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Aumento da energia elétrica impede redução real de gastos administrativos do governo
Aumento da energia elétrica impede redução real de gastos administrativos do governo
Dilma afirma que Executivo conseguiria ter economizado 10,2% se não houvesse aumento na luz; Aos Fatos já tinha mostrado dificuldade com corte de despesas
Apresidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (2) que o governo teria conseguido reduzir seus gastos administrativos se não fosse a conta de luz. Em discurso durante a reabertura dos trabalhos do Congresso, disse que o Executivo reduziu em 10,2% as despesas de custeio, excluindo o aumento da tarifa de energia.
Aos Fatos já havia mostrado em janeiro que o governo tinha dificuldades em cortar despesas por conta dessa alta. O quadro se mantém. Veja o que checamos hoje.
Se desconsiderarmos o aumento do gasto com energia elétrica, conseguimos reduzir em 10,2%, reais, as despesas de custeio do conjunto do governo federal em 2015.
Conforme Aos Fatos mostrou no início de janeiro, o governo federal aumentou em 2015 suas despesas com energia elétrica. Os dados constam doBoletim de Despesas de Custeio Administrativo, divulgado em dezembro pelo Ministério do Planejamento, e revelam variação real de 32% em relação ao mesmo período de 2014.
Entre janeiro e novembro de 2014 e janeiro e novembro 2015, os custos caíram de R$ 20,573 bilhões para R$ 20,572 bilhões — se retirada do cálculo a conta de luz, conforme o fac-símile abaixo. Trata-se de uma redução de 10,5%, 0,3 ponto percentual a mais do que Dilma afirmou nesta terça.
Conforme também mostra a tabela, o custeio total subiu sobretudo graças ao aumento da tarifa de energia elétrica. Contra R$ 1,01 bilhão gastos entre janeiro e novembro de 2014, o mesmo período de 2015 registrou R$ 1,498 bilhão — R$ 484,4 milhões a mais.
No acumulado dos últimos 12 meses, isto é, de dezembro de 2014 a novembro de 2015, a conta fica maior: R$ 1,740 bilhão foi gasto para pagar serviços de energia elétrica. No período anterior, a conta tinha ficado em R$ 1,256 bilhão. Em 2013, quando entrou em vigor a política de desoneração das tarifas de energia, o valor ficou em R$ 1,186. Ou seja, houve significativo aumento das despesas, mesmo em um período de estímulo à sua contenção.
O Ministério do Planejamento ainda não divulgou oficialmente o balanço de despesas administrativas para 2015, incluindo o mês de dezembro. No entanto, apesar da diferença de 0,3 p.p. entre o documento da pasta e a fala de Dilma, o fato é que a conta de luz foi o principal vilão para a política de ajuste doméstico do Executivo federal.