Não é verdade que o arroz da marca Taipan, que aparece em uma foto à venda por R$ 18,99, seja um produto taiwanês importado pelo governo Lula a preços mais baixos do que o produzido no Rio Grande do Sul. A marca é produzida por uma empresa com sede no Paraná, e a foto traz indícios de que se trata de um preço promocional ou antigo: atualmente, o saco de cinco quilos do arroz Taipan custa por volta de R$ 30. Além disso, o governo federal ainda não importou nenhum arroz: a previsão é que o primeiro leilão ocorra na próxima quinta-feira (6).
A imagem com a comparação desinformativa acumulava ao menos 1.000 compartilhamentos no Facebook e centenas de curtidas no Instagram até a tarde desta segunda-feira (3). As peças enganosas circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Enquanto produtores brasileiros estavam estocando e escondendo o arroz produzido no país para faltar no mercado e forçar uma alta nos preços, o Governo Federal é obrigado a importar o produto e ainda consegue vendê-lo mais barato. Tem algo errado no Agro brasileiro.
São enganosas as publicações que comparam o preço de duas marcas de arroz tipo 1 para sugerir que o produto mais barato teria sido importado de Taiwan pelo governo Lula. As duas empresas produtoras citadas nas peças de desinformação são brasileiras.
A marca Taipan, apontada nas publicações como originada de Taiwan, é produzida pela Sabor Sul Alimentos, sediada em Cascavel Velho (PR). Já o Tio João, sinalizado como “arroz gaúcho”, pertence à Josapar Joaquim Oliveira Participações, que tem sede em Porto Alegre.
Aos Fatos não conseguiu identificar a origem das duas fotos, que não trazem nenhuma indicação do local ou data. O preço, no entanto, aponta que a primeira foto das publicações se trata de uma promoção ou de uma foto antiga: busca nas redes mostra que o preço médio atual do saco de cinco quilos de arroz Taipan é por volta de R$ 30.
As peças de desinformação ainda sugerem que o arroz Taipan teria sido importado pelo governo federal após as enchentes atingirem o Rio Grande do Sul. A União liberou R$ 7,2 bilhões por meio de medidas provisórias para permitir a compra de até 1 milhão de toneladas de arroz estrangeiro pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Até o momento, no entanto, não houve importação do cereal. Um leilão que iria ocorrer no final de maio acabou sendo cancelado por causa da especulação de produtores de outros países do Mercosul. Uma nova data foi marcada — na próxima quinta-feira (6) —, com a expectativa que a Conab compre até 300 mil toneladas de arroz.
A Reuters também publicou uma checagem sobre o assunto.