Os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro participaram, nesta quinta-feira (29), do último debate eleitoral antes do primeiro turno das eleições municipais. Em parceria com o UOL, Aos Fatos checou o que eles falaram no confronto promovido pela TV Globo. Os candidatos cometeram equívocos ao falar de temas como saúde, violência e Operação Lava Jato.
Veja, abaixo, o que checamos. Leia nosso material também no UOL.
Jandira, você foi acusada de receber propina na Lava Jato. — Pedro Paulo (PMDB)
O candidato Pedro Paulo (PMDB) errou ao afirmar que Jandira Feghali (PC do B) é acusada de receber propina no âmbito da Operação Lava Jato. A candidata foi citada na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado por ter recebido R$ 410 mil em doações de duas subsidiárias da construtora Queiroz Galvão durante a campanha eleitoral em 2014. A empresa é investigada por pagamento de propina na Operação Lava Jato.
Machado afirmou na delação que Jandira pediu dinheiro diretamente a ele. No entanto, Jandira não foi denunciada pelo Ministério Público e tampouco é ré neste caso.
São 7.500 guardas municipais no Rio hoje. — Flávio Bolsonaro (PSC)
O número citado pelo candidato Flávio Bolsonaro é confirmado pela Prefeitura do Rio de Janeiro: mais de 7.500 guardas municipais e 380 funcionários administrativos.
Nós sabemos que os crimes nas ruas aumentaram mais de 40%. — Jandira Feghali (PC do B)
A informação está correta de acordo com a estatística apurada pelo ISP (Instituto de Segurança Pública) em agosto na capital: crescimento de 43% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Nós temos hoje um grave caso de tuberculose, o maior índice de tuberculose no Brasil é no Rio de Janeiro. — Marcelo Freixo (PSOL)
De acordo com dados do Datasus, o Rio teve 110,1 casos de tuberculose por 100 mil habitantes em 2015. O índice coloca o Rio na quarta posição no ranking de incidência da doença nas capitais do Brasil. A cidade fica atrás de Porto Alegre (175,6), Recife (152,8) e Manaus (132,3). Os dados de 2015 foram atualizados pelo Datasus no dia 25 de maio de 2016, mas ainda estão sujeitos à revisão.
Quando ele [Garotinho] foi secretário de Segurança, escolheu um chefe de polícia que foi preso. Quando indicou o secretário de Saúde, também foi preso. — Pedro Paulo (PMDB)
Ao falar sobre o apoio de Anthony Garotinho (PR) a Marcelo Crivella, Pedro Paulo afirmou que o ex-governador indicou chefe de polícia e secretário de Saúde que foram posteriormente presos por corrupção. A informação é verdadeira.
Chefe de Polícia Civil nos governos de Anthony e de Rosinha Garotinho, Álvaro Lins foi preso em 2008 acusado de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha armada, corrupção passiva e facilitação de contrabando. Ele foi condenado a 28 anos de prisão e hoje recorre da decisão em liberdade.
Já Gilson Cantarino, secretário estadual de Saúde do governo Rosinha, também foi preso em 2008 - e libertado dias depois - sob acusação de integrar quadrilha que desviou R$ 60 milhões de programas da pasta.
Violência no Rio foi muito pior durante a Olimpíada do que antes dela. — Indio da Costa (PSD)
A afirmação é falsa, se consideradas as estatísticas do ISP (Instituto de Segurança Pública) de crimes violentos na capital entre janeiro e agosto deste ano. Fevereiro foi o mês com o maior número de ocorrências desse tipo (3.008). Agosto, mês das Olimpíadas, registrou 2.557 crimes violentos na capital. Em julho, antes do megaevento, o ISP apurou 2621 ocorrências. O instituto classifica como crimes violentos homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, latrocínio, tentativa de homicídio, lesão corporal dolosa e estupro.
O Rio de Janeiro é o 16º no ranking de transparência das capitais. — Alessandro Molon (Rede)
O Rio de Janeiro está mesmo em 16º lugar entre as capitais avaliadas pelo Ranking da Transparência elaborado pelo Ministério Público Federal, como informou o candidato Alessandro Molon. A última edição da pesquisa deu nota 8,2, em escala que vai de zero (pior) a 10 (melhor). O Rio está atrás de Cuiabá (MT), em 15º, e São Luís (MA), em 17º. A última avaliação foi divulgada pelo MPF em junho deste ano.
