As checagens em tempo real do debate presidencial da Band

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Os candidatos à Presidência da República se reúnem nesta quinta-feira (9) para o primeiro debate da campanha eleitoral de 2018 nos estúdios da Band, em São Paulo. A equipe do Aos Fatos está checando e transcrevendo, em tempo real, a íntegra do debate. O outro lado dos postulantes ao Palácio do Planalto pode ser lido aqui. Acompanhe, abaixo, todo o processo.

Nota: a transcrição está sendo atualizada ao longo do debate e posteriormente. Estamos trabalhando para corrigir eventuais erros e imprecisões ao longo do programa e nas horas seguintes. Para fins de otimizar o trabalho, podem haver diferenças tipográficas e lacunas de informação durante a transmissão do programa. A equipe de Aos Fatos continuará checando o que disseram os candidatos durante esta sexta-feira (10).

Mediador

Boa noite. Começa neste momento nos estúdios da Band, em São Paulo, o primeiro debate das Eleições em 2018 e abre espaço para discussão de ideias e propostas entre os postulantes ao cargo mais importante do país. Em nome do Grupo Bandeirantes, agradeço a presença dos seguintes candidatos, que aparecem em ordem definida em sorteio: Álvaro Dias, do PODEMOS; Cabo Daciolo, do Patriota; Geraldo Alckmin, do PSDB; Marina Silva, da Rede; Jair Bolsonaro, do PSL; Guilherme Boulos, do PSOL; Henrique Meirelles, do MDB e Ciro Gomes, do PDT. Também foi convidado o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, mas ele está impedido pela Justiça de participar.

O programa é transmitido ao vivo, pelo Band News TV, e pela Rádios Bandeirantes e BandNews FM. O público ainda pode acompanhar pelo aplicativo da Band e pelo Youtube, por uma parceria exclusiva, acessando o canal Band Jornalismo. Esse debate também vai contar com uma novidade tecnológica inédita no Brasil: a Band montou um estúdio digital, junto com o Google, que vai fornecer aos jornalistas, convidados e aos eleitores, dados de como o país reage, minuto a minuto, durante o debate, que será dividido em cinco blocos.

Neste primeiro bloco, os participantes começam respondendo a uma mesma questão sugerida pelos leitores do jornal Metro. A seguir, sempre em ordem sorteada, começa o confronto direto. Em caso de ofensa pessoal ou moral, um direito de resposta pode ser pedido pelo candidato ofendido, assim que terminar o tempo de quem estiver com a palavra. Uma comissão presente na Band, formada por dois advogados e um jornalista, avaliará a solicitação.

Para escolher a pergunta que vai abrir este debate, a Band recorreu aos milhares de leitores do Metro, o jornal. Eles enviaram centenas de sugestões, e o tema predominante foi emprego. O desafio colocado diante do próximo presidente da República tem um número dramático: o Brasil de hoje tem mais de 13 milhões de desempregados. A pergunta indicada pelos leitores do Metro, o jornal - que pedem respostas objetivas - é esta: se eleito que primeira medida tomará para estimular a contratação de trabalhadores? Como essa medida será implementada e a partir de quando? E de onde virão os recursos para que ela seja bem sucedida? Por ordem de sorteio, o candidato Alvaro Dias abre a série de respostas, o senhor tem um minuto e meio.

Alvaro Dias

Boa noite, Brasil. Antes de responder a pergunta eu devo me apresentar: eu nasci em São Paulo, Quatá, na roça. Eleito com quase 80% dos votos no meu Estado.

A declaração é VERDADEIRA, já que Álvaro Dias foi eleito senador com 77% dos votos válidos no Paraná em 2014.

Fui governador, com 72% dos votos. Em meu governo eu alcançava a aprovação de 90%. E, ao final, a Folha de São Paulo estampou em manchete que eu era o governador mais popular do país. Por quê? Reforma administrativa, saneamento financeiro, combate à corrupção. Prendi, usando a prisão administrativa, 28 ladrões de dinheiro público. Anulei licitações fraudulentas, acabando com o cartel. Combati privilégios, mas abri mão dos meus privilégios.

Como governador, teria direito a uma aposentadoria teto, que me daria desses 27 anos até agora, 10 milhões de reais. Uma mega-sena.

Tema recorrente do candidato, não é verdade que ele abriu mão de sua aposentadoria. Ele foi governador do Estado do Paraná entre 1987 e 1991. Em 2010, tentou requerer cinco anos de valores retroativos, além de dar entrada em sua aposentadoria. Os requerimentos, no entanto, foram negados pela Procuradoria-Geral do Estado, que considerou os pedidos foram feitos fora do prazo legal de cinco anos. O parlamentar chegou a receber de outubro de 2010 até janeiro de 2011 e, na época, alegou que iria doar os valores recebidos.

Abri mão também do auxílio moradia,

Alvaro Dias não usou a sua cota de auxílio moradia desde 2013, como informa o site do Senado. É importante ressaltar, no entanto, que de 2008 até 2012 o Senado não disponibiliza informações sobre o uso dos respectivos benefícios pelo candidato, portanto a declaração é INSUSTENTÁVEL. A fala é recorrente do candidato e Aos Fatos já checou esta informação em outra oportunidade.

da verba indenizatória.

É FALSA a afirmação feita pelo candidato. No período de seis anos, o parlamentar já usou a verba em 2015, 2016 e 2017, o que totalizou o valor de R$ 17.529,89. Além disso, no site oficial de Alvaro Dias a informação do uso de verba indenizatória é confirmada: “ O parlamentar não recebe a Verba Indenizatória do Senado há mais de um ano.” A verba indenizatória, no valor atual de R$ 15 mil, é um benefício ao qual senadores podem requerer reembolso caso tenham gasto com aluguel – de imóvel, de veículos ou de equipamentos – com material de expediente para escritório, com locomoção e com outras despesas diretas e exclusivamente relacionadas ao exercício da função parlamentar.

Em seis anos seriam 2 milhões de reais de economia, mais uma mega-sena. Mas vou continuar combatendo os privilégios e combatendo a corrupção. Por isso já convidei publicamente o juiz Sérgio Moro para...

Mediador

Senador, eu peço que o senhor observe pelos monitores, que seu tempo esgotou-se. Eram, como dito no início, um minuto e meio, já ocorreram. Vou passar, pela ordem de debate, ao Cabo Daciolo, para que responda a pergunta formulada pelos leitores do Metro, o jornal: quais medidas tomará para enfrentar o desemprego?

Cabo Daciolo

Glória a Deus, Glória a Deus. Boa noite ao povo brasileiro. Eu chamo a atenção à resposta do candidato ao lado, que falou, falou, e no final não foi dito nada. E você pode olhar aqui o quadro do debate hoje: essa aqui representa a velha política do Brasil. Eu tenho um candidato a direita que tem 50 anos de vida pública.

À minha esquerda, eu tenho o Alckmin, com 46 anos de vida pública.

O dado do deputado está correto. Segundo a biografia do ex-governador Geraldo Alckmin na Câmara dos Deputados, a sua carreira na vida pública começou em 1972, aos 19 anos. Portanto, atualmente, o candidato aproximadamente 46 anos de vida pública.

Um pouquinho além, eu tenho a deputada Marina, que, com todo respeito, tem 30 anos de vida pública.

Mais uma vez o número é VERDADEIRO. A própria candidata considera, em sua biografia, que ela tem 33 anos de vida pública. De acordo com Marina, sua carreira começou com a fundação da CUT em 1984. Seu primeiro cargo foi em 1989 como vereadora de Rio Branco e seu último cargo público foi como senadora, cujo mandato terminou em 2011. Após esse tempo, Marina criou o Rede Sustentabilidade e participou de três eleições presidenciais, considerando a atual.

Mais à frente, eu tenho o Bolsonaro, com 30 anos de vida pública.

É verdade que Bolsonaro tem aproximadamente 30 anos de vida pública. De acordo com sua biografia na Câmara dos Deputados, sua carreira política começou em 1989 quando foi eleito vereador pelo PDC. Em 1991, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, cargo que ele exerce até hoje.

E aí eu vou deixar, para um próximo momento, para falar de Henrique Meirelles e Boulos. O Ciro, que tem 36 anos de vida pública... Chega, chega! Essa é a velha política, que engana o povo. Que chega nesse momento e sabem tudo. Tem solução para tudo, mas não mudam nada. Nesse exato momento, a nação brasileira tem a oportunidade de mudar, de transformar. De trazer o novo para a nação. Mudar. Tem que investir em educação, botar trabalho para o povo. Investir em ciência e tecnologia. Institutos federais. Capacitar e preparar mão de obra. A partir daí, eu abaixo os juros, retiro os impostos; vai oxigenar o país. Automaticamente, o mercado vai se abrir, e nós vamos empregar esse povo. Quero deixar bem claro e lembrar a todos, que tem o direito do povo: existe um direito que está dentro da Constituição Federal, o Art. 6, que vai falar dos direitos sociais. Você tem o direito ao trabalho, e eu vou te dar o trabalho pela honra e glória do Senhor Jesus.

Mediador

Muito bem. Na sequência, responde agora o candidato Geraldo Alckmin. Gostaria de reiterar que os leitores do Metro, jornal, explicitamente solicitaram respostas objetivas a questão do desemprego: se eleito, que primeira medida tomará para estimular a contratação de trabalhadores? Como essa medida será implementada e a partir de quando? E de onde virão os recursos para que ela seja bem sucedida. Por favor, o candidato Geraldo Alckmin.

Geraldo Alckmin

Quero cumprimentá-lo Boechat. Cumprimentar a candidata e os candidatos. Em especial a vocês, mulheres e homens que nos assistem. Essa é a questão central: voltar o Brasil a gerar emprego e renda. O Brasil precisa crescer. E, para crescer, precisa de investimento. E investimento é confiança. Nas primeiras medidas nossas, serão pelo lado fiscal, sem aumentar impostos. Reduzir despesas, para zerar o déficit em menos de dois anos. E a segunda medida é simplificação tributária. Simplificar, desburocratizar, destravar a economia. A terceira, é abertura econômica. Os países que passaram de renda média para renda mais alta, todos eles tiveram uma abertura da economia um papel fundamental. Fazer acordos comerciais, entrar no TPP, na aliança com o Pacífico, junto com Japão e os países asiáticos. Reduzir o custo Brasil. O Brasil ficou caro e por isso perdeu a competitividade.

O Brasil da década de 30 até a década de 1980 foi o país que mais cresceu no mundo. Ele precisa voltar a crescer, crescer forte, melhorar o poder de compra, os salários, o salário mínimo, a renda da nossa população. Essa é a nossa prioridade. Educação básica, começando lá na infância, no ensino infantil, até a pesquisa e a inovação.

Marina Silva

Boa noite a todos. Em primeiro lugar, eu quero agradecer a Deus, por estarmos aqui. Cumprimentar você, Boechat, e a todos os demais que estão aqui neste debate conosco, os outros candidatos. Estamos aqui novamente depois de quatro anos, e eu retorno aqui com a clareza de que o nosso país tem problemas muito graves a serem enfrentados. Um deles é, sem dúvida, o problema do desemprego.

Há quatro anos estávamos aqui e foi anunciado pela Band que a questão da criminalidade e mortes violentas estavam em torno de 59 mil ao ano. Chegamos nos dias de hoje com 63 mil pessoas assassinadas.

Os números da candidata são VERDADEIROS.O dado mais recente sobre mortes violentas no Brasil é do Anuário de Segurança Pública de 2018, com dados de 2017: de acordo com o documento, houve 63.880 mortes no ano passado. Já segundo o Anuário de 2015, com dados de 2014, naquele ano foram registradas 58.497 mortes.

Um país que tem 13 milhões de desempregados, e, com justa, razão pergunta sobre o emprego. Para ter emprego, é preciso ter investimento. Para ter investimento, é preciso recuperar a credibilidade. Para ter credibilidade, precisa ter uma mudança profunda nesse país. Porque aqueles que criaram o problema não vão resolver o problema. E, com certeza, eu, que sei o que é não ter um emprego porque tive que passar pela fresta do desemprego como mulher, como jovem, como alguém que viu, diante de si, a dificuldade para alimentar a sua família. Eu tenho o compromisso de fazer esse país voltar a crescer para que ele possa gerar emprego, renda e vida digna, integrando nosso país ao desafio da sustentabilidade social.

Mediador

Candidato Jair Bolsonaro...

Jair Bolsonaro

Primeiro agradeço a Deus pela oportunidade e ao sistema Band. Daciolo, eu tenho, na verdade, 46 anos de serviço público, 16 de exército brasileiro, com muita honra. A nossa missão aqui é mais que dar esperança para o povo. É dar certeza que faremos um governo realmente diferente. Nunca integrei o executivo. Entre outras medidas, o Brasil precisa voltar a fazer comércio com o mundo todo sem o viés ideológico. Precisa agregar valor naquilo que tem, não só em seu subsolo, bem como produtos do campo. O Brasil precisa ser desburocratizado. É um cipoal de leis que desestimula qualquer um a abrir qualquer empresa. Tem que ser desregulamentado. Todos nós sabemos, que o salário no Brasil é pouco para quem recebe e muito para quem paga. A classe empresarial tem dito também - e o que vou falar aqui é para perder voto, mas eu não quero ganhar eleições e não poder governar - os empresários têm dito para mim que o trabalhador vai ter que decidir um dia: menos direitos, e emprego; ou todos os direitos, e desemprego. Eu acredito que, com essas medidas iniciais, além de atacar de frente a questão da violência, nós possamos fazer voltar no Brasil, o emprego.

Mediador

Candidato Guilherme Boulos...

Guilherme Boulos

Boa noite, Boechat. Boa noite candidatos. Boa noite a todos e todas que nos assistem em nossa casa. Boa noite ao ex-presidente Lula, que deveria estar aqui, mas está preso injustamente em Curitiba, enquanto o Temer está solto lá em Brasília. Eu sou Guilherme Boulos, eu sou candidato do PSOL. Partido de Marielle Franco. Sou candidato para mudar toda essa esculhambação que hoje nós vemos na política, com privilégios e com uma desigualdade social brutal no nosso país. A nossa primeira medida, tomando posse como Presidente da República do Brasil, vai ser revogar as medidas tomadas pelo governo Temer. Reforma trabalhista, que agravou a situação dos trabalhadores e retirou direitos. Reforma da previdência, que tentaram aprovar e nós não vamos deixar fazer. Também a emenda constitucional 95 que corta investimentos sociais. Nenhum país nunca saiu da crise sem investimento público. Nós vamos retomar investimento público com o programa Levanta Brasil, gerando emprego, com investimento, infraestrutura, saúde, educação e moradia. Para isso, vai ter que nos privilégios dos mais ricos. Nós vamos fazer uma reforma tributária, porque hoje no Brasil quem tem menos paga mais, e quem tem mais paga menos. Trabalhador e classe média, é que sustenta o estado brasileiro.

Você que está nos assistindo, que tem carro, paga IPVA. Quem tem jatinho e helicóptero, como alguns candidatos aqui, não pagam um real de imposto.

Desde uma decisão do STF no Recurso Extraordinário 379572 RJ, em 2007, o IPVA (Imposto de Propriedade de Veículo Automotor) deixou de incidir sobre aeronaves e embarcações. Naquela ocasião, votaram contra a cobrança o relator Gilmar Mendes e os ministros Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Sepúlveda Pertence, Cezar Peluso e Cármen Lúcia. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

Nós vamos acabar com essa esculhambação que representa hoje a desigualdade e os privilégios no nosso país.

Mediador

O próximo pela sequência sorteada é o candidato Henrique Meirelles.

Henrique Meirelles

Boa noite, Boechat. Boa noite, demais candidatos e boa noite a você que está nos ouvindo. Eu tenho que me apresentar porque nunca fui candidato à Presidência da República e não exerci nenhum mandato, mas dediquei muitos anos ao serviço público. Eu comecei a vida no setor privado, cheguei à presidência de uma grande organização internacional, voltei ao Brasil e, logo em seguida, subi ao Banco Central. E, neste período, nós fizemos aquilo que está no seu interesse de quem fez a pergunta: nós criamos emprego. Criamos estabilidade na economia, os investimentos aumentaram e o Brasil criou, em oito anos, cerca de 10 milhões de empregos. Voltei ao governo depois na Fazenda e lá tiramos o Brasil da maior recessão da história, quando estava destruindo o emprego sistematicamente, às vezes mais de 1 milhão de empregos por ano.

Voltamos a criar, e o Brasil criou 2 milhões de empregos.

Portanto, qual é a solução para a sua pergunta? Muito simples, o contrário do que muitos aqui pensam: não se cria emprego no grito. Se cria emprego com a política econômica correta. No momento que em assumirmos a Presidência, a confiança aumenta, como já aconteceu. O Brasil vai ter investimento, vai crescer e gerar emprego.

Mediador

Encerrando essa sequência de respostas, a pergunta elaborada, pelos leitores do Metro Jornal, o candidato Ciro Gomes.

Ciro Gomes

Boa noite, Boechat. Boa noite a todos os meus ilustres concorrentes. Boa noite à família brasileira, que, apesar de estar muito tarde para os trabalhadores, ainda está tendo a paciência para nos assistir. Eu tenho uma proposta de gerar, no primeiro ano de governo, enquanto a gente cuida das reformas estruturais, dois milhões de empregos. O caminho basicamente é consertar os motores do desenvolvimento, que estão praticamente todos estrangulados, e eu posso demonstrar. O consumo das famílias é um dos motores importantes.

Hoje o Brasil tem 63 milhões de pessoas com nome sujo no SPC.

A afirmação de Ciro é VERDADEIRA. De acordo com o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, é estimado que o Brasil tinha aproximadamente 63,3 milhões de brasileiros com algum atraso de pagamento de contas. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

Eu vou ajudar a pagar essas dividas e limpar o nome dos brasileiros para que eles voltem a consumir. O empresariado brasileiro está colapsado. Dívida, [R$] 2 trilhões, quase [R$] 600 bilhões a caminho de crédito de recuperação duvidosa. Ou seja, não dá conta de pagar. Vou descartelizar o sistema financeiro, que, no Brasil, em cinco bancos concentram 85% de todas as operações.

Consertar as contas públicas, e vou começar com as 7.507 obras que estão paradas,

Segundo levantamento deste ano da CNI (Confederação Nacional da Indústria), por exemplo, estima que existam, hoje, 2.796 obras paradas e, portanto, o número de Ciro é EXAGERADO. Vale ressaltar, no entanto, que o levantamento com o número mais próximo ao citado pelo candidato é de 2016, da CNM (Confederação Nacional de Municípios), que cruzou dados da Caixa Econômica Federal com os do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal). Segundo a pesquisa, existiam 8.239 obras paradas no Brasil e mais 11.252 não iniciadas.

pelas mais diversas razões, todas burocráticas. Isso aí é o que emprega rapidamente pessoas com dificuldade de qualificação. E, por fim, o Brasil voltará, comigo, a ter uma política industrial de comércio exterior que não alimente essas ilusões - como meu amigo Alckmin acredita - de que nos expondo o Brasil a uma competição internacional, vamos melhorar de vida. Ora, lá fora se financia a zero, o Brasil se financia a 40% de juros. Lá fora, tem sofisticação tecnológica, o Brasil está se atrasando pesadamente.

