🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Áudio falsamente atribuído a dono de bar mineiro traz desinformação sobre cerveja

Por Amanda Ribeiro

23 de janeiro de 2020, 16h22

Não é verdade que o proprietário do bar Stadt Jever, em Belo Horizonte (MG), gravou o áudio que circula no WhatsApp relatando possíveis problemas de saúde decorrentes do consumo de cervejas, especialmente as da Ambev. O estabelecimento desmentiu a autoria do conteúdo e Aos Fatos não encontrou evidências que comprovem as afirmações da gravação, como a de que a bebida deve ser consumida até cinco meses após a fabricação e de que seria responsável por casos de câncer de próstata.

O áudio apareceu primeiro no WhatsApp em outubro de 2019, sem autoria, e voltou a ganhar força em janeiro após mortes por intoxicação relacionada às cervejas Backer. A natureza do aplicativo de mensagens não permite medir com precisão o alcance da desinformação (inscreva-se na lista do Aos Fatos). No Facebook, posts com as mesmas informações falsas foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO

Dono do Stadj Jever em BH um dos mais tradicionais bares ha mais de 40 anos funcionando falando sobre estas cervejas lavagens

Contém uma série de informações falsas um áudio que vem circulando no WhatsApp com autoria atribuída ao dono da cervejaria Stadt Jever, de Belo Horizonte. Na mensagem, um homem que se identifica como Robner afirma ter ouvido de um cliente, engenheiro químico especialista em cervejas, que não se deve consumir a bebida cinco meses depois da data de fabricação e que rótulos da Ambev seriam causadores de câncer de próstata.

Em vídeos publicados nas redes sociais, José Felipe Carneiro, filho do proprietário do Stadt Jever, Miguel Carneiro, classificou as afirmações como falsas e negou que tenham sido gravadas pelo pai. “Não foi ele [Miguel Carneiro, proprietário do Stadt Jever] que fez este áudio e o cidadão que o gravou não entende absolutamente nada do que está falando”.

No áudio, o homem afirma que o conservante usado em cervejas brasileiras tem validade de seis meses, e que para se certificar de que a bebida não vá causar danos à saúde, é necessário tomá-la no máximo cinco meses após a data de fabricação. “(...) fora do Brasil, nenhuma cerveja é vendida após seis meses de engarrafamento”.

Segundo o estabelecimento inglês especializado em alimentos com prazo curto de validade Approved Food, cervejas com teor alcoólico normal, como lagers, ipas e pale ales, podem ser consumidas entre seis meses e dois anos a partir da data de fabricação. De acordo com o Healthline, as bebidas têm tempo de prateleira estimado entre seis e oito meses e podem durar um pouco mais se estiverem refrigeradas.

Por fim, não há indícios de que conservantes presentes em cervejas sejam responsáveis por casos de câncer de próstata. Apesar de o álcool ser apontado como fator de risco para uma série de outras manifestações da doença — caso dos tumores na boca, na faringe, no fígado e até na mama — ele não é associado ao câncer de próstata. De acordo com o Instituto Oncoguia, uma dieta rica em carnes vermelhas e produtos lácteos é mais danosa no que se refere ao aparecimento de tumores nesse órgão específico do corpo. Alguns estudos sobre o tema foram realizados, mas nenhum chegou a resultados conclusivos.

Também é importante ressaltar que a Ambev, em seu site oficial, afirma não acrescentar nenhum tipo de aditivo às suas cervejas. De acordo com a empresa: “Usávamos estabilizantes da espuma e antioxidantes de origem naturais. Este último, por exemplo, é semelhante à vitamina C, ambos para garantir uma cerveja fresca e com espuma cremosa e consistente. Há anos investimos muito em tecnologia e, hoje, temos tamanho controle dos processos que garantimos a ausência de oxigênio em nossas cervejas, e, por isso, vimos que poderíamos retirar esses aditivos naturais”.

Procurada por Aos Fatos para comentar o boato, a empresa afirmou, por meio de nota, que “Esse áudio é mais uma mentira que circula de forma irresponsável pela internet e é apenas um boato virtual. Desde 2002, essa mesma mensagem [que afirma que cervejas causam câncer de próstata] é usada para caluniar marcas e produtos de diversas empresas. Todas as instituições e pessoas mencionadas nos textos já desmentiram publicamente essas afirmações”.

Referências:

1. Approved Food
2. Healthline
3. Oncoguia (Fontes 1 e 2)
4. Medical News Today
5. Ambev


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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