O dia 20 de julho de 1969 marca uma data histórica para a humanidade: foi nesse dia que a Apollo 11 levou os três primeiros homens à Lua.
Mesmo quem ainda não estava vivo naquela data provavelmente conhece a famosa frase dita por Neil Armstrong, um dos astronautas que participou da missão:
Entre 1969 e 1972, o programa Apollo enviou 24 astronautas à Lua, sendo que 12 deles de fato caminharam sobre a superfície do satélite.
No entanto, apesar da documentação extensa, 53 anos mais tarde, ainda há quem acredite firmemente que tudo não passou de uma armação cinematográfica: volta e meia surge nas redes um vídeo, um artigo ou alguma “foto vazada” para questionar a veracidade das missões.

Como esse questionamento sempre volta a circular nas redes, vamos explicar de forma didática por que desacreditar que o homem pisou na Lua é uma teoria conspiratória.
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1. Existem provas de que o homem foi à Lua?
Sim, várias.
Além dos registros das missões — que passam de 8.000 fotos e centenas de horas de vídeos —, os astronautas trouxeram 382 quilos de rochas lunares em mais de 2.196 amostras. Esse material foi estudado por diversos laboratórios e sua origem foi confirmada em comparação com meteoritos lunares.
Outra prova de que os astronautas estiveram na Lua são os registros atuais da superfície do satélite: equipamentos modernos conseguiram verificar os locais onde as missões americanas pousaram e até as pegadas das equipes. Essas marcas não desaparecem com o tempo porque não há vento ou mudanças no clima na Lua.

Por fim, um item deixado pelos primeiros astronautas a pisar no satélite natural também prova que a viagem ocorreu: um retrorefletor instalado no local continua ativo e enviando dados para a Nasa décadas depois.
2. Mas e a história da bandeira, das pegadas e da letra ‘C’ em uma pedra?
Há uma série de “provas” que circulam na internet para sugerir que o homem nunca visitou a Lua — muitas mesmo. De forma geral, no entanto, todas elas já foram contestadas por especialistas.
Como esta newsletter ficaria extensa demais caso fôssemos desmentir cada uma das alegações, vamos indicar explicações para cada um dos pontos mais famosos e resumir o desmentido em uma frase:
- “As sombras das fotos da Apollo 11 estão distorcidas, o que prova que se trata de uma montagem”: isso é um efeito que ocorre inclusive na Terra, por conta da perspectiva;
- “A bandeira americana fincada na Lua tremulou, o que não poderia ocorrer, já que não há correntes de vento na Lua”: o movimento se deve ao fato de um dos astronautas estar manuseando a bandeira;
- “As pegadas na superfície do satélite não são semelhantes ao formato das botas usadas pelos astronautas”: são, sim;
- “Nenhuma foto mostrava estrelas no céu”: isso ocorre por conta da exposição da luz;
- “A radiação no entorno da Terra teria matado os astronautas”: devido ao tempo de permanência na superfície lunar, a equipe foi exposta a limiares seguros de radiação;
- “No vídeo da Apollo 16, há uma rocha falsa com a letra C, o que indica que se trata de um material cenográfico”: observando a imagem original, é possível perceber que a marca não aparece;
- “O pouso foi gravado pelo diretor Stanley Kubrick em um estúdio”: não havia tecnologia possível para isso na década de 1960.
3. Então por que não voltamos para lá depois?
De fato, desde o fim do programa Apollo, a humanidade não voltou a pôr os pés na Lua. Isso ocorreu por diversos motivos:
- Um deles é o dinheiro. Estima-se que a missão custou US$ 116 bilhões para os EUA. Mesmo com as novas tecnologias, calcula-se que uma viagem tripulada à Lua gastaria na casa de dezenas de bilhões, o que geralmente não cai bem no orçamento aprovado pelo Congresso;
- Na época do programa, havia a Guerra Fria, e conseguir chegar à Lua antes da União Soviética era uma forma de demonstrar poder. Apesar de haver atualmente uma tensão entre EUA e China, ela não se dá no contexto de uma corrida espacial;
- Por conta das mudanças geopolíticas, o foco da pesquisa espacial mudou e o orçamento da Nasa é bem menor hoje do que naquela época;
- Uma missão de exploração lunar recente — a Artemis — tem sido postergada por diversos problemas financeiros e técnicos. Seu objetivo, no entanto, é muito mais ambicioso: a ideia agora é procurar maneiras de criar uma base no satélite;
- Por causa dos altos custos, não há muitos os países que buscam chegar à Lua. Japão, China e Índia já enviaram aeronaves não tripuladas para o satélite.