Mediador

Muito bem, concluída a primeira sequência do debate de hoje com as respostas de todos os candidatos para a pergunta elaborada pelo Metro Jornal. Nós vamos começar agora o confronto direto, também em ordem previamente sorteada. Os candidatos vão escolher um oponente a quem perguntaram. Cada um pode ser escolhido até três vezes. Os tempos definidos nas regras são de 30 segundos. Peço que os candidatos observem os monitores que dão a contagem regressiva de tempo. Pergunta 30 segundos, e um minuto e meio para a resposta. Em seguida, vem a replica e tréplica, cada uma com 45 segundos. Pelo sorteio prévio, quem começa a rodada indicando livremente quem vai responder é o candidato Guilherme Boulos.

Guilherme Boulos

Eu vou perguntar para Jair Bolsonaro.

Mediador

Pois não, a sua pergunta…

Guilherme Boulos

Deputado Bolsonaro, o Brasil todo sabe que você é racista, machista e homofóbico, mas tem coisa que muita gente não sabe. Você, em 27 anos como deputado, ficou 10 anos no partido do Paulo Maluf. Tem mordomias, recebeu auxílio moradia tendo casa, comprou cinco imóveis. Fez da política um negócio em família, com um monte de filho no mesmo esquema que você. Bolsonaro, queria saber uma coisa, e acho que é importante que o Brasil saiba: quem é a Val, Bolsonaro?

Jair Bolsonaro

Eu pensei que viesse discutir política nacional aqui… A senhora Wal, a senhora Walderice, é uma funcionária minha que mora em Angra do Reis, que ganha R$ 2 mil por mês. Quando a "Folha de S.Paulo" foi lá e não a achou, botou na manchete do dia seguinte que ela era fantasma.

Só que, em boletim administrativo da Câmara dos Deputados de dezembro, ela estava de férias, do final de dezembro até o final de janeiro.

O Boletim Administrativo da Câmara dos Deputados confirma que Walderice Santos da Conceição, servidora do gabinete de Bolsonaro, estava de férias entre 26 de dezembro de 2017 e 24 de janeiro de 2018. A reportagem da "Folha", que acusava o deputado de tê-la como funcionária fantasma, afirma ter visitado a propriedade em Angra dos Reis em 11 de janeiro. Veja detalhes do documento da Câmara e da reportagem nos links abaixo.

A Wal é essa senhora humilde e trabalhadora. Numa vila histórica de Mambucaba, de pessoas pobres, humildes, mas trabalhadoras. E essa senhora sempre prestou um serviço pra mim naquele local longe. Não é Angra dos Reis, chama-se vila histórica de Angra dos Reis. No tocante a patrimônios, o Ministério Público já me investigou, já revirou minha vida de pernas para o ar. Inclusive o senhor Janot declarou que todos os meus imóveis são compatíveis. Quanto a filhos, eu tenho moral para indicar filhos meus e o povo acredita em mim e vota neles. Meus filhos fazem um trabalho a contento na política. Nunca estive metido no Poder Executivo. Nunca fui ministro, secretário... Eu sou uma pessoa exatamente humilde como outra qualquer, e me orgulho sim, da minha honestidade. E não dos atos de invadir propriedade privada dos outros que trabalharam e suaram muito para conseguir aquele patrimônio. E vai uns desocupados, invadir e levar terror na cidade.

Guilherme Boulos

Olha Bolsonaro, esqueceu de dizer algumas coisas a respeito da Val. A Val é funcionária fantasma do gabinete dele, que junto com o marido dela, Edenilson, tem a responsabilidade de cuidar dos cachorros do Bolsonaro numa das casas dele em Angra dos Reis. Agora, o problema não é a Val. A Val é vítima de políticos, como Bolsonaro, que vendem essa ideia que vão acabar com tudo que tá aí, com essa bandalheira, e são farinha do mesmo saco. O Bolsonaro representa a velha política corrupta, as velhas práticas. Recebeu auxílio moradia tendo casa, aliás, tem a proeza, de em 27 anos aprovou dois projetos e conseguiu comprar cinco imóveis. Mais imóveis do que projetos. Você não tem vergonha Bolsonaro?

Veja, auxílio moradia com seis milhões de famílias sem casa no Brasil?

Como não há nenhum levantamento sobre “famílias sem casa”, não é possível determinar um número exato. Os dados utilizados pelo pré-candidato são da FJP (Fundação João Pinheiro) e dizem respeito ao “déficit habitacional” (em 2015, estimado em 6,3 milhões de domicílios), porém esse déficit não é sinônimo de ausência de casa, já que representa a deficiências nas moradias, e não a quantidade de pessoas ou famílias sem casa. Portanto, o número citado por Boulos não diz respeito a “famílias sem casa”, mas sim “famílias com necessidades habitacionais” — uma família que vive em uma casa, mas paga aluguel de valor igual ou superior a 30% da renda, por exemplo, entra nessa estimativa. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

Você não tem vergonha disso?

Jair Bolsonaro

Teria vergonha eu estivesse invadindo casa dos outros, né? Auxílio moradia, está previsto em lei. Se é moral é outra história. Imoral é fazer o que você faz. Agora, eu não vim aqui para bater boca com cidadão desqualificado como esse aqui. Obrigado, Boechat, pode passar para a outra pergunta.

Mediador

O candidato Bolsonaro abriu mão de seu tempo, parte dele. Na sequência, de acordo com o sorteio prévio, quem pergunta é o candidato Ciro Gomes. Candidato…

Ciro Gomes

Eu vou perguntar ao governador Geraldo Alckmin. Governador, nada pessoal, somos bons amigos há longa data. Apenas para discutir modelo de economia.

O seu partido, o PSDB, que o senhor preside, votou a favor da reforma trabalhista.

É possível, sim, dizer que o partido de Alckmin votou a favor da reforma trabalhista: na votação da Câmara, apenas um dos 44 deputados do PSDB — a deputada Geovania de Sá (PSDB-SC) — não votou a favor da reforma trabalhista; e, no Senado, dos 11 senadores do partido, apenas Eduardo Amorim (PSDB-SE), foi contrário ao texto. A orientação da bancada tucana foi pelo SIM.

O Brasil tem hoje 13 milhões de pessoas desempregadas, mais de 32 milhões de brasileiros empurrados para viver de bico, sem qualquer proteção. E essa reforma trabalhista veio agravar terrivelmente a situação do nosso povo. O senhor pretende manter essa reforma trabalhista?

Geraldo Alckmin

Olha, cumprimento o Ciro, meu conterrâneo da minha cidade natal. E dizer que sou favorável à reforma trabalhista. Ela foi um avanço. O grande desafio, não só do Brasil, mas no mundo inteiro, é emprego e renda. É evidente que a tecnologia permite produzir mais com menos gente. Nós tínhamos uma legislação do século passado. Autárquica, de cima para baixo. Passamos a ter uma relação moderna.

O que nós tínhamos era um grande cartório, 17 mil sindicatos no Brasil. Aliás o mais estranho, é que são 11.500 trabalhadores e mais de cinco mil sindicatos patronais.

Todos os dados citados por Alckmin são VERDADEIROS. De acordo com o Ministério do Trabalho, atualmente estão ativos 16.875 sindicatos. Destes, 11.593 são de trabalhadores e 5.282 são de empregadores. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

Isso era um verdadeiro cartório, mantido com imposto sindical. A maioria, inclusive, não fez nem convenção coletiva.

É verdade que a maioria dos sindicatos não fez convenção coletiva. Segundo o Sistema de Negociações Coletivas de Trabalho, apelidado de Mediador, do Ministério do Trabalho e Emprego, foram registradas 3.626 convenções coletivas em vigência atualmente. Levando em consideração que estão ativos 16.875 sindicatos, isso significa que quase 78,5% dos sindicatos não registraram esse tipo de instrumento.

Nós vamos, sim, prestigiar aqueles sindicatos que representam os trabalhadores. Defender os direitos do trabalhador. No caso das mulheres grávidas, por exemplo, merece uma correção. Mas a mudança da reforma trabalhista é necessária. Depois eu queria também dizer em relação a abertura comercial. Eu coloquei claramente a abertura comercial com agenda de competitividade. Nós vamos simplificar o modelo tributário brasileiro. De cinco tributos para o imposto de valor agregado e reduzir imposto corporativo.

Ciro Gomes

É, nossa discordância é absolutamente profunda. Essa reforma trabalhista, que o PSDB aprovou, proposta pelo Michel Temer, introduziu no mundo do trabalho brasileiro muita insegurança, muito medo do futuro. E essa selvageria, nunca fez país nenhum do mundo civilizado prosperar. O país mais competitivo do mundo - brasileiro meu irmão, minha irmã - é a Alemanha. Será que é por acaso que a LICE paga o maior salário hora do mundo? A China, que já deu valor ao salário baixo, passou o Brasil em matéria de custo pró trabalhado. Ou seja, é um erro grave, eu vou ter que corrigir isso. Não dá para 500 mil pessoas, do dia que elas entraram para cá, estarem desempregadas e em um trabalho intermitente, e agora dizer que vai corrigir porque uma aberração que todo o povo brasileiro está percebendo.

Geraldo Alckmin

Olha, eu mantenho a posição. A reforma trabalhista foi necessária, vai estimular mais empregos, ela moderniza as relações de trabalho, estimula o emprego... agora, acaba com o cartório. Agora, quero dizer também aos trabalhadores, às trabalhadoras, a você que está nos assistindo, que é CLT, que tem fundo de garantia, da agricultura, da indústria, do comércio, dos serviços, do turismo, que eu vou fazer justiça aos trabalhadores. O FGTS não vai ser surrupiado como foram nos últimos dez anos. Vai ser corrigido pela TLP. Hoje, o FGTS é muito menos que a inflação, que é a poupança do nosso trabalhador.

Mediador

O próximo a perguntar e a escolher quem vai responder é o candidato Cabo Daciolo. Peço que o senhor observe o cronômetro.

Cabo Daciolo

Eu falo com o senhor Alckmin. A minha pergunta é: nós sabemos que um dos grandes problemas da nação são os bancos, os banqueiros, com juros muito altos. A minha pergunta é: o que fazer para baixar os juros? Outra, na sequência: o senhor está aí no partido, numa coligação de vários partidos, nove partidos juntos, outros amigos aqui presentes também tentaram. O senhor saiu feliz que foi vitorioso, não sei se esse resultado é feliz ou de tristeza, mas…

Mediador

O senhor tem cinco minutos para fazer a pergunta…

Cabo Daciolo

Ótimo!

Mediador

Segundos!

Cabo Daciolo

E as urnas eletrônicas? O que o senhor tem a me falar delas?

Geraldo Alckmin

Olha, primeiro, em relação à questão dos bancos: não há dúvida. Eu disse aqui no começo que o Brasil é um país caro. Ficou extremamente caro. E, por isso, perdeu competitividade. Um carro no Brasil é muitas vezes mais caro que nos Estados Unidos, o minuto do celular,

e o spread bancário é quatro vezes o mundo.

Alckmin acerta ao afirmar que o spread bancário brasileiro é alto, mas subestima o valor na comparação global, por isso a declaração é IMPRECISA. De acordo com dados do Banco Mundial, o Brasil possui um spread de 38,4%, aproximadamente seis vezes a média mundial, e o que corresponde ao segundo maior entre todos os países com dados disponíveis em 2017. A média mundial, dos 100 países com dados disponíveis de 2017 é de 6,98%. O spread bancário é a diferença entre o quanto os bancos cobram de juros por seus empréstimos e quanto pagam aos seus aplicadores.

Nós precisamos agir nas causas do problema. Competitividade. O nosso modelo está muito concentrado. E a proposta é abrir, desfragmentar. Ter mais bancos disputando. Os Estados Unidos têm quatro mil bancos. Lei geral de garantias, cadastro positivo, como foi agora votado na Câmara Federal. Outras formas de crédito, como cooperativas de crédito, Fintex, também são importantes. O crédito é necessário para o Brasil crescer. O Brasil tem em torno de menos de 60% do PIB de crédito. O Chile, o nosso vizinho, tem mais de 100% do PIB de oferta de crédito. Nós vamos trabalhar nas causas, para poder reduzir os juros no Brasil. Em relação à questão da urna eletrônica, eu não tenho nenhuma razão para duvidar dela. Eu acho que as outras eleições já ocorreram dessa forma e foram muito bem. O Brasil é até um bom exemplo para o mundo.

Cabo Daciolo

Atenção ao povo brasileiro, nação brasileira. Visualize o discurso. Olhem os discursos passados, são sempre os mesmos discursos. Os juros no Brasil são um dos maiores do mundo. Não tomam nenhuma providência. E um dos grandes problemas da nação são os banqueiros.

Quanto às urnas eletrônicas, nós somos o único país onde não existe o voto impresso.

A declaração do Cabo Daciolo é FALSA porque existem outros países que só utilizam o voto eletrônico em eleições políticas nacionais. Segundo o Idea (International Institute for Democracy and Electoral Assistance), Honduras, Venezuela, França, Iraque, Emirados Árabes, Namíbia, Armênia, Quirgistão, Estônia e Nova Zelândia. Além disso, muitos outros países utilizam o voto eletrônico em eleições sub-nacionais.

No mundo, é a nação brasileira. E temos - e quero falar com todos aqui, o povo brasileiro - que nós precisamos mergulhar, e trabalhar para que nós possamos ter o voto em cédulas. Porque existem fraudes nas urnas eletrônicas provadas, provadas! E isso é preocupante! É muito preocupante para o cenário da nossa democracia, porque os pilares da República estão sendo quebrados! Tem que ser contabilizado os votos.

Geraldo Alckmin

Olha, quero reiterar aqui a importância da questão do crédito para a geração de empregos no nosso país. Essa é uma questão central, o spread bancário é absurdamente alto. E nós vamos agir no sentido de desregulametar, abrir e trazer mais players, trazer mais bancos para disputar. Na economia de mercado, o Estado tem que garantir a competição. Compete, compete. Garante a competição. E é isso que nós vamos fazer. É melhorar a questão fiscal, porque, com uma dívida de mais de R$ 5 trilhões, do governo geral, dívida bruta, evidente que isso é uma questão extremamente grave. Com um bom ajuste fiscal, com boa competição, nós vamos ter juros mais baratos.

Mediador

O próximo a perguntar é o candidato Alvaro Dias. Candidato, por favor...

Alvaro Dias

Deputado Jair Bolsonaro, infelizmente, a mortalidade infantil voltou a crescer.

A informação é FALSA porque o número, na verdade, caiu 0,5. A taxa de mortalidade infantil é calculada em número de óbitos de crianças antes de completar um ano por mil nascidos vivos. Segundo o IBGE, em 2016 o índice foi de 13,3, enquanto em 2015 foi de 13,8. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo. Apesar dos dados oficiais, uma reportagem da Folha de S.Paulo publicada este ano disse que a mortalidade cresceu no último ano e que a tendência é que continue crescendo em 2017.

Os crimes contra a mulher, da mesma forma. 8% de estupros a mais neste ano em relação ao ano passado. A violência atingindo mulheres trabalhadoras.

A afirmação é VERDADEIRA. A variação da taxa de estupros por 100 mil habitantes de 2016 a 2017 foi de 8,4%: de 54.968 casos o número aumentou para 60.018 casos. Vale ressaltar que os dados incluem o total de ocorrências registradas tanto como estupro quanto tentativa de estupro.

Salários injustos. Há aqueles que entendem que homens e mulheres não podem receber os mesmos salários. Gostaria de ouvir a sua opinião a respeito.

Jair Bolsonaro

Primeiro, salário: mais um voto do que colocaram na minha conta. O PT é o partido que mais ataca nessa área. Ficaram 13 anos no governo e nada decidiram. Agora, o Estado deve interferir nesta área? No serviço público já é igual. Quanto à mortalidade infantil: sabemos que muitas medidas têm que ser tomadas, começando com saneamento básico, entre tantas outras. A questão de estupro em mulheres: eu tenho um projeto de lei que visa a castração química voluntária para o condenado requerer progressão de pena. Lamentavelmente, a bancada feminina de esquerda na Câmara é contrária a isso daí. Eu acredito que, se aprovasse isso, nós iríamos, e muito, diminuir essa violência contra a mulher. Voltando à questão de salário: tem muito local que mulher ganha mais do que o homem. Deveríamos então lutar para diminuir o salário dessas mulheres competentes? Repito: o Estado não deve interferir nesta área. Quanto mais o Estado entra, pior fica o negócio no Brasil.

Alvaro Dias

Não basta defender o direito das mulheres. Há poucos dias, São Paulo assistiu um crime hediondo com uma policial sendo violentamente assassinada. Seria um absurdo se ela recebesse um salário inferior que os seus colegas policiais homens. É preciso protagonismo. Participação econômica, estratégia de participação política. Nós valorizamos as mulheres: a nossa presidente Renata Abreu é um exemplo da valorização das mulheres no nosso partido. Ana Paula Oliveira, economista, cuida do nosso programa econômico, é mais um exemplo de mulher valorizada no nosso partido e na nossa proposta de governo para o país.

Mediador

Eu vou pedir ao nosso candidato Alvaro Dias que observe os monitores de tempo, por gentileza. Para concluir, então, esse embate, a tréplica de 45 segundos do candidato Bolsonaro.

Jair Bolsonaro

Acho que não tem que partir para tréplica, acho que chegamos a um acordo. O estado não pode interferir nessa questão. Agora a mulher tem que ser valorizada, sim. Hoje em dia, em muitas áreas de concurso público, passa mais mulheres do que homens. Em outras provas também nós vemos muitas mulheres tirando notas melhores que homens. Elas estão melhores do que nós. Brevemente, nós que estaremos querendo o salário igual ao delas, com toda a certeza.

Mediador

O próximo a perguntar é o candidato Geraldo Alckmin. O senhor escolhe para quem vai perguntar, candidato.

Geraldo Alckmin

Olha, até pela relevância do tema, eu vou continuar no tema da saúde. Gostaria de perguntar à candidata Marina Silva. Nós temos hoje, no Brasil, avanços importantes nas área de tecnologia e saúde. O Brasil, que a expectativa era de 43 anos de idade, e hoje é 76 anos de idade... avançamos. Mas temos uma grande dificuldade de acesso no SUS. Qual é a sua proposta, candidata, para melhorar o Sistema Único de Saúde?

Marina Silva

O que nós vamos fazer é implementar adequadamente o Sistema Único de Saúde, fazendo com que possa fazer os atendimentos nas instâncias e nas modalidades a que ele foi concebido. O atendimento básico, com postos de saúde, os médicos da família, o atendimento de média complexidade - que, infelizmente, não funciona adequadamente - e o atendimento de alta complexidade. Fazendo com que a saúde privada, que a saúde complementar, também possam ser estruturadas, mas sobretudo com foco na implementação do sistema como ele deve ser, com mais recursos, melhor gerenciado, e sobretudo valorizando a saúde da família, que é aonde a gente evita a maioria das doenças.

Geraldo Alckmin

Até pelo fato de ser médico, é meu dever trabalhar para melhorar a saúde, que é hoje uma das principais queixas da população. Nós vamos avançar no saneamento básico - uma das causas desse espectacular ganho de vida no Brasil foi água tratada -, avançar no saneamento básico. Nós vamos dizer aos prefeitos que nós vamos reverter todo o dinheiro do Pasep e do Cofins para investir em saneamento básico. A rede hospitalar, como fizemos em São Paulo, 16 novos hospitais. E ela tem razão: os ambulatórios de especialidades de alta resolutividade, como exames, que fizemos aqui no estado. E investir muito através da prevenção com o atendimento primário.

