O Radar Aos Fatos é o vencedor do Prêmio Gabo 2020 na categoria Inovação. O anúncio foi feito na noite desta quinta-feira (21), em cerimônia virtual organizada pela Fundação Gabriel García Márquez, na Colômbia.
A premiação, considerada a maior honraria jornalística da América Latina, homenageia os melhores trabalhos iberoamericanos nas categorias Texto, Imagem, Cobertura e Inovação. Neste ano, mais de 1.300 trabalhos foram analisados por mais de 50 jurados de vários países do continente.
Desenvolvido para monitorar temas desinformativos nas redes sociais, os jurados ressaltaram que o Radar Aos Fatos se destacou dos demais concorrentes por sua transparência metodológica, pelo desafio de monitorar múltiplas plataformas e pelo uso da tecnologia no combate à desinformação.
“O Radar é um mecanismo vivo, que mapeia, toda semana, dados que mudam conforme o momento político. É a primeira ferramenta que vejo no jornalismo que busca monitorar diferentes plataformas. É algo que exige coragem e põe em xeque os limites do jornalismo. Radar Aos Fatos ataca um problema que não poderia ser atingido de outra maneira", disse Natalia Viana, diretora da Agência Pública e uma das juradas.
"A desinformação cresceu em tal nível, que há atores públicos que a amplificam. Deve-se fazer valer da tecnologia, do uso de algoritmos e de inteligência artifical para coletar milhares de registros que, de outra maneira, não seriam possíveis de serem rastreados, assim como encontrar tendências e padrões em meio a tema tão complexo", afirmou a jurada Emilia Díaz-Struck.
"Em um país em convulsão, a desinformação afeta vidas. Por isso, quero humildemente dedicar este prêmio aos mais de 200 mil mortos no Brasil devido à pandemia", disse Tai Nalon, diretora executiva do Aos Fatos.
O Radar. O Radar Aos Fatos é uma ferramenta de monitoramento em tempo real do ecossistema de desinformação brasileiro. A partir de padrões linguísticos e inteligência artificial, o algoritmo do Radar capta tendências desinformativas na internet a partir de conteúdos de baixa qualidade.
Desde que foi ao ar pela primeira vez, em março de 2020, o núcleo editorial do Radar publicou 39 reportagens que mapeiam os principais meios pelos quais campanhas de desinformação são distribuídas. O algoritmo preditivo do Radar varre as principais plataformas sociais e coleta, diariamente, mais de 200 mil conteúdos com potencial desinformativo para que, então, jornalistas, cientistas de dados, linguistas e programadores consigam extrair histórias relevantes e medir o impacto da desinformação.
Em abril, por exemplo, o Radar concluiu que o deputado Osmar Terra (MDB-RS), então cotado para o Ministério da Saúde, era o parlamentar que mais havia disseminado desinformação sobre a pandemia no Twitter. Já neste mês, uma reportagem mostrou que o Facebook exibiu anúncios que promoviam curas falsas para a Covid-19 mais de 3,9 mi de vezes em 2020.