdade, Barron não estava falando com o ex-presidente, mas cumprimentando Kamala (veja abaixo).
A distância e a qualidade da imagem não permitem verificar o que o caçula de Trump teria dito a Kamala e, antes, a Biden. A imprensa americana entrevistou especialistas que teorizaram um cenário bem menos conspiratório.
Ao LADBible, por exemplo, o perito especializado em leitura labial disse acreditar que Biden teria dito “Bom te ver, cara”, e Barron respondido “exatamente”. Uma resposta estranha, mas não ameaçadora.
2. Um livro do século 19 prenunciou que Barron será presidente

Outra maluquice que tem circulado nas redes é a história de que um livro publicado em 1890 teria “previsto” que Barron Trump será presidente dos Estados Unidos.
Essa teoria da conspiração tem como ponto central uma série de livros do escritor americano Lockwood Ingersoll (1841–1918) chamado “Travels and Adventures of Little Baron Trump”. O último livro da trilogia ainda “narra a ascensão de um presidente americano”.
Aí, já viu: em um cenário em que Trump é considerado um “escolhido” por parte de seus seguidores e ele mesmo diz que Barron seria seu “sucessor”, o livro foi interpretado como uma premonição.
Não é possível desmentir futurologia, mas conseguimos afirmar que as coincidências do livro com a vida real são forçadas:
- O personagem principal do livro não se chama Barron ou sequer Trump. Na verdade, a narrativa gira em torno do barão (daí o “baron”) Wilhelm Heinrich Sebastian Von Troomp;
- Quem é eleito presidente americano no livro é um personagem chamado Bryan;
- Algumas publicações citam ainda que um hotel do livro está localizado na Quinta Avenida, em Nova York, endereço da Trump Tower. Mas isso também não quer dizer muita coisa: além de a avenida ter 10 quilômetros de extensão, ela é um local famoso desde o início do século 19.
3. Feitos falsos de Barron Trump

Além de teorias conspiratórias, também passaram a circular desinformações que tentam puxar a sardinha para a brasa de Barron.
Um exemplo é a história de que o caçula de Trump teria cedido seu assento na primeira classe de um avião para o ator e diretor de cinema Clint Eastwood. Por mais que ela tenha sido criada por um perfil no YouTube especializado em inventar ficções com figuras da direita, o vídeo foi compartilhado como se fosse real em outras redes.
Outras histórias, que já circularam nos Estados Unidos, também passaram a ser traduzidas e importadas para as plataformas brasileiras:
- Como a que dizia que Barron teria cedido seu lugar na primeira classe para um veterano de guerra. O gesto, que é lido como um exemplo de que ele teve uma boa educação, no entanto, não foi registrado;
- Ou a que ele teria encontrado um de seus antigos professores em situação de rua e resolvido ajudá-lo a se reerguer, o que também não foi comprovado;
- Há até uma história de que Barron teria o QI de 170, o que o classificaria como um gênio. Não existem provas públicas deste feito.
Mesmo que esses casos fossem, de fato, reais, era de se esperar que tivessem aparecido em falas de Trump. O presidente, no entanto, tem se limitado a se gabar da grande estatura de Barron que, diferentemente das histórias anteriores, pode ser medida de forma objetiva.