Marina Silva

A saúde básica é fundamental, mas é interessante que, entra governo e sai governo, e as promessas são as mesmas.

Hoje, a população brasileira, a maior parte, não tem esgoto tratado.

A afirmação da candidata é INSUSTENTÁVEL, pois existem dados sobre volume de esgoto tratado e municípios com coleta de esgoto, mas não sobre a população atendida pelo serviço. De acordo com os dados da SNSA (Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental) do Ministério das Cidades, em 2016 (dado mais recente disponível), 55,1% do volume de esgoto gerado no Brasil não é tratado. Se levarmos apenas em conta a população que tem acesso à coleta de esgoto, 25,10% do volume de esgoto coletado não é tratado. O Atlas do Saneamento Básico do IBGE de 2011, com dados de 2008, informa que dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 29% tinham serviço de coleta de esgoto. Inicialmente, a declaração de Marina foi classificada como imprecisa porque usamos os dados de acesso à rede de coleta de esgoto, e não a de tratamento como referência para avaliar a declaração.

E, hoje, uma grande quantidade de crianças que são cometidas por problemas de saúde, é em função da falta de tratamento de esgoto. Que o PSDB, durante os anos que ficou no governo não deu conta, nem no Estado de São Paulo, nem no Brasil, quando não aumentou os recursos para o saneamento básico. E, hoje, uma boa parte da nossa população padece de fato, de problemas de saúde em função da falta do mínimo. O SUS deve ser complementado inclusive com políticos que cumpram com as suas promessas.

Mediador

Candidato Jair Bolsonaro, a sua pergunta e para quem vai perguntar.

Jair Bolsonaro

O senhor Alvaro Dias. Senador, o senhor tem um trabalho para… que eu vejo no Parlamento - meus parabéns, inclusive - para abrir a caixa preta do BNDES. Nós sabemos que muita coisa errada está lá. É dinheiro emprestado para outros países que dificilmente nós receberemos de volta. É dinheiro emprestado para os amigos do rei, com juros baixíssimos. E o senhor escolheu um vice que vem de lá. Esse vice vem a mesma proposta que o senhor? O senhor já tem algo de concreto em ele vir de lá? É realmente mostrar a sociedade, para a população da onde está indo este dinheiro, que é nosso, é da população? Eu acho que esse trabalho - eu elogio a Vossa Excelência profundamente, é excepcional - mas, com o reforço do vice agora…

Mediador

A pergunta…

Jair Bolsonaro

Reforço do vice, esse trabalho facilitará?

Mediador

Não, só para concluir. Candidato, eu não vou me basear no cronômetro como se fosse um juiz de futebol terminando um jogo. Os senhores naturalmente têm uma flexibilidade para concluir um raciocínio, mas peço que observem aí uma moderação, senão a gente estoura o tempo.

Alvaro Dias

Sem dúvida. Meu vice, economista do ano, Paulo Rabello de Castro, vem em razão da convergência das nossas propostas. Quando ele esteve no BNDES, e foi por muito pouco tempo, começou a mudar a realidade. Como o Brasil sabe, o governo, com a sua contabilidade criativa e a sua política econômica equivocada, transferiu ao BNDES do Tesouro Nacional, R$ 478 bilhões, completando com recursos do FAT, PIS, Pasep, R$ 716 bilhões, transferidos a outras nações através de grandes empreiteiras que realizaram obras em Cuba, Venezuela, Angola, Moçambique, ao invés de investir no Brasil, gerando empregos e melhorando a nossa infraestrutura e a nossa logística. Nós, no governo, não permitiremos que o BNDES empreste, sobretudo, para nações comandadas por ditadores corruptos e sanguinários, que esmagam os seus povos na miséria. Os recurso do BNDES não construirão metrô na Venezuela. Poderão construir metrô em Belo Horizonte, poderão despoluir o rio Tietê, despoluir a Baía de Guanabara, através das parcerias público-privadas, com alavancagem do BNDES - que é um grande banco, capaz de alavancar o desenvolvimento do país.

Jair Bolsonaro

Realmente, lá é um foco de corrupção, de desmando. Onde impera também a indicação política - com toda certeza Vossa Excelência não adotaria essa política caso chegasse lá. E creio eu que deveria ser o compromisso de todos. Para começarmos realmente a diagnosticar os problemas do nosso Brasil. De modo que possamos ter esperança, por parte de nós, que porventura venha a ocupar a chefia do governo. Trate com o devido zelo, um banco de fomento tão importante como esse. Então parabenizo Vossa Excelência. Eu acho que o Brasil está de parabéns se essa proposta for à frente a partir do próximo governo.

Alvaro Dias

Na verdade, é preciso que o brasileiro abra o olho. Com esse sistema do aparelhamento do Estado, do loteamento dos cargos públicos, esse sistema do balcão de negócios, corrupto e incompetente. Matriz de governos incompetentes, sistema instalado em Brasília, transplantado para estados e municípios, distribuindo incompetência e corrupção. Puxando para baixo a qualidade da administração pública brasileira. Com esse sistema, o Brasil não vai alcançar os índices de crescimento econômico compatíveis com a sua grandeza. Por isso, a mudança do sistema se chama refundação da República, que é a nossa grande proposta.

Mediador

Candidata Marina Silva, sua pergunta e quem vai responder, por favor.

Marina Silva

O governador Geraldo Alckmin. Governador, o senhor diz que é candidato à Presidência da República porque quer mudar o Brasil e devolver o Brasil aos brasileiros. No entanto, o senhor fez aliança com o centrão, que é base de sustentação do governo Michel Temer, que tem sido responsável pela maior parte das mazelas que esse país enfrenta. E que tem, alguns deles, assaltado o povo brasileiro. O senhor acha que isso é fazer mudança?

Geraldo Alckmin

Olha, quero dizer à candidata Marina que temos, no Brasil, um quadro pluripartidário, multipartidário. Todo mundo sabe disso. São 35 partidos. 25 partidos com representação na Câmara Federal. Nós construímos uma aliança com partidos do centro para aprovar rapidamente, no comecinho do ano, as reformas que a população precisa. O presidente Kennedy dizia que a mudança é a lei da vida. Nós temos que mudar, mudar rápido, sair desse marasmo. Para isso, devemos ter a maioria. Para poder apresentar e apresentar essas reformas. Simplificação tributária, eu pretendo reduzir cinco impostos: IPI, ICMS, ISS, PIS, Cofins, em um único IVA, em um imposto de valor agregado. Reforma do Estado. Tirar das costas da população brasileira um estado inchado, com desperdícios. Reduzir ministérios, simplificar, desburocratizar. Reforma previdenciária para acabar com privilégios. E reforma política, para a gente ter o voto distrital misto, chamado de modelo alemão. Mas quero dizer que, em todos os partidos, nós temos ótimas pessoas. E o [Partido] Progressista me deu a candidata a vice-presidente, a senadora Ana Amélia, que é uma das pessoas mais respeitadas, mais admiradas.

Marina Silva

É isso o que todos dizem, e é exatamente isso que prejudica o saneamento básico que você não tem. Porque as alianças são sempre por tempo de televisão, para se manter no poder ou para chegar a ele. E às vezes, em nome de algumas pessoas que de fato são boas, se pega um condomínio inteiro daqueles que ficam assaltando os cofres públicos, e que, em função disso, o SUS não funciona, o saneamento não é feito, e tudo em nome da governabilidade. Só que não é uma governabilidade com base no programa, é com base no exercício puro e simples do poder, e é isso que nós temos que acabar. Aquele que criaram o problema não vão resolver o problema.

Mediador

A tréplica, candidato…

Geraldo Alckmin

Olha, o nosso objetivo é rapidamente ajudar aquele que está desempregado. Melhorar o salário, a vida das pessoas. A política é o caminho que a gente tem para fazer as reformas que o Brasil precisa. A candidata Marina saiu do PV dizendo que era incompatível e fundou um partido novo, a Rede. E acabou coligando com o PV. Virou compatível. Ela não está errada. Num quadro tão pluripartidário como estamos vivendo, as alianças são necessárias. E nós a fazemos para poder implementar na prática. O problema não é só ganhar a eleição, a situação do Brasil é grave. Mas é governar, e governar bem.

Mediador

Candidato Henrique Meirelles, cabe ao senhor agora fazer a pergunta e escolher quem vai responder. Mas o candidato Geraldo Alckmin já foi perguntado três vezes e, por isso, está excluído do hall das suas opções. Por favor.

Henrique Meirelles

Eu gostaria de fazer uma pergunta para o candidato Alvaro Dias, e dizer que, quando eu deixei o comando da economia, em 2011, o Brasil tinha criado cerca de 10 milhões de emprego no período que estive no Banco Central.

Estabilizamos a inflação. Isso permitiu que a economia crescesse e 40 milhões de brasileiros entrassem na classe média. No governo seguinte, tudo desandou. Eu gostaria que o senhor nos explicasse por que houve o fracasso do governo anterior.

Alvaro Dias

O senhor que esteve lá que deveria ter a explicação, né? Passou por lá. Aliás, eu tenho algumas explicações. De 2003 a 2010, o senhor esteve no Banco Central. E a taxa de juros Selic caminhou além dos 15%, até os 20%. A dívida pública brasileira cresceu de forma assustadora: de R$ 1,3 trilhão para R$ 5,3566 trilhões, quase 80% do PIB. Os juros do cartão de crédito, durante o período em que o senhor comandou a economia do país, foi de 350% a 450% ao ano. Portugal, por exemplo, em que os juros ficam em torno de 16%. No Banco Central português, no trimestre anterior define a taxa do trimestre seguinte. E lá vigora 16%. Aqui vigora uma exploração do trabalhador brasileiro, com cartões de crédito cobrando taxas de juros astronômicas porque é um monopólio. Quatro grandes bancos definem as taxas de juros que cobram. E o senhor na presidência do Banco Central só assistia a esse espetáculo.

Henrique Meirelles

A questão mais importante, é que estamos vendo uma questão de desinformação básica de alguns candidatos. Por exemplo, a primeira coisa que gostaria de informar: não participei do governo anterior. Não fiz parte do governo da Dilma. Começou se enganando na resposta. A dívida pública, ela não subiu, como a porcentagem da riqueza nacional, do produto, o PIB naquele período. Na realidade, ela caiu… Terceiro, que os juros cresceram enormemente no período anterior. No período que eu lá estive eles caíram sistematicamente até o final. Tem muito trabalho a ser feito. Vamos volta lá e resolver.

Alvaro Dias

Olha, abre o olho, povo brasileiro. A dívida não cresceu? Em 2016, R$ 37 bilhões por mês; em 2017, R$ 39 bilhões por mês; em 2018, R$ 55 bilhões por mês… Que país é este? Onde vamos parar? Que administração de dívida é essa? Que ministro é esse? Que governo é esse? O que faremos com um país, em que a população não tem noção do que fazem com o imposto que paga muitas vezes sem poder pagar…

Mediador

Essa foi a última resposta do primeiro bloco. Logo após o intervalo, é a vez de jornalistas do Grupo Bandeirantes perguntarem aos candidatos à Presidência da República. Você vê aí imagens da sala digital aqui dos estúdios da Band em São Paulo, onde convidados e jornalistas acompanham o debate. Olho no candidato, olho no voto. Band Eleições 2018.

Mediador

Voltamos ao vivo com o primeiro debate das eleições de 2018 entre os postulantes à Presidência da República. Lembrando que está conosco nesta transcrição o BandNews TV e as rádios Bandeirantes e BandNews FM e você também pode acompanhar o debate pelo aplicativo da Band e pelo Youtube. Agora, jornalistas do Grupo Bandeirantes fazem perguntas. Pelas regras definidas em comum acordo com os partidos, o jornalista escolhe dois candidatos: um para responder, outro para comentar. Os tempos limites são os mesmos do bloco anterior: 1,5 minuto pra resposta e 45 segundos para a réplica, e também 45 segundos para a tréplica. A pergunta agora é do jornalista Fábio Pannunzio. Por favor, Fábio.

Jornalista

Não, é minha, Boechat.

Mediador

Perdão, ok, cadê, cadê? César Amaral, agora que eu te vi, desculpe. Agora, deixa eu dizer aqui, aliás, pros candidatos também: botaram ali que agora a pergunta é do jornalista três, então, por favor, jornalista três.

Jornalista

Jornalista três faz a primeira pergunta para candidata Marina Silva e com comentário do candidato Henrique Meirelles. Candidata, o Brasil está fechando esse ano com um déficit fiscal recorde de R$ 139 bilhões, número que deve se repetir em 2019 e que praticamente inviabiliza investimentos públicos. Se eleita, objetivamente, qual o plano da senhora para resolver essa questão?

Marina Silva

Bem, de fato nós temos um problema grave de déficit fiscal. Nós temos um problema que faz com que o nosso país, hoje, inclusive, tenha feito uma medida que congela os investimentos públicos na área de saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, por 20 anos. Ou seja, significa que a saúde como está, a segurança como está, vai ficar congelada e, obviamente sim, que nós queremos sim resolver o problema do déficit fiscal. Queremos que o nosso país possa ter recursos para poder investir corretamente mas uma premissa fundamental: nós não vamos fazer isso em prejuízo da saúde, da educação, da segurança pública, de forma totalmente insensível com o sofrimento da população brasileira, como está sendo feito pelo atual governo. A nossa proposta é de que o país volte a crescer, que a gente enfrente situações que são estruturantes, como o problema da Previdência - não com as propostas draconianas que foram feitas em prejuízo de alguns, mas é necessário, sim, a reforma da Previdência e que a gente recupere, sobretudo, a credibilidade para o país voltar a crescer. Para que a gente possa ter investimentos e, com isso, enfrentarmos, claro, o problema do déficit público, o problema do desemprego e o problema da penúria que o povo brasileiro tá vivendo no atual governo.

Mediador

Candidato Meirelles comenta 45 segundos, por favor.

Henrique Meirelles

É preocupante quando nós vemos aqui candidatos e candidata a presidente que não conhecem os fatos básicos de administração da dívida. A dívida pública, ela cresce em virtude de um déficit que cresce de forma absolutamente avassaladora e que é resultado de despesas que são obrigatórias, que são definidas pela Constituição. Em consequência, sobem os juros, sobe a inflação, vem o desemprego, vem a crise - e é este o problema que nós precisamos explicar para você, para você fazer de fato uma boa escolha que vai baixar os juros e a inflação como fizemos.

Marina Silva

Baixa juros, controle de inflação, é importante, não há dúvida, para que o país não prejudique tanto os trabalhadores, aqueles que são mais frágeis, que são os mais prejudicados, com a elevação de juros. Mas não na lógica do atual governo, em que o ministro da Fazenda era o principal operador dessa política, que faz com que a maioria das pessoas tenham que pagar um preço altíssimo com uma saúde que não funciona, com uma segurança pública que está à beira do caos, com mais de 60 mil pessoas sendo assassinadas por ano e, como se não bastasse, temos o grave problema do desemprego em que as pessoas ficam mais frágeis. Esse tipo de lição não se deve aprender, pelo contrário, a gente deve mudar os que estão aí patrocinando a crise.

Mediador

A pergunta agora é do jornalista Rafael Colombo.

Jornalista

Boa noite a todos, boa noite, Boechat. Eu passei agora, daqui a pouquinho, na nossa sala digital, e tava consultando. Dos temas mais pesquisados pelas pessoas que estão nos assistindo agora, um deles que ainda foi abordado de forma lateral aqui é a segurança pública - exatamente no dia em que o Fórum Nacional de Segurança Pública revelou que 64 mil pessoas foram mortas ou por latrocínio ou por homicídio, e uma das razões para isso é a guerra entre as facções criminosas pelo controle de tráfico de drogas. Eu gostaria de saber do candidato Alckmin, com comentário do candidato Bolsonaro, se é possível traçar uma meta de redução de homicídio para os próximos quatro anos? Como reduzir o poder das facções criminosas que hoje comandam o crime no Brasil dentro e fora dos presídios?

Geraldo Alckmin

Olha, respondendo ao Rafael Colombo sobre a segurança pública, nós tivemos no estado de São Paulo um fato que é reconhecido até internacionalmente.

Nós tínhamos, em 2001, 13 mil pessoas assassinadas, reduzimos pra 12, 11, 10, 09, 08, 07, 06, 05, 04. No ano passado tivemos 3.503 se nós tivéssemos reduzido, poupado uma vida já teria valido mas foram 10 mil vidas poupadas, famílias que não foram desfeitas.

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em 2001 houve 13.133 vítimas de homicídios dolosos no estado. No ano passado, foram 3.503, como afirmou o candidato. De acordo com o órgão, em 2017, houve 7,54 casos de homicídios e 8,02 vítimas de homicídios a cada 100 mil habitantes no Estado de São Paulo. Ambos os índices são os menores dos últimos 17 anos. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

É possível a gente reduzir no Brasil e o Brasil só está crescendo. Eram, em 2016, 62 mil assassinatos; hoje, 63 mil. Nós vamos enfrentar duramente o crime organizado, especialmente a questão de fronteiras, tráfico de drogas e tráfico de armas, integrando as inteligências das forças armadas, da Polícia Federal, dos estados também, criar uma guarda nacional para, inclusive, proteger a área rural, a questão daqueles que moram mais distante. Apoiar os estados, nós vamos ser parceiros dos estados, governadores, prefeitos, trabalhar juntos nesse que é o grande desafio latinoamericano e, inclusive no Brasil.

Jair Bolsonaro

A violência só cresce no Brasil porque há uma equivocada política de direitos humanos. O policial civil, e em especial militar, nunca foram tão desvalorizados. Não tem uma retaguarda jurídica para poder bem cumprir o seu dever.

O cidadão de bem foi desarmado, no referendo de 2005 apoiado pelo partido do ex-governador. E o bandido continua muito bem armado.

A afirmação é FALSA porque, além de não ter sido o referendo que desarmou a população, ele também não questionava o porte de armas, apenas a comercialização. Na verdade, foi a Lei 10.826 de 2003, conhecida como o Estatuto do Desarmamento, que regulou o porte de armas no Brasil e o permitiu apenas a profissionais da segurança pública. O referendo de 2005, que já estava previsto no texto, dizia respeito somente à comercialização de arma de fogo. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

Nós devemos, nós devemos fazer com que a vontade popular, por ocasião do referendo, se faça presente em nosso meio. E o cidadão possa comprar arma de fogo para sua legítima defesa.

Mediador

Candidato Alckmin.

Geraldo Alckmin

Olha, nós temos que agir firmemente na prevenção primária. Hoje a grande vítima é o jovem de menor escolaridade, vítima da droga. Dar a mão a esse jovem. Nós vamos levar o programa Recomeço, que trata o dependente químico, para todo o Brasil. É uma questão de saúde pública e a outra é fronteira. Sisfron e Cipan, estive com o General Villas Bôas, nós vamos rapidamente expandir a questão da tecnologia, gente, guarda nacional, polícia federal, que tem bons equipamentos, tem que ser ampliada, gestão, melhorar a gestão integrando inteligência e tecnologia para combater o crime organizado.

Mediador

A próxima, desculpe, candidato Bolsonaro não cabe mais… A pergunta agora é da jornalista Lana Canepa.

