Foto: Divulgação/Campanha Marcelo Freixo

🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2016. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Ataques a Freixo incluem acusação sem prova e assunto fora do escopo da prefeitura

Por Ana Rita Cunha e Bernardo Moura

6 de outubro de 2016, 14h31

Candidatos a prefeito em dois pólos distintos do espectro político, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) são alvos de um enxame de boatos nas redes sociais desde que sucederam ao segundo turno. Por isso, Aos Fatosfoi atrás da origem dessas histórias para medir seu grau de veracidade.

Por meio de apuração criteriosa, a reportagem verificou que a maioria dos boatos espalhados pelas redes tem algum fundamento verdadeiro, mas extrapolam os fatos ao fazer especulações futuras e ameaças a direitos previstos na legislação.

Já que a maioria dos rumores aglutinam previsões para a eventual gestão do candidato vencedor, Aos Fatos se absteve de classificá-los com seus tradicionais selos. A reportagem procurou explicar, com contexto e fatos concretos, como se dá a relação de poder entre os candidatos, suas bases e seus aliados.

Veja, abaixo, o que checamos sobre Marcelo Freixo. Veja aqui o que checamos a respeito de Marcelo Crivella.


1

Uso indevido do dinheiro da campanha Somos Amarildo

Freixo é acusado receber doação de campanha de dinheiro arrecadado pela ONG Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos no projeto “Somos Todos Amarildo”, mas não há provas de que isso tenha acontecido.

A acusação foi feita pelo colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, em março de 2014, e reavivada pela deputada estadual Cidinha Campos (PDT), que foi candidata a vice-prefeita na chapa de Pedro Paulo (PMDB). Um vídeo foi publicado em 30 de setembro, em sua página no Facebook.

As suspeitas levantadas pelo jornalista e pela deputada se baseiam no fato de que, em 2012, João Tancredo, secretário-chefe da ONG, fez uma doação à campanha para prefeito de Marcelo Freixo no valor de R$ 260 mil (R$ 200 mil como pessoa física e R$ 60 mil pelo próprio escritório de advocacia). Junto às bases do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Aos Fatos confirmou essa doação.

Esse valor coincidiria com a quantia arrecadada e destinada à ONG nos eventos do projeto “Somos Todos Amarildo”, em 2013.

Segundo Cidinha Campos e Reinaldo Azevedo, a ONG teria enganado os doadores, pois a campanha seria exclusivamente para arrecadar dinheiro para a família do pedreiro Amarildo Dias de Sousa, torturado e executado por policiais da UPP Rocinha. Seus familiares, entretanto, conforme a acusação, receberam apenas 20% do total arrecadado.

O problema, segundo Aos Fatos verificou, é que a finalidade da campanha não era apenas arrecadar dinheiro para a família de Amarildo. Conforme o projeto inicial da ONG, esse dinheiro seria usado para um projeto que pretendia traçar um perfil dos desaparecidos na região metropolitana do Rio. Segundo a entidade, esse projeto “foi inviabilizado pela não colaboração do governo do Estado, que não disponibilizou as informações solicitadas pelos pesquisadores para que os trabalhos pudessem ser iniciados”.

Em nota, a ONG afirma que o projeto “Somos Todos Amarildo” arrecadou R$ 359.341,77. Desse montante, R$ 50 mil foram utilizados para comprar uma casa para a família de Amarildo e R$ 10 mil para comprar a mobília da casa. O restante — R$ 309.341,77 — for transferido para a ONG. Em aplicação bancária, rendeu R$ 336.657,18.

Já que a outra parte do projeto não era viável, parte do dinheiro foi repassada à família de Amarildo (R$ 136.213,48). Outras cinco entidades receberam R$ 40 mil cada uma e o restante — R$ 443,70 — foi gasto com taxas e tarifas bancárias.

Receberam o dinheiro duas entidades que atuam diretamente com violações de direitos humanos e desaparecimento forçado de pessoas — o Grupo Tortura Nunca Mais e a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência —, além de três grupos da própria Rocinha — Associação de Mídia Comunitária da Rocinha (TV Tagarela), Projeto Via Sacra e Associação Cristã de Ação e Desenvolvimento do Rio de Janeiro.


2

Marcelo Freixo é contra a Polícia Militar e a favor do desarmamento da PM

O rumor de que Freixo seria contra a Polícia Militar e a favor de seu desarmamento circulou nas redes sociais principalmente após ser mencionado no vídeo acima, do pastor Silas Malafaia, em 4 de outubro.

Aos Fatos apurou, mas não encontrou nenhuma fala do candidato que corroborassem essas afirmações. O assunto também não aparece nas propostas apresentadas pelo candidato no Tribunal Superior Eleitoral e no site de campanha — até porque qualquer decisão nessa esfera cabe ao governo do Estado, não ao município.

“Nós nunca defendemos o desarmamento da polícia militar e nem teríamos autonomia sobre essa decisão, que é do governo do Estado”, disse a assessoria do candidato, em seu Facebook, em resposta a esse questionamento.

“Somos a favor da desmilitarização da PM, o que hoje é a vontade de 77% dos policiais. Isso não significa desarmar os policiais, mas prepará-los para trabalhar de acordo com outros princípios. Os policiais precisam conviver com democracia e garantir direitos, não fazer a guerra, da qual são ao mesmo tempo vítimas e algozes”, disse ainda.


3

O deputado Jean Wyllys será nomeado secretário municipal da Educação

Conforme boato nas redes, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL) estaria cotado para assumir a secretaria de Educação do município do Rio de Janeiro, caso Marcelo Freixo se eleja prefeito. A história é replicada por páginas como a do MBL (Movimento Brasil Livre), um dos grupos que liderou os protestos pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

O deputado negou a especulação em torno de seu nome em sua página no Facebook. Disse que “claro que é mentira”. Segundo Wyllys, o boato tem o objetivo de “assustar pessoas preconceituosas”.

“Eles falam meu nome e escolhem a pasta de educação para usar o pânico de algumas pessoas preconceituosas com a ideia de ‘um homossexual cuidando da educação das crianças’”, disse o deputado.

Procurada por Aos Fatos ao longo dos últimos dois dias, a assessoria de Freixo não respondeu aos questionamentos da reportagem a respeito da eventual composição de seu secretariado.


4

'Quando for assaltado aceite, pois o ladrão é vítima da sociedade'

A frase tem sido falsamente atribuída ao candidato e replicada pelas redes em montagens como esta acima, com a frase, a foto de Freixo e a marca do PSOL, além do logo do MFB (Movimento Força Brasil).

Em entrevista ao jornal O Globo, na última quarta-feira (5), o candidato negou sua autoria. Aos Fatos não encontrou qualquer registro do candidato afirmando coisa parecida.

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