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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2016. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Veja o que checamos em tempo real no debate da TV Gazeta em SP

Por Bárbara Libório, Sérgio Spagnuolo, Tai Nalon e Juliana Elias

18 de setembro de 2016, 20h26

Em parceria com o UOL, Aos Fatos checou em tempo real, neste domingo (18), o debate da TV Gazeta, do Estadão e do Twitter com os candidatos à Prefeitura de São Paulo.

Tal como fez nos debates da Band e da RedeTV!, a equipe de Aos Fatos apontou, em tempo real, deslizes, imprecisões e acertos cometidos pelos candidatos quando eles afirmarem algum dado relevante e verificável. A apuração se dá por meio de bases públicas, estudos independentes e fatos amplamente noticiados.

Veja, aqui e no UOL, o que checamos.


FALSO
Hoje, na cidade de São Paulo, 28 milhões pessoas fazem viagens/dia: 30% pedestres, 30% veículos/motocicletas, e 40% entre transportes coletivos. — Celso Russomanno (PRB)

Não há qualquer indicativo factual para essa afirmação, segundo apurou Aos Fatos. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem 11,2 milhões de habitantes segundo o IBGE, 2,5 vezes menos do que o candidato disse. E uma pessoa pode fazer mais de uma viagem por dia, já que cada deslocamento é contabilizado a partir da quantidade de vezes que uma catraca é rodada ou o bilhete único é usado nos coletivos municipais e na rede de metrô.

Já que não é possível saber de imediato a que fonte o candidato se refere, Aos Fatos se baseou em estudo de mobilidade do Metrô, de 2012, citado no plano de mobilidade da Prefeitura, de 2015 (pág 14.).

Ali, Aos Fatos viu que não são 28 milhões de viagens por dia, e sim 26,5 milhões. Ou seja, ainda que o candidato tivesse dito viagens, estaria superestimando o número em 1,5 milhão.


EXAGERADO
O seu partido [PT, partido de Haddad] destruiu a economia brasileira, promoveu 12 milhões de desempregos, 2,4 milhões só na capital de São Paulo. — João Doria (PSDB)

O número de desempregados no país é semelhante ao arredondamento feito por Doria: segundo a divulgação mais recente do IBGE, a taxa de desemprego chegou a 11,6% em julho, o equivalente a 11,8 milhões de brasileiros.

Vale ressaltar, no entanto, que seria vago dizer que o governo promoveu 11,8 milhões de desempregados, já que esse número não sai do zero. Há sempre uma parcela da população fora do mercado e procurando emprego, que é o perfil contabilizado como desempregado pelo IBGE.

A menor taxa de desemprego já registrada, pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), foi de 6,2% em dezembro de 2013. Naquele momento, eram 6,05 milhões de pessoas sem colocação. O mais preciso seria dizer que, desde então, o número de pessoas desempregadas aumentou em 5,5 milhões.

Quanto aos números de São Paulo, a mesma pesquisa fala em 1,493 milhões de desempregados na região metropolitana até junho deste ano, dado mais recente. Considerada apenas a capital, são 713 mil, para uma taxa de desocupação de 10,6%. Em ambos os casos, o número citado por Doria é superestimado. Para todo o Estado de São Paulo, o IBGE informa 2,916 milhões de desempregado.

Outra fonte possível a respeito do desemprego em São Paulo é o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos), que, junto à Seade, fundação de pesquisas do governo do Estado, calcula o desemprego local. Em julho, dado mais recente do Dieese, eram 1,953 milhões de pessoas sem emprego, mas considerada toda a região metropolitana de São Paulo. Novamente, portanto, menos do o que o citado pelo candidato, que falou em 2,4 milhões apenas para a capital.


VERDADEIRO
Única coisa que eu posso dizer é que eu sou ficha limpa, não tenho acusações. — Marta Suplicy (PMDB)

Embora Marta seja, na prática, considerada Ficha Limpa (por isso foi possível se candidatar), ela possui cinco ocorrências na Justiça, de acordo com o site Excelências, da Transparêcia Brasil.

Ela foi condenada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em 2010 por improbidade administrativa com dano ao erário relativo a gastos desproporcionais com a divulgação de CEUs pela Prefeitura de São Paulo. O processo de Marta sobre os CEUs consta como "em grau de recurso" no site do TJ-SP. Por isso, sua candidatura foi deferida pelo TSE.

Também há ocorrências na Justiça pela contratação de construtoras sem licitação. Veja as ocorrências aqui.


VERDADEIRO
Há 410 mil pessoas esperando para fazer exames. — João Doria (PSDB)

O candidato João Doria afirmou que há 410 mil pessoas esperando para fazer exames na rede pública de São Paulo e a informação, diferentemente do publicado originalmente por Aos Fatos, é VERDADEIRA.

Para checar a informação, em um primeiro momento, o Aos Fatos utilizou uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de maio deste ano que mostrava, com dados da Secretaria Municipal de Saúde obtidos via Lei de Acesso à Informação, que 347.844 esperavam para realizar um exame na rede. Notícia mais atual do mesmo veículo, no entanto, mostra que em setembro deste ano a fila era de 417.224 pessoas.

A assessoria do candidato apontou o erro e Aos Fatos corrigiu o texto e reviu sua avaliação às 16h40 do dia 19 de setembro de 2016.