Jornalista

A minha pergunta vai para o candidato Alvaro Dias com o comentário de Cabo Daciolo. Esse Anuário da Segurança Pública também mostrou, candidatos, os números para a violência doméstica. No ano passado, foram mais de 600 casos por dia, e a principal vítima é a mulher. A gente mostra quase todos os dias nos jornais e o feminicídio cresceu quase 8,5%, fez mais de 1.100 mulheres vítimas no ano passado. A minha pergunta é para o candidato Alvaro: como resolver esse problema?

Alvaro Dias

Mulheres e jovens, nos últimos 10 anos, de 2006 a 2016 nós tivemos o sepultamento 324 mil jovens, de 14 a 25 anos, no nosso país. Sete vezes mais o número de soldados mortos na Guerra do Vietnã durante 20 anos. Os governantes deveriam pedir perdão ao povo brasileiro. Não há como afirmar que não temos recursos.

Nós gastamos mais em segurança que os países da OCDE. Todos eles. Nós gastamos mais.

O 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que o Brasil gastou em 2017 R$ 84,7 bilhões em segurança. Isso corresponde a 1,3% do PIB daquele ano. Já a média dos países da OCDE em gastos com o que a entidade classifica como "segurança e ordem pública" é de 1,66% do PIB, com base em dados de 2016. Em 2016, o Brasil gastou também 1,3% de seu PIB nessa área. Ou seja, a afirmação é FALSA. O Brasil gasta menos que a média dos países da OCDE. Países tão diversos como Chile, Estônia, EUA, Reino Unido e Polônia gastam bem mais. Veja os detalhes nos links.

O problema é honestidade, planejamento e competência. É preciso restabelecer a autoridade, não há autoridade constituída, e quando a autoridade não se impõe, a marginalidade se sobrepõe e o crime se impor o crime se impoe de forma avassalador no país como ocorre hoje. Nós temos três itens: financiamento, capacitação e indução de políticas corretas, numa política de segurança pública de estado e não de governo. Combate ao tráfico de drogas, combate à produção e ao tráfico de drogas, instituindo uma frente latinoamericana.

Mediador

Cabo Daciolo, o senhor comenta. Quero lembrar que a pergunta diz respeito à violência contra a mulher, feminicídio. Claro que, no contexto geral da segurança pública, perfeitamente.

Cabo Daciolo

Perfeito. O grande problema que a nação está enfrentando hoje é a falta de amor, a falta de amor ao próximo. Nós estamos vendo uma sequência de homens, violentos, normalmente de homens violentos com as mulheres. E aí nós tivemos até recentemente uma cena de um marido, que matou a mulher, jogou a mulher do apartamento. E aí você vê a pressão para pegarmos essas pessoas que estão cometendo esses crimes com as mulheres. Não vem com medidas enérgicas, não vem com medidas enérgicas, mas é interessante dizer que hoje o problema que nós temos está em cima da segurança e colocarmos a educação para o nosso povo para começarmos a transformar a nossa nação.

Mediador

Candidato...

Alvaro Dias

É, a violência contra a mulher, a violência contra os jovens, a violência contra o brasileiros de modo geral, é consequência de um sistema de governança corrupto e incompetente. Quando se afirma não existir recursos para instrumentalizar as instituições policiais, para capacitar os servidores da área de segurança, oferecer salários adequados, é porque os recursos foram raspados dos cofres públicos pela corrupção e o aparelhamento do estado puxa para baixo a qualidade de gestão - o que impossibilita o atendimento à sociedade brasileira, especialmente um setor que ameaça a família, que é o sistema de segurança.

Mediador

Chegou agora sim a vez do jornalista Fábio Pannunzio fazer sua pergunta e escolher quem comenta a resposta.

Jornalista

Bom, a pergunta é para o candidato Ciro Gomes e o comentário é do Geraldo Alckmin. Bom, eu gostaria de que detalhassem um pouco mais as propostas para duas questões muito importantes, que são as reformas da Previdência - que já foi abordada aqui mas ainda não se ouviu o que se pode ser feito no lugar da proposta do governo Temer - e sobre a reforma trabalhista também, porque essa o senhor já disse que se opõe a ela de maneira radical e que vai revogá-la. E eu queria saber como é então que vai se enfrentar essas duas reformas, a reforma trabalhista e a reforma da Previdência, que gera um déficit de [R$] 270 bilhões, que cresce [R$] 50 bilhões ao ano.

Ciro Gomes

Vou propor... [tosse] Vou propor uma reforma trabalhista que corrija as imperfeições da legislação, que é antiga, mas, por exemplo, os abusos da Justiça do Trabalho. Mas essa que foi feita aí é uma selvageria, que agravou dramaticamente a insegurança e o medo da imensa maioria do povo brasileiro.

Vou lembrar: 32 milhões de brasileiros na informalidade, correndo do rapa, vivendo de bico sem nenhuma proteção.

O número é IMPRECISO. Segundo o IBGE, são classificados como trabalhadores informais os que não possuem carteira de trabalho e pessoas que trabalham por conta própria. De acordo com a última Pnad Contínua Mensal (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal), o Brasil possuía 17,857 milhões de trabalhadores sem carteira (somando o setor privado, o setor público e os trabalhadores domésticos) e 23,064 milhões de trabalhadores por conta própria. Logo, são 40,921 milhões de brasileiros na informalidade.

13,7 milhões de brasileiros desempregados.

O número do Ciro é IMPRECISO. Segundo a Pnad Contínua do IBGE, no último mês, existem hoje 12,9 milhões de pessoas desocupadas no país, cerca de 12,4% da força de trabalho. O dado de Ciro é da última pesquisa trimestral, quando a taxa de desocupação era de 13,1%.

Mais de 11 milhões de garotos que “nem nem”, nem estudam e nem trabalham.

O número é VERDADEIRO. De acordo com a última Pnad Contínua Anual, em 2017, cerca de 11,2 milhões de pessoas de 15 a 29 anos de idade não trabalhavam nem estudavam — o que significava 23% dessa faixa etária.

E não é introduzindo insegurança jurídica e insegurança econômica... nenhum lugar do mundo resolveu seu problema assim. Eu lembro de novo: a China já paga salário/hora maior que o Brasil.

A Alemanha, o país mais competitivo do mundo,

De acordo com dados divulgados pelo Fórum Econômico Mundial, o país mais competitivo do mundo é a Suíça, e não a Alemanha como dito pelo candidato. No estudo, que conta com 137 países analisados por 114 indicadores em doze pilares relativos à atividade econômica, a Alemanha aparece em quinto lugar. O Brasil aparece bem atrás, no octogésimo lugar do ranking.

e não foi aviltando o salário. A gente tem que fazer uma reforma que proteja o trabalhador, que proteja na luta do mais fraco contra o mais forte, aquele lado mais fraco, isso é uma obviedade. A Previdência, esse sistema que tá aí, é irreformável, porque a nossa população envelheceu e essa brutal quantidade de pessoas na informalidade simplesmente evadiu-se de qualquer financiamento da Previdência. Portanto, nós temos que propor um novo modelo de Previdência. A reforma que o Temer fez, com toda selvageria, obrigar um professor a trabalhar 49 anos, e que o PSDB apoiou, essa reforma não resolve nada. Economizaria [R$] 360 bilhões em 10 anos. Eu proponho um novo regime de capitalização e vou propor, ao longo da campanha, como se fazer a transição.

Mediador

Candidato...

Geraldo Alckmin

Ok. Primeiro, em relação à reforma trabalhista: acho que foi um avanço. Nós saímos de um modelo de cima para baixo para um modelo melhor. Acabamos com essa excrescência de imposto sindical que nem os trabalhadores querem, nem os sindicatos querem. Vão ficar realmente os sindicatos sérios, que lutam pelos trabalhadores e vão conseguir sua contribuição nas convenções coletivas. Em relação à reforma da Previdência, a primeira tarefa é acabar com o sistema injusto.

Geraldo Alckmin

O do INSS é R$ 1.391 o valor da aposentadoria.

De acordo com o último Boletim Estatístico da Previdência Social, de junho de 2018, a média dos benefícios de aposentadoria do Regime Geral de Previdência Social daquele mês foi de R$ 1.516,70, por isso a declaração foi considerada IMPRECISA. Se considerarmos todos os benefícios previdenciários — como pensão por morte e auxílio doença, por exemplo — a média foi de R$ 1.394,50. O número citado por Alckmin refere-se a um dado defasado do boletim de abril, quando a média dos benefícios previdenciários — não apenas o das aposentadorias — foi de R$ 1.391,34.

E, no setor público, chega a R$ 28 mil de média na Câmara dos Deputados.

Mediador

Candidato Ciro Gomes, o senhor gostaria de fazer um comentário que lhe cabe?

Ciro Gomes

Assim, eu não sabia que eu tinha direito aqui pois pareceu que não deram ao outro.

Mediador

Então deixa eu fazer uma pergunta aqui para a produção. O candidato Bolso... Tá tudo certo? Olha, segundo o comando aqui, a produção diz que tá tudo certo. Que o candidato Bolsonaro não foi cerceado. Mas para não pairar dúvida, pairar dúvida, no intervalo, candidato Bolsonaro, checaremos devidamente e se lhe couber mais um tempo será dado. Checaremos no intervalo.

Ciro Gomes

Veja, um trabalhador rural no Brasil, ter como idade mínima 65 anos... Só quem não conhece o Vale do Ribeira em São Paulo para defender uma selvageria dessas. Mas no Nordeste semiárido que eu conheço bem, no fundão da Amazônia que eu conheço bem, na metade sul do Rio Grande do Sul que eu conheço bem, no Vale do Jequitinhonha que eu conheço bem, nas Minas Gerais, isso é uma abominação. O Brasil precisa celebrar um regime de capitalização, porque é a capitalização que vai permitir uma poupança. A proposta que eu tenho zera, estabelecendo um teto único para o trabalhador da iniciativa privada e para o trabalhador do serviço público. Só que com uma regra, para não ser mentira. Nós não podemos retroagir lei nenhuma, a Constituição não permite que mude direitos adquiridos. Ainda que haja muitos privilégios, especialmente na Justiça, no Ministério Público e entre os políticos. Por isso, eu nunca aceitei receber as três aposentadorias que eu teria direito.

Mediador

Quem pergunta agora é o jornalista Sérgio Amaral.

Jornalista

Minha pergunta é para o candidato Cabo Daciolo, com comentário do candidato Guilherme Boulos. Candidato, você já começou o debate defendendo mais investimentos na educação. Quando o senhor oficializou sua candidatura, o senhor falou que o investimento na educação deve chegar a 10% do PIB em um eventual governo seu. 10% do PIB também para as Forças Armadas, hoje mal chega a 2%. Educação, em torno de 6%. E o senhor falou que vai aumentar os 31 mil quilômetros de ferrovias no país para 150 mil quilômetros de ferrovias. Isso além de baixar a carga tributária. Aí eu volto à minha primeira pergunta do déficit fiscal: como é que o senhor pretende fazer tudo isso nessa situação, em que temos hoje o déficit senão uma das maiores, um dos maiores, o maior problema da economia brasileira?

Cabo Daciolo

Perfeito. O que eu tenho a dizer à nação brasileira é que essa crise é uma crise mentirosa. Nós vamos entrar com a auditoria da dívida pública, nós vamos pegar a fundo os sonegadores,

pois nós temos hoje 400 bilhões de sonegadores.

A declaração é FALSA porque provavelmente Daciolo não se refere ao número de pessoas que sonegam imposto, mas sim a uma estimativa do dinheiro sonegada por eles, uma vez que, segundo o IBGE, o Brasil possui cerca de 208 milhões de habitantes. O candidato provavelmente queria referir-se à estimativa do Sonegômetro do Sinprofaz (Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional) que indica que o valor de sonegação de impostos está em R$ 350 bilhões esse ano. Vale lembrar, que como o próprio Sinprofaz admite com relação à metodologia, a estimativa tem limitações devido a dificuldade e a escassez de dados sobre sonegação fiscal como, por exemplo, a captura de informações sobre o mercado informal.

Desses sonegadores nós temos banqueiros, nós temos emissoras, nós temos diversos sonegadores. Dinheiro é o que mais tem, renúncias fiscais que chegam a quase no montante de [R$] 300 bilhões, passa de [R$] 300 bilhões e é verdadeiramente isso. Nós vamos investir em educação sim. Os profissionais da educação hoje, o piso salarial do professor da educação hoje, está em R$ 2.500, não chega a R$ 2.500, R$ 2.455. Em contrapartida, um parlamentar está recebendo aí R$ 33 mil. Então existe um erro, existe um equívoco. E outra: quando nós estamos falando de baixar os tributos, os impostos, quando você, nós temos uma, um algo, que se fala a linha de curva de Lafter (sic), Laffer, você vai observar que nenhum economista toca sobre esse assunto. Então, quando nós baixamos e reduzimos os tributos, a receita automaticamente vai aumentar, isso é uma lógica. Isso foi adotado nos Estados Unidos e foi adotado em todos os países que estão em uma grande potência. Quando você baixa juros, alguns podem falar que o consumo vai aumentar e paralelo ao consumo vai aumentar a inflação. É mentira, mentira. Tanto é mentira que os Estados Unidos hoje é um dos países que tem… que mais consome no mundo é os Estados Unidos e vamos ver a taxa de juros e vamos ver a inflação dos Estados Unidos. E porque aqui no Brasil não vai dar certo? Vai dar certo, vai dar certo.

Mediador

Candidato Boulos, seu comentário.

Guilherme Boulos

Olha, o problema do Brasil não é falta de dinheiro. O Brasil é a oitava econimia do mundo, nós não somos um país pobre. Dinheiro tem, só que ele está profundamente mal distribuído e numa economia, numa forma de organização de sociedade cheia de privilégios. Nós vamos tomar três medidas: primeiro, enfrentar o bolsa banqueiro. Com essa dívida pública, com juros escorchantes, que são os maiores do mundo. Segundo: o bolsa empresário. [R$] 280 bilhões só em desonerações fiscais esse ano, só para grandes empresários, sem contrapartida de emprego. E terceiro: reforma tributária progressiva, porque não é justo que o dono do Bradesco, o dono do Itaú paguem menos impostos que o trabalhador brasileiro. Se a gente tiver coragem de mexer nos privilégios, a gente encontra o dinheiro para fazer investimento público. Nós temos.

Mediador

Cabo Daciolo...

Cabo Daciolo

Povo brasileiro, eu quero dizer que existe no nosso plano uma política pública com gestão. O grande problema é que não tem gestão e a corrupção está instaurada no nosso país. O cenário político, o Congresso Nacional é uma verdadeira corrupção, um mar de lama. Então, solução é o que mais existe. Vou dar alguns exemplos. Vou dar um exemplo aqui rápido: Nós podemos falar tanto da educação como eu posso ir para área da saúde. Na área da saúde, o Ministério da Saúde, ele deixou de aplicar [R$] 174 bilhões na saúde do nosso país em um período de 10 anos. O que está acontecendo? Gestão! Assim é a educação. Nós tivemos as nossas crianças agora. Eles colocam ali no ensino básico [R$] 35 bilhões, nas universidades, [R$} 75 bilhões, por que que não chega no final, na reta final? Por causa de gestão e por causa de políticos corruptos instaurados no nosso país. E nós vamos pegar eles. Na honra, claro, de senhor Jesus.

Mediador

A pergunta agora é do jornalista Rafael Colombo.

Jornalista

E a minha pergunta, Boechat, é para o candidato Meirelles, com comentários do candidato Alvaro Dias. A fronteira com a Venezuela, essa semana, senhor candidato Meirelles, chegou a ficar fechada 15 horas em um ato muito pouco usual em nossa história. Há uma tendência de recrudescimento da violência na Venezuela, depois desse atentado que está sendo investigado contra o senhor presidente Maduro, agora no começo da semana, no final de semana. O senhor é a favor de alguma espécie de restrição para a entrada de venezuelanos no Brasil? Alguma espécie de exigência? Há como dar alguma espécie de apoio maior a estados como Roraima, que não estão conseguindo atender todos os venezuelanos que estão entrando no Brasil?

Henrique Meirelles

A situação da Venezuela é dramática, não há dúvida, e a situação dos venezuelanos pior ainda. O nosso problema é conseguir resolver a situação do povo e não permitir que você chegue na mesma situação que está o povo da Venezuela. Para isso, é preciso que ter uma política no Brasil que assegure crescimento, assegure emprego e assegure renda. Na Venezuela, o problema é que o povo não tem emprego, mas, pior do que isso, começa a faltar dinheiro inclusive para comer. O governo está em colapso, e isto causa uma situação, uma crise humanitária de proporções absolutamente inaceitáveis. E os venezuelanos estão fugindo do país.

O Brasil já recebeu um número grande de venezuelanos aí, um pouco menos de 100 mil, mas a Colômbia recebeu 700 mil.

A afirmação do ex-ministro é FALSA. Segundo dados da Polícia Federal divulgados pela Casa Civil no mês passado, entraram 127.778 venezuelanos entre 2017 e 2018. Dos que entraram, 68.968 deixaram o país e 56.740 procuraram a Polícia Federal para regularizar a situação no Brasil. Ainda que Meirelles esteja referindo-se apenas aos que ficaram, o número não é próximo de 100 mil.Em relação à Colômbia, de acordo com os dados das Nações Unidas, há mais de 870 mil pessoas advindas da Venezuela no país. A ONU, no entanto, não divulgou desde quando foi feito o levantamento.

O que nós temos que agir é para que a situação da Venezuela mude, e que mude esse regime, e que a situação dos venezuelanos possa ser revertida para que os venezuelanos possam e devam querer voltar para a Venezuela. Mas, até lá, o Brasil tem que atender à sua postura humanitária e de abrigo, que sempre teve historicamente. E isso é fundamental. E, sim, temos que providenciar recursos para o estado de Roraima para acomodar aquela população. Mas vamos resolver o problema na causa, trabalhando junto para ajudar a mudar a situação na Venezuela.

Mediador

Candidato Alvaro Dias, 45 segundos.

Alvaro Dias

É, seria peverso expulsar seres humanos que foram escorraçados por uma ditadura sanguinária e impiedosa. Não há como expulsá-los do Brasil. É com sensibilidade humana. Um governo não pode escorraçá-los daqui, como foram expulsos de lá pela violência, pela miséria e pela fome. O que nós temos que condenar são os governos brasileiros que alimentaram, durante anos, essa ditadura, incapaz de respeitar as liberdades democráticas. Uma ditadura sanguinária, que submeteu o seu povo à fome, à miséria e à morte e teve a complacência dos governos brasileiros.

Henrique Meirelles

Nós temos que aprender muito com o que está acontecendo na Venezuela e a tragédia do povo venezuelano. Isso foi resultado não só de um governo autoritário, um governo que foi inclusive eleito no início, mas que começou a assumir poderes cada vez maiores e adotar políticas como que já tivemos delas no Brasil - que levou a essa recessão brutal que tivemos e, surpreendentemente, muitos ainda propõe voltar a adotar essas políticas, o que levaria o Brasil a uma crise. Mas nós não chegaremos a esse lugar. E a Venezuela precisa, sim, de ajuda. E os venezuelanos que entram no Brasil sejam bem acolhidos. Nós vamos trabalhar para que eles possam voltar para a Venezuela.

Mediador

A pergunta da jornalista Lana Cânepa. Agora, Lana, quem você escolhe para responder e comentar?