A responsabilidade de limpar a lagoa é da prefeitura. — Indio da Costa (PSD)
A limpeza da Lagoa envolve tanto a gestão municipal quanto estadual de acordo com a Lei do Saneamento Básico (Lei 11.445/07). A prefeitura é responsável pela gestão de lixo e pela prestação de serviços de saneamento básico. Tanto o lixo quanto o esgoto são uma das fontes de poluição da Lagoa Rodrigo de Freitas. Aos estados cabe operar e manter os sistemas de saneamento, além de estabelecer as regras tarifárias e de subsídios nos sistemas operados pelo estado, de acordo com a mesma lei.
O preço da passagem aumentou mais que a inflação.
— Marcelo Crivella (PRB)
Quando o prefeito Eduardo Paes assumiu o seu primeiro mandato, em 2009, a passagem custava R$ 2,20. Hoje, cada viagem de ônibus do transporte coletivo convencional no Rio custa R$ 3,80.
O aumento do preço da passagem neste período equivale a 72%. Já a inflação no mesmo intervalo de tempo foi de 63,7%, segundo dados do IPCA, disponíveis no site do Banco Central do Brasil.
A ciclovia [Tim Maia] foi um investimento de R$ 45 milhões. — Marcelo Freixo (PSOL)
A afirmação é correta. O consórcio Contemat-Concrejato venceu a concorrência feita pela Fundação Geo-Rio, da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura, para fazer a implantação da ciclovia na Avenida Niemeyer. O valor da licitação é de R$ 44,75 milhões.
Com o fim das Olimpíadas, temos mais 60 mil desempregados no Rio de Janeiro. — Carlos Osorio (PSDB)
A declaração do candidato é insustentável, pois as fontes que medem o desemprego na cidade - o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, e a PNAD Contínua, do IBGE - ainda não divulgaram os dados relativos a setembro - mês posterior à realização dos Jogos Olímpicos.
Em agosto, o Caged registrou déficit acumulado de 75.648 postos de trabalho no município do Rio desde janeiro. A taxa de desocupação na capital no segundo trimestre deste ano foi de 74,3%, de acordo com o IBGE.
Você [Pedro Paulo] tem mil vereadores te apoiando, 17 partidos do seu lado. — Marcelo Crivella (PRB)
A coligação de Pedro Paulo é formada por 15 partidos. Crivella também errou no número de vereadores. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro tem 51 vereadores, e 30 pertencem à coligação do candidato do PMDB.
Segundo o site do Tribunal do Superior Eleitoral, a coligação Juntos pelo Rio do candidato Pedro Paulo é formada pelos partidos: PMDB, PDT, PP, PTB, PSL, SD, DEM, PROS, PHS, PMN, PEN, PSDC, PTC, PT do B, PRTB.
Quando nós olhamos para o Funprev e para o Prev Rio, que hoje estão com o caixa zerado, em 2008, tinham mais de R$ 2 bilhões em caixa. — Flávio Bolsonaro (PSC)
Segundo os dados do Relatório de Gestão Fiscal à Controladoria Geral do Município, os fundos de previdência fecharam o ano de 2008 com déficit de R$ 104,35 milhões. Além disso, o candidato foi impreciso ao afirmar que o caixa atual dos fundos está zerado. Até junho, os fundos previdenciários acumulavam um déficit de R$ 75,810 milhões.
As mulheres, hoje, depois das 10h da noite, não têm ônibus. Depois da meia noite não têm transporte, e essas mulheres estão sob risco nas ruas. — Jandira Feghali (PC do B)
Há serviços regulares de ônibus coletivo até meia-noite em todas as regiões da cidade. Algumas inclusive funcionam 24h por dia, como o BRT que faz o itinerário entre Campo Grande e Santa Cruz. O Rio Ônibus, sindicato das empresas, não mostra em seu site quais as linhas que funcionam na madrugada.