Não é verdade que Rachael Gunn, dançarina de breaking que representou a Austrália nas Olimpíadas de Paris, e seu marido e treinador, Samuel Free, integravam a comissão australiana de jurados que selecionou os atletas que participaram dos jogos. Gunn foi escolhida após vencer um evento qualificatório de nível continental.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam ao menos 2.000 compartilhamentos no X (ex-Twitter) e centenas de curtidas no Facebook até a tarde desta sexta-feira (16).
a-ha! a australiana e o marido eram os jurados e a comissão que selecionou quem ia pro break nas olimpíadas pela austrália. ela ativamente deixou fora competidores bons, pra ir passar férias na frança. aí agora nois tem q ver CRICKET na prox olimpiada
Não é verdade que a b-girl australiana Rachael Gunn, conhecida como Raygun, e seu marido, Samuel Free, integravam a comissão que selecionou os dançarinos de breaking participantes das Olimpíadas de Paris. A organização AUSBreaking, responsável pelo evento que resultou na classificação da atleta, confirmou que eles não faziam parte nem do painel de seleção nem do comitê de jurados.
O sistema de qualificação para as Olimpíadas foi anunciado pela WDSF (Federação Mundial DanceSport, em português) em abril de 2022, com 32 vagas, divididas igualmente entre as categorias feminina e masculina.
Para serem selecionados, os atletas precisavam passar por uma das três etapas de qualificação:
- O Campeonato Mundial da WDSF, ocorrido em 2023 na Bélgica;
- Um evento continental de qualificação;
- Os eventos qualificatórios realizados pelo Comitê Olímpico em Shanghai e Budapeste em maio e junho de 2024.
Raygun competiu no torneio mundial, a primeira oportunidade para ser classificada para as Olimpíadas, e terminou em 64º lugar. A atleta então participou do evento continental da Oceania, o WDSF Oceania Breaking Championship, realizado em outubro de 2023 na cidade de Sydney, na Austrália.
A AUSBreaking foi responsável pelo evento. Em setembro, um mês antes do torneio, a organização anunciou o painel de jurados composto por breakers de diversos países — nenhum deles australiano. Na publicação, é possível ver que Free e Gunn não estão listados como avaliadores. Ela venceu a competição.
Após a série de críticas à atuação de Raygun nas Olimpíadas, a AUSBreaking divulgou uma declaração no dia 12 de agosto sobre o processo qualificatório em que afirma que o campeonato foi julgado com base no sistema de notas padrão utilizado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
Dois dias depois, a associação divulgou um novo comunicado desmentindo as alegações de que o marido de Gunn seria membro do painel de seleção ou do comitê de jurados da competição.
A edição de 2024 dos Jogos Olímpicos marcou a estreia oficial do breaking como esporte olímpico. Antes, a modalidade havia sido incluída apenas nos Jogos Olímpicos de Verão da Juventude, em 2018.
No entanto, o esporte não fará parte do quadro olímpico dos próximos jogos, que acontecerão em Los Angeles em 2028. A decisão já havia sido tomada em 2022 e não tem relação com o desempenho dos atletas.
O caminho da checagem
Primeiramente, Aos Fatos pesquisou a trajetória de Rachael Gunn até as Olimpíadas para verificar como a b-girl obteve a vaga para os jogos. Identificamos, então, que ela havia sido selecionada por meio do torneio continental.
Em seguida, encontramos o posicionamento da AUSBreaking, organização responsável pelo evento, e checamos as informações presentes no comunicado.