Jornalista

Boechat, agora eu escolho o candidato Guilherme Boulos, com comentários da Marina Silva - e eu quero falar sobre aborto. Um levantamento do Ministério da Saúde mostrou que, todos os dias, quatro mulheres morrem no Brasil, especialmente na rede pública - essa questão é muito importante - na rede pública, por complicações depois de uma tentativa de aborto que não deu certo. Eu queria saber: o Supremo Tribunal Federal voltou a discutir o aborto esta semana em audiências públicas, e eu gostaria de saber a opinião do senhor candidato. O senhor é a favor da liberação do aborto no Brasil e, se for eleito, como vai tratar isso na rede pública?

Guilherme Boulos

Ninguém é a favor do aborto. Nós somos a favor do direito das mulheres de decidirem. O que nós não defendemos é que as mulheres continuem sendo presas, ou morram, porque fazem abortos nas condições mais precárias, como os dados que você própria mencionou. Aliás, mulheres pobres e negras, porque mais ricas fazem com condições adequadas, em boas clínicas. Como no caso da Ingriane, que nós vimos essa semana na audiência do Superior Tribunal Federal. Jovem, mãe de três filhos e que foi levada pelas circunstâncias a fazer um aborto precário e morreu. No nosso governo, aborto não vai ser tema do Código Penal, vai ser tema do SUS. É um tema de saúde pública, respeitando o direito das mulheres. Agora, além disso, nós vamos colocar outras política para as mulheres. Como creche em tempo integral para as mães que trabalham e estudam, o que já era proposta da nossa querida companheira Marielle Franco, brutalmente assassinada. Nós vamos também ter um atendimento especial no SUS para as mulheres. Nós vamos ter políticas que assegurem igualdade salarial. Ao contrário do que já foi dito aqui, o governo pode e deve garantir que as mulheres ganhem o mesmos salários que os homens para os mesmos tipos de trabalhos. Nós temos que combater o machismo estrutural nesse país. Assegurar o direito ao aborto é um caminho, igualdade salarial outro, e políticas públicas em educação e saúde nosso governo vai garantir. Eu tenho ao meu lado a Sônia Guajajara, liderança indígena, mulher nordestina, que também vai me ajudar a fazer isso.

Marina Silva

Esse, é de fato um tema que tem uma natureza bastante difícil e complexa. Envolve questões de natureza emocional, de natureza filosófica, de natureza moral e de natureza religiosa. E, obviamente, o que todos queremos é que nenhuma mulher tenha que fazer um aborto, porque isso não pode ser advogado como um método contraceptivo. E o que nós queremos é que se tenha planejamento familiar, educação, para que nenhuma mulher tenha que lançar mão de uma forma tão extrema que não é desejada. E eu defendo a forma que já está prevista na lei, mas, se tiver que ampliar, eu defendo que seja feito um plebiscito escutando o conjunto da população brasileira.

Guilherme Boulos

Olha, eu acho, Marina, que esse é um tema das mulheres, as mulheres têm o direito de decidir sobre esse tema muito mais do que os homens e, por isso, nós achamos que deve-se vocalizar a posição das mulheres. Como nós vimos agora na Argentina, onde as mulheres tiveram uma posição fortíssima, com ampla mobilização, e o Senado federal argentino, composto majoritariamente por homens, lamentavelmente vetou isso. É muito cômodo negar o direito ao aborto para as mulheres e continuar permitindo que homens não assumam seus filhos. Milhões de homens nesse país que não botam o nome na carteira de identidade do filho e abandonam. Nós vimos isso na seleção brasileira agora na Copa. Quase todos filhos que não foram criados por seus pais. Isso não será admitido. Nosso governo vai colocar esse debate sem medo, sem tabu.

Mediador

Vamos para mais uma pergunta do jornalista Fábio Pannunzio. Fábio.

Jornalista

Pergunta para o candidato Jair Bolsonaro, com comentário de Ciro Gomes. O Brasil é um país de educação indigente. E o Brasil tem um quadro, segundo a OCDE, que é caótico, além de crítico. Nós gastamos aqui no ensino fundamental US$ 3.800 por aluno por ano. Isso é menos da metade do que gasta a média dos países da OCDE. Em compensação, gastamos muito com o sistema universitário, que está falido. Quero saber como o senhor vai enfrentar esse problema e se há uma perspectiva de inversão desses investimentos. Qual é a proposta?

Jair Bolsonaro

A pirâmide, realmente, senhor Pannunzio, tem que ser invertida. Se gasta muito pouco, levando-se em conta o que se gasta no ensino superior. Se gasta muito pouco no ensino básico.

O relatório “Education at a Glance 2017”, da OCDE, com números de 2014, mostram que os gastos do Brasil por aluno do ensino superior é muito maior do que o gasto por aluno do ensino fundamental. O gasto do Brasil por estudante do ensino fundamental foi de US$ 3.799 por aluno, bem abaixo da média da OCDE de gasto de US$ 8.733 por aluno. Na educação superior, o gasto por aluno, excluindo despesas com pesquisa e desenvolvimento, é de US$ 10.552, mais próxima da média de gastos da OCDE, de US$ 11.056.

E você pode ver. Tem escolas que foram militarizadas pela nossa Polícia Militar, especial Goiás, e Amazonas, bem como temos nossos colégios militares. Nessa semana mesmo, o jornal "Correio Braziliense" publicou que quatro estudantes foram aprovados em Harvard. Quatro estudantes do Colégio Militar de Brasília.

As escolas militarizadas, senhor Ciro Gomes, eu estive em uma delas, no Amazonas, ela foi construída em um local, perto de uma comunidade muito pobre e violenta, então a disciplina entrando pela escola, o percentual dessa garotada que consegue acesso para o ensino superior é muito acima das demais escolas, públicas e particulares, de todo o estado do Amazonas.

A Secretaria de Educação do Amazonas informou que não realiza um levantamento de quantos alunos das escolas públicas ingressam no ensino superior. Aos Fatos também não encontrou nenhum levantamento de outra instituição que faça esse acompanhamento. Devido a ausência de dados para sustentar essa afirmação ela foi considerada INSUSTENTÁVEL. No estado do Amazonas, existem duas escolas militares: o Colégio Militar de Manaus, que tem ensino do 6° ao 9° ano, de gestão federal e o Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas, que tem ensino do 1° ao 9°, era gerido pelo estado e passou a ser controlado pela PM a pedido do governo estadual. As duas escolas estão entre as dez melhores do estado de acordo com a nota do Ideb (avaliação feita pelo Inep que combina dados de desempenho na Prova Brasil e aprovação escolar) mas nenhuma delas conseguiu cumprir a meta definida para a nota dos anos finais do ensino fundamental.

Então, hierarquia e disciplina, no meu entender, têm que se fazer presentes. O que aconteceu ao longo do tempo? Retiraram a autoridade do professor em sala de aula. Hoje em dia, pesquisas da Apeoesp aqui de São Paulo, né, pesquisa recente, diz que 70% dos professores já foram agredidos física ou moralmente por pais de alunos e pais de alunas. Então entendam que restabelecer a autoridade e invertendo essa pirâmide de gastos, nós podemos atingir o objetivo final que é dar uma educação de qualidade para essa garotada no Brasil.

Ciro Gomes

77 das 100 melhores escolas básicas do Brasil são no meu estado, no Ceará, e é um dos estados mais pobres do país.

O número de Ciro é IMPRECISO porque só se refere a um dos dois rankings existentes. De acordo com o último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), de 2015, o Ceará realmente possui 77 das 100 melhores escolas de educação básica do país quando se leva em conta os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). O número nos anos finais diminui: o Estado possui 35 escolas das 100 melhores. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

De cada 4 alunos do ensino médio no Ceará, um já está em escolas profissionalizantes em tempo integral, que é um legado de Leonel Brizola, que é do meu partido, de Anísio Teixeira, de Darcy Ribeiro - e nós vamos universalizar. E o Ceará, mesmo juntando a iniciativa privada, ganha 40 de cada 100 vagas do ITA, que é o vestibular mais difícil, ou do IME, Instituto Militar de Engenharia, Jair, e isso nós não precisamos botar lei do chicote brabo dentro das escolas. É evidente que eu concordo que é preciso respeitar os professores, que há muita demagogia nesse assunto. Mas o que resolve mesmo, se me permitir dois segundos, é a mudança do padrão de ensino. Substituir o decoreba por ensinar o aluno a pensar e reforçar o orçamento. Sem reforçar o orçamento não há educação que preste.

Mediador

Agora sim, candidato Bolsonaro, lhe cabe mais 45 segundos.

Jair Bolsonaro

Ciro, reconheço o que você falou, no Ceará realmente existe isso, até porque começou lá atrás, com um jovem formado pelo ITA e vocês, em parte, acolheram isso daí. Agora, tenho conversado com meus colegas do alto comando do Exército. Alguns estão de acordo, em havendo meios, fazer, sim, um colégio militar em cada estado cuja capital não o tenha. Aqui em São Paulo, Boechat, pretendemos fazer o maior colégio militar do Brasil, no Campo de Marte. Agora, a questão do chicote, não existe, me desculpa aqui, mas isso não existe, tá. Nenhum pai, nenhuma mãe quer tirar o filho de lá, e eu conversei com muitos, fui lá, fui a [inaudível] também, fui ao estado de Manaus e nenhum pai quer tirar o filho de lá, e a fila é enorme. Entendo que [inaudível] com disciplina e sem chicote chegaremos lá.

Mediador

Chegamos ao final deste segundo bloco. Você vê aí as imagens da sala digital. Lembro que o debate da Band é transmitido simultaneamente pelo canal Band Jornalismo no YouTube e agora há pouco bateu o recorde de visualizações simultâneas em uma transmissão ao vivo no Brasil. Vamos para um rápido intervalo e voltamos para mais uma rodada de confronto direto entre os candidatos. Olho no candidato. olho no voto. Band Eleições 2018.

Mediador

Voltamos ao vivo com o primeiro debate entre candidatos à Presidência da República nas eleições 2018. Em caso de segundo turno, já está definida com os partidos a data de 11 de outubro para o encontro entre os dois candidatos na Band. Nesse terceiro bloco, volta o confronto direto. Dessa vez, cada candidato por ser escolhido até duas vezes. Lembrem-se de que, no bloco passado, de confronto direto, eram três. Os tempos são os mesmos, mas a ordem muda de acordo com o sorteio prévio, e o primeiro, de acordo com sorteio neste bloco é o candidato Alvaro Dias. Candidato, olho no cronômetro, vamos lá.

Alvaro Dias

Governador Alckmin, olha, será tudo blablablá. Não resolveremos nada nesse país se não acabarmos com as organizações criminosas que assaltam esta nação. Por isso, Operação Lava Jato é prioridade. E é por essa razão que eu disse que convido o juiz Sérgio Moro para ser ministro da Justiça e continuar a limpeza. Eu indago do governador Alckmin o que ele acha dessa posição.

Geraldo Alckmin

Entendo que a Lava Jato, senador Alvaro Dias, é uma conquista da sociedade. Não há nenhuma hipótese de mudá-la. O que nós precisamos é aprofundá-la, é acabar com a impunidade do chamado crime do colarinho branco. Quem deve, cadeia, é isso que se deseja, e é isso que deve ser feito. E entendo que temos que reformar as instituições, começando pela reforma política. Não é possível continuar com 35 partidos e, de outro lado ainda, termos voto proporcional. Eu defendo o voto distrital misto, modelo alemão: o vizinho fiscaliza, cria uma proximidade maior. Nos EUA, o mandato de deputado é de dois anos. Ninguém reclama: nem o representante nem o representado. E aprimorar os nossos sistemas de controle: Controladoria Geral da União, todo apoio aos sistemas de investigação, Ministério Público. Os Poderes são independentes, e esse é um bom caminho que nós acreditamos. E, exemplo, quero aqui reiterar: eu também fui deputado estadual, federal, governador, não tenho nenhuma, nenhuma aposentadoria, abri mão de tudo, tenho o INSS, R$ 5 mil aos 63 anos de idade.

Alvaro Dias

Eu peço ao povo brasileiro mais uma vez: abra o olho. Quando algum aparece combatendo corrupção, há que se perguntar onde estava quando o Brasil estava sendo assaltado. Nós queremos institucionalizar a Operação Lava Jato como uma espécie de nossa tropa de elite no combate à corrupção. Cabo eleitoral dos investimentos na geração de emprego, porque, certamente, nós enviaremos ao mundo uma outra imagem, a imagem de seriedade. O Brasil voltará a ser sério e os investimentos que foram expulsos daqui pela corrupção e pela incompetência retornarão. E os nossos governantes terão que pedir perdão ao povo brasileiro.

Geraldo Alckmin

Há um princípio em medicina que diz que "suprimir uma causa, que o efeito cessa". Reforma política, essa sim vai fazer uma grande diferença, no sentido de melhorar a qualidade da política brasileira. Diminuir o tamanho do estado. Agências de estado totalmente distantes de partido político. Hoje, dos 40 cargos de diretores de agências reguladoras e fiscalizadoras, 32 são nomeações partidárias. No meu governo, não terá, como não teve em São Paulo, na Artesp e na Assesp, nenhuma nomeação de política partidária. Esse é o bom caminho: reforma do estado, reformas de base.

Henrique Meirelles

O Brasil tem deficiências sociais muito grandes. Eu acredito que o melhor programa social que existe é a criação de emprego, mas é necessária a complementação. Para isso, o Bolsa Família tem se mostrado fundamental. No entanto, o Bolsa Cidadão, a renda cidadã, que é o Bolsa Família do estado de São Palo, caiu ano a ano nos útimos anos, inclusive no seu governo. Minha pergunta é: o que você vai fazer em relação a esse problema quando for eleito presidente pra complementar essas questões do Bolsa Família?

Geraldo Alckmin

Primeiro, o Bolsa Família é um ótimo programa e nós pretendemos até ampliá-lo. O BNDES tem 200 e tantos bilhões de reais que são do governo. Nós vamos trazer de volta, gradualmente, parte desses recursos, e esses recursos nós vamos investir prioritariamente na área social, especialmente no Nordeste brasileiro. Água no semi-árido. Ajudei na questão da transposição do rio São Francisco. E emprego, emprego e emprego, esse que vai ser o caminho. Aqui em São Paulo, nós temos um dos programas muito bem avaliados, o programa nosso do restaurante Bom Prato, há 18 anos, R$ 1. No nosso Renda Cidadã, nós substituímos pelo Renda Família, nós abrigamos toda a família. Moradia para quem precisa, temos o maior programa habitacional, habitação de interesse social. Quem ganha um salário mínimo tem acesso à casa própria através do nosso programa da CDHU. Inovamos fazendo a PPP da habitação aqui no Centro de São Paulo, trazendo quem mora na periferia para poder morar mais perto do centro, mais perto do seu trabalho. Saneamento básico e promoção de emprego e renda, agricultura, turismo, serviços e comércio.

Mediador

Candidato Meirelles

Henrique Meirelles

Surpreendentes, esses comentários, pois, em editorial publicado no site do seu partido, candidato, chamava o Bolsa Família de bolsa esmola. E o PSDB escreveu ainda que o programa é um populismo rasteiro.

É VERDADEIRO que existe um editorial no site do PSDB cujo título é "Bolsa Esmola". O texto, de 2004, critica a iniciativa do então governo Lula de unificar programas sociais do governo FHC para criar o Bolsa Família. Diz ainda: "o que parecia uma saudável correção de rota tem sido enxovalhado pela evidência de que o governo deixou de fiscalizar, por exemplo, a freqüência em sala de aula dos alunos beneficiados pelo Bolsa Família". A expressão "bolsa esmola. O principal programa social petista reduziu-se, enfim, a um projeto assistencialista. Resignou-se a um populismo rasteiro. Limitou-se a uma simples distribuição de dinheiro, sem a contrapartida do comparecimento à escola". O Bolsa Família, até hoje, é condicionado à frequência escolar. Veja os detalhes do editorial do PSDB no link abaixo.

Um dos maiores aliados, que é o DEM, disse que ele escraviza as pessoas. Eu vou fazer o contrário. Quando estava no Ministério da Fazenda, nós criamos as condições de aumento e orçamento para aumentar o valor do Bolsa Família e da cobertura do Bolsa Família. Quando estive no Banco Central, o país cresceu, gerou recursos para que o Bolsa Família, no governo do Lula, também fosse criado. Por quê? Porque nós criamos desenvolvimento, criamos condições, e investimos no social.

Geraldo Alckmin

Vou rememorar a memória do candidato Henrique Meirelles: o Bolsa Família é junção de três programas de complementação de renda, da rede de proteção social, do governo do PSDB, quem criou o Bolsa Escola (havia um apoio para a família com um único compromisso: que a criança frequentasse as aulas), o Vale Saúde (único compromisso de que as crianças fossem ao pediatra e tivessem vacinação) e o Vale Gás. Corretamente, o governo unificou os três e criou o Bolsa Família. Nós vamos até ampliar o Bolsa Família. Agora, nós vamos usar que dinheiro? O dinheiro da bolsa banqueiro, vai ser o dinheiro da bolsa banqueiro que vai ajudar a expandir os programas de natureza social.

Mediador

Candidato Bolsonaro, agora é a sua vez de perguntar, e eu gostaria de alertar que o candidato Alckmin, já perguntado duas vezes não pode mais ser alvo de novas perguntas, se é que o senhor pretendia...

Jair Bolsonaro

Eu vou perguntar pro meu colega do Rio de Janeiro, o cabo Daciolo. Daciolo, concordo contigo em parte no começo da tua apresentação aqui. Nós estamos num teatro. Nós sabemos que qualquer um dos outros que por ventura venha a ganhar as eleições, vai se reunir lá nos porões do Jaburu com os outros partidários e ratear ministério pra um, secretaria pra outro, estatal pra outro, diretoria de banco pra outro. Essa forma de fazer governo, você acha que pode dar certo?

Cabo Daciolo

Nação brasileira, o momento é o agora da transformação. Todos estão visualizando esse debate, todos já visualizaram e conhecem muito bem cada político que se encontra aqui. Você já viveu esse momento, momento de promessas. O povo já não aguenta mais promessas, chega de promessas, queremos atitude. Vocês ouviram falar aqui as propostas, agora eles têm a solução pra tudo, a solução de tudo. Eu dei o exemplo do Geraldo Alckmin. Ele fechou com a coligação de nove partidos. Aí eu pergunto, qual é a liberdade desse homem de governar pra nação? Quem é que está bancando isso tudo? Nós estamos falando de um fundo partidário que saiu e foi pra [R$] 2,6 bilhões. Desses [R$] 2,6 bilhões, [R$] 1,7 bilhão é da coligação que aconteceu aqui. Tem certeza que esses homens têm liberdade para governar pro povo? Tem certeza que eles vão transformar alguma coisa para a nossa nação? O momento é do novo, o momento é de transformação, o momento é o agora. E eu quero fazer um pedido: todos aqueles brasileiros que pensam em sair do país, não saiam do país; e aqueles que estão fora do país, retornem pro país, porque tá chegando o momento do crescimento, o momento da prosperidade, tá chegando o momento de nós clamarmos a Deus, aquele que vai dar a vitória para a nossa nação, em nome do senhor Jesus. Transformação, ela está próxima, confie. Fé, esperança e amor. Vamos transformar nossa nação.