VERDADEIRO
Há 103 mil crianças fora das creches. — João Doria (PSDB)

Segundo dados da Secretaria Municipal de Educação, a demanda por vagas para creches em junho deste ano era de 103.496 crianças.


IMPRECISO

O orçamento para o esporte neste ano é de R$ 580 milhões. — Major Olímpio (SD)

O candidato afirmou que o orçamento deste ano para o setor de esportes é de R$ 580 milhões, mas, segundo o site da Câmara Municipal, o orçamento da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação em 2016 é de R$ 586 milhões. Quase.


IMPRECISO

O prefeito tem uma proposta no plano de metas de que entregaria 55 mil unidades habitacionais, está entregando 9 mil. — Major Olímpio (SD)

Major Olímpio afirmou que plano de metas de Fernando Haddad previa a entrega de 55 mil unidades habitacionais, mas que apenas 9 mil foram entregues. Segundo o site Planeja Sampa, a meta é correta, mas foram entregues 12.585 unidades habitacionais.


IMPRECISO

O presidente Michel Temer não encampa essa história de jornada de 12 horas de trabalho. Ele vai propor uma reforma trabalhista que ainda não está aberta à discussão. Quem fez essa proposta foi o ministro do trabalho, do PTB, que é o partido da vice do Russomanno.
— Marta Suplicy (PMDB)

O ministro do Trabalho é o deputado licenciado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), do mesmo partido da candidata à vice-prefeitura pela chapa de Russomanno, Marlene Campos Machado.

Em conversa com sindicalistas no último dia 8, o ministro Nogueira informou que a proposta de reforma trabalhista sendo discutida no governo prevê jornadas diárias de trabalho que podem chegar até 12 horas ao dia, ante as oito horas previstas atualmente. Aos Fatos chegou a checar essa controvérsia.

Devido à polêmica, Temer publicou vídeo explicando a proposta - a jornada de até 12 horas ao dia seria confirmada, mas limitada ao mesmo limite semanal, que é de 44 horas extras, consideradas horas extras.


IMPRECISO

Fiz 410 convênios com as OSs [organizações sociais], que permitiram abrir 98 mil novas vagas de educação infantil. Abrimos 410 novos equipamentos.
— Fernando Haddad (PT)

Inicialmente, Aos Fatos verificou que, em junho, eram 493.015 crianças matriculadas no ensino infantil da capital, se considerados os alunos em creche (277.899) e pré-escola (215.116) somados. Os dados tomaram por base estudo de demanda mais recente da Secretaria Municipal de Educação.

Isso representa 95.664 mais alunos do que em dezembro de 2012, ano em que Haddad se elegeu, quando eram 397.351 alunos nos dois tipos de ensino — 2,4 mil a menos que o candidato cita.

No entanto, após rechecar a informação, Aos Fatos verificou que a diferença é um pouco menor e mais próxima ao que o candidato disse: são 494.829 matrículas efetivadas no sistema municipal, com dados de julho. Com isso, Haddad matriculou 97.478 crianças no sistema de educação infantil da Prefeitura. Não há ainda dados para o restante dos meses de 2016.

Dessa forma, a afirmação de Haddad ainda fica superestimada em 522 vagas — bem menos que as 2,4 mil acusadas inicialmente pela reportagem. O prefeito, entretanto, ainda arredondou o número, portanto o selo de IMPRECISO permanece.

Até agosto, Aos Fatos verificou que foram abertas 394 novas escolas infantis na cidade durante a gestão de Haddad. No debate da Band, conforme publicado em nossa checagem no UOL, a afirmação de Haddad foi considerada exagerada. Agora, o site Planeja Sampa, que acompanha as obras da gestão municipal, também diz que o petista chegou a 410 creches e pré-escolas.


EXAGERADO
Não cometi nenhum crime, fui perseguida politicamente por ter anunciado o fato de não termos autorizado a saída dos ônibus da CMTC [Companhia Municipal de Transporte Coletivo] naquele dia de paralisação para não prejudicar uma frota que já estava deteriorada e bastante reduzida na sua quantidade de ônibus. E tanto é verdade que eu ganhei na Justiça, que a sociedade se mobilizou e conseguiu juntar não R$ 150 mil, mas R$ 300 mil reais que eu paguei aquele dívida. — Luiza Erundina (PSOL)

Erundina foi condenada a ressarcir a Prefeitura de São Paulo, em 1989, quando era prefeita, por ter usado recursos do governo para pagar anúncio em jornais em apoio a uma greve nacional. Ou seja, ela não ganhou na Justiça.

A decisão foi mantida pelo STF, que entendeu que Erundina desrespeitou o inciso 1 do artigo 37 da Constituição, que diz que "a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos".

O parecer do órgão diz que "a simples leitura do comunicado deixa entrever finalidades diversas da simples informação de cunho orientador ou educativo".

Em agosto, o Ministério Público Eleitoral pediu impugnação da candidatura de Erundina. Sua campanha informou que aguarda a documentação do TJ-SP para regularizar a situação.


Esta matéria foi alterada às 22h15 de 19 de setembro de 2016 para corrigir informação relativa à checagem do candidato Fernando Haddad (PT). Inicialmente, o reportagem dizia que usou dados de matrículas de março, mas, na verdade, usou de junho. No entanto, há dados mais recentes, de julho, que agora foram computados.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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