Jair Bolsonaro

Alguém que está em casa por acaso sabe o nome do ministro da Educação? Sabe o nome do ministro da Saúde? Da Ciência e Tecnologia? Não. Sabe por quê? Porque são pessoas insignificantes, que são colocadas lá para trabalhar para o partido político. É igual ao candidato aqui que fez coligação com ene partidos: caso ele chegue lá, sabe o que vai acontecer? Ele apenas ocuparia a sala, a cadeira do Temer. O resto dos ministérios serão todos, todos loteados. Ia continuar fazendo a mesma coisa que fizeram ao longo de 30 anos. O único que pode romper essa barreira, esse establishment, a máquina, o sistema, É Jair Bolsonaro, porque nós temos moral e honestidade para cumprir essa missão.

Cabo Daciolo

Eu queria deixar uma coisa bem clara: até o presente momento, eu não saí em pesquisa nenhuma. Quero até fazer essa reivindicação: nunca me colocaram em nenhuma pesquisa, nem pra colocar 0% colocaram. E eu tô aqui na primeira oportunidade pra mostrar que eu sou o Cabo Daciolo, servo do deus vivo, sou cristão, bombeiro militar, e dizer ao meu companheiro bolsonaro, não é o único, não, irmão, eu tô aqui. Nação brasileira, nós estamos aqui e vamos transformar a nação brasileira, pra honra e glória do senhor Jesus. Agora, lembrando, cuidado com esses políticos que estão há anos na nação. Eu até acredito que nós estamos bem próximos, está na hora de encostar, eles são o espelho do que nós estamos vivendo hoje com a nação brasileira, é o reflexo, é simplesmente, parte dos culpados estão aqui. Vamos transformar, chega. Dar oportunidade para o novo, o momento é de transformar nossa nação.

Mediador

Candidato Geraldo Alckmin, pela sequência determinada em sorteio a pergunta é sua e a escolha de quem vai responder também.

Geraldo Alckmin

A pergunta, eu pergunto pra candidata Marina Silva, e o tema eu quero voltar na questão da educação, que nos parece absolutamente prioritária. O Brasil tem no Pisa uma avaliação muito ruim e um número de alunos no terceiro ano ainda não sabendo leitura e matemática, e também em número muito elevado. Qual a sua proposta para a questão educacional?

Marina Silva

De fato, a educação faz a diferença na vida de uma pessoa. E eu sou um milagre da educação. Fui analfabeta até os 16 anos, fiz Mobral, supletivo de primeiro e segundo grau. Sou com muito orgulho professora de história pela Universidade Federal do Acre. Eu sei o que a educação pode fazer na vida das pessoas, e é por isso que o meu compromisso com a educação é um compromisso inarredável, educação de qualidade. É por isso que também estamos dialogando com o Todos pela Educação, que está oferecendo a todos os candidatos uma proposta que, se for implementada, a gente pode iniciar um ciclo de prosperidade na educação. já temos quantidade, mas nós vamos trabalhar a qualidade. Ainda temos mais de 500 mil crianças que estão fora da escola.

Ainda temos mais de 500 mil crianças que estão fora da escola.

A declaração da candidata é IMPRECISA porque, se estiver se referindo apenas ao Ensino Fundamental, seu número é exagerado e, se estiver se referindo a todos os jovens, o dado apresentado por Marina é muito subestimado. De acordo com dados da Pnad de 2017, 1,6 milhão de crianças e jovens de 4 a 17 anos estavam fora da escola. Considerando apenas crianças de 4 a 5 anos, 378 mil estavam fora da escola, 8,3% da população nessa faixa etária. Na faixa de 6 a 14 anos, 211.592 crianças estavam fora da escola, o que corresponde a 0,8% da população nessa idade. Entre os jovens de 15 a 17 anos, 1,3 milhão estava fora da escola, o que representa 13% dessa faixa etária.

Jovens que terminam o segundo grau e não sabem nem interpretar um texto. 14% não sabem fazer operações simples de matemática.

O dado já foi citado anteriormente pela candidata, mas desta vez ela cometeu uma imprecisão. Os números são da Todos Pela Educação, mas se referem aos jovens do nono ano, logo ao terminarem o primeiro grau. Segundo a entidade, apenas 29% apresentaram o desempenho esperado na prova de língua portuguesa, enquanto em matemática, somente 13,4%. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

Nosso compromisso é que toda criança até o sete anos esteja alfabetizada, que todo jovem saia do segundo grau com o aprendizado adequado à sua escolaridade, e que tenhamos recursos que sejam mais gerenciados, e que os professores sejam bem remunerados, valorizados, econômica e simbolicamente. A educação às vezes vira um discurso oco, entra governo e sai governo e é prioridade, mas nós queremos fazer da educação uma prioridade para que ninguém tenha que entrar por uma fresta como eu tive que entrar.

Mediador

A réplica.

Geraldo Alckmin

Quero dizer que a nossa prioridade será a educação básica e ensino infantil (zero até cinco anos de idade), ensino fundamental (seis a 14) e ensino médio, começando pelo ensino infantil. Aqui em São Paulo, nós fizemos de maneira inovadora o Creche Escola: foram quase 300 creches escolas entregues e outras tantas estão em obras. Nós vamos zerar a fila, quero falar para as mamães aqui, para as famílias, zerar a fila das crianças de quatro e cinco anos na pré-escola. Nós queremos todas, todas as crianças no ensino infantil, na EMEI, na pré-escola. Ampliar as vagas de creche e, evidente, a valorização do professor, como fizemos em São Paulo nas escolas de tempo integral, com 75% a mais.

Mediador

Candidata…

Marina Silva

Eu sei o quanto é importante uma criança ser estimulada na idade certa. De zero a cinco anos de idade, a criança cria sua estrutura de aprendizagem, e quando isso não acontece, ela vai ter prejuízos pro resto da vida. Nós temos que focar na educação infantil com certeza, no ensino fundamental, no ensino médio, para que aquelas condições que eu disse sejam efetivamente cumpridas, valorizando os professores, inclusive com salários que sejam dignos. Agora, tomem muito cuidado, porque às vezes se faz o discurso oco da prioridade da educação, mas o condomínio já está cheio de Lobo Mau querendo comer o dinheiro da vovozinha.

Mediador

A próxima pergunta é da senhora, candidata Marina Silva, e também a escolha de quem a responderá.

Marina Silva

A minha pergunta vai ser para o Ciro Gomes. Ciro, quando você foi ministro do Meio Ambiente, tive a oportunidade de trabalhar com você. Fizemos um esforço muito grande para que se tivesse a licença da transposição do São Francisco, porque ela era importante para os estados que precisam dessa transposição para ter o provimento de água. E, infelizmente, nós não tivemos o devido acompanhamento em relação à transposição. como é que isto está previsto no seu governo?

Ciro Gomes

De fato, é preciso que se faça justiça: a Marina, minha estimada amiga, foi uma excelente ministra, absolutamente notável, tive o privilégio de trabalhar com ela. Ela me deu um trabalho infernal pela boa causa, defendendo os requisitos ambientais, mas finalmente conseguimos licenciar o projeto do São Francisco, que, inacreditavelmente, daquela época pra cá ainda não terminou. Faltam 3%, e é umas das 7.300 obras paradas que eu vou começar imediatamente, tão logo desvencilhe algumas coisas de burocracia. E há um compromisso solene ali, que é a de fazer a revitalização do São Francisco. Eu comecei, por exemplo: o município de Pirapora não tinha nem sequer projeto de saneamento básico. Rio das Velhas era o maior poluidor do rio São Francisco. E nós trabalhamos em toda essa agenda ativamente com a turma do Ministério do Meio Ambiente, e interativamente com as autoridades dos municípios, enfim. E assim será o meu governo. Nós vamos lançar infraestrutura do país, mas sempre tendo a atenção clara, como foi possível trabalhando juntos, com seriedade, que não é possível fazer as coisas acontecerem sem o cuidado com o futuro. BR-163, BR-319, as ferrovias transnordestinas, tudo isso eu vou terminar, mas vai ser dentro do padrão que nós fizemos no São Francisco.

Marina Silva

Uma das questões fundamentais do projeto de transposição era a revitalização da bacia do São Francisco. Infelizmente, o projeto foi abandonado, o programa foi abandonado e a revitalização é fundamental. Primeiro, para atender a uma demanda das bacias doadoras, no caso a Bahia, Minas Gerais, sem o que o Velho Chico pode vir a morrer. E os investimentos na área de revitalização é pra não jogar o esgoto sem ser tratado dentro dos tributários do rio São Francisco, para que se recupere mata ciliar, para que o rio não seja assoreado. O rio São Francisco é importante, econômica, simbolicamente, culturalmente para os nordestinos e para todo o povo brasileiro. Portanto, devemos retomar o programa de revitalização do rio São Francisco.

Ciro Gomes

A revitalização do rio São Francisco fundamentalmente é repor matas ciliares e refazer o saneamento básico. Hoje, mais de 100 municípios da ribanceira do rio, desde a Serra da Canastra, em Minas Gerais, até a foz entre Sergipe e Alagoas, mais de 100 municípios jogam o esgoto sem tratamento. Eu comecei essa tarefa e essa é daquelas tarefas, que, com muito amor e paixão, eu vou retomar. De fato, o Brasil só tem como gerar emprego com a pressa que o nosso povo precisa, sem importar insumos e ainda sem se preocupar com a qualificação, que demora um pouco mais, é na construção civil. E fazer saneamento, moradia popular, deixando obras relevantes, como construção de moradia popular, saneamento básico e revitalização de estruturas degradadas dos nossos rios e lagos... é tarefa minha prioritária.

Mediador

Candidato Boulos, chegou a sua vez de perguntar e escolher quem vai responder.

Guilherme Boulos

Olha, eu vou perguntar para o Henrique Meirelles. Meirelles, você não é apenas o candidato do Temer, porque aqui tem 50 tons de Temer. Muita gente, aliás, que tá dizendo que é renovação, mudança, tem que ver onde tava no verão passado. Tudo aprovando medida do Temer aqui. Agora, você é o candidato dos bancos, Meirelles. Você é um banqueiro, não é? A nossa candidatura representa os trabalhadores que estão preocupados com o botijão de gás, com desemprego, com salário mínimo. Os bancos, no último trimestre, lucraram R$ 17 bilhões, enquanto o salário mínimo ficou estagnado com você no governo. Você acha isso normal, você acha isso justo, Meirelles?

Henrique Meirelles

Eu sou o candidato do emprego, da renda e do crescimento econômico. No momento em que eu fui convidado pra assumir o Banco Central, pelo então eleito presidente Lula. Você deve saber disso. O Brasil enfrentava uma crise enorme e juros na estratosfera. Durante o meu período no Banco Central, os juros caíram sistematicamente. Ainda eram muito altos. Caíram mais agora. Os juros dos bancos são muito altos. Eu apresentei ao Congresso uma série de projetos visando diminuir o spread bancário.

Além dos juros do Banco Central, que já são os mais baixos da história.

A afirmação de Meirelles é VERDADEIRA. Desde março deste ano, a taxa Selic está em 6,5. Realmente o número é o menor apresentado na série histórica, divulgada desde março de 1999.

Henrique Meirelles

E eu não trabalhei apenas para o governo cujo presidente é o presidente Michel Temer ou o governo cujo presidente era o presidente Lula. Eu trabalhei pelo Brasil. Porque eu fui eleito fazendo campanha contra o Lula e ele me convidou pra assumir o Banco Central porque eu tinha condições de colocar o Brasil pra crescer. E foi isto o que aconteceu naquela época. Comigo como presidente da República vocês vão ter lá alguém que conhece a estrutura, conhece a economia, que tem competência, que trabalhou, que conhece o sistema para baixar os juros e fazer o Brasil crescer, como já aconteceu duas vezes onde eu estive no governo.

Guilherme Boulos

Olha, o Meirelles é o maior exemplo de uma coisa chamada porta giratória. Ele saiu do Bank Boston para virar presidente do Banco Central. Depois ele saiu lá da JBS, com o Joesley, pra virar ministro da Fazenda. Agora quer ser presidente da República. Porta giratória é a raposa cuidando do galinheiro. É isso que faz o estado brasileiro ser um Robin Hood ao contrário, que tira dos pobres e da classe média pra dar pros super-ricos. Pra enfrentar isso, e nós vamos enfrentar esses privilégios, não pode ter rabo preso. Porque vamos falar o português claro como funciona hoje no Brasil: muita gente aqui tem a sua campanha, e já teve, financiada por banqueiro, por empreiteira, por agronegócio. Aí, quando chega lá, vai atender quem pagou a conta, não quem votou. Tem que ter independência. A nossa campanha é financiada por quem acredita nela, não financiada por grande empresário ou banqueiro, como o Meirelles.

Mediador

Pois não, Meirelles...

Henrique Meirelles

O candidato, de novo, ele falta ter informações básicas. Ele não sabe, por exemplo, que nesse período onde eu estava na iniciativa privada, eu era presidente do Lazard Americas, que é um dos bancos mais respeitados no mundo. E eu fiz um trabalho de montagem, de orientação, do banco digital, que de fato é um sistema de muito sucesso, e o que hoje vai prevalecer no mundo inteiro. Portanto, eu não trabalhei pra Joesley ou pra ninguém. Eu fiz uma orientação para montagem da plataforma digital. Eu era presidente do Lazard Americas, como fui também, mundial, do Bank Boston. Agora, o importante é a competência, isso é o que o Brasil precisa, e honestidade, porque eu sou um candidato sem processo.

Mediador

[risos] O VAR não tá previsto na organização do debate pra nenhum dos senhores e nem pra candidata. Cabo Daciolo, é a sua vez de perguntar e escolher quem vai responder.

Cabo Daciolo

Minha pergunta vai pro candidato Ciro. Ciro, o senhor é um dos fundadores do Foro de São Paulo. O senhor pode falar aqui pra população brasileira, pra nação brasileira, sobre o plano Ursal. O que senhor tem pra dizer? O plano Ursal, a União da República Socialista Latino-Americana. Tem algo a dizer pra nação brasileira?

Ciro Gomes

Meu estimado cabo, eu tive muito prazer de conhecê-lo hoje e, pelo visto, o amigo também não me conhece. Eu não sei o que é isso, não fui fundador do Foro de São Paulo, e acho que tá respondido.

Cabo Daciolo

Sabe sim, sabe sim. Nós estamos falando aqui de um plano que chama-se Nova Ordem Mundial, união de toda a América do Sul, conexão de toda a América do Sul, fazendo apenas, tirando todas as fronteiras, fazendo uma única nação. Pátria grande. Poucos ouviram falar disso e vai ser pouco divulgado isso. Eles sabem do que nós estamos falando. Quero deixar bem claro que, no nosso governo, o comunismo não vai ter vez. Deixar muito claro isso. E deixar muito claro também, pros EUA e pra China, infelizmente, políticos da nossa nação estão dando a nossa nação, mas aqui também não vai ter vez. Eles vão disputar como o segundo e a terceira melhor economia do mundo, porque a nação brasileira, no nosso governo, vai ficar entre a primeira nação da economia mundial pra honra e glória do senhor Jesus Cristo.

Mediador

Pois não, candidato Ciro Gomes.

Ciro Gomes

A democracia é uma delícia, é uma beleza, e eu dei a vida inteira, e continuarei dando, mas ela tem certos custos… Eu vou aproveitar esses 40 segundos pra propor três alternativas para retomar o desenvolvimento no Brasil. Uma… aliás, são quatro, mas eu já falei uma e vou repetir: ajudarei aos brasileiros que estão, aos 63 milhões deles, endividados no SPC. Eu vou ajudar a pagar a dívida e restaurar o consumo das famílias. Dois: consertarei, apoiarei um esforço de desfazimento do cartel que hoje cobra de quem trabalha e produz no Brasil a maior taxa de juros do mundo, na ponta. Três: vou consertar as contas públicas pra dizer de onde veio o dinheiro pra gente transformar o Brasil - se não digo na primeira, mas na quinta, na sexta economia do mundo, que eu já vivi. E quatro: vou celebrar uma política industrial e de comércio exterior na área de petróleo, gás, bioenergia, complexo industrial da saúde, complexo industrial da defesa e complexo industrial do agronegócio, começando com construção civil… Eu tinha deixado um minuto pra trás, sei lá…

Mediador

Isso é verdade, mas perdeu. Perdeu, playboy… parafraseando o candidato. A frase foi dele. Mas o senhor é que faz agora a pergunta e escolhe quem responde, Ciro Gomes.

Ciro Gomes

Eu vou perguntar ao meu estimado colega de Câmara, o deputado Jair Bolsonaro. Deputado, tá virando uma preocupação grave minha e isso todo mundo tem duvidado, enfim, o Brasil tem hoje 63 milhões de pessoas vivendo na humilhação de ter o seu nome no SPC. Como o senhor ajudaria a enfrentar esse problema?

Jair Bolsonaro

Eu te vi respondendo isso há pouco tempo, né, que você ia zerar isso daí. Pra deixar bem claro, Ciro Gomes, meu colega de Câmara, muita gente honesta entrou no SPC acreditando na política do PT, acreditando que o emprego viria, ou que não perderia o seu emprego. Veio a corrupção, veio a roubalheira, e aqueles que compraram uma geladeira, uma máquina de lavar roupa, até mesmo um ferro elétrico, teve que devolver. Tem gente, então, honesta, que está no SPC. Mas tem muito, mas muito bandido também. Eu desconheço aqui o volume, talvez até vossa senhoria conhece o volume que desse pessoal, 63 milhões, que deve ao SPC. Eu acho que equivale aí, com toda certeza, a um PIB do Brasil isso daí. E eu também tô curioso, quero saber, que responda a pergunta aqui o que você nos diga como tirar esse pessoal do SPC. Eu acho que não vai ser rodando dinheiro e nem dando uma canetada, até porque não teríamos poder pra isso. Tô ansioso pra aguardar a tua resposta.

Ciro Gomes

Eu não tô muito preocupado, nesse assunto, com quem foi o responsável por essa tragédia. De fato, da Dilma pra cá, o Brasil tá descambando todo dia e eu tomei uma posição muito clara, embora tenha defendido o mandato dela contra o golpe, na medida em que um presidente deve ter a estabilidade do seu mandato a não ser que seja ladrão, e nem sequer a oposição mais violenta acusou a Dilma de ser ladra. O que acusaram dela foi dum truque contábil que todos os presidentes fizeram, mas deixa eu dizer, Jair, a dívida é grande, de fato, que soma de todos os 63 milhões, mas repare bem, a média é de R$ 1.400 por pessoa. Você acha que não dá pra gente pegar um conjunto de providências e ajudar essas pessoas financiando em outros prazos, negociando com os titulares desses créditos, que botaram aí juros, correção monetária, abuso? Eu sei fazer. Vou permitir que todos possam duvidar, mas vou dar os detalhes. Fique tranquilo que eu vou tirar seu nome do SPC.

Mediador

Candidato Bolsonaro, a sua tréplica.

Jair Bolsonaro

É uma conta bilionária. Realmente, se o Ciro conseguir fazer isso aí, você vai ser um santo aqui, Ciro. Mas olha só. No Brasil tem muita coisa a ser feita. Sem honestidade, sem, realmente, colocar gente decente ao teu lado, pra governar o Brasil, a gente vai continuar vivendo nesse estado de coisas que estamos hoje em dia passando. Não dá mais acabar as eleições, lotear os cargos, para os amigos que entraram na sua coligação, pra eles cuidarem do futuro de si e não do Brasil. Boa sorte, Ciro. Deus te ajude aí porque eu confesso que não tenho como pagar essa dívida aqui da forma tão simplista que você tá propondo aí.

Mediador

No próximo bloco teremos mais uma rodada de perguntas dos jornalistas do Grupo Bandeirantes. Mas, antes do intervalo, você vê aí imagens do estúdio onde convidados e jornalistas acompanham os dados sobre as reações dos eleitores minuto a minuto. A sala digital é uma parceria da Band com o Google. Olho no candidato, olho no voto. Band Eleições 2018.

Mediador

Voltamos com o primeiro debate das eleições de 2018 entre candidatos à Presidência da República. Nos acompanham as rádios Bandeirantes e Bandnews FM e Bandnews TV. Você também pode acompanhar o programa pelo Youtube. Neste bloco, mais uma rodada de jornalistas da Band. Cada um escolhe um candidato para responder e outro para comentar. Respostas de um minuto e 30 e réplica e tréplica de 45 segundos. O Fábio Pannunzio abre o bloco.

Jornalista

Abro o bloco perguntando para o Cabo Daciolo com comentário do Meirelles. Cabo Daciolo, o senhor surgiu na política depois de liderar a greve dos policiais na Bahia, a dos bombeiros do Rio, a greve do Espírito Santo. Essas graves foram todas ilegais, policiais não podem fazer greve no Brasil. Como o senhor enfrentaria se fosse eleito a situação que o país enfrentou dos caminhoneiros? Seria condescendente como foi com os caminhoneiros ou usaria a força?

Cabo Daciolo

O senhor não deve ter acompanhado. Eu sou o único parlamentar que esteve dentro da greve dos caminhoneiros, onde as reivindicações não foram ouvidas. Eles pediam que baixasse o diesel, gasolina, gás de cozinha. Na Petrobras, o diesel sai da fabricação por R$ 0,98 e vai para Petrobras por R$ 2, R$ 2,10, e vai para o consumidor, na bomba de combustível, a R$ 4,10. Nós não investimos nas nossas refinarias. Mandamos o petróleo pra fora e trazemos o manufaturado, o petróleo, diesel, trazemos de fora. O gás de cozinha sai da refinaria por R$ 22 e vai para a casa do consumidor a R$ 80. O cabo Daciolo estava junto dos caminhoneiros e eu, como presidente, isso não vai acontecer, porque é claro que eu automaticamente vou baixar o combustível em 50%. Nós temos 18 refinarias. Vamos investir e transformar o petróleo bruto em diesel, gasolina, gás e vamos oxigenar o nosso país e empregar para honra e glória do senhor Jesus.

Meirelles

O Brasil não pode ficar prisioneiro de determinadas corporações e segmentos da sociedade que têm um poder naquele momento aparente de bloquear estradas ou paralisar cidades ou o serviço público. Tem que se colocar a lei. Em relação à questão do preço da gasolina e diesel, é fundamental e tem solução. Já apresentei um projeto onde o preço vai ser estável na bomba com o fundo de estabilização dos preços dos combustíveis. Soluções existem, o que não pode é ficar prisioneiro, a população não podendo se alimentar por causa de uma determinada corporação que bloqueia estradas.

Mediador

Cabo, se o senhor me permite, a pergunta original fazia referência às greves na área da segurança.

Cabo Daciolo

Uma das principais pautas na área de segurança chama-se PEC 446, conhecida como PEC 300. Você tem piso para saúde e educação, baixo, muito baixo, mas não temos o piso da segurança pública. É necessário que haja o piso, da violência... a população temos os militares que nao sao tratados com dignidade. Militar também é cidadão, só estão pedindo pra ser tratado com dignidade. A questão é que, naquele momento, os bombeiros militares do Rio de Janeiro recebiam apenas R$ 900 reais, enquanto o de Brasília ganhava R$ 5.000. O que fui fazer na Bahia, quem me chamou lá foi a dona Dilma com o juiz federal José Barroso Filho, fui lá pra resolver o problema com o Exército e a segurança pública em choque. Saí com autorização. Quando volto para meu estado, esse governo me prende e me leva pra Bangu, sendo que eles me chamam. Infelizmente, é o sistema político podre e sujo que temos nesse país.

Jornalista

A pergunta vai para Alvaro Dias com comentário de Cabo Daciolo. Eu quero falar de combate à corrupção. Muitos brasileiros têm dito nas ruas e nas redes sociais que já não acreditam mais na política e nos políticos. Quais as medidas claras que os senhores propõem para combater a corrupção? Punir os envolvidos, tudo isso sem afetar o funcionamento das empresas e da economia brasileira.

Alvaro Dias

O grande desafio é vencer o descrédito, em relação à corrupção especialmente. Assaltaram o Brasil nos últimos anos. O que estamos propondo é a institucionalização da Lava Jato como política de estado permanente, uma espécie tropa de elite de combate a corrupção. Para isso, vamos convidar Sérgio Moro para ministro da Justiça. Mas não só ele — uma seleção de juristas como Miguel Reale Jr, Modesto Carvalhosa e Rene Dotti para elaboração da legislação criminal do país. Não só o aprimoramento acolhendo as propostas do Ministério Público de combate a corrupção, mas também as mudanças constitucionais necessárias para termos os mecanismos em mudar esse sistema político e de governança, principalmente esse sistema corrupto e incompetente, fábrica de escândalos de corrupção. Sem a refundação da República e a substituição desse sistema, o país não vai gerar emprego, promover desenvolvimento, vamos ver o povo sofrendo.

Cabo Daciolo

O problema da corrupção é a impunidade. Os maiores bandidos da nossa nação são os engravatados. O Comando Vermelho, Amigo dos Amigos, isso é ficha pequena perto do que temos no cenário político, nos três setores, Executivo, Legislativo e Judiciário. Estou há três anos e cinco meses no Congresso Nacional. Tem exceções, mas existe quadrilha dentro do Congresso. Vou pegar eles, vou investir na Lava Jato. Vou investir nas 10 medidas contra a corrupção, que passaram por cima e agora são 70. Vamos colocar e vir com a mão pesada nos corruptos engravatados da nossa nação que estão escravizando nosso povo. Chega. Acabou. Renovação. O novo está chegando.

Alvaro Dias

A Lava Jato é prioridade nacional exatamente porque é uma esperança da Justiça derrotar a impunidade no Brasil. Ladrões estão sendo presos, ex-presidente, ex-ministros, empresários. Se não derrubarmos o sistema corrupto, ele continuará produzindo novos ladrões da República, barões da corrupção. É por essa razão que vamos repetir incansavelmente: abre olho. Quem combate a corrupção agora onde estava quando o Brasil estava sendo assaltado? É preciso que o governo próximo mude esse sistema corrupto e incompetente.

Jornalista

Para o candidato Ciro Gomes com comentário de Alvaro Dias. Falamos muito já sobre déficit fiscal, R$ 139 bilhões, falta de dinheiro para quase tudo. Ontem, uma parte do país foi surpreendida pelo pedido de aumento dos ministros do STF, salário que, se for aprovado pelo Congresso, passará de R$ 39 mil. Efeito cascata no funcionalismo federal em estados e municípios pode passar de R$ 4 bilhões. O Congresso retirou da LDO a proibição de reajuste de salários de servidores federais em 2019, contratação e aumento dos servidores. Tem dinheiro pra tudo isso?

Ciro Gomes

Essa iniciativa dos eminentes ministros, por maioria — quatro votaram contra —, de pedir reajuste numa hora como essa, me parece, pra ficar uma palavra respeitosa, uma imprudência profundamente acintosa do estado de sofrimento e humilhação que passam milhões de desempregados. 32,2 milhões brasileiros que correm do rapa pelas ruas e praças da cidade Brasil afora tentando levar pra casa algo decente pra sustentar seus filhos. Não quero criticar salário de ninguém. A vida é dura, difícil, mas o brasileiro precisa saber — e nós da política temos que dar exemplo — que não é salário propriamente, com todos abusos de privilégio, o problema do Brasil.

Ciro Gomes

51,6% de toda a dinheirama arrecadada pelos governos do Brasil no Orçamento estão reservados para despesa financeira — rolagem da dívida e juros.

Ciro insiste no erro do impacto da dívida pública no orçamento. Apesar de contabilmente, as despesas financeiras representarem 51% (R$ 1,776 trilhão) do orçamento previsto para 2018 (R$3,506 trilhões), a maior parte do gasto financeiro (R$ 1,157 trilhão) é referente a refinanciamento de dívida, ou seja, dívidas que serão pagas com a emissão de novas dívidas com prazos mais longos de vencimento — não com a arrecadação orçamentária. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

R$ 29 de cada R$ 100, Previdência social... onde estão esses privilégios. 2% levando 25% de tudo e sobram 20% para educação, saúde, segurança, ciência e tecnologia, as bolsas ameaçadas de não serem pagas... o que é a grande tarefa da próxima governança brasileira.

Alvaro Dias

Anarquizaram a administração pública, destruíram as finanças públicas e nos levaram para um déficit monumental, histórico, sem precedentes. Isso vai exigir ajuste fiscal rigoroso - e tem que começar no andar de cima, exatamente eliminando privilégios das autoridades brasileiras que provocam indignação na nossa gente: auxílio moradia, verba legislatória, todos esse penduricalhos. Reduzindo tamanho do estado, eliminando ministério, coordenadoria, paralelismo, reduzindo o tamanho do Congresso, senadores, deputados, depois as reformas necessárias para o país.

Ciro Gomes

Só para fazer uma notinha de rodapé, o eminente juiz Sérgio Moro, que tem prestado sem dúvidas um importante serviço ao país, recebe o auxílio moradia sendo proprietário de um apartamento, e sua esposa também. O déficit brasileiro tem saída, e eu me comprometo, se me deixarem trabalhar a resolver em 24 meses. Tecnicamente é perfeitamente praticável. O Brasil tem a possibilidade de diminuir os impostos sobre o povão, a população trabalhadora e classe média, e aumentar para os ricos. Cabe decidir de que lado você está. Só o Brasil e a Estônia, pequeno país do leste europeu, não cobram tributo sobre lucros e dividendos empresariais.

O imposto sobre herança das grandes fortunas no Brasil é 4%, por aí afora é, no mínimo, 29%.

Os números citados por Ciro são IMPRECISOS. Segundo o último levantamento da Ernst & Young, realmente o Brasil é um dos países que menos tributa heranças no mundo. A alíquota máxima de herança no Brasil é de 8%, e a alíquota média é de 3,86%. Nos EUA, a alíquota média é de 29% e máxima chega a 40%. Na Alemanha e Suíça, a alíquota máxima é de 50%, no Japão 55% e na França 60%. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

E o Brasil tem R$ 354 bilhões de renúncia fiscal para frações do baronato brasileiro enquanto falta educação, saúde e segurança para a sociedade.

Jornalista

Para Marina Silva, com comentário de Jair Bolsonaro. O país tem problema de logística. A última pesquisa da CNT apontou que mais da metade da malha rodoviária é deficiente, considerada regular, ruim ou péssima. O Brasil já teve apagão elétrico, racionamento de água em SP, em Brasília, fila nos portos. Com tudo isso, o produto brasileiro no mercado internacional chega a ser 30% mais caro que os concorrentes. Se eleita, o que a senhora vai fazer para melhorar a competitividade do produto brasileiro?

Marina Silva

De fato, temos um grave problema na infraestrutura brasileira, e é claro que, com essa dificuldade, os custos disso acabam sendo repassados para a nossa produção e isso diminui competitividade.

Hoje, o Brasil perde em torno de 30% da produção agrícola por falta de armazenamento, estradas e ferrovias.

Não existem dados disponíveis para sustentar a declaração de Marina. Existem números que se aproximam do citado pela candidata, mas ou eles não possuem fonte ou não se referem somente ao desperdício na etapa do transporte. Um exemplo é o do professor José Abrantes da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), que estima que as perdas totais alcançariam 30% da produção agrícola brasileira. No entanto, só 50% destes seriam desperdiçados na etapa de transporte, como afirmou o pesquisador à SNA. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

No meu governo, nós vamos investir para que tenhamos os custos de produção reduzidos. Vamos trabalhar para que se aumente produção por ganho de produtividade. E é fundamental investir em ciência, tecnologia e inovação, para que o Brasil se torne um país cada vez mais competitivo, que tenha segurança jurídica, mas sem perder a qualidade do licenciamento ambiental, sem perder o cuidado com a saúde pública. Agrotóxico não é remédio. Temos que melhorar a qualidade da nossa produção para sermos cada vez mais competitivos e integrados às cadeias globais, fazendo a lição de casa, criando um novo ciclo de prosperidade, sobretudo na energia renovável. É possível ter energia limpa e segura, com geração distribuída aproveitando o vento, o sol, a biomassa - e não os combustíveis fósseis.

Jair Bolsonaro

O ministério do Transporte é um dos mais corruptos no Brasil. Tudo de errado acontece lá. Obviamente o preço do que transportamos encarece. Devemos investir buscando a iniciativa privada em outros modais, como ferrovias e aquaviária. No mais, como temos basicamente o rodoviário, devemos acabar com a indústria da multa. É um vexame o que acontece, uma roubalheira só. Devemos rever via acordo o preço dos pedágios. É inadmissível o pedágio altíssimo que temos hoje no Brasil.

Marina Silva

Nós temos a clareza - e o nosso programa de governo trata isso com muito afinco - da necessidade do investimento em infraestrutura. O país precisa voltar a crescer. Temos que ter investimento do governo, da iniciativa privada com parceria, e também é possível buscar recursos externos. Sobre isso de indústria da multa, uma coisa precisa ficar clara: há uma indústria de isenção de multas, de Refis que são feitos inúmeras vezes. É isso que faz com que não tenhamos dinheiro para investir em infraestrutura. É uma espécie de grilagem do orçamento público com o perdão de dívidas e de multas.

Jornalista

Dirijo ao Geraldo Alckmin com comentário da Marina Silva. O presidente Michel Temer estabeleceu logo no início do governo um critério para tratar de pessoas enroladas Lava Jato, com problemas na Justiça. O critério era: se for investigado fica, se for denunciado é afastado e, condenado, é demitido. Não foi aplicado. O senhor contrataria alguém de má reputação para o seu governo? Todos os escalões. Quais serão os critérios? O senhor vai ter um critério para admitir auxiliares? O que o senhor faria com essa miríade de cargos de confiança que existem hoje?

Geraldo Alckmin

Vamos escolher nos partidos os melhores quadros. Dei o exemplo da minha candidata a vice, Ana Amélia, um dos melhores quadros do Parlamento, além de representar as mulheres. Os melhores quadros da sociedade. A maioria dos meus secretários de governo em São Paulo não tinham filiação partidária e foram ótimos secretários. Critério da competência. Claro que governo, quem perde deve fiscalizar e exercer a oposição. E quem ganha deve governar e governar bem para resolver os problemas do povo. Um governo que funcione para o Brasil poder andar e criar emprego e renda. Mas agências reguladoras a mil quilômetros de distância de partidos, profissionalizadas. Reduzir ministérios. Em São Paulo, eu vendi avião, helicóptero. Devolvi prédio, fechei fundações. Vamos fazer um ajuste pelo lado da despesa, poupando dinheiro da população. Privatização: não vai ficar um estado mais fraco, vai ficar mais forte, com boas agências de fiscalização e marcos regulatórios.

Marina Silva

Eu costumo dizer que a forma como se ganha determina a forma como se governa. E fica difícil acreditar que quem se junta com quem está envolvido em graves casos de corrupção, que se somar tudo dá mais de 500 anos, mais que o descobrimento do Brasil, possa de fato ter critérios que sejam levados a sério na hora da composição do governo. Nós vamos estabelecer critérios, sim. Primeiro: critério ético, que é obrigação. Técnico, porque tem que saber o que vai fazer. E capacidade de manejar politicamente interesses da sociedade em benefício da sociedade. É assim que se combate corrupção. Quando se ganha com quem não tem compromisso com a ética, contamina o governo e todas as promessas caem no vazio.

Geraldo Alckmin

Eu nunca fui do PT e nem ministro do PT, para deixar bem claro que somos de uma outra linhagem.

É fato que Alckmin nunca foi do PT e que Marina integrou a legenda até 2009, quando decidiu se desfiliar. Isso não impediu que o tucano procurasse a candidata para construir uma potencial aliança em junho deste ano. A ideia é que ela fosse vice em sua chapa presidencial. À época, Alckmin disse: "Tenho grande respeito desde a época em que ela foi ministra [do Meio Ambiente] do governo federal [de Lula]. Uma pessoa idealista, correta, tem espírito público, eu admiro".

A impunidade é que estimula a atividade delituosa. Estamos vivendo momento ótimo, só vai melhorar, dar apoio aos organismos de fiscalização e controle. Mas quero chamar a atenção do telespectador ao que disse o ex-delegado geral da PF: se não mudar o governo político, vai continuar tendo problema. Nós precisamos mudar esse modelo. A primeira reforma é a reforma política.

Jornalista

A pergunta vai para Bolsonaro com comentário de Boulos. O povo brasileiro tem dificuldade de entender privilégios bancados pelo dinheiro público, dinheiro que sai dos impostos pagos geralmente a duras penas: auxílio moradia, auxílio paletó, passagens, carro à disposição, pensão vitalícia para filhas de militares. O que o senhor vai cortar se for eleito?

Jair Bolsonaro

No ano passado, eu podia ter gasto R$ 400 mil de auxílio da minha verba chamada cotão. Usei metade disso. Sobre auxílio moradia, está na lei. Meu apartamento particular de 70m2, eu tenho despesas, IPTU, condomínio, fica quase no zero a zero. Agora estou ocupando um apartamento funcional e botando à venda o meu apartamento para acabar com isso aí. Sobre pensão das filhas de militares, deixe bem claro, que nós tínhamos a nossa Previdência própria até o início dos anos 60, quando o governo resolveu pegar aquele recurso e fazer com que o governo viesse pagar as pensões. Em 2000, botamos ponto final na vitaliciedade. Obviamente, ainda tem aquelas que tinham direito adquirido. Agora, cortar privilégios dos militares, que privilégios? Não temos FGTS, hora extra, adicional noturno, absolutamente nada. Trabalhamos em média 60, 70 horas por dia e não ganhamos nada além disso. É uma categoria à parte: está à disposição do chefe da nação e povo 24 horas por dia. Vamos substituir essa terceirização colocando capitão do exército como presidente e general como vice-presidente.

Guilherme Boulos

Capitão que foi expulso do Exército porque queria jogar bomba lá em algum lugar. A nossa candidatura é a única que não tem rabo preso para enfrentar esses privilégios. Ganhando a Presidência da República, Bolsonaro não vai poder ter auxílio moradia tendo casa, nem nenhum deputado que está aqui ou na Câmara, nem nenhum juiz, nem desembargador. Auxílio moradia, auxílio terno, viagem para Miami, uma esculhambação que vamos enfrentar. Privilégio não combina com direitos, vamos ser o governo dos direitos. Não adianta falar que está na lei. Está na lei, mas não é ético. Por isso, vamos mudar essa lei. Lei que garante que IPTU de alguém seja pago com dinheiro público, vamos enfrentar essa esculhambação e todos os privilégios.

Mediador

Uma prova de que esse debate se desenrola em alto nível: tivemos agora, no quarto bloco, o primeiro pedido de resposta do candidato Jair Bolsonaro. O senhor tem palavra agora, pode responder.

Bolsonaro

Obrigado, Boechat. É até bom para explicar um pouquinho da minha vida. Fiquei por 17 anos no Exército Brasileiro. Saí do Exército quando fui diplomado como vereador, em 1988, no Rio de Janeiro. Não fui expulso e nem botei bomba em lugar nenhum. Todos processos e acusações foram arquivadas. Colocar bomba quem colocava era tua ex-chefe Dilma Rousseff, que matou gente como (...) em SP explodindo QG de Exército. Matou a coronhadas o seu grupo VPR, o tenente Alberto Mendes Jr. lá nas matas do rio Ribeira de Iguape. Assim sendo, sou uma pessoa que sou capitão do Exército com muito orgulho, e pretendo continuar servindo minha pátria como capitão do Exército tendo ao meu lado um general do glorioso Exército Brasileiro.

Mediador

Foi só eu chamar atenção pro fato que não havia até agora nenhum pedido de resposta e vieram logo depois.

Guilherme Boulos

O deputado Bolsonaro me qualificou como tendo a Dilma como ex-chefe, o que nunca ocorreu, nunca fui do governo da Dilma, ela nunca foi minha chefe.

Mediador

Só um minuto, peço gentileza, são poucos segundos. Candidato Boulos, seu pedido foi negado pela comissão. Devo dizer que por unanimidade. A pergunta agora é do jornalista Rafael Colombo.

Jornalista

Minha pergunta é para o candidato Boulos com comentário do candidato Alckmin. Todo partido, quando está na oposição, cobra do governo a atualização da tabela do IR. E, quando esse partido que estava na oposição assume o governo, não atualiza a tabela e passa a ser cobrado pela oposição. Nessas idas e vindas, em 20 anos, a defasagem média é de 90% da tabela do IR, o que prejudica exatamente aquela camada da população chamada classe média baixa que não deveria pagar imposto que é tomado indevidamente pelo governo. De que forma o senhor pretende tratar isso? Se compromete a atualizar a tabela, pretende fazer alteração na forma de cobrança do IR como a criação de novas alíquotas?

Guilherme Boulos

Nós pretendemos. Vamos fazer reforma tributária no Brasil. Hoje, quem tem menos paga mais e quem tem mais paga menos. Hoje, 49% da arrecadação tributária é sobre consumo e não sobre renda e patrimônio. Vamos atualizar a tabela reduzindo para trabalhadores e classes médias que pagam demais e criando nova alíquota para super rico, banqueiro, gente que não paga. Professor universitário hoje paga a mesma alíquota de 27,5% que um grande banqueiro que ganha [R$] 500, 600, 700 mil por mês. Isso é inadmissível. Vamos fazer essa reforma tributando lucro e dividendo, taxando grandes fortunas como já está na Constituição há 30 anos, e aumentando a alíquota de imposto sobre grandes heranças.

No Brasil, a alíquota máxima de herança é 8%, nos EUA chega a praticamente 40%.

Como dito anteriormente, segundo o último levantamento da Ernst & Young, aqui a alíquota máxima de impostos sobre heranças é de 8%. Nos EUA ela chega a 40%, na Alemanha e Suíça a 50%, no Japão 55% e na França 60%. Aos Fatos já checou este assunto. Veja no link abaixo.

Não dá para ser desse jeito. Um estado que seja o Robin Hood ao contrário. Tira dos pobres e da classe média para dar para os ricos. Vamos corrigir o IR para que quem tem mais pague mais, quem tem menos pague menos, e vamos fazer uma série de medidas que vão permitir plano de investimento público que vai voltar a gerar emprego. Investir em educação, saúde, moradia, infraestrutura, o que o povo precisa.

Geraldo Alckmin

A reforma tributária é essencial para simplificar. Pretendemos substituir cinco tributos por um IVA. Isso vai ajudar a indústria a gerar mais emprego e renda. Vou tributar dividendos, reduzir o IR da pessoa jurídica e a CLL, pra ter mais investimento no Brasil, mais empresas virem aqui reinvestir e o país ter mais emprego. Vamos corrigir a tabela do IR e o FGTS, que é dinheiro do trabalhador e da trabalhadora. O trabalhador é tungado, porque o dinheiro do FGTS não corrige nem a inflação. Vamos substituir pela TLP.

Guilherme Boulos

O Alckmin falar que vai tributar dividendos é quase igual o Meirelles falar que não trabalhou para banco… O Alckmin em seu governo, em SP, deu R$ 14 bilhões em desonerações para empresas. Falar de imposto é falar também de quem está deixando de pagar. Quem deveria pagar menos é o trabalhador que já paga muito. Cada coisa que você compra está lá embutido, você nem sabe daonde vem. Mas no nosso governo vai saber, vamos reduzir imposto sobre consumo, aumentar sobre renda e patrimônio, e acabar com a farra da desonerações. Acabar com o bolsa empresário, que o Alckmin manteve e muitos que estão aqui, os 50 tons de Temer, concordam. Bolsa empresário, como muito dizem em relação ao Bolsa Família, não querem dar o peixe, tem que ensinar a pescar. O Bolsa Família custa [R$] 30 bilhões por ano, o bolsa empresário 280 bilhões. Vamos deixar de dar o peixe para o empresário e ensinar ele a pescar.

Jornalista

A pergunta é para o candidato Henrique Meirelles com comentário de Ciro Gomes. A autorização e liberação do chamado protocolo de pesquisas clínicas de novos tratamentos de câncer e outras doenças graves demora muito tempo no Brasil. Na Bélgica, são dois meses; aqui chega a passar de um ano e meio. E, quando um remédio novo é liberado nos EUA e na Europa, custa a ser liberado aqui. Com isso, muitos doentes que poderiam ser curados não são, acabam morrendo. Se eleito, o que o senhor pode fazer para terminar com essa burocracia que mata muita gente?

Henrique Meirelles

O maior problema que nós temos hoje no serviço público é a burocracia. Existiram vários exemplos que foram mencionados, mas o importante é que vai muito além disso. A complexidade até pra se conseguir pagar imposto é inaceitável. Para se registrar para fazer consulta médica é inaceitável. O que vamos fazer é algo que muitas dessas medidas propus quando ministro: 15 medidas desburocratizantes. Não só no governo, mas em cartórios, serviços diversos, serviços que complicam a vida das pessoas e a atividade econômica. Vamos, sim, continuar fazendo um vasto trabalho de desburocratização e digitalização que se pode resolver grande parte dos problemas com sistema digital, que é transparente, rápido e pode ser usado em última instância análise pelo cidadão, de maneira que ele pode chegar, fazer seu exame e ter um cartão que registra tudo que foi diagnosticado, os remédios que você tomou, tudo registrado no momento que você chega no médico. Vamos usar a tecnologia em benefício do cidadão.

Ciro Gomes

Uma nota de rodapé: eu fui ministro da Fazenda, ajudei o Real sob a liderança de Itamar Franco. O Itamar Franco cobrava 35% de alíquota de IR dos ricos e eu cobrava lucros e dividendos. Foi o PSDB assumir e revogou tudo isso. Só pra ter clareza da história do Brasil. Não é nada pessoal, quero preservar a antiga amizade que tenho com o governador Geraldo Alckmin. O Brasil está de cabeça para baixo. Precisamos mudar, mudar muita coisa. O INPI simplesmente não registra as patentes do Brasil. A Anvisa chega ao cúmulo de passar seis anos para licenciar um princípio ativo. E o Bolsonaro apresenta um projeto autorizando uma droga nova, por lei no Congresso. Veja onde chegamos. As agências encarregadas de guardar a saúde do povo não fazem o serviço e os deputados votam, não duvido que de boa fé, autorizando princípio ativo contra o câncer que felizmente não faz tanto mal.

Jair Bolsonaro

[ao fundo] Ele dá a entender que isso é uma droga, isso é algo pra curar vida, pra alguém. Essa Anvisa corrupta, loteada por corruptos...

Mediador

Queria esclarecer a todos que o direito de resposta se dá mediante ofensa, não erro de interpretação ou adjetivação crítica. Portanto, não faz nenhum sentido sua interpelação. O que dá a entender cabe ao público, candidato, ele entenderá corretamente, sem dúvida. A palavra está com o candidato Henrique Meirelles.

Henrique Meirelles

O que estamos vendo aqui muitas vezes de desvio de atenção é exatamente que precisamos resolver no Brasil: dar atenção aos assuntos sérios e que interessam à população. Precisamos criar emprego e renda e desburocratizar o país, desburocratizar o serviço público e dar a cada cidadão o direito de ter acesso, de ter transparência. Por isso, temos que usar, por exemplo, a tecnologia, para que de fato ele tenha direito de saber o que acontece em todo serviço público e poder cada um julgar esse tipo de assunto que está discutido aqui porque você vai ter todas as informações e um melhor serviço usando a tecnologia de ponta.

Mediador

(em transcrição)

Mediador

Estamos de volta com o primeiro debate na TV entre os candidatos à Presidência da República. Neste bloco cada participante terá um minuto e meio para suas considerações finais. Começando pela ordem sorteada, com o candidato Ciro Gomes.

Ciro Gomes

Boechat, se me permite, eu quero pedir desculpas por uma injustiça involuntária que cometi quando citei a esposa do juiz Sérgio Moro. Ele recebe o auxílio moradia tendo um apartamento. E eu mencionei sua esposa, na verdade ela não é juíza. Juíza é a mulher, esposa, senhora, do juiz Bretas. Portanto minhas desculpas por esse erro. Mas continuo afirmando a necessidade de combatermos os privilégios. Eu não faço nada que eu não tenha dado pessoalmente o exemplo. Nunca aceitei receber qualquer aposentadoria ou pensão, não fui morar em palácio quando governador. Quero agradecer a Bandeirantes, agradecer o Boechat, todos os jornalistas e aos ilustres competidores pela qualidade elevada do debate que nós vivenciamos hoje. E agradecer principalmente a você, que ficou acordado até essa hora. Se você acha que o Brasil precisa mudar, nós estamos juntos nessa batalha. Eu tenho uma ideia, um projeto, um sonho de servir ao Brasil e vou começar com um compromisso de restaurar a atividade econômica, gerando dois milhões de empregos já no primeiro ano. Vou fazer você ser apoiado e ajudado se tiver com o nome sujo no SPC, vou lhe ajudar a tirar seu nome sujo e ao longo da campanha lhe demonstrarei como objetivamente isso não é tão complicado de fazer. Pretendo, inclusive, reforçar a questão da saúde das contas públicas pra retomar o desenvolvimento. Claro que nesse momento estamos começando o primeiro debate. Não se decida agora. Dê um tempo. Observe os candidatos. Veja quem são. De onde vieram. Quais são as propostas que têm e se são coerentes com o que falam e dizem. E que Deus abençoe o Brasil.

Mediador

Candidato Meirelles. Perdão, pela ordem, Boulos.

Guilherme Boulos

Eu quero agradecer à Band, à Sônia Guajajara que lidera junto comigo uma aliança com PSOL, PCB, Mídia Ninja e um conjunto de movimentos sociais que tão aqui. Agradeço ao Boechat. Quero dizer e agradecer sobretudo, a quem nos assistiu até agora nesse momento. Eu tenho andado por esse país e tenho visto muito cansaço com a política, muita indignação, mas também tenho visto esperança. Eu decidi ser candidato à presidência do Brasil porque tô indignado como você. E também porque eu tenho esperança. Esperança que eu vi nos olhos da Cristiane, na casa que ela ganhou com a luta dela. Que eu tive orgulho de entregar as chaves. Cristiane me disse que muita gente disse pra ela que não ia dar certo. Que não tinha jeito. Mas com luta e com esperança, ela conseguiu. Muita gente vai dizer pra você que o Brasil não tem jeito. Mas tem. Desde que a gente faça política de um outro jeito. De um jeito novo. E é isso que a gente representa. Com coragem, com transparência, com olho no olho. Como a gente, que vai sair daqui desse debate pra ir debater com você diretamente e responder as suas perguntas nas redes sociais. Aqui tem um novo jeito de fazer política. Que não é o projeto dos cinquenta tons de Temer que tão aqui. Todo mundo vai falar aqui depois de mim apoiou o golpe. Esse projeto, projeto nosso, é outro. É o projeto de Paulo Freire, de Zumbi dos Palmares é o projeto de Marielle Franco. É um projeto que não tem medo de mudar o Brasil.

Mediador

Na sequência, candidata Marina Silva.

Marina Silva

Quero cumprimentar a Band pela iniciativa do debate, cumprimentar você, Boechat, pra quem terá pouquíssimos segundos, foi uma oportunidade de poder dialogar com os brasileiros. E eu não poderia deixar de dizer que eu sou candidata à Presidência da República para que esse país não fique apenas admirando as exceções que tem. Nós somos um país que admira as exceções que tem. Nós admiramos uma pessoa que, embora esteja no décimo primeiro mandato, como é o caso do deputado Miro Teixeira, que tá ali na plateia, e que não está envolvido em nenhum caso de corrupção. É uma exceção que admiramos. Nós admiramos pessoas que conseguem passar num concurso público apesar do péssimo ensino que tiveram no segundo grau. Eu mesma fui uma exceção. Passei por uma pequena fresta como muitas mulheres corajosas, trabalhadoras, que vivem cuidando de suas famílias sem apoio, sem creche, sem um transporte justo e uma moradia digna. Nós temos que ser um país que passa a admirar suas regras. A regra onde o serviço público é de qualidade, aonde o dinheiro não é roubado, aonde não se substitui a população pelo Centrão. A regra aonde a democracia é usada para mudar o Brasil e que a gente possa ter, de fato, uma república de verdade.

Mediador

Candidato Bolsonaro. Quero pedir à plateia, que deixem os aplausos para o final. Quem sabe eu receba alguns também. Por gentileza.

Jair Bolsonaro

Entre os melhores ranqueados, só tem um que pode realmente mudar o destino do Brasil. Ele se chama-se Jair Bolsonaro. Nós precisamos de um presidente honesto, que tenha Deus no coração, seja patriota e seja independente. Para, pelo exemplo, governar esse grande país. Um presidente que honre e respeite a família. Que trate com consideração criança em sala de aula. Não admitindo ideologia de gênero. Impondo a escola sem partido. Um presidente que não divida homos e héteros, pais e filhos, nordestinos e sulistas, brancos e negros, ricos e pobres. Um presidente que deixe para trás o comunismo e o socialismo. Que sepulte o Foro de São Paulo. Que faça negócio com o mundo todo, não mais pelo viés ideológico. Que pratique, sim, o livre mercado. Um presidente que jogue pesado na questão da insegurança pública para que as mães possam sorrir sem mais temer que seu filho chegue em casa vivo ou não. Precisamos de um presidente que, acima de tudo, tenha palavra. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.

Mediador

Candidato Alvaro Dias, por favor suas considerações finais. Um minuto e trinta.

Alvaro Dias

Antes da nota de rodapé dizer que vamos acabar sim com todos os privilégios das autoridades. Com segurança, o juiz Sérgio Moro estará ao nosso lado, apoiando. Tenho certeza que ele apoiará o fim de todos os privilégios das autoridades. Mais importante que um candidato possa dizer durante a campanha é o que ele foi, o que ele fez, como fez, se é passado limpo, se tem experiência administrativa e que experiência administrativa teve. Se eu falo que vou promover reformas refundando a República, eu preciso apresentar as credenciais. Eu fui governador e fiz reformas. Esta casa me inspira. Joemir Beting, saudoso, dizia ao final do meu governo. Apenas um Estado brasileiro, apenas um termina o mandato com superávit, dinheiro em caixa e um grande programa de obras realizadas. Um milagre operado por um par de santos. Reforma administrativa e saneamento financeiro. Paraná demonstra que a administração pública no Brasil ainda é viável. Temos esse plano de metas. Paulo Rabello, economista do ano, e eu, temos esse plano de metas. Mas ele não se concretizará com ele blá blá blá, por isso eu repito, vou repetir sempre: abra o olho Brasil. É preciso mudar esse sistema corrupto e incompetente para mudar o Brasil. Eu lembro Raul Seixas: tenha fé na vida, tenha fé em Deus e tente outra vez. Vamos tentar outra vez.

Mediador

Cabo Daciolo.

Cabo Daciolo

Glória a Deus. Eu agradeço a Deus por essa oportunidade. Eu agradeço à Band, Boechat. Eu sou o cabo Daciolo, servo do Deus vivo, hoje candidato à Presidência da República, e tenho como vice uma profissional da educação. A mudança no nosso país começa em valorizarmos os profissionais da educação, e darmos a educação aos nossos jovens. E eu quero deixar uma mensagem aqui pros ateus, pro cristãos de forma geral, o espírita, o católico, a umbanda, o evangélico, que vamos levar a nação a aclamar o Senhor. Que o amor transforma. E que nós precisamos tratar o próximo da maneira que gostaríamos de ser tratado. E a mensagem que eu deixo aqui pra concluir, tá no livro de Jeremias no capítulo de númerro 29 do verso 11 que diz: porque sou eu, sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, nação brasileira, diz o Senhor. Plano de fazê-los prosperar, e não lhes causar dano, plano de dar-lhes esperança e um futuro. Então vocês clamarão a mim. Virão orar a mim. E eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão , quando me procurarem de todo o coração e eu me deixarei ser encontrado por vocês, nação brasileira. Assim diz o Senhor. Glória a Deus. Um recado e uma deixa aqui: doutor Enéas, doutor Enéas, o que ele falava era verdade. Tudo verdade. E não levaram ele a sério. Servimos um Deus vivo e vamos transformar a colônia brasileira em nação brasileira. Glória a Deus.

Mediador

Candidato Geraldo Alckmin, suas considerações finais, por favor, um minuto e meio.

Geraldo Alckmin

Agradecer a você, Boechat. Agradecer a toda equipe da Band. E agradecer os candidatos aqui presentes e, principalmente, a vocês que até esta hora da madrugada está acompanhando o debate. É a sociedade, a população, que vai fazer a diferença. Nós vamos organizar esse grande trabalho, começando por uma grande equipe que está nos ajudando no programa de governo, pra apresentarmos as melhores propostas pro país. Depois, governabilidade. Uma coisa é falar, outra coisa é fazer. Nós precisamos é tirar as coisas do papel. Eu fiz São Paulo, mesmo na crise, cresceu. Fez R$ 5,3 bilhões de superávit primário, reduzimos impostos, não pra empresário, mas para o contribuinte. O álcool aqui, o etanol, é 12%, na bomba, enquanto que, no Brasil inteiro, é quase 25%. Reduzir gastos públicos. Nós vamos fazer o ajuste fiscal pelo lado da despesa, indo no detalhe. Ministérios, aviões, senadores, deputados, estrutura do Estado, e o Brasil voltar a crescer, vir ao encontro do seu grande destino, de uma grande nação. Com muita fé em Deus e determinação, nós vamos mudar o Brasil em emprego e renda.

Mediador

Candidato Henrique Meirelles, suas considerações finais, por favor.

Meirelles

Hoje é um momento muito importante, quando nós iniciamos esses debates. Além de agradecer a sua atenção por estar aqui até essa hora, também quero te cumprimentar, porque dessa eleição vai sair o presidente que irá governar pelos próximos quatro anos...

Mediador

Termina aqui o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República nas eleições de 2018. Mais um encontro que reforça a tradição do Grupo Bandeirantes de ajudar o eleitor a tomar sua decisão na hora do voto. Em nome da Band, agradeço a audiência em todo o Brasil e a presença dos candidatos e da candidata, além do público em nossos estúdios. Lembro que, em caso de segundo turno, já está acertada com a presença dos partidos a realização do primeiro debate entre os dois candidatos no dia 11 de outubro. Boa noite a todos